Como sempre acontece desde a redemocratização, os candidatos a deputado recebem quase nenhuma atenção na mídia, enquanto os protagonistas são os candidatos à Presidência, os coadjuvantes são os postulantes aos governos estaduais e os que concorrem ao Senado são do elenco de apoio. Quem quer ser deputado é visto como figurante.
Num governo, mesmo no presidencialismo, os deputados são muito importantes, pois são eles, em teoria, os responsáveis pela formulação das leis estaduais e federais (tarefa usurpada pelos ministros do STF e, principalmente, pelo presidente da República com seus decretos e medidas provisórias). Porém, no Brasil, são vistos mais como vassalos de uma estrutura político-partidária "feudal", medievalóide, querendo ficar próximos ao "rei" (o presidente) e servindo aos suseranos (os líderes políticos). Ou simplesmente como carreiristas em busca de vida fácil.
Não existe democracia sem deputados, nem nos países menos corruptos do mundo, onde lá eles são vistos como necessários e fundamentais, pois esses lugares são regidos por sistemas parlamentaristas.
Assim, um país sem deputados não existe, mas é perfeitamente factível ter representantes melhores no Congresso. Infelizmente, não será desta vez que haverá uma melhoria grande neste sentido. 387 dos 513 representantes da Câmara disputam a reeleição. O sistema de financiamento baseado em fundos eleitorais e a chamada "lista fechada" para os candidatos, além do pouco tempo de campanha eleitoral (35 dias) não favorece a renovação, segundo os especialistas. A suposta demonização dos políticos feita por membros mais exaltados da força-tarefa da Lava Jato, apoiados nas redes sociais por gente cansada de tanta roubalheira mas pouco habituada às práticas políticas, também é considerada contraproducente.
Enquanto não se planeja algo melhor, os eleitores precisarão lidar com a situação atual, e procurar por nomes para votarem. E isso não é nada fácil, e talvez não seja no futuro próximo, para infortúnio do país.
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