Bolsonaro x Haddad: É o mais possível de acontecer, segundo as
pesquisas, mas só as urnas irão confirmar isso. Em caso de uma disputa assim, a
polarização se acentua, entre o candidato preferido entre os conservadores
contra o representante do PT; o marketing
deste último pode fazer com Bolsonaro o que fez com os adversários em 2010
e 2014, desconstruindo-os; teme-se o acirramento dos ânimos, com explosões de
violência causados pelos dois lados da disputa, e os partidos “moderados” podem
apoiar um ou outro candidato por afinidade ideológica; Haddad tem mais
experiência administrativa do que o ex-capitão, mas a sombra do PT e de Lula é
incômoda, e sua gestão como prefeito esteve longe de agradar a muitos, a ponto
de ser derrotado já no primeiro turno quando tentou a reeleição, em 2016. A
favor de Bolsonaro está o apoio do mercado e dos setores que não querem a volta
dos petistas à chefia do governo.
Bolsonaro x Ciro: Ciro ainda pode reverter os prejuízos dos últimos
tempos, mas a tendência não indica isso; o ex-governador do Ceará também tem
mais experiência administrativa do que Bolsonaro, mas muitos o veem como um
continuador da obra petista e ele já prometeu favorecer Lula nas suas
tentativas de sair da prisão; além disso, Ciro em nada deve a Bolsonaro em
matéria de declarações contraversas, que despertaram reações contrárias, e seu
temperamento não é nem um pouco mais conciliador, se comparado ao candidato do
PSL; ficou notória a agressão física a um repórter em Roraima, não tão
explorada pela imprensa quanto as opiniões de Bolsonaro, que se limitou, até
agora, a fazer afirmações verbais tolas, preconceituosas e inaceitáveis, mas, pelo menos nesta campanha, não fez agressão física alguma; a opinião pública vê Ciro como um candidato
favorável ao Estado “paizão”, sendo criticado e admirado por isso; Bolsonaro é
contra o paternalismo, mas também é favorável a um Estado forte.
Bolsonaro x Marina: Isto é bem mais difícil de acontecer, se
comparado ao cenário anterior; Marina está em franco declínio, e sua terceira
investida no Planalto tem alta probabilidade de seguir o mesmo destino das
anteriores, em 2010 e 2014. Marina tem muitas propostas para melhorar o país,
mas muitos duvidam de sua capacidade em implementá-las; já Bolsonaro tem uma
postura mais assertiva, parecendo saber mais, na prática, como irá chegar aos
seus objetivos; Marina poderia continuar a retratar Bolsonaro como reacionário,
misógino e contrário às reivindicações populares, mas o candidato do PSL não
terá dificuldade em vincular Marina a Lula e ao PT, além de atacar sem piedade
a rival, com alusões nem sempre respeitosas, mas o candidato do PSL
dificilmente irá repetir as frases tão exploradas pelos adversários, pela
imprensa e pelos adeptos (e não adeptos) dos “fake news”, as mentiras cabeludas
inventadas com a finalidade de difamar seus alvos.
Bolsonaro x Alckmin: é o embate preferido do mercado, mas isso está
muito difícil de acontecer; o tucano está perdendo fôlego e não consegue
convencer o eleitorado, mesmo com a vantagem de ser governador de São Paulo, o
Estado mais rico do país; no entanto, sua avaliação em aspectos como segurança
pública é péssima (embora os índices de São Paulo sejam bem melhores do que a
média do país); pesa ainda contra Alckmin os apoios dos partidos ditos do
“Centrão”, cujos integrantes mais notáveis são investigados pela Operação Lava
Jato e são considerados “adesistas”, pois apoiavam Dilma e, agora, Temer, e os
escândalos de corrupção na Dersa e na Secretaria da Educação (“Máfia da
Merenda”); Bolsonaro agrada mais quem quer ver os corruptos na cadeia – mesmo à
custa de derramamento de sangue inocente – além de ser favorável à livre iniciativa,
como o rival; a postura combativa do candidato do PSL é um desafio imenso para
os tucanos, comparável à dificuldade enfrentada agora na campanha para o
primeiro turno.
Haddad x Ciro: devido à grande vantagem de Bolsonaro, é, em tese,
improvável de acontecer; só em caso do agravamento da saúde do ex-capitão,
vítima do atentado no dia 6; para infelicidade de quem sonha em um duelo entre
dois representantes da chamada “esquerda”, o líder das pesquisas está se
recuperando; o ex-prefeito não terá muita dificuldade em lidar com o
ex-governador, que será obrigado a aceitar alianças de partidos menores, pois
os maiores, inclusive boa parte do “Centrão”, certamente iria apoiar Haddad; a
favor de Ciro, ele está bem menos “queimado” na Lava Jato do que o petista.
Haddad x Marina: outra combinação virtualmente impossível, pois
Marina precisaria de uma reação muito forte; ambos precisariam trabalhar para
enfraquecer Bolsonaro, uma tarefa realmente titânica e com possibilidade nula
de êxito; este duelo seria desagradável ao mercado, o qual, na sua maioria, pode apoiar Marina de
forma muito relutante.
Haddad x Alckmin: para um duelo acontecer, relembrando a velha
disputa PT x PSDB, seria necessária uma atuação em conjunto para enfraquecer
Bolsonaro, além de uma reação poderosa dos tucanos para se apresentarem,
novamente, como os anti-PT, tarefa atualmente feita por Bolsonaro de forma mais
convincente, após os escândalos envolvendo figurões tucanos como Aécio Neves,
Eduardo Azeredo e José Serra.
Outros prognósticos, sem
Bolsonaro e Haddad, são ainda mais improváveis, ficando mais para o terreno da
imaginação. Ainda assim, muitos não vão se deixar impressionar com as pesquisas
e irão votar nos candidatos de sua preferência, por acharem-nos mais capazes do
que os líderes nas intenções de voto, como João Amoedo, Henrique Meirelles ou
Álvaro Dias, entre os adeptos do livre mercado, ou Guilherme Boulos, entre os
defensores de um Estado provedor. De qualquer forma, ainda ficam no ar questões
como a reforma na Previdência, a administração dos gastos públicos para evitar
o agravamento do déficit primário, e
mesmo temas de interesse do eleitorado, como o descalabro na saúde pública e a
crônica epidemia de obras inacabadas. E nenhum deles consegue corrigir a
altíssima rejeição contra eles, por gente com expectativas muito acima do
permitido pela situação vigente, a qual é favorável aos corruptos e ineptos em
detrimento de quem realmente quer fazer o Brasil se desenvolver num prazo mais
longo, bem superior a um mandato presidencial.
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