sábado, 30 de setembro de 2017

Sobre sapateiros e sandálias (novamente)

Este blog tem como mote jamais afirmar algo como verdade absoluta, mesmo aquilo que compreende. Portanto, exerce o direito de opinião, como garante a nossa Constituição tão aviltada e violentada neste país. 

Já escrevi sobre pessoas que opinam sobre coisas que não compreendem e fazem questão de divulgar como se fossem verdades absolutas em uma postagem AQUI, escrita em 2011.

O MBL entende mais de política do que de arte, isso é possível notar. Já escrevi sobre o boicote proposto por eles contra a mostra Queermuseu. Apesar de reiterar que isso é diferente de impor uma proibição, a análise sobre o episódio parece pouco sólida, como este blog reconhece. Nesta semana, reclamaram de uma exposição baseada em obras da conceituada Lygia Clark com um artista nu, Wagner Schwartz, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), principalmente quando uma menina o tocou, de forma inocente e sem conotação sexual.

Vamos fazer algo mais cuidadoso:

1. O blog não é especialista em arte, nem o MBL. Aqui não se pretende ser especialista, expressando tão somente uma opinião pessoal. Kim Kateguiri e seus seguidores agem como se entendessem de arte e, como formadores de opinião, tratassem seu ponto de vista como se as pessoas, mesmo os artistas, não entendessem dessa manifestação humana.

2. Escrevi: "Algumas obras do chamado Queermuseu pareciam ter valor nulo, destinadas apenas a chocar e afrontar os valores morais da sociedade". No meu ponto de vista, trabalhos como "criança viada" são de valor questionável e foram produzidos mais para chocar o gosto comum do que qualquer outra coisa, e pareciam uma brincadeira de criança, devido à infantilidade dos traços, se empregassem outra temática. Mas isso não vale como um dogma, pois outras pessoas podem ver isso de outra forma, e devem ser respeitadas neste ponto. Quanto à exposição do MAM-SP, é difícil entender o contexto do artista, mesmo considerando o uso frequente da nudez pela arte. E se fosse uma mulher, nua? E se não houvesse nudez?

3. Boicote e censura são coisas muito diferentes, e todos têm direito de manifestar sua repulsa a algo que não gosta, mas um recurso como o boicote é normalmente uma defesa contra agressões. Se for utilizado como instrumento de ataque, como fez o MBL, torna-se menos digno de apoio.

4. Eles apontam o uso da Lei Rouanet para financiar o Queermuseu e, também, a exposição com Wagner Schwartz. Se não houve desvios de verbas, nada há de ilegal, apesar da própria legislação ser questionável. Neste caso, é melhor encontrarem outros argumentos para contestar a Rouanet, para não serem vistos como carolas ridículos.

5. Não havia razão para o Queermuseu ter interrompido sua exposição, e nem para haver tanta gritaria contra a exposição do MAM-SP. O fato de uma criança ter tocado em Schwartz foi interpretado como "pedofilia", mas o artista não queria seduzir ninguém só por se expor sem roupa. O pseudo-moralismo foi alimentado não só pelo MBL, mas pelo vereador Fernando Holiday (DEM), pelo pastor Marco Feliciano e pelo virtual presidenciável Jair Bolsonaro. Isso não quer dizer que este blog aprova uma criança numa exposição como esta. Deveria haver uma idade mínima.

6. Esta é uma maneira, ao meu entender, equivocada de fazer política. O MBL e seus aliados arriscam-se demais ao fazer campanha contra o que não compreendem. Novamente, é o caso do sapateiro indo além das sandálias, como no caso do pintor Apeles e seu crítico, na Grécia Antiga. Desta vez, é um pouco mais literal do que atores falando da usina de Belo Monte, como em 2011. Não entendem nada de arte, mas falam dela para fazer política e provocar histeria, causando mais vergonha nacional do que os seus alvos. E que se virem para fazer disso uma vitória - na política, e não na crítica artística.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Marca de cerveja tripudia de Aécio

Uma marca de cerveja pouco conhecida fora do Rio de Janeiro, a Rio Carioca, resolveu fazer um marketing ousado: usando as redes sociais, a pequena cervejaria, usando o humor e a irreverência atribuídos ao espírito carioca, fez um anúncio inspirado na insólita sentença do STF atribuída ao (oficialmente) senador Aécio Neves: ele fica proibido de sair de casa à noite e de viajar ao exterior, e seu mandato é suspenso, até apurarem as gravações da JBS envolvendo o senador e os alegados repasses de dinheiro da empresa envolvendo terceiros com destino final ao tucano. 

A cervejaria Rio Carioca usou o senador Aécio Neves como inspiração (Divulgação)

Usar as redes para divulgar produtos é algo já bem corriqueiro entre as empresas, devido ao valor investido relativamente baixo e ao potencial de disseminação, mas, como no marketing tradicional, tudo depende da aceitação do produto. Aécio Neves não vai querer saber dessa marca nem se conseguir reerguer-se politicamente (e ele não está sozinho, pois conta com o apoio da maior parte dos colegas no Senado, que se revoltou com a interferência do STF e apontou uma nova crise entre os Poderes), e deve torcer para a cerveja não cair no agrado dos consumidores. 

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Descendente de José Bonifácio na CCJ

Bonifácio de Andrada, deputado do PSDB por Minas Gerais, será o relator da segunda denúncia feita pelo ex-procurador Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer, na CCJ da Câmara. 

Além de ser sobrinho-bisneto de José Bonifácio de Andrada e Silva, o "Patriarca da Independência" e um dos homens mais cultos e sábios do século XIX, por seus trabalhos valiosos na geologia e na modernização da política brasileira, ele é também o mais idoso congressista em atividade: 87 anos. 

Essa idade não o livrará de ser alvo de comentários de certos setores da opinião pública, segundo os quais o ilustre antepassado está se revirando no túmulo, ao fazer um papel bem menos relevante do que contribuir para a emancipação do Brasil naqueles tempos, ora por dar sequência a uma denúncia baseada tão somente nas denúncias do ex-presidente da JBS Joesley Batista e não em outras evidências (na visão de alguns situacionistas), ora por dar sustentação a um governo cujo índice de reprovação é perturbador: 77%, com apenas 3% de ótimo ou bom, segundo a última pesquisa Datafolha (na opinião dos oposicionistas).

