Este blog vai iniciar uma nova série, mostrando grandes marcas do Brasil, muito famosas no passado e agora longe da mídia, mas ainda existentes.
Na postagem anterior, houve alguma coisa da Tec Toy, uma empresa brasileira famosa, mas presente na mídia, ficando de fora dos critérios. A marca a ser exposta agora é uma das concorrentes mais tradicionais, a Brinquedos Estrela.
Quadro divulgado pelo Facebook mostrando parte do ainda enorme portfólio da empresa (Divulgação/Facebook) |
Quem se lembra do jingle divulgado durante o Dia das Crianças de 1987 deve ter se emocionado. Naquele tempo, a empresa era a líder no setor, quando não havia celular ou Internet, e os videogames estavam engatinhando no mercado. Fazer a gurizada se divertir era até mais fácil, e dependia bem menos da energia elétrica.
A Estrela foi fundada em 1937 pelo imigrante alemão Siegfried Adler, a partir de uma humilde fábrica de bonecas e carrinhos de madeira, no bairro paulistano do Catumbi, na rua Joaquim Carlos, com saída para a rua Marcos Arruda. Pouco tempo depois, já lançava os primeiros clássicos, como o Pega Varetas e o Banco Imobiliário. Outro clássico, a boneca Susi, foi lançada em 1966 como um sucedâneo da Barbie, da Mattel, mas ela própria foi licenciada para a Estrela anos mais tarde.
O Autorama surgiu no final dos anos 1960, e na década seguinte, a empresa aproveitou o "Milagre Econômico" durante a ditadura militar para se expandir. A fábrica se transferiu parcialmente para o Parque Novo Mundo, na divisa entre São Paulo e Guarulhos, junto à via Dutra. Foram lançados a boneca Amelinha (1972) e o boneco Falcon (1977), este último para os meninos, baseado nos GI Joe da Hasbro. Também da Hasbro, o Jogo da Vida se tornou um clássico. Nessa época, o Ferrorama também era lançado, em várias versões. O Stratus, primeiro carrinho com controle remoto, surgiu em 1979.
Depois disso, a Estrela conheceu o auge, na famosa década de 1980, lançando brinquedos como o eletrônico Gênius, o robozinho Ar-Tur, o Boca Rica, o Jogo da Operação, a bonequinha Quem me Quer, e produtos licenciados da Hasbro e da Mattel, como os Transformers e a linha de bonecos do He-Man. Foi nessa época, como já foi citado, o lançamento do comercial com o famoso jingle Em 1989, sua fábrica em Manaus foi inaugurada.
A década de 1990 foi mais difícil para a empresa, por causa dos choques econômicos com o Plano Collor (1990) e o Plano Real (1994), e a invasão de produtos importados, muitos deles contrabandeados. A crise asiática de 1997 foi um golpe para todas as fabricantes de brinquedos. Ainda assim, a Estrela conseguiu resistir. Fundou a Playtronic, com a Gradiente, para a produção de brinquedos eletrônicos, licenciando produtos da Nintendo. Relançou alguns brinquedos em poder dos concorrentes falidos, como os minúsculos Fofoletes (a Estrela havia lançado os Miudinhos para concorrer com eles em 1980) e os bonequinhos Playmobil, ambos da Trol, que não resistiu à crise dos anos 1990.
Continuaram os desafios durante este século e a fábrica paulistana da Estrela fechou as portas, demitindo seus funcionários, deixando o lugar abandonado. Uma fábrica em Itapira foi inaugurada em 2003, para compensar. Houve fôlego para construir outra fábrica, maior, em Três Pontas, Minas Gerais, no ano seguinte. A Estrela ainda teve que enfrentar processos judiciais em 2008 por não pagar os custos de licenciamento para a Hasbro, que havia acabado de trazer uma filial no Brasil A Estrela ainda conseguiu manter algumas licenças em novo julgamento (2019), como os Comandos em Ação e o Banco Imobiliário, mas precisou pagar os direitos de outros, como o Detetive, o Jogo da Vida e o Genius.
Uma de suas instalações com certa popularidade entre as crianças foi a Casa dos Sonhos, na Vila Mariana, instalada em 2001 e fechada em 2006.
Agora, a Estrela tenta se manter em atividade, fabricando brinquedos tradicionais, aproveitando a perene nostalgia Existem também alguns produtos recentes, mas visando as crianças que gostam de brinquedos ao estilo daqueles desfrutados pelos seus pais e avós.
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