segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Da série 'Mondo Cane', parte 56 - Métodos crueis de execução e tortura empregados nos últimos 200 anos

Quando se pensava em métodos hediondos de matar ou torturar alguém, geralmente havia referência a castigos da Antiguidade ou da Idade Média, como o "touro de bronze" grego usado para cozinhar alguém vivo dentro dele, o escafismo usado pelos antigos persas para forçar o condenado a comer mel e outros alimentos doces para depois servir de alimento às formigas, a "Dama de Ferro" medieval, os empalamentos ou a crucifixão usada para executar Jesus Cristo. 

Alguns métodos, porém, persistiram até a época contemporânea, isto é, depois da Revolução Francesa e do Império Napoleônico. Mentes mais sensíveis devem parar de ler a partir deste ponto. 

Abaixo, dez atrocidades cometidas por torturadores, tiranias e mesmo governos supostamente democráticos nos últimos 200 anos: 

1. O método hung (hanged), drawn and quartered (enforcado, arrastado e esquartejado)

Acreditem: este método de punir os traidores da pátria na Grã-Bretanha perdurou até o século XIX e ainda havia sentenças para arrastar os condenados, enforcá-los até a semiconsciência, arrancar-lhes as entranhas e esquartejá-los, para no fim cortar-lhes a cabeça e acabar com o sofrimento. O conhecido Guy Fawkes, inspirador da máscara do Anonymous, foi tratado dessa forma em 1605, junto com seus comparsas que tentaram explodir o Parlamento. A partir do século XVIII, o infeliz era enforcado e depois seu corpo sem vida era submetido ao procedimento descrito acima, o que já era uma visão terrível. Em 1820, os conspiradores da rua Cato, acusados de tentarem matar os ministros do recém-falecido monarca George III foram condenados a serem arrastados, enforcados e esquartejados, mas na prática foram "apenas" enforcados e decapitados. Em 1867, a pena foi oficialmente abolida.

Um condenado sendo submetido ao ritual "hanged, drawn and quartered"

2. A fogueira

Durante os tempos da Inquisição, entre os séculos XIV e XVIII, a Igreja Católica e muitas igrejas protestantes puniam os hereges condenando-os a serem torturados para confessarem seus "erros" e depois entregues ao "braço secular" (o governo civil) para serem executados na fogueira. Ainda existiam mortes esporádicas no século XIX, e a última execução oficial teria sido de um escravo americano em 1830, na Carolina do Sul. Existe uma versão "moderna" onde um infeliz era amarrado com pneus e depois queimado vivo; os traficantes fazem isso até hoje nos morros cariocas, como forma de execução extrajudicial contra quem se atrevia a contestar o seu poder. 

O método usado até hoje para queimar alguém vivo, nos morros (do filme Tropa de Elite)


 3. Tortura com ratos

As ditaduras chilena e brasileira eram acusadas de adaptar um velho método aplicado na Europa, segundo o qual um rato era posto numa gaiola em cima de uma vítima e, acossado pelo fogo, tentava fazer um abrigo na única superfície disponível, ou seja, o coitado era esburacado pelo animal. No método mais contemporâneo, introduzia-se um cano próximo às partes mais secretas de um prisioneiro; uma extremidade do cano era aquecida, induzindo o rato a fugir, indo parar... bem, não é agradável descrever nem visualizar algo assim. 

Simulação da prática em sua versão tradicional usada na Idade Média

4. Bambu chinês

Durante a tirania dos primeiros-ministros militares japoneses, durante a Segunda Guerra Mundial, prisioneiros americanos eram forçados a ficarem deitados sobre brotos de bambu, especialmente daquelas espécies com rápido crescimento; em pouco tempo, as plantas cresciam e perfuravam a carne das vítimas, que sofriam por dias. Este método foi adaptado dos chineses, tidos como engenhosos na arte de causar sofrimento (daí o termo "tortura chinesa"). 