Isso já o tornaria visado, se não fosse por mais alguns "pequenos detalhes": Bonifácio, evidentemente não o "Patriarca", foi investigado diversas vezes por sua empresa, a Fundação José Bonifácio Lafayette de Andrada, ser autuada por supostamente ter sonegado contribuições à Previdência em 2007 e, em sua campanha para deputado, ter disponibilizado combustível para transporte de eleitores, o que é crime eleitoral. mas neste último caso o inquérito não foi adiante.

O ilustre deputado é aliado fiel de Temer, acrescenta-se. 

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

6 a 5

Foi o placar do STF a respeito do chamado "modelo confessional", onde professores têm a liberdade para expressar a sua religião pessoal. É importante escrever sobre a legislação anterior, com base na Constituição, ou seja, a Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96): 


"O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter: 


I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável, ministrado por professores ou orientadores religiosos preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou 

II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa." 



A lei respalda os dois tipos, embora muitos tenham ressalvas a respeito do ensino "confessional", acusando-o de favorecer o proselitismo e violando a liberdade religiosa de cada aluno. Existe sempre o argumento correto, porém enviesado, segundo o qual os críticos não se manifestam a respeito do ensino do marxismo, uma doutrina antirreligiosa mas tratada por setores radicais como se fosse mais uma religião.

Rodrigo Janot, o antigo procurador-geral da República, propunha restringir o ensino religioso à modalidade "interconfessional", para, segundo ele, evitar a possibilidade de favorecer certa religião em detrimento de outra. Isso se tornou matéria para o Supremo julgar. E o placar, como mostra o título da postagem, foi realmente apertado. 

Alexandre de Morais, Edson Fachin, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli foram contra Janot neste caso. Luiz Roberto Barroso, Luís Fux, Marco Aurélio, Rosa Weber e Celso de Mello votaram a favor. A presidente Carmen Lúcia deu o "voto de Minerva", para manter o atual sistema de ensino religioso e, portanto, negando a mudança proposta por Janot. 

Assim, o que foi decidido é pela manutenção da atual legislação, e não, como certos setores da imprensa querem fazer entender, um "retrocesso", por "violar a independência entre o Estado e a religião". A Constituição já é clara a respeito da liberdade religiosa (Artigo 5, inciso VI) e da separação entre as duas entidades (Artigo 19, inciso I), mas aí se entra em outro tema: a isenção de tributos para as organizações religiosas, que também tem respaldo na Constituição (Artigo 150, inciso VI), mas é bem mais questionável. E isso fica para outra postagem. 



N. do A.: Comenta-se muito mais a respeito de outros placares, os da Champions League, principalmente os 3 a 0 do "time do Neymar", o PSG, sobre o Bayern de Munique, no Parc des Princes, gerando muito otimismo para os torcedores do time francês, apesar da imprensa ainda ver a persistência da rivalidade entre o astro ex-Santos e ex-Barcelona, e o uruguaio Cavani.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Da série 'Noventolatria', parte 10 - Peruas

Este blog não se refere às "novas ricas emergentes", bastante frequentes no final do século passado, e nem às mulheres que se comportam de forma extravagante, julgando serem elegantes - foram homenageadas até em novelas da época como Perigosas Peruas (1992) e Por Amor (1997), na Rede Globo. 

O termo "perua" foi usado naquela época para classificar determinado tipo de veículo, atualmente conhecido como "station wagon". São geralmente versões de carros menores, como hatchbacks ou sedãs, caracterizados por terem dois volumes e um grande espaço para bagagem. Nos Estados Unidos, são geralmente carros compridos, mas aqui no Brasil fizeram sucesso principalmente as chamadas "peruas compactas", de porte relativamente reduzido mas também capazes de transportar passageiros e malas com certo conforto. 

No Brasil, esse tipo de veículo não é mais popular, tanto é que apenas dois carros com essa conformação são fabricados aqui atualmente: a veterana Fiat Weekend e a mais recente SpaceFox, e ambas estão próximas de sair do mercado, sucumbindo às SUV's, consideradas mais espaçosas e maiores em altura. Outras opções são vindas de fora, como a Subaru Outback e a Volkswagen Golf Variant, mas com baixíssimas vendas.

Mas, no século passado e principalmente na década de 1990, as peruas eram desejadas. O consumidor se afeiçoou a elas desde a década de 1960, com as Vemaguets e Veraneios, depois com modelos de grande apelo como a Ford Belina, a Volkswagen Variant e a Chevrolet Caravan. Na década de 1980, surgiram as peruas compactas, como a Volkswagen Parati, que chegou a ser um dos carros mais vendidos de seu tempo.

Abaixo, algumas delas: 



A Volkswagen Parati era a líder do segmento no começo da década de 1990, mesmo sendo relativamente pequena, quadrada e só ter duas portas...
,,, mas com a abertura de mercado para os carros importados, precisou melhorar e no final da mesma década ficou bem diferente: era a "Parati bolinha", que tinha quatro portas.
Uma de suas concorrentes era a Fiat Elba, que tinha um porta-malas enorme para o seu tamanho. Foi produzida até 1996...
... para dar lugar, no ano seguinte, à Fiat Palio Weekend, que fez muito sucesso e é produzida até hoje.
A Chevrolet tinha a Ipanema, derivada do Kadett, que tinha problema de espaço para os passageiros...
... e em 1994 veio a perua Astra, com o maior espaço para o segmento das peruas compactas, mas não fez sucesso.
Na Chevrolet, quem fazia sucesso entre as peruas era a grande e imponente, embora antiga, Caravan...
... que deu lugar à Omega Suprema, a perua produzida aqui mais luxuosa da década de 90, mas um fracasso de vendas por ser cara.
 
A Ford Belina também marcava presença na década de 90, mas só no comecinho, para ser visada no mercado de usados...
... em 1992, foi substituída pela Ford Royale, produto da Autolatina, fusão entre a Volks e a Ford que durou até 1996. Foi um relativo fracasso, pois era vista como uma mera versão da Volkswagen Quantum...
... esta sim um sucesso de vendas e conhecida por sua robustez, mas sofria um bocado com a concorrência das peruas grandes vindas de fora, até sair de produção em 2003.
Quando a Autolatina foi desfeita, a Ford tratou de oferecer algo mais atraente, a partir de 1997: a perua Escort, que não durou muito tempo.
 

