segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Irma é uma brisa

Os americanos deveriam estar gratos por "só" sofrerem com o furacão Irma, que atingiu a Flórida e logo perdeu de intensidade, reduzido agora à condição de "tempestade tropical". 

Diante de certas coisas que ocorrem em um país bem mais ao sul, o Irma é uma brisa. 

Com os trabalhos da Polícia Federal em investigar o maior esquema criminoso do século XXI e a ação do mais militante de todos os procuradores-gerais da República, Rodrigo Janot, o sistema político do Brasil sofreu grande devastação. Já a estrutura econômica, corroída pelo mega-roubo no NOSSO DINHEIRO, está resistindo, apesar de alguns estragos posteriores, causados pelo estardalhaço na Operação Carne Fraca (que deveria se limitar a debelar a corrupção no setor frigorífico e acabou por prejudicar as exportações de carnes) e no caso JBS, envolvendo Joesley Batista. 

O ex-presidente da JBS tentou incriminar o presidente Michel Temer com as suas gravações, mas acabou se incriminando não só com novas gravações, mas também com sua conduta, na certeza de manter o vantajoso acordo de delação que lhe permitiu até viajar a Nova York para negociar ações enquanto se desenrolava a crise política. Agora está preso, e as chances da prisão temporária se transformar em algo mais rigoroso (uma prisão preventiva, ao menos) são altas. 

Paralelo a isso, mas na megaoperação Lava Jato, Antônio Palocci resolveu contar e escancarou as relações do ex-presidente Lula com a Odebrecht, fazendo diminuir drasticamente a possibilidade de uma candidatura para 2018. A empreiteira teria comprado um imóvel para abrigar uma nova sede do Instituto Lula, na Zona Sul de São Paulo, por trás de outra construtora, a DAG, e a transação foi feita com ajuda de dinheiro proveniente de recursos não contabilizados, durante a eleição de 2010. Como Lula irá depor em Curitiba nesta quarta, os mais radicais esperam uma possível ordem de prisão por Sérgio Moro, algo visto como improvável pela maioria dos cientistas políticos. 

Ainda dentro da Lava Jato, a Polícia Federal colocou Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Lula, Temer (e Dilma), na cadeia por ter encontrado as digitais dele no montante de R$ 51 milhões escondidos em um apartamento de Salvador. A finalidade do dinheiro é certamente eleitoral, para alimentar as campanhas dos aliados de Geddel na Bahia, mas os nomes dos beneficiados são uma incógnita. 

O PMDB, partido de Geddel e Temer, ficou ainda mais comprometido ao ter outros líderes denunciados por Janot - em claro esforço para mostrar serviço enquanto ainda está na PGR - da qual sairá neste domingo - como Romero Jucá, Henrique Eduardo Alves, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e José Sarney, além do próprio Temer. Nem uma hipotética mudança da sigla para MDB irá salvar a imagem de uma agremiação que nunca foi vista como um partido no sentido estrito da palavra, íntima do poder desde o regime militar, antes de 1985. 

Com esta devastação política, a economia ainda consegue resistir: hoje a Bovespa atingiu o recorde histórico de pontos, graças à denúncia de Palocci e à prisão de Joesley Batista: 74.139, alta de 1,7%. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário