Este blog tem como mote jamais afirmar algo como verdade
absoluta, mesmo aquilo que compreende. Portanto, exerce o direito de
opinião, como garante a nossa Constituição tão aviltada e violentada
neste país.
Já escrevi sobre pessoas que opinam sobre coisas que não compreendem e fazem questão de divulgar como se fossem verdades absolutas em uma postagem AQUI, escrita em 2011.
O MBL entende mais de política do que de arte, isso é possível notar. Já escrevi sobre o boicote proposto por eles contra a mostra Queermuseu. Apesar de reiterar que isso é diferente de impor uma proibição, a análise sobre o episódio parece pouco sólida, como este blog reconhece. Nesta semana, reclamaram de uma exposição baseada em obras da conceituada Lygia Clark com um artista nu, Wagner Schwartz, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), principalmente quando uma menina o tocou, de forma inocente e sem conotação sexual.
Vamos fazer algo mais cuidadoso:
1. O blog não é especialista em arte, nem o MBL. Aqui não se pretende ser especialista, expressando tão somente uma opinião pessoal. Kim Kateguiri e seus seguidores agem como se entendessem de arte e, como formadores de opinião, tratassem seu ponto de vista como se as pessoas, mesmo os artistas, não entendessem dessa manifestação humana.
2. Escrevi: "Algumas obras do chamado Queermuseu pareciam ter valor nulo, destinadas apenas a chocar e afrontar os valores morais da sociedade". No meu ponto de vista, trabalhos como "criança viada" são de valor questionável e foram produzidos mais para chocar o gosto comum do que qualquer outra coisa, e pareciam uma brincadeira de criança, devido à infantilidade dos traços, se empregassem outra temática. Mas isso não vale como um dogma, pois outras pessoas podem ver isso de outra forma, e devem ser respeitadas neste ponto. Quanto à exposição do MAM-SP, é difícil entender o contexto do artista, mesmo considerando o uso frequente da nudez pela arte. E se fosse uma mulher, nua? E se não houvesse nudez?
3. Boicote e censura são coisas muito diferentes, e todos têm direito de manifestar sua repulsa a algo que não gosta, mas um recurso como o boicote é normalmente uma defesa contra agressões. Se for utilizado como instrumento de ataque, como fez o MBL, torna-se menos digno de apoio.
4. Eles apontam o uso da Lei Rouanet para financiar o Queermuseu e, também, a exposição com Wagner Schwartz. Se não houve desvios de verbas, nada há de ilegal, apesar da própria legislação ser questionável. Neste caso, é melhor encontrarem outros argumentos para contestar a Rouanet, para não serem vistos como carolas ridículos.
5. Não havia razão para o Queermuseu ter interrompido sua exposição, e nem para haver tanta gritaria contra a exposição do MAM-SP. O fato de uma criança ter tocado em Schwartz foi interpretado como "pedofilia", mas o artista não queria seduzir ninguém só por se expor sem roupa. O pseudo-moralismo foi alimentado não só pelo MBL, mas pelo vereador Fernando Holiday (DEM), pelo pastor Marco Feliciano e pelo virtual presidenciável Jair Bolsonaro. Isso não quer dizer que este blog aprova uma criança numa exposição como esta. Deveria haver uma idade mínima.
6. Esta é uma maneira, ao meu entender, equivocada de fazer política. O MBL e seus aliados arriscam-se demais ao fazer campanha contra o que não compreendem. Novamente, é o caso do sapateiro indo além das sandálias, como no caso do pintor Apeles e seu crítico, na Grécia Antiga. Desta vez, é um pouco mais literal do que atores falando da usina de Belo Monte, como em 2011. Não entendem nada de arte, mas falam dela para fazer política e provocar histeria, causando mais vergonha nacional do que os seus alvos. E que se virem para fazer disso uma vitória - na política, e não na crítica artística.
O MBL entende mais de política do que de arte, isso é possível notar. Já escrevi sobre o boicote proposto por eles contra a mostra Queermuseu. Apesar de reiterar que isso é diferente de impor uma proibição, a análise sobre o episódio parece pouco sólida, como este blog reconhece. Nesta semana, reclamaram de uma exposição baseada em obras da conceituada Lygia Clark com um artista nu, Wagner Schwartz, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), principalmente quando uma menina o tocou, de forma inocente e sem conotação sexual.
Vamos fazer algo mais cuidadoso:
1. O blog não é especialista em arte, nem o MBL. Aqui não se pretende ser especialista, expressando tão somente uma opinião pessoal. Kim Kateguiri e seus seguidores agem como se entendessem de arte e, como formadores de opinião, tratassem seu ponto de vista como se as pessoas, mesmo os artistas, não entendessem dessa manifestação humana.
2. Escrevi: "Algumas obras do chamado Queermuseu pareciam ter valor nulo, destinadas apenas a chocar e afrontar os valores morais da sociedade". No meu ponto de vista, trabalhos como "criança viada" são de valor questionável e foram produzidos mais para chocar o gosto comum do que qualquer outra coisa, e pareciam uma brincadeira de criança, devido à infantilidade dos traços, se empregassem outra temática. Mas isso não vale como um dogma, pois outras pessoas podem ver isso de outra forma, e devem ser respeitadas neste ponto. Quanto à exposição do MAM-SP, é difícil entender o contexto do artista, mesmo considerando o uso frequente da nudez pela arte. E se fosse uma mulher, nua? E se não houvesse nudez?
3. Boicote e censura são coisas muito diferentes, e todos têm direito de manifestar sua repulsa a algo que não gosta, mas um recurso como o boicote é normalmente uma defesa contra agressões. Se for utilizado como instrumento de ataque, como fez o MBL, torna-se menos digno de apoio.
4. Eles apontam o uso da Lei Rouanet para financiar o Queermuseu e, também, a exposição com Wagner Schwartz. Se não houve desvios de verbas, nada há de ilegal, apesar da própria legislação ser questionável. Neste caso, é melhor encontrarem outros argumentos para contestar a Rouanet, para não serem vistos como carolas ridículos.
5. Não havia razão para o Queermuseu ter interrompido sua exposição, e nem para haver tanta gritaria contra a exposição do MAM-SP. O fato de uma criança ter tocado em Schwartz foi interpretado como "pedofilia", mas o artista não queria seduzir ninguém só por se expor sem roupa. O pseudo-moralismo foi alimentado não só pelo MBL, mas pelo vereador Fernando Holiday (DEM), pelo pastor Marco Feliciano e pelo virtual presidenciável Jair Bolsonaro. Isso não quer dizer que este blog aprova uma criança numa exposição como esta. Deveria haver uma idade mínima.
6. Esta é uma maneira, ao meu entender, equivocada de fazer política. O MBL e seus aliados arriscam-se demais ao fazer campanha contra o que não compreendem. Novamente, é o caso do sapateiro indo além das sandálias, como no caso do pintor Apeles e seu crítico, na Grécia Antiga. Desta vez, é um pouco mais literal do que atores falando da usina de Belo Monte, como em 2011. Não entendem nada de arte, mas falam dela para fazer política e provocar histeria, causando mais vergonha nacional do que os seus alvos. E que se virem para fazer disso uma vitória - na política, e não na crítica artística.