quinta-feira, 4 de maio de 2023

Lendas sobre o SSD

Atualmente os computadores, tanto os portáteis (notebooks) quanto os de mesa (desktop), são vendidos não mais com o ultrapassado disco rígido (HD), mas com o moderno SSD (solid state drive, ou unidade de estado sólido), um componente popularmente chamado de "disco", mas na verdade são memórias do tipo flash, como os pen drives, e não perdem os dados facilmente mesmo quando o computador é desligado (memórias não voláteis). São disponíveis no formato parecido com o HD externamente (os tipos SATA) ou em forma de uma placa retangular, mais veloz por usar o protocolo NVMe. 

O formato mais comum de um SSD nos computadores de maior desempenho (Divulgação/Samsung)

Muito se fala a respeito da suposta pouca durabilidade do SSD, devido aos seus limitados ciclos de gravação. Esses dispositivos são formados por blocos, cada um dos quais tem durabilidade definida por certo número de ciclos de gravação (tanto os HDs quanto os SSD possuem ciclos de leitura e gravação, mas apenas as gravações geram desgaste no caso desses últimos). Os SSD do tipo SLC (single level cell), mais confiáveis e caros,  possuem células de apenas 1 bit, limitando a capacidade, mas aguentam até 100.000 ciclos de gravação. Depois, a tecnologia evoluiu para os MLC (células de 2 bits), TLC (células de 3 bits) e, atualmente, QLC (células de 4 bits). Isso permitiu aumentar bastante a capacidade dos SSDs, tornando-os quase tão espaçosos quanto os HDs de igual preço, mas os tornaram mais frágeis às variações de tensão elétrica, que levam à corrupção de dados e forçam uma nova gravação. A tecnologia QLC mal aguenta 1.000 ciclos de gravação por bloco. 

A tecnologia evoluiu nos SSDs para torná-los mais capazes de armazenar dados, embora isso os tornou também menos duráveis (Divulgação)

Além disso, sistemas operacionais, como o Windows, o Linux e o iOS, para funcionarem, sempre gravam uma quantidade enorme de dados todos os dias, quando estão em funcionamento, gerando desgaste. 

Isso gera uma série de "ensinamentos" divulgados por sites de informática e mesmo por leigos para tentarem evitar a escrita excessiva nestes dispositivos de armazenamento. A maior parte delas traz outros problemas, como mostra o site Baboo (ver AQUI), como prejudicar o desempenho do Windows ou fazer o computador gastar mais energia. 

Ainda temos algumas "lendas" a respeito dos SSDs, de acordo com outro site, o Techtudo: 

- Eles duram para sempre se não forem usados (na verdade, eles também sentem os efeitos do tempo, pois os componentes podem sofrer oxidação em contato com a umidade do ar). 

- Dados perdidos no SSD não podem ser recuperados (há sempre a possibilidade de um dado permanecer mesmo com o uso do TRIM, que faz a remoção de dados não utilizados nos blocos). 

- SSDs têm vida mais curta que os HDs (isso depende do uso, pois os HDs são mais suscetíveis a danos em caso de quedas ou falhas na energia, pois seu princípio de funcionamento é a gravação mecânica de um agulha nos discos, enquanto os SSDs não possuem partes mecânicas). 

- SSDs podem ser usados exatamente como os HDs (ao contrário dos discos rígidos, os dispositivos de estado sólido precisam de espaço livre, em torno de 10 a 15%, para poderem funcionar com desenvoltura). 

Os fabricantes determinam um parâmetro para os SSDs poderem ser usados sem perderem a garantia, medido em terabytes escritos (TBW). Um terabyte (TB) equivale a 1.024 GB. Não é exatamente um "tempo de vida", pois testes de laboratório (como os realizados pelo The Teach Report) mostraram que os SSDs podem aguentar muito mais ciclos de gravação do que os determinados por esses números, proporcionais à capacidade. Assim, para produtos do tipo TLC com 240 GB, o TBW é de 200 TB, enquanto os de 480 GB duram aproximadamente o dobro. Para QLC, infelizmente, os números são bem menores (em torno de 120 TB para um dispositivo QLC de 240 GB) - uma durabilidade reduzida quase à metade!

Para desespero de muitos, a maior parte dos SSDs vendidos agora são do tipo QLC. Até há três anos atrás, predominavam os do tipo TLC. Menor confiabilidade em troca de maior capacidade de armazenamento e preços menores. Agora os SSDs conseguem competir quase de igual para igual com os HDs, tendo como vantagem maior velocidade de processamento. Embora os QLC sejam mais lentos que os outros tipos de tecnologia SSD, eles ainda são bem mais rápidos que um HD comum de 7.200 rpm, e ainda contam com uma memória cache do tipo SLC (a tecnologia mais veloz, durável e cara), para torná-los mais ágeis. 

Usuários comuns normalmente não ultrapassam os 20 GB por dia, embora boa parte seja por culpa do sistema operacional e não deles, mas nesse ritmo de consumo eles conseguem gastar 7,3 TB ao ano. Para um QLC com TBW de 120 TB, são pouco mais de 16 anos para alcançar o limite estabelecido, muito mais tempo do que a garantia (de 3 a 5 anos). 

Logo, a maioria das pessoas não precisaria se preocupar com a gravação de dados, mas deve continuar a se precaver contra o calor, as instabilidades na tensão elétrica e a umidade do ambiente, inimigos de qualquer componente eletrônico. 

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