A Fiat, na década de 1990, não se limitou aos carros pequenos. Um sucesso de vendas foi o Tempra, mas sua grandalhona (e feia) versão perua foi um fiasco.
Muito melhor foi a Marea Weekend, produzida a partir de 1998, com tecnologia e bom espaço, mas sua manutenção caríssima assustava.

Havia várias peruas importadas, mas as mais desejadas eram máquinas alemãs caras e sofisticadas, como a Audi Avant RS2...

... e a BMW 328i Touring, que fizeram muitos brasileiros ficarem mais exigentes com a qualidade dos carros feitos aqui.

Curiosamente, a Kombi, apesar de ser chamada de perua, não era desse segmento. Ela, na verdade, era uma van, um veículo monovolume (as peruas de verdade tinham uma parte do motor bem destacada) e contra ela muitos veículos foram importados, como a Kia Besta e a Asia Topic, que roubaram muitos clientes da veterana. Foi na década de 90 que ela passou por uma boa repaginada, mas continuava antiquada. 

A Kombi foi um dos veículos mais citados neste blog. Até 1997, ela tinha o mesmo formato do modelo 1976 (!!!) ...

... e a "perua" foi reestilizada, para enfrentar a concorrência...
... principalmente a van coreana Kia Besta, que era chamada também, incorretamente, de "perua".



Breve, vou fazer um apanhado de dez veículos da época, como fiz com a década de 1980 (Da série "Oitentolatria", parte 11).


N. do A.: Este blog não se esqueceu dos desmandos vindos da nossa política. O governo fez uma defesa despudorada do atual sistema de aposentadoria para os políticos, violando a ideia de uma reforma de verdade para a Previdência - uma das razões mais fortes é que o presidente Temer necessita de apoio no Congresso para se defender contra as denúncias de corrupção e formação de quadrilha, feitas pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot. No Senado, aprovaram a criação de um fundo partidário, cuja proposta, sem um teto definido, é ainda pior do que aquela rejeitada na Câmara, e esta "reforma" política está ainda mais parecida com uma anti-reforma, para afastar o Brasil da civilização. Enquanto isso, um de seus componentes, Aécio Neves, voltou a ser obrigado a deixar sua cadeira pela Primeira Turma do STF, por 3 votos a 2, analisando outra denúncia de Janot. E, finalmente, a defesa de Lula está se enrolando ao fornecer documentos com datas inválidas ao juiz Sérgio Moro, tentando provar que Marisa Letícia era responsável pelo aluguel de uma cobertura em São Bernardo do Campo. Essa transação é investigada pela Lava Jato, por envolver propina fornecida pela Odebrecht.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Tempos metaleiros

O Rock in Rio acabou ontem, com avaliações positivas, apesar do excesso de pop e de outros ritmos, principalmente no começo - embora tal excesso seja uma característica do evento desde a primeira edição, para ser justo - e do engajamento político dos artistas brasileiros, visto como "esquerdista demais", por muitos, por se posicionarem contra Temer e a política atual, esquecendo-se propositalmente da ex-presidente Dilma, quando a situação era ainda pior e não havia uma apuração contra os corruptos como está havendo agora (e a maior parte dos músicos e da classe artística em geral é frequentemente acusada de ver Lula como um ídolo, sendo ele acusado de ser o maior beneficiário do ultra-esquema de corrupção que investiu sobre o Brasil como um cardume de piranhas). 

Restou a vida real, que poderia inspirar uma letra de thrash metal, com seus versos agressivos e descontrolados. 

Os músicos se foram, mas continua o Exército a tentar controlar a situação nas favelas do Rio de Janeiro; nem os mais nefelibatas acham que isso vai resolver a violência sem controle, mas esta é a alternativa que o governo do Rio considerou a mais viável. 

Abusos dos direitos humanos continuam a acontecer, como presos sendo despidos e torturados no Centro de Detenção de Altos, próximo a Teresina, capital do Piauí. O fato das vítimas serem criminosas não é justificativa para os funcionários da cadeia também agirem contra a lei. 

Em Brasília, o presidente tenta fazer sua performance (de maneira mais digna de "vergonha alheia" do que o Axl Rose no Rio), com popularidade zero, tentando se preservar e temendo maior desgaste na imagem, revogando o decreto que extinguia a Renca mas sem avaliar como tratar do garimpo ilegal que atua desde os tempos em que os governantes não contestavam o status da reserva ambiental, e nem a violência por terras e os desmatamentos clandestinos que ameaçam a Amazônia toda. Há quem diga que os artistas tinham influência no resultado, pois eles protestaram no Rock in Rio contra a medida oficial. Ele também voltou atrás na questão de um outro assunto de "interesse": o horário de verão. 

Continuam as trocas de acusações entre Washington e Pyongyang. Os membros da tirania norte-coreana acusam os americanos de "declararem guerra", na sua interpretação das bravatas vindas da boca de Donald Trump. 

Ainda falam do dia 23 de setembro, quando não faltou gente comentando sobre a vinda de um certo planeta chamado Nibiru, para destruir o planeta. Mais uma data apocalíptica passou, mas logo virá outra, provavelmente envolvendo outra entidade extraterrena. 

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Pennywise é só um palhaço

Pennywise, o antagonista do filme It, foi o responsável pela maior bilheteria da história para filmes de terror nos Estados Unidos - e, talvez, do mundo (Divulgação)

Assustador mesmo é essa disputa de quem faz o discurso mais psicótico: o tirano da Coréia do Norte ou o boquirroto da Casa Branca. 

Perturbadora é a mente de certos indivíduos, como o médico que esquartejou a amante em 2003, conseguiu driblar a cadeia por anos e se matou vestido de mulher para não ser preso. 

Terrível é o nível de violência do Rio de Janeiro, a ponto de colocarem novamente o Exército na cidade, como um paliativo. 

Sombrio é o quadro da política brasileira, onde nunca se puniu tanta gente corrupta, em um trabalho que parece levar décadas para terminar. 

Repugnante é verificar que os candidatos a presidente estão num nível de torpeza nunca visto antes, sem condições nem real disposição para indicar um rumo certo para o Brasil. 

Perto disso, o Pennywise e o Bingo são quase a mesma coisa. 

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Da série "Mondo Cane", parte 49 - Maluquices arquitetônicas

Alguns sites se divertiram colocando algumas ousadias arquitetônicas intrigantes. Algumas, como o Templo de Lótus, em Délhi, são bonitas até. Outras são apenas curiosas, como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, parecido com um OVNI. Mas aqui vou destacar algumas bizarrices mais dignas desse nome. 

Fontes: Blog Tudo Interessante: As 17 construções mais estranhas do mundo (2013); Limãonaágua: 50 construções com arquitetura incrível (ou estranha) (2013); Habitíssimo (2016); 


A "Shoe House", ou "Casa Sapato" da Pensilvânia, Estados Unidos (Foto de Hugo Romero)


Hotel Marquês de Riscal, do arquiteto Frank Gehry, parece ser um monte de ruínas em Álava, Espanha

A "Casa Torta" feita pelo arquiteto Szotynscy Zaleski, em Sopot, Polônia

"Conteiner City", em Londres, projetado por Nick Lacey, tem a intenção de ser uma solução para a falta de espaço, mas parece um monte de caixas coloridas (Foto: Fin Fahey)

La Hospedaria del Errante, em Quintero, Chile, é um hotel... diferente (Foto: Sue-W)

Conhecida internacionalmente como "House Attack", esta casa de Viena parece que vai desabar, mas é "enfeite" do museu MUMUK (Strangebuildings.com)

Casa Caracol, de Sofia, Bulgária, parece uma brincadeira de criança... (Strangebuildings.com)

Por sua vez, o Ripley's Museum, em Ontario, Canadá, parece um prédio que esmagou outras casas (Strangebuildings.com)

Também no Canadá, mas em Montreal, parece que as favelas chegaram até lá, mas este é o Habitat 67, com acomodações confortáveis, segundo a propaganda (Habitíssimo)

No Brasil, temos a "Casa de cabeça para baixo" e a "Casa de lado", de Belo Horizonte (Skyscrapercity.com)
Também em Belo Horizonte, a "Igreja da Baleia" (divulgação)

Em Pau dos Ferros (RN), o "Titanic Center" (Skyscrapercity.com)

A Casa do Comércio (esquerda), em Salvador (Skyscrapercity.com/soteropolis25)

Nada disso, porém, é mais perturbador para os olhos alheios do que as favelas do Rio de Janeiro e de São Paulo!

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Ainda contabilizam os estragos do terremoto no México

Decorridos 32 anos após o grande terremoto de 1985, responsável por ceifar 10 mil vidas, outro terremoto assolou a cidade do México. Embora menos intenso do que aquele sismo - 7,1 graus contra 8,1 graus Ricther - também provocou muitos estragos, fazendo prédios desabarem como se fossem de areia. O epicentro, aliás, foi dentro do território, e não no oceano como em 1985, piorando a tragédia. 

O número de mortos até agora é de aproximadamente 220. Ainda há desaparecidos. As famílias dos mortos não vão entender as estatísticas, que indicam um número bem menor de vítimas em relação à tragédia histórica do século passado. Durante esses 32 anos, houve melhorias nas construções e, principalmente, na preparação dos mexicanos contra esse tipo de desastre. 

Isto faz parte de uma sucessão de tragédias naturais, como o terremoto que devastou uma região mais ao sul do país, nos estados de Guerrero, Oaxaca e Chiapas, gerando cerca de 90 mortes. Ao mesmo tempo, o furacão Maria destrói o Caribe, a leste do México, principalmente Puerto Rico, e se dirige a outros locais atingidos pelo Irma.



N. do A.: O governo também contabiliza desastres, com a votação da reforma política, cujos esforços parecem lembrar o ditado latino Parturient montes; nascetur ridiculus mus, ou seja, a tal monstruosidade gerou um resultado ridiculamente pequeno, praticamente não mudando nada: reprovaram o "distritão" em 2018 e o voto distrital misto em 2022. A grande, feia e dispendiosa (paga com NOSSO DINHEIRO) montanha pariu um ridículo rato morto. Vão tentar aprovar outra forma de financiamento das eleições, caso contrário o caixa 2 e as doações clandestinas infestarão o Brasil a partir do fim do ano. Outro estrago no governo é a votação do STF que autoriza a Câmara a votar a nova denúncia de Janot contra o presidente Temer. Sete votos a favor (Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Luís Fux, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski) e um contra (Gilmar Mendes), e a votação foi interrompida, mas os outros ministros não vão alterar a decisão final. O cargo do presidente não vai ser, na prática, ameaçado, devido à cumplicidade da maior parte da Câmara, mas isso atrasará ainda mais as reformas trabalhista e previdenciária desejadas no Planalto. 

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Personalidades brasileiras segundo Jung (MBTI)

Continuei interessado no assunto "personalidades" segundo a metodologia Myers-Briggs Type Indicator (MBTI). Os artigos sobre esta variante da teoria jungiana a respeito da psique humana podem ser vistos abaixo.

Primeiro, a descrição dos tipos racionalistas (clique AQUI), depois os idealistas (clique AQUI), os guardiães (clique AQUI) e os artesãos (clique AQUI), de acordo com David Keirsey, que utilizou o MBTI. O enfoque inicial era fazer uma associação entre os grupos definidos por Keirsey e os quatro temperamentos, constatando que ela possui várias restrições, como o fato dos grupos reunirem tipos extrovertidos e introvertidos, enquanto um temperamento é apenas extrovertido, ou apenas introvertido.

Aqui, faço um apanhado das celebridades brasileiras que podem ser classificadas por este código de personalidade. Não vou me aprofundar muito porque não sou psicólogo e acabei de obter o título de doutor em Ciências Exatas pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (sou tecnólogo pelo curso de Matariais, Processos e Componentes Eletrônicos, atual Microeletrônica, pela Fatec). Dou os meus "chutes" a respeito de algumas celebridades, além de reproduzir o que foi publicado no livro "Temperamento e Carreira - Desvendando o Enigma do Sucesso", de Maria L. Calegari e Orlando M. Gemignani. Os primeiros nomes de cada tipo são os citados no livro, e os segundos são os palpites do blog.

