segunda-feira, 8 de abril de 2019

Balanço dos primeiros 100 dias do governo Bolsonaro

O centésimo dia de governo Bolsonaro será apenas no dia 10 deste mês, mas já estão fazendo uma avaliação desse período, da forma menos agradável para o governo: feita pelo Datafolha, considerado pouco confiável por membros do governo por ser do jornal Folha de S. Paulo, veículo considerado "esquerdista", de viés excessivamente oposicionista e divulgador de "fake news" (sic).

"Não vou perder tempo para comentar pesquisa no Datafolha". E o presidente não pode perder tempo em administrar os inúmeros e graves problemas do Brasil (Retrato oficial)

Segundo a pesquisa, 32% consideram o governo bom ou ótimo, outros 33% classificam-no como regular, e outros 30%, ainda uma minoria, como ruim ou péssimo. De qualquer forma, a atual gestão se saiu pior do que os outros governos eleitos, inclusive Collor e Dilma, que sofreram impeachment

Deve-se considerar a altíssima expectativa dada para esse governo, após o desastre na administração do país nos últimos anos, marcado pelo patrimonialismo, populismo, aparelhamento do Estado e incompetência gerencial. Nesse último quesito, o Datafolha incluiu na pesquisa a avaliação dos ministros para ver se houve avanços e, no geral, ninguém se saiu muito bem: Sérgio Moro recebeu a maior porcentagem de ótimo ou bom: 59%. Paulo Guedes, considerado o principal nome técnico, ficou em segundo lugar, com apenas 30% de ótimo ou bom. Esperava-se que Bolsonaro se cercasse de pessoas capazes, mas alguns ministros ficaram bem abaixo da expectativa, como o ministro da Educação Ricardo Vélez Rodriguez, demitido hoje pelo presidente, e considerado bom ou ótimo por apenas 13% das pessoas ouvidas. 

O tempo ainda está a favor do governo, que ainda tem mais 1.361 dia de mandato. Certamente, esse tempo não é suficiente para Bolsonaro resolver todos os problemas do país, os quais demandam décadas de planejamento consistente, organização sólida e trabalho duro para serem devidamente sanados. 100 dias, então, é um período ínfimo, em tese apenas o suficiente para definir os rumos do mandato - e o atual mandatário não conseguiu ainda sequer fazer isso.

O êxito a ser conquistado neste e nos próximos anos demandará ações coordenadas de seu ministério, abertura ao diálogo com os parlamentares, também eleitos pelo povo como ele, e mais interação real com a população, moderando o ainda intenso uso das redes sociais. Por fim, o governo chefiado pelo capitão não poderá se dar ao direito de atrapalhar demais a vida dos seus eleitores e não eleitores, pois isso, além de gerar a insatisfação popular que levou dois presidentes a abreviarem seus mandatos, ainda vai contra uma das frases de campanha do vencedor das urnas: "Mais Brasil, menos Brasília".


N. do A.: Os 100 dias dos governos estaduais, inclusive o de São Paulo, em geral parecem mais promissores, com algumas realizações concretas nas diversas áreas. João Dória, por exemplo, viu a polícia ser testada durante a tentativa de assalto a bancos por uma quadrilha em Guararema, onde 11 assaltantes foram mortos. Também houve avanço no projeto do Trem Intercidades entre São Paulo, Campinas e Americana, mas o trecho norte do Rodoanel ainda depende de uma avaliação do IPT para continuar (e dificilmente será concluído antes de 2021) e há problemas no fornecimento de insumos para a merenda dos estudantes da rede pública, divulgados pela imprensa no mês passado. Isso pode influenciar nas avaliações da população a serem divulgadas pelos institutos de pesquisa. Provavelmente isso será feito no dia 10, quando efetivamente será o centésimo dia. 

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