quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Cacá Diegues na ABL?


Carlos Diegues contribuiu muito para a cultura brasileira, com seus filmes - e nem tanto com os seus escritos

Já era estranha a presença de um cineasta, Nelson Pereira dos Santos, na Academia Brasileira de Letras, a ABL. Com a morte dele neste ano, havia a chance de votar em um escritor, romancista ou poeta. Mas votaram por outro cineasta, Cacá Diegues. 

O diretor de Bye Bye Brasil, Xica da Silva, Orfeu de Carnaval, Deus e Brasileiro e O Grande Circo Místico fez ótimos trabalhos, mas estaria melhor numa instituição de cinema. 

Não faltaram candidatos para a vaga de Nelson Pereira dos Santos: eram mais dez nomes, entre eles Pedro Corrêa do Lago e Conceição Evaristo. Houve até uma campanha em favor desta última, por ser negra, mas ela só recebeu um voto da Academia. 

Há muito tempo a entidade não tem grande relevância para a literatura nacional. Na verdade, nunca teve, salvo nos primeiros anos depois de sua fundação, em 1896, por nomes como Machado de Assis, Raimundo Correia, José do Patrocínio e Coelho Neto, literatos de grande peso. Seus sucessores nem sempre foram representativos. Tem como um de seus membros o ex-presidente José Sarney, autor de poemas considerados medíocres, além de outros grandes profissionais, mas não escritores, como o diplomata Celso Lafer, o jurista Afonso Arinos de Mello Franco e o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No passado, Santos Dumont, Roberto Marinho e José Mindlin, todos também grandes nomes de outras áreas e não da literatura. 

Aliás, quem, nesta pátria povoada de iletrados, onde o ensino foi considerado "falido" até mesmo por um ministro da Educação (o atual, Rossieli Soares), liga para a ABL?

Em tempo: Cacá Diegues escreveu muitos artigos, principalmente crônicas políticas, mas não muita gente se lembra disso.

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