Na disputa para o governo paulista, ainda muito eclipsada pela corrida presidencial, os números das pesquisas publicados no Ibope no sábado mostram uma certa polarização entre João Dória Jr. (PSDB), ex-prefeito de São Paulo entre 2016 e 2018, e Paulo Skaf (MDB), ex-presidente da FIESP e chefe da campanha dos "patos" durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Skaf tem 22% e Dória, 21%, um empate técnico. A tendência é ambos disputarem o segundo turno, mas pode haver reviravoltas em breve. Skaf só tem o MDB, enquanto Dória é apoiado pelo PP e pelo DEM, além do seu próprio partido.
O atual governador, Márcio França (PSB), ainda não sai dos 3%, mas conta com uma ampla gama de alianças com partidos pequenos e médios: Podemos, Solidariedade, Pros, PTB, PR, PV, PPS, PHS, PRP, PMB, Patriota, PPL. Só deve ganhar visibilidade no horário político e em eventuais aparições para inaugurar obras iniciadas na gestão Alckmin, do qual era antigo vice.
Luiz Marinho (PT) também está com dificuldade para decolar. São 3% de intenções de voto, devido à rejeição de boa parte do eleitorado paulista ao partido. A coligação inclui apenas o PCdoB. Ele oficializou Ana Bock, professora da PUC, como vice.
Os outros candidatos estão com intenções de voto muito pequenas, abaixo da margem de erro de 3%. Entre eles, Rodrigo Tavares (PRTB), Lisete Arelaro (PSOL), Toninho Ferreira (PSTU), Cláudio Fernando (PMN) e Rodrigo Chequer (Novo). Marcelo Cândido (PDT) foi oficializado ontem, depois da divulgação do Ibope.
Já o número de votos brancos e nulos é altíssimo: 32%, bem maior do que os números favoráveis a Skaf ou Dória. Os indecisos são 11%. Somados, os "não-votos" chegam a quase a metade da amostragem. É um sinal do desalento do paulista pelo atual sistema político, em estado de putrefação e sem sinais viáveis de mudança, mesmo com o enorme impacto da Lava Jato que mostrou a corrupção atuando em todos os partidos em maior ou menor grau, mas comprometendo principalmente o PT, o MDB e o PP.
N. do A.: Causou espécie o anúncio do general de reserva Antônio Mourão como vice de Jair Bolsonaro. Muitos tinham esperança em alguém mais afeito aos valores democráticos, como a advogada Janaína Paschoal. Para os adversários, a chapa de Bolsonaro será mais vista como de "extrema-direita", um termo mal usado no Brasil principalmente nos tempos do petismo no poder, mas ultimamente usado para denominar os extremistas de tendência autoritária, como parece ser o mais correto. Alguns temem a destruição da democracia com um hipotético avanço dos bolsonaristas, mas outros acham que uma aliança tão sectária está condenada ao fracasso por falta de apoio dos eleitores. Por outro lado, os correligionários estão animados com a confirmação, pois Mourão poderia dar mais solidez nas ideias do ex-capitão, principalmente na segurança pública, mas a preocupação agora é planejar a conquista de votos de eleitores fora de seu nicho, ou seja, convencer aqueles não tão entusiasmados com o conservadorismo rígido, o nacionalismo, o salvacionismo (algo parecido com o dos apoiadores do inelegível Lula) e o "lavajatismo" mais radical e intransigente.
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