terça-feira, 16 de abril de 2019

Imbroglio

Hoje, o ministro Alexandre de Moraes mandou a Polícia Federal investigar supostos autores de fake news, e isso atingiu até o general de reserva Paulo Chagas, autor de opiniões fortes a respeito do STF. 

Até aí, está se cumprindo a lei, pois fake news é um recurso torpe para caluniar e injuriar alguém; calúnia e injúria são crimes. 

O problema é mandar censurar dois veículos de imprensa, isto é, a revista Crusoé e o site O Antagonista, ambos defensores do chamado conservadorismo político no Brasil, por terem divulgado artigos apontando ligações entre o presidente do STF, Dias Toffoli, e Marcelo Odebrecht. Toffoli seria o "amigo do amigo do meu pai".

Neste ponto, quem comete crime, de censura, é o STF.

Isso foi rechaçado não só pelos jornalistas e pelos políticos, mas também por juristas e procuradores da Lava Jato. O presidente nacional da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, cotado para suceder Raquel Dodge na PGR, usou termos duros e inusuais para classificar a decisão: "escalafobética" (excêntrica) e "teratológica" (monstruosidade).

Além disso, a própria procuradora-geral da República se manifestou para arquivar o inquérito sobre as notícias falsas e ofensas envolvendo o STF, vendo que a situação chegou ao ponto de censurar a Crusoé e O Antagonista. 

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, também se posicionaram a favor da liberdade de expressão, apoiados e incentivados por seus pares, seguidores das redes sociais e políticos de um lado e os procuradores de outro.

Espera-se que isso chegue a uma conclusão satisfatória, para o bem das instituições e não dar razão às vozes defensoras de medidas autoritárias, como o tal cabo e soldado para fechar o STF, como chegou a bravatear o ilustre filho do presidente, Eduardo Bolsonaro. O Brasil ainda está esperando que suas mais altas autoridades contribuam para não criar novos problemas, pois há milhares deles para serem resolvidos ou administrados.


N. do A.: Um dos problemas é a crise envolvendo a Petrobrás, o governo e os caminhoneiros; estes últimos, por causa da vinculação do diesel ao dólar feita pela estatal, ameaçam com nova greve, e o governo resolveu liberar uma verba de R$ 2 bilhões para ajudar no financiamento das despesas desses trabalhadores do setor de transportes. Todavia, eles acham isso pouco, e dizem que podem cruzar os braços e colocar os caminhões para bloquear as estradas novamente. Isso poderia levar o Brasil a um processo de deterioração econômica e política cujo resultado será uma parcial destruição, tal como ocorreu com a catedral de Notre Dame. No caso deste símbolo cultural e religioso do Ocidente, fala-se em quinze anos e centenas de milhões de euros para a reconstrução. No Brasil, demandaria mais que o dobro desse tempo e mais do que mil vezes dessa quantia em dinheiro. 

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