quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Poemas de quem não é poeta

FALSO SONETO

Pouco juízo tem quem vê solução no problema
A quem está se deixando enganar!
Por quem não sabe separar a clara da gema
E quer ser o dono deste lugar!

Um diz que vai continuar a caminhada
E seu apoiador chama outros de pigmeus
Mas a gente não vislumbra nada
Nada de progressos seus ou teus

Estamos perdidos, pobres de nós
Tantos candidatos a cacique
Nesta sofrida e enorme aldeia

Para um futuro incerto não iremos sós
Que este futuro melhor fique
Porque a situação é para lá de feia.



VERSOS LIVRES

Ó desgraçados! Se dependerdes de alguns ilustres
Estareis comendo capim
Mas nada é tão ruim
Que não possa ficar mais triste
Se no vosso miolo inteligência existe
Temais desde já a sanha dos abutres

Pois o capim não é eterno
E não dará para todo mundo
A crise parece buraco sem fundo
Ó aflitos! Não vos enganeis
Não será com quatro anos nem com seis
Que este lugar vai ser de fato moderno

Ó desvalidos! Se dependerdes de outros bravos
Uns farão dos outros almoço
Não será pouco o alvoroço
A destemperança e a fúria imperarão
Não será pouco o sangue varão
Derramado por fortunas e centavos

Vereis que os ilustres não tem ideia
De como nos governar!
Não vos atireis ao mar!
Ó predestinados! Sejais fortes!
Não tereis melhores sortes
Se continuarem a ser apenas plateia!

Vós sois o povo brasileiro!
A solução do Brasil não está nos eleitos
Que podem ter mil defeitos
Mas são humanos como vós
E não podem governar a sós
Neste lugar que não é simples celeiro! (*)



(*) A primeira palavra que o poeta amador pensou em empregar foi puteiro, mas o termo seria grosseiro demais


N. do A.: Foi escrito num momento de mais uma sucessão de más notícias vindas deste governo, que vai contingenciar ainda mais os recursos para as pesquisas acadêmicas. O presidente da Capes, Abílio Baeta Neves, alertou para o risco de novas bolsas de pós-graduação não serem concedidas ou parte das existentes simplesmente serem interrompidas em 2019. E este governo se decidiu por apoiar Henrique Meirelles, que evidentemente vai trilhar o caminho do continuísmo, cortando verbas de alguns setores e tentando preservar os recursos de outros. Ao decidir lançar a candidatura de seu ex-ministro da Fazenda, o presidente Michel Temer chamou os ilustres e bravos adversários de "pigmeus políticos", por não terem planos de governo (mas qual é o plano de governo oficial de Meirelles?); os alvos principais são Ciro Gomes e Jair Bolsonaro.

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