ENTJ (Racional - Comandante): Assis Chateaubriand e possivelmente Eduardo Cunha.
INTJ (Racional - Cérebro Mestre ou Arquiteto): Mário Henrique Simonsen e eu José Serra.
ENTP (Racional - Inventor): Santos Dumont e Mário Sérgio Cortella.
INTP (Racional - Lógico): Lina Bo Bardi e Artur Ávila (ganhou a medalha Fields, o Nobel da Matemática).

ENFJ (Idealista - Protagonista): D. Helder Câmara e Leandro Karnal.
INFJ (Idealista - Advogado): Chico Xavier e Marina Silva.
ENFP (Idealista - Ativista): Sérgio Vieira de Mello e Deltan Dallagnol.
INFP (Idealista - Mediador): Clarice Lispector e Glória Perez.

ESTJ (Guardião - Executivo): Raquel de Queiroz e João Dória Jr.
ISTJ (Guardião - Logístico): Duque de Caxias e Michel Temer.
ESFJ (Guardião - Cônsul): Roberto Marinho e Pelé.
ISFJ (Guardião - Protetor): Irmã Dulce e Regina Duarte.

ESTP (Artesão - Empreendedor): Juscelino Kubitscheck e Sílvio Santos.
ISTP (Artesão - Virtuoso): Ayrton Senna e Ziraldo.
ESFP (Artesão - Animador): Carmen Miranda e Neymar.
ISFP (Artesão - Artista): Cândido Portinari e Xuxa.

Existem realmente pouquíssimos estudos por aqui, e os exemplos citados são geralmente vindos do exterior, como mostrado no site "16 personalidades" (https://www.16personalities.com/br). 

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Raquel Dodge tomou posse hoje

Depois da contravertida passagem de Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral da República, Raquel Dodge tomou posse do cargo, em cerimônia amplamente divulgada pela imprensa e na presença do presidente Michel Temer, embora Janot, alegando motivos protocolares, não comparecesse. Ela prometeu defender a democracia e as leis, e disse que não tolera a corrupção. 

Raquel Dodge será muito cobrada pela imprensa e pela opinião pública, como sucessora de Rodrigo Janot (NBR)

No Ministério Público desde 1987, ela certamente terá um estilo diferente, menos "expansivo" do que o empregado pelo antecessor. Quanto à sua atuação contra os maus feitos investigados pela Operação Lava Jato, será possível afirmar algo no decorrer de seu mandato. Existem bons precedentes, como a sua atuação na Operação Caixa de Pandora, em 2009, que desvendou o chamado "Mensalão do DEM" e levou à prisão do ex-governador José Roberto Arruda. 

É a primeira mulher procuradora-geral na História do Brasil, mas Raquel Dodge não quer ficar lembrada apenas por isso, e nem aqueles que desejam maior moralização nos costumes da República. 


N. do A.: Este mês é pródigo em gente candidata a levar o selo de "Vergonha Nacional", e a maior concentração esteve na Arena Corinthians: Na partida entre o time da casa e o Vasco, Jô fez gol com o braço, validado pelo juiz Elmo Alves Resende Cunha e seus ajudantes, e no melhor estilo "eu não sabia", o atacante alvinegro (que também visa retornar à Seleção Brasileira, mesmo tendo atuado mal na Copa) tentou justificar; parte da torcida celebrou este gol absolutamente irregular, ainda mais porque o mesmo juiz não marcou pênalti a favor do Corinthians no primeiro tempo. A lambança foi motivo de piadas, naturalmente, mas também de críticas pesadas, principalmente vindas da torcida vascaína.Todavia, não é o caso mais grave: pior é defender uma "intervenção militar", como fez o general Antônio Hamilton Mourão. Não faltam pessoas nas redes sociais concordando com o general, dignos, com ele, a receberem o selo.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Lista das coisas mais estranhas da semana

1. Calor de mais de 30 graus no fim do inverno paulista.

2. Joesley Batista, o novo "vilão" nacional, falando em "confrontar os donos do poder".

3. Gilmar Mendes citando poeta Bocage para falar do desafeto Rodrigo Janot (*).

4. Gisele Bundchen aparecendo descalça para apresentar o Rock in Rio, que começou hoje.

5. As pesquisas "premiadas" com o IgNobel, entre elas dois trabalhos de brasileiros (**).

6. Peixe encontrado morto na costa do Texas após o furacão Harvey virou motivo de polêmica (***).


(*) Ele citou o título de um poema escrito quando o poeta português estava à beira da morte: Saiba morrer quem viver não soube

(**) Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco constataram a mudança de cardápio de uma espécie de morcego vampiro que passou a chupar sangue humano ao invés de atacar aves (categoria Nutrição); bem mais bizarro é uma outra pesquisa feita em Lavras, também premiada, que estuda insetos com vagina masculina e pênis feminino (categoria Biologia, ou seria sexualidade?). Não é bem o caso de fazê-los candidatos ao selo "Vergonha Nacional" de setembro para eles, e muito menos taxar o Brasil de "Vergonha Mundial" pelo fato de ganhar mais "IgNobeis" enquanto nem sinal de Nobel para brasileiro algum. Pelo contrário, essas pesquisas têm, com certeza, valor científico, e indicam a capacidade de adaptação das espécies. Contudo, quem cantar "Sou brasileiro com muito orgulho" por causa disso merece levar o selo de setembro ou um tratamento psiquiátrico.

(***) Parece um daqueles peixes das profundezas, mas não passa de uma enguia, que vive em profundidades relativamente baixas: é o Aplatophis chauliodus, confundido com um monstro marinho. 

O infeliz peixe causou celeuma (Preeti Desai/Twitter)

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Rock in Rio em má situação

O Rock in Rio, evento já prestes a começar no Parque Olímpico, colocou em seu programa uma porção de artistas estranhos ao ritmo de rolar as pedras. Está pagando o preço da ousadia: um deles, Lady Gaga, famosa pelas excentricidades e tão próxima do rock quanto o alto do Everest em relação às profundezas marinhas, cancelou sua apresentação. Ela sofre de fibromialgia, ou seja, dores crônicas. 

