segunda-feira, 17 de julho de 2023

Da série "Grandes varejistas do passado", parte 7 - Lojas Brasileiras (Lobras)

Hoje nesta série vamos falar sobre as Lojas Brasileiras, uma das mais conhecidas na famigerada década de 1990. 

Ao contrário do que alguns pensam, esta rede varejista não é recente. Fundada em 1944, por Adolfo Basbaum, para concorrer com as Lojas Americanas, as Brasileiras, conhecidas também como Lobras, nunca tiveram o mesmo sucesso, embora chegassem a ter uma rede de lojas bastante robusta em seus melhores dias. A rivalidade entre as lojas chegava às raias do folclore, pois cada nova filial das Brasileiras precisava ficar próxima a uma loja das Americanas. Isso era prática desde a sua primeira loja, em São Paulo. Depois, houve uma expansão para todo o país. 

As Lojas Brasileiras chegaram a ter dezenas de lojas, sempre próximas às Americanas (Divulgação)

Como a grande rival, a empresa do senor Basbaum apostava na difersificação do portfólio, vendendo produtos variados. Ela aproveitou o boom de consumo após o milagre econômico na década de 1970, e também investia nas vendas com pagamentos a prazo, apesar dos juros elevados. Em 1982, as Brasileiras passaram para o controle dos Goldfarb, donos também das Lojas Marisa. Assim, a história da varejista ficou intimamente ligada a outras duas redes atualmente vivendo tempos difíceis. 

Durante o longo e louco período inflacionário, com a nova administração, a Lobras seguia a mesma receita dos concorrentes, procurando manter a liquidez elevada mesmo às custas de endividamento, ou seja, vender produtos com preços agressivos, em boa parte das vezes facilitando o pagamento a prazo. Após a liberação das importações, todo o setor sofreu forte concorrência dos camelôs, e quem estava com a situação financeira comprometida quebrava mesmo. Foi exatamente o caso das Brasileiras, apesar de, nos últimos anos, tentar se manter na mídia, veiculando propagandas como esta: 

Este comercial era muito conhecido, quando as Brasileiras já estavam próximas do fim. Curiosamente, a música nada tinha de brasileira, e sim uma adaptação da canção cubana "Guantanamera"


E eles também não economizaram na hora de contratar celebridades para seus anúncios. Hebe Camargo, o grupo É o Tchan, a atriz Luísa Tomé, foram algumas delas. Nem parecia uma varejista endividada em R$ 100 milhões. 

Finalmente, em 1999, a aventura acabou, e os Goldfarb resolveram encerrar as atividades das Brasileiras. As Americanas continuaram, para, atualmente, seguir o mesmo triste caminho. E a Marisa, antiga dona, também. 

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