A seleção brasileira feminina de handebol teve de enfrentar não somente adversárias bem-preparadas e fortíssimas, como também a indiferença filistéia da televisão, tanto aberta quanto paga, e a crônica falta de apoio dos dirigentes esportivos e do governo.
Para começar, nunca tiveram uma campanha digna de nota antes. Tanto que estava no grupo B, e não era cabeça-de-chave, posto ocupado pela Sérvia, o país-sede. Se o Brasil caísse no grupo da Alemanha, Dinamarca ou França, também amargaria o mesmo posto. Para piorar, o grupo B não era moleza: além da Sérvia, havia a própria Dinamarca. A China não tem (ainda) uma grande tradição no handebol, e a Argélia era azarã. Ainda havia a seleção japonesa, mediana.
Na primeira fase, o Brasil venceu todas as partidas, inclusive a primeira partida com a Sérvia, duríssima (25 a 23). Depois, tiveram de sofrer: primeiro, nas oitavas-de-final, enfrentaram as holandesas. 29 a 23. Nas quartas-de-final, as temidas húngaras. O sofrimento foi maior: 33 a 31. Elas se encontraram de novo com as dinamarquesas na semifinal. 27 a 21.
Na partida final, enfrentando um estádio lotado de sérvios torcendo contra, enfrentaram de novo as sérvias. Uma partida equilibrada, com direito a quatro gols seguidos das sérvias, vários resultados iguais durante a partida e até momentos onde as sérvias estavam em vantagem no placar (chegou-se a estar 8 a 6). Somente nos minutos finais houve a definição, e de 20 a 20, passou-se a 20 a 22. A torcida local, normalmente implacável, calou-se, vendo as meninas de verde-e-amarelo pegando a medalha de ouro. Enquanto isso, a relativamente pequena torcida brasileira viu que não foi para Belgrado, capital do país, à toa.
Fernanda foi uma das que marcaram para o Brasil em pleno estádio de Belgrado ...
... Duda, considerada a melhor jogadora do torneio, também marcou presença...
... Duda, considerada a melhor jogadora do torneio, também marcou presença...
... elas e as companheiras tiveram de enfrentar o nervosismo e a torcida rival para comemorarem no final.
As condições duras a que as meninas do handebol se submeteram antes do inédito campeonato mostram que os brasileiros realmente precisam se habituar a outros esportes, e não só o futebol de campo. Que isso sirva de lição, para que o handebol e outros esportes sejam devidamente valorizados. 2016, ano das Olimpíadas no Rio, poderá ser o começo de uma nova era para o esporte brasileiro.
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