A dor crônica impedirá Lady Gaga de se apresentar no Rock in Rio, que começa amanhã e vai até o próximo dia 24 (Instagram/Divulgação)

Fãs da cantora não se conformaram. Uns choraram, e outros estavam revoltados. A organização prometeu ressarcir os prejudicados. 

Para substituir a estrela internacional, colocaram uma banda mais próxima do rock. Mas os apreciadores mais típicos do gênero não devem se animar muito: é a Maroon 5, que tem um fã-clube fiel e cujo som não agrada quem quer um som mais pesado. 

A imagem do Rock in Rio, mesmo com o episódio, está bem longe de ser tão ruim quanto a do presidente Temer, denunciado novamente por formação de quadrilha, ou de Rodrigo Janot, o denunciante, graças à sua atuação considerada desastrosa como procurador-geral da República. 

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Mais um dia de depoimentos, julgamentos, prisões

Hoje foi um dia movimentado para a Polícia Federal e o Judiciário, em meio aos desdobramentos da grande rapinagem. O trabalho é árduo, está bem longe de terminar, e ainda estão começando a incomodar de verdade o núcleo político da megaquadrilha. Além da Lava Jato, outras operações no sentido de investigar as falcatruas dos últimos anos estão em curso.

Rodrigo Janot, procurador-geral e um dos protagonistas de toda a ação, foi julgado pelo STF, que acolheu a denúncia do presidente Temer para tentar colocá-lo em suspeição, por ser supostamente parcial e querer a incriminação dele a todo custo. O STF rejeitou a denúncia por unanimidade - apenas Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso não participaram. Ainda há o julgamento do pedido feito pela defesa de Temer para impedir Janot de apresentar nova denúncia. 

Houve a prisão do irmão de Joesley Batista, Wesley, e a Justiça mandou que os dois cumpram prisão preventiva, ou seja, sem prazo para serem soltos. Joesley já cumpre prisão temporária. Os dois são pivôs da grande crise envolvendo a Procuradoria-Geral e a Presidência, decorrente daquele questionado acordo entre a J&F, holding que controla a JBS, comandada pelos Batista, e Janot.

Wesley Batista estava exercendo a presidência da J&F quando foi preso (Marcos Bezerra/Futura Press)

Também houve o depoimento do ex-presidente Lula em Curitiba. Como no primeiro, este foi gravado. Mais uma vez Lula negou as acusações e chegou a usar a palavra usada por alvos da Lava Jato (ilações) para desqualificar as denúncias, inclusive e principalmente as feitas por seu ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci. Acusou-o de ser dissimulado e calculista, recebendo uma resposta igualmente dura do advogado de Palocci, Adriano Bretas, horas depois ("dissimulado é ele"). No final, ele questionou a parcialidade de Sérgio Moro, que não gostou da observação e mandou interromper o vídeo. Não é possível saber o que aconteceu depois disso. 



Em outra ação da Polícia Federal, Anthony Garotinho foi detido novamente enquanto apresentava seu programa de rádio, por acusações de destruir provas e ameaçar testemunhas. Ele também é acusado de comprar votos para beneficiar seu candidato à prefeitura de Campos, em 2016, Dr. Chicão (PR-RJ). Vai ficar em prisão domiciliar enquanto a segunda instância analisa o caso. Ele foi condenado a quase 10 anos de cadeia.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Já temos alguns candidatos neste mês

Algumas personalidades andaram se destacando neste mês de setembro, sejam elas brasileiras ou estrangeiras, por suas atitudes que afetam o nosso país.

Comecemos pelo banco Santander, que tentou fazer uma mostra de arte em Porto Alegre com o tema "diversidade sexual". Isso seria louvável, mas a abordagem levou muita gente a se questionar sobre o que seria realmente arte. Algumas obras do chamado "Queermuseu" pareciam ter valor nulo, destinadas apenas a chocar e afrontar os valores morais da sociedade. Usuários das redes sociais chegaram a acusar a mostra de "estimular" parafilias, como a sexualização de animais e crianças, algumas delas travestidas nos quadros. O MBL chegou a sugerir um boicote ao Queermuseu, e os organizadores apodaram o movimento de quererem a censura. Se fosse o caso, o MBL é que mereceria o selo "Vergonha Nacional" de setembro, mas não é nada disso: boicotar não significa proibir a mostra de expor ou impedir alguém de ir até lá ver as obras. E muito menos este blog se atreveria a isso, mesmo para um candidato ao selo como o banco.

A mostra do banco Santander... (Marcelo Liotti Junio)



... e o selo ao qual este blog se refere (do autor)

Outro candidato ao selo de setembro é o cantor sertanejo Zezé di Camargo. Durante o período mais sombrio do regime militar, entre 1968 e 1979, ele era menor de idade (tinha 17 anos quando o AI-5 foi extinto e houve a abertura política), mas isso não justifica dizer que "não houve ditadura no Brasil". Ele chegou a citar casos extremos, como Cuba, Coréia do Norte e China, que são tiranias genocidas, mas o regime militar foi, sim, um regime de exceção, com mortes, torturas e desaparecimentos forçados. Houve censura e sérias restrições ao voto e às manifestações pacíficas. O regime militar, caro Zezé, foi DITADURA, sim! Pior é sugerir que o "militarismo" possa vir a ser algo viável para o Brasil. E o cantor, um dos que conseguem se salvar da cacofonia vigente no Brasil, ainda se diz "muito politizado".

Mais merecedores do tal selo da vergonha no mês são os protagonistas do caso JBS: o presidente da empresa e da holding que a controla (a J&F), Joesley Batista, o procurador e ex-braço direito da PGR Marcelo Miller e o executivo da J&F, Ricardo Saud. Como já foi antecipado, líderes políticos dos Três Poderes e do Ministério Público (que NÃO é um quarto poder como muitos querem crer, mas é um instrumento para a normalidade institucional com funções definidas pela Constituição) não podem concorrer porque são hors concours, incluindo aí o presidente Michel Temer e o ainda procurador-geral Rodrigo Janot. 

