terça-feira, 26 de setembro de 2017

Da série 'Noventolatria', parte 10 - Peruas

Este blog não se refere às "novas ricas emergentes", bastante frequentes no final do século passado, e nem às mulheres que se comportam de forma extravagante, julgando serem elegantes - foram homenageadas até em novelas da época como Perigosas Peruas (1992) e Por Amor (1997), na Rede Globo. 

O termo "perua" foi usado naquela época para classificar determinado tipo de veículo, atualmente conhecido como "station wagon". São geralmente versões de carros menores, como hatchbacks ou sedãs, caracterizados por terem dois volumes e um grande espaço para bagagem. Nos Estados Unidos, são geralmente carros compridos, mas aqui no Brasil fizeram sucesso principalmente as chamadas "peruas compactas", de porte relativamente reduzido mas também capazes de transportar passageiros e malas com certo conforto. 

No Brasil, esse tipo de veículo não é mais popular, tanto é que apenas dois carros com essa conformação são fabricados aqui atualmente: a veterana Fiat Weekend e a mais recente SpaceFox, e ambas estão próximas de sair do mercado, sucumbindo às SUV's, consideradas mais espaçosas e maiores em altura. Outras opções são vindas de fora, como a Subaru Outback e a Volkswagen Golf Variant, mas com baixíssimas vendas.

Mas, no século passado e principalmente na década de 1990, as peruas eram desejadas. O consumidor se afeiçoou a elas desde a década de 1960, com as Vemaguets e Veraneios, depois com modelos de grande apelo como a Ford Belina, a Volkswagen Variant e a Chevrolet Caravan. Na década de 1980, surgiram as peruas compactas, como a Volkswagen Parati, que chegou a ser um dos carros mais vendidos de seu tempo.

Abaixo, algumas delas: 



A Volkswagen Parati era a líder do segmento no começo da década de 1990, mesmo sendo relativamente pequena, quadrada e só ter duas portas...
,,, mas com a abertura de mercado para os carros importados, precisou melhorar e no final da mesma década ficou bem diferente: era a "Parati bolinha", que tinha quatro portas.
Uma de suas concorrentes era a Fiat Elba, que tinha um porta-malas enorme para o seu tamanho. Foi produzida até 1996...
... para dar lugar, no ano seguinte, à Fiat Palio Weekend, que fez muito sucesso e é produzida até hoje.
A Chevrolet tinha a Ipanema, derivada do Kadett, que tinha problema de espaço para os passageiros...
... e em 1994 veio a perua Astra, com o maior espaço para o segmento das peruas compactas, mas não fez sucesso.
Na Chevrolet, quem fazia sucesso entre as peruas era a grande e imponente, embora antiga, Caravan...
... que deu lugar à Omega Suprema, a perua produzida aqui mais luxuosa da década de 90, mas um fracasso de vendas por ser cara.
 
A Ford Belina também marcava presença na década de 90, mas só no comecinho, para ser visada no mercado de usados...
... em 1992, foi substituída pela Ford Royale, produto da Autolatina, fusão entre a Volks e a Ford que durou até 1996. Foi um relativo fracasso, pois era vista como uma mera versão da Volkswagen Quantum...
... esta sim um sucesso de vendas e conhecida por sua robustez, mas sofria um bocado com a concorrência das peruas grandes vindas de fora, até sair de produção em 2003.
Quando a Autolatina foi desfeita, a Ford tratou de oferecer algo mais atraente, a partir de 1997: a perua Escort, que não durou muito tempo.
 

A Fiat, na década de 1990, não se limitou aos carros pequenos. Um sucesso de vendas foi o Tempra, mas sua grandalhona (e feia) versão perua foi um fiasco.
Muito melhor foi a Marea Weekend, produzida a partir de 1998, com tecnologia e bom espaço, mas sua manutenção caríssima assustava.

Havia várias peruas importadas, mas as mais desejadas eram máquinas alemãs caras e sofisticadas, como a Audi Avant RS2...

... e a BMW 328i Touring, que fizeram muitos brasileiros ficarem mais exigentes com a qualidade dos carros feitos aqui.

Curiosamente, a Kombi, apesar de ser chamada de perua, não era desse segmento. Ela, na verdade, era uma van, um veículo monovolume (as peruas de verdade tinham uma parte do motor bem destacada) e contra ela muitos veículos foram importados, como a Kia Besta e a Asia Topic, que roubaram muitos clientes da veterana. Foi na década de 90 que ela passou por uma boa repaginada, mas continuava antiquada. 

A Kombi foi um dos veículos mais citados neste blog. Até 1997, ela tinha o mesmo formato do modelo 1976 (!!!) ...

... e a "perua" foi reestilizada, para enfrentar a concorrência...
... principalmente a van coreana Kia Besta, que era chamada também, incorretamente, de "perua".



Breve, vou fazer um apanhado de dez veículos da época, como fiz com a década de 1980 (Da série "Oitentolatria", parte 11).


N. do A.: Este blog não se esqueceu dos desmandos vindos da nossa política. O governo fez uma defesa despudorada do atual sistema de aposentadoria para os políticos, violando a ideia de uma reforma de verdade para a Previdência - uma das razões mais fortes é que o presidente Temer necessita de apoio no Congresso para se defender contra as denúncias de corrupção e formação de quadrilha, feitas pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot. No Senado, aprovaram a criação de um fundo partidário, cuja proposta, sem um teto definido, é ainda pior do que aquela rejeitada na Câmara, e esta "reforma" política está ainda mais parecida com uma anti-reforma, para afastar o Brasil da civilização. Enquanto isso, um de seus componentes, Aécio Neves, voltou a ser obrigado a deixar sua cadeira pela Primeira Turma do STF, por 3 votos a 2, analisando outra denúncia de Janot. E, finalmente, a defesa de Lula está se enrolando ao fornecer documentos com datas inválidas ao juiz Sérgio Moro, tentando provar que Marisa Letícia era responsável pelo aluguel de uma cobertura em São Bernardo do Campo. Essa transação é investigada pela Lava Jato, por envolver propina fornecida pela Odebrecht.

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