Os inocentes bambus eram instrumentos da crueldade humana


5. Cozinhado vivo

Neste método, os prisioneiros eram obrigados a ficarem em caldeirões cheios de água ou outro líquido qualquer e experimentavam a sensação de serem tratados como caranguejos ou lagostas durante o preparo, ou seja, eram cozidos vivos; a pessoa podia morrer com o simples choque ou sentir a pele e depois o tecido adiposo esquentarem e causarem dor além do suportável; não esperavam a vítima ficar bem passada para terminá-la, mas só enquanto ela desse sinais de vida; em 2002, a ditadura do Uzbequistão foi acusada de implementar esse tipo de tortura em acusados de terrorismo.


Não se trata de canibalismo, embora seja igualmente ignóbil

6. Keelhauling

Esta foi uma prática usada em países marítimos; as vítimas eram penduradas junto aos cascos dos navios e, enquanto eles se movimentavam, elas se chocavam com o madeirame e ainda enfrentavam a água salgada, podendo afogar-se no caminho ou sofrer dores intensas no contato entre a água e as feridas; muitas vezes, haviam cracas, pequenos crustáceos, vivendo nas embarcações junto à linha da água, e suas conchas afiadas pioravam tudo; em 1853, ainda havia a aplicação dessa punição. 

Gravura contemporânea do Renascimento mostrando prisioneiros submetidos ao keelhauling

7. Esmaga-joelho

Aplicado no Sião, atual Tailândia, até o século XIX, consistia na utilização de um aparelho dotado com duas placas com várias pontas no joelho de uma vítima; giravam-se longos parafusos parecidos com hastes de pebolim para aproximar as placas, destruindo a perna do infeliz e deixando-a inutilizada; este método sangrento foi aplicado contra sentenciados por roubo e estelionato. 

Esta espécie de prensa impressionava só de olhar


8. Arrancamento de olhos

Ainda hoje se fazem torturas extrajudiciais em países como o Brasil, onde as vítimas são espancadas e depois tem os olhos arrancados com algum instrumento. Dispensa maiores apresentações.  

Um iraniano cumprindo a sentença de ter seu olho arrancado

9. Alimentação forçada

Os torturados eram forçados a comer tudo o que seus torturadores colocassem em suas bocas e mesmo narizes, desde comida estragada até água salgada, pimenta, fezes, detergente ou óleo fervente. Quando eles vomitavam, o conteúdo do estômago era reintroduzido. Esta prática foi muito usada na China no século XX e adaptada até nos Estados Unidos para torturar suspeitos de práticas terroristas. Havia uma variante, a alimentação forçada por via anal, para fazerem os condenados interromperem greves de fome. Em certos países, isso é feito com patos e gansos destinados a terem seus fígados usados no patè de foie gras

Simulação de uma mulher sendo forçada a comer


10. Gravata colombiana

Usada em carteis de drogas na Colômbia, os captores abriam um buraco na garganta do prisioneiro e faziam a língua sair por esse orifício; algumas vezes, a vítima não resistia e morria sufocada. 

Os narcotraficantes usavam a "gravata colombiana" em seus inimigos



Isso sem falar na conhecida guilhotina, apregoada durante a Revolução Francesa como método "humanitário e sem dor" para execução e uma alternativa aos métodos de decapitação por machado, que nem sempre cortavam o pescoço do condenado no primeiro golpe. A cabeça do último guilhotinado "rolou" em 1977. 

Infelizmente, ainda há quem queira aplicar algum desses métodos em supostos traidores da pátria (brasileira), entre narcotraficantes, políticos corruptos e até ex-presidentes, e nos apontados como culpados pela atual crise econômica e institucional, resultando em um cenário eleitoral incerto e dólar indo a R$ 3,96, como aconteceu hoje. Na Venezuela, muitos querem fazer isso no presidente Nicolás Maduro, visto como responsável pela inflação de 1.000.000% (um milhão por cento); agora ele mandou cortar cinco zeros para criar o "Bolívar Soberano", uma moeda destinada a ter o mesmo fim do velho bolívar, caso não houver uma medida mais extrema e menos populista para combater o descalabro inflacionário.

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