Por fim, existe um pastor intitulado "apóstolo" que comparou a figura da Virgem Maria a uma Coca-Cola. A liberdade religiosa é garantida neste país, mas o proselitismo agressivo e ofensivo deve ser coibido. Gente que prega o sectarismo e espezinha outras religiões merece o selo da vergonha, seja ele evangélico, católico, islâmico, judeu, budista ou ateu.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Irma é uma brisa

Os americanos deveriam estar gratos por "só" sofrerem com o furacão Irma, que atingiu a Flórida e logo perdeu de intensidade, reduzido agora à condição de "tempestade tropical". 

Diante de certas coisas que ocorrem em um país bem mais ao sul, o Irma é uma brisa. 

Com os trabalhos da Polícia Federal em investigar o maior esquema criminoso do século XXI e a ação do mais militante de todos os procuradores-gerais da República, Rodrigo Janot, o sistema político do Brasil sofreu grande devastação. Já a estrutura econômica, corroída pelo mega-roubo no NOSSO DINHEIRO, está resistindo, apesar de alguns estragos posteriores, causados pelo estardalhaço na Operação Carne Fraca (que deveria se limitar a debelar a corrupção no setor frigorífico e acabou por prejudicar as exportações de carnes) e no caso JBS, envolvendo Joesley Batista. 

O ex-presidente da JBS tentou incriminar o presidente Michel Temer com as suas gravações, mas acabou se incriminando não só com novas gravações, mas também com sua conduta, na certeza de manter o vantajoso acordo de delação que lhe permitiu até viajar a Nova York para negociar ações enquanto se desenrolava a crise política. Agora está preso, e as chances da prisão temporária se transformar em algo mais rigoroso (uma prisão preventiva, ao menos) são altas. 

Paralelo a isso, mas na megaoperação Lava Jato, Antônio Palocci resolveu contar e escancarou as relações do ex-presidente Lula com a Odebrecht, fazendo diminuir drasticamente a possibilidade de uma candidatura para 2018. A empreiteira teria comprado um imóvel para abrigar uma nova sede do Instituto Lula, na Zona Sul de São Paulo, por trás de outra construtora, a DAG, e a transação foi feita com ajuda de dinheiro proveniente de recursos não contabilizados, durante a eleição de 2010. Como Lula irá depor em Curitiba nesta quarta, os mais radicais esperam uma possível ordem de prisão por Sérgio Moro, algo visto como improvável pela maioria dos cientistas políticos. 

Ainda dentro da Lava Jato, a Polícia Federal colocou Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Lula, Temer (e Dilma), na cadeia por ter encontrado as digitais dele no montante de R$ 51 milhões escondidos em um apartamento de Salvador. A finalidade do dinheiro é certamente eleitoral, para alimentar as campanhas dos aliados de Geddel na Bahia, mas os nomes dos beneficiados são uma incógnita. 

O PMDB, partido de Geddel e Temer, ficou ainda mais comprometido ao ter outros líderes denunciados por Janot - em claro esforço para mostrar serviço enquanto ainda está na PGR - da qual sairá neste domingo - como Romero Jucá, Henrique Eduardo Alves, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e José Sarney, além do próprio Temer. Nem uma hipotética mudança da sigla para MDB irá salvar a imagem de uma agremiação que nunca foi vista como um partido no sentido estrito da palavra, íntima do poder desde o regime militar, antes de 1985. 

Com esta devastação política, a economia ainda consegue resistir: hoje a Bovespa atingiu o recorde histórico de pontos, graças à denúncia de Palocci e à prisão de Joesley Batista: 74.139, alta de 1,7%. 


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Finalmente mais estações de metrô

No ritmo "tão rápido quanto possível" da expansão do metrô paulistano, o governo inaugurou mais três estações da linha Lilás, na zona sul: Alto da Boa Vista, Borba Gato e Brooklin. 

Por enquanto, ficou mais fácil para o pessoal da periferia vindo do Capão Redondo, Campo Limpo e Vila das Belezas, assim como os usuários da linha de trem Esmeralda da CPTM, irem ver a estátua do Borba Gato, um dos monumentos da cidade. 

A estação Borba Gato fica perto da famosa estátua (Divulgação)

Porém, a intenção não é esta: pretende-se ligar, um dia, esta linha à Linha Azul do metrô, por meio da Estação Santa Cruz, e posteriormente à linha verde, pela Estação Chácara Klabin. Ambas as estações ficam na Vila Mariana. A responsável pela obra é a Queiroz Galvão.

Com isso, a linha Lilás, atualmente sem ligação direta alguma com outras linhas do metrô, integra-se à rede. 

Falta ainda resolver o problema das outras linhas a serem implantadas: a que servirá o bairro do Morumbi - que ainda não tem uma estação de metrô - passando pelo Aeroporto de Congonhas, e a tão falada linha para ligar a Brasilândia, na extrema Zona Norte, à estação São Joaquim, no centro. Em ambas, há problemas de licitação para a escolha das construtoras. 


N. do A.: Até a citada estátua do Borba Gato já está cansada de tanto escândalo: o caso JBS, a devassa feita no Comite Olímpico Brasileiro para investigar a compra de votos para a escolha da sede olímpica (a ressaca depois da festa dos Jogos não vai passar tão cedo), o caso dos milhões escondidos a mando de Geddel Vieira Lima, etc.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Comparações

O procurador-geral da República, após o constrangimento de ver seu ex-braço direito Marcelo Miller e agora advogado da JBS ter contas a prestar com a Justiça. Porém, ao invés de insistir em incriminar o presidente Michel Temer com denúncias baseadas nas gravações anteriores de Joesley Batista, passou a querer anular o acordo, quando novas gravações envolvendo ministros do STF e Dilma Rousseff foram divulgadas pela imprensa. Ao mesmo tempo, Janot passou a ter como alvo não mais Temer, mas os presidentes anteriores, Lula e Dilma, acusando-os de serem os chefes do agora intitulado "quadrilhão do PT", não mais Petrolão.

Rodrigo Janot vai deixar a chefia da PGR (Divulgação)

Com esta conduta, o quase ex-procurador se assemelha, grosso modo, a outras personalidades. Este blog fica a pensar em qual delas eles se assemelha mais:

a) Dom Quixote, ansioso em corrigir as injustiças do mundo a qualquer preço.

b) Policarpo Quaresma, o patriota inspirado no personagem acima que ama o seu país mas é visto como maluco.

c) Conan, o Bárbaro, por ser valente e destruir os inimigos, mesmo à custa de arrasar lugares por onde passa.

d) Outros políticos com pensamento grandiloquente que existem no mundo, como Donald Trump ou Kim Jong-un (o famigerado jornalista Reinaldo Azevedo o compara a este último, o que não parece exato: o ditador norte-coreano parece mais infantilóide e histérico).

e) Chacrinha, o Velho Guerreiro, cujo lema é "eu vim para confundir e não para explicar".

Esta última alternativa parece ser a mais próxima da realidade, pois Janot tem certas semelhanças físicas com o finado apresentador nascido há cem anos, mas o Chacrinha não tinha tanto poder nas mãos. É caso para se pensar um pouco, embora se possa chegar a uma conclusão: Rodrigo Janot é Rodrigo Janot.


N. do A.: Com razão, todos falam de Janot e da denúncia contra o "quadrilhão" acusado de saquear o Brasil e dilapidar o NOSSO DINHEIRO entre 2003 e 2015, e não da Seleção Brasileira, que só empatou com a Colômbia, acabando com uma série de vitórias na era Tite. Mas com justiça, afinal Neymar e os outros jogadores não estavam inspirados, e o time colombiano já mostrou antes que é uma "pedra no sapato" dos representantes da CBF, ainda mais jogando em uma cidade colombiana, Barranquilla. William fez um golaço, Falcão Garcia empatou e um cachorro aproveitou para aparecer em campo, quando o jogo ainda estava zerado. 

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Semana começa terrível

Mais uma semana de 2017 começa e, para (não) variar, com muitas notícias pesadas. 

1. O acordo firmado entre o Ministério Público e a JBS está com sinais de que vai ser desfeito. Rodrigo Janot constatou, não por falta de aviso ou prudência, que Joesley Batista, seu irmão Wesley e outros delatores da empresa estão omitindo informações, além de seu ex-braço direito, Marcelo Miller, ter-se transformado em suspeito de cometer atos ilícitos, como fazer acordos de delação à revelia da Justiça. Batista recebeu tantos benefícios em sua delação que lhe foi permitido até ir para o exterior, negociar ações em Nova York enquanto houve um circuit-breaker na Bovespa, devido ao pânico causado pelas denúncias contra Michel Temer, em maio, quando o caso JBS estourou. Parece que desta vez os irmãos Batista estão bem mais perto da cadeia, e Michel Temer, um pouco mais longe dela, quando sair do poder no dia 31 de dezembro de 2018 - não será antes.

2. A segunda-feira começou tensa em São Paulo, com a notícia de mais uma tentativa de assalto feita por uma quadrilha. Pelo menos 14 criminosos tentaram assaltar uma casa de alto padrão no Morumbi, zona nobre da cidade, mas a polícia interveio e matou dez deles, após intenso tiroteio, inclusive o líder, conhecido como "Sassá". Quatro policiais ficaram feridos sem gravidade. A contundente reação teve o apoio da população, não só do Morumbi mas de todo o Brasil, cansada de tantos roubos e assaltos.

3. Em mais um caso de violência, não tão feroz quanto o tiroteio no Morumbi mas muito pior por envolver uma criança inocente, ladrões realizaram um arrastão em Duque de Caxias, cidade do subúrbio carioca, e atiraram; uma das balas perdidas acertou na cabeça de um menino de oito anos, que morreu.

4. Mais terrível do que tudo isso é a perda de controle na Ásia, a partir dos testes de uma suposta bomba de hidrogênio feita a mando do tirano de Pyongyang, Kim Jong-un. Bombas de hidrogênio, ou de fusão nuclear, são potencialmente mais mortíferas do que as bombas de fissão, como as usadas contra Hiroshima e Nagasaki. O episódio mostrou o fiasco da política externa norte-americana com Barack Obama e Donald Trump, além de colocar o governo chinês num dilema: condenar seu aliado norte-coreano e evitar, ao mesmo tempo, uma possível atuação de forças norte-americanas perto de suas fronteiras terrestres e marítimas. São cada vez mais frequentes os temores de uma Terceira Guerra Mundial.

5. Por último, e não o pior, morreu a transgênera mais conhecida do Brasil, Rogéria, aos 74 anos. A artista, nascida como Astolfo Pinto, começou sua carreira de atriz depois de exercer a profissão de maquiadora, quando já se assumiu homossexual e passou a se vestir de mulher publicamente. Desafiou os padrões morais, principalmente durante a ditadura militar, e atuou em vários filmes e novelas da Rede Globo. Era figura frequente nos programas de auditório e nos desfiles de Carnaval. Mais do que um símbolo da diversidade sexual no Rio de Janeiro, Rogéria era uma artista carismática. 

sábado, 2 de setembro de 2017

O selo de agosto

O selo mostrado há alguns dias na última postagem da série "Mondo Brasile" será concedido aos destaques de cada mês, no início do mês seguinte.

Já temos um possível merecedor, mais do que todos os outros. Este blog já avisa: ex-presidentes são hors concours, ou seja, não podem ser enquadrados porque seriam candidatos sempre. 

O selo vai para o cidadão cujo hábito de ejacular nas mulheres dentro dos ônibus paulistanos o tornou digno de merecer a honraria. Ele disputou com o juíz responsável por não prendê-lo, José Eugênio do Amaral Souza Neto, que alegou não haver na lei motivos para isso. O juiz perdeu o selo porque há um motivo para isso: nosso Código Penal em estado de decomposição, à espera de alterações no Congresso que nunca chegam.

Parabéns, Diego Ferreira de Novaes! E aproveite para se submeter a um bom tratamento psiquíatrico, pois quem sabe irá, no futuro, ser digno de ser considerado um exemplo de superação ao invés de virar a vergonha do Brasil. 

Membros do Congresso e do Judiciário, assim como o agressor de professoras em Santa Catarina e o juiz responsável pela decisão de soltar este cidadão, não devem ficar muito aliviados: por pouco não receberam o selo (Foto: Divulgação)