sexta-feira, 12 de abril de 2019

Comparação entre os sistemas educacionais do Brasil e dos outros países

O ministro Abraham Weintraub tem a dificílima tarefa de liderar e coordenar o sistema educacional no Brasil, uma fonte de dores de cabeça para qualquer pessoa interessada no progresso do país. Existem várias diferenças entre o que se aprende nas escolas do Brasil e nas de outros países. O caminho é árduo, difícil, mas necessário. 

1. Formação dos alunos

No Brasil: há uma preocupação em formar cidadãos cientes de seus direitos, mas os deveres ficam muitas vezes negligenciados; o conhecimento é em geral mal administrado e mal assimilado pelos alunos; na maioria das escolas, o aluno é visto como um "livro com páginas para serem escritas", mas isso foi questionado por Paulo Freire e outros educadores considerados "progressistas". 

No exterior: há preocupação em formar cidadãos cientes de seus direitos e deveres, com sólida capacitação; o conhecimento é melhor administrado e assimilado pelos estudantes, que desde cedo sabem da importância do ensino para as suas vidas; em muitos países, existe a adoção do experimentalismo idealizado por Jean Piaget e outros educadores, mas o ensino tradicional também é importante


2. Formação dos professores

No Brasil: é negligenciada na prática, embora, na teoria, existam vários cursos de licenciaturas, além do Plano Nacional de Educação dedicar quatro de suas vinte metas para este item; os professores não se vêem estimulados a seguir carreira, e o índice de abandono nos primeiros anos preocupa; há também uma preocupação excessiva em simplesmente reproduzir informações ao invés de transmitir conhecimentos de forma didática. 

No exterior: os professores possuem formação sólida em suas áreas de interesse, e estimulados a fazerem cursos de reciclagem e aperfeiçoamento, além de terem planos de carreira mais bem definidos; há maior preocupação na maneira como o professor expõe os conhecimentos, utilizando linguagem verbal e não verbal, e utilizando os recursos disponíveis. 


3. Participação dos pais

No Brasil: boa parte dos pais não se preocupa em colaborar para a formação de seus filhos; existe um hábito muito disseminado dos pais delegarem suas responsabilidades para a escola, gerando problemas de convivência entre os alunos, falta de disciplina e sobrecarregamento dos professores e funcionários. 

No exterior: as normas de comportamento são ensinadas em casa nos primeiros anos, embora também haja o problema de muitos pais não acompanharem o desenvolvimento dos filhos; na medida do possível, os pais são colaboradores ativos no processo educacional, e são mais empenhados em cobrar resultados e boas notas. 


4. Valorização dos professores

No Brasil: a valorização dos professores é algo problemático, pois a categoria é mal remunerada e a formação precária os torna mal preparados para enfrentar os diversos desafios na arte de ensinar os alunos, principalmente aqueles com problemas comportamentais, e os tornam suscetíveis a se verem como "vítimas" e não como "protagonistas", alimentando o ciclo vicioso da desvalorização. 

No exterior: a categoria recebe um tratamento bem melhor, com salários mais dignos; os professores, devido à maior solidez cultural da população e à sua melhor formação e preparo intelectual, são estimados e muitas vezes motivos de orgulho; suas tarefas são facilitadas pela disciplina e obediência às normas por parte dos alunos. 


5. Investimentos em educação

No Brasil: os investimentos são mal feitos, com uma porcentagem muito reduzida destinada à formação dos professores; nas universidades, onde os gastos são maiores, existe uma forte restrição ao capital privado; a questão do custeio dos alunos é um tabu por aqui, tendo por exemplo o Fies e a discussão sobre cobrança de mensalidade no ensino superior público. 

No exterior: os investimentos priorizam a formação de professores, com menor porcentagem destinada a outros fins; há menor restrição ao dinheiro vindo de empresas para financiar investimentos e despesas das universidades; existem diversas soluções para os alunos custearem seus estudos, não tendo uma proposta única. 


6. Base curricular

No Brasil: a base curricular tem pronunciada formação humanística: além de história, geografia e línguas (portuguesa e estrangeiras), ainda há artes, filosofia e sociologia; a matemática é também vista como disciplina básica; as ciências exatas (química e física) e biológicas (biologia e educação física) são tratadas como complementares; em geral, porém, existem deficiências de conteúdo, ministrado também de forma equivocada. Até recentemente, havia a preocupação em introduzir a educação sexual, mesmo no ensino fundamental. 

No exterior: a base curricular prioriza o ensino da língua nativa e da matemática; à medida que o aluno se desenvolve, outras ciências são introduzidas, dando mais ênfase nos conhecimentos técnicos e nas habilidades sociais, incluindo aí a educação física e as artes; o inglês como língua estrangeira é bastante valorizado; filosofia e sociologia não são tratadas de forma igual nos diferentes países do mundo, sendo seu ensino mais frequente na Europa, berço dos maiores intelectuais dessas áreas. 


7. Infraestrutura

No Brasil: é tristemente conhecida a infraestrutura de muitas escolas públicas; são comuns relatos de problemas elétricos, infiltrações e até falta de uma rede de esgotos, expondo todos a doenças; é mais comum nas regiões Norte e Nordeste; os colégios em período integral apresentam-se em melhores condições.

No exterior: a infraestrutura das escolas nos países desenvolvidos, via de regra, é adequada; pode haver problemas em certos estabelecimentos em locais distantes e rurais; boa parte dos estabelecimentos impõe aos seus alunos estudo em período integral, que exige qualidade nas instalações.


8. Perigos

No Brasil: os estudantes sofrem com o tráfico de drogas em muitos locais do Brasil, e muitas escolas estão em locais com alto índice de violência; ataques terroristas começam a se tornar mais frequentes, como se pode constatar em Realengo em 2011 e em Suzano, neste ano.

No exterior: embora a criminalidade seja menor nos países desenvolvidos, ela existe e muitas escolas ensinam aos seus alunos técnicas de autodefesa; países onde a cultura da violência é mais disseminada, como os Estados Unidos e a Rússia, sofrem com ataques terroristas.


9. Evasão escolar e repetência

No Brasil: é um problema recorrente e endêmico no Brasil, onde os índices de evasão escolar são altíssimos: no ano de 2017, segundo o relatório "Cenário da Exclusão Escolar no Brasil", cerca de 2,8 milhões de crianças e adolescentes estão fora da escola; além disso, há o problema do atraso escolar, mal solucionado com medidas paliativas e de eficácia questionável, como a "progressão continuada", também conhecida como "aprovação automática", pois o aluno não sofre reprovação fora dos limites das etapas (isto é, finais dos ensinos fundamental e médio). 

No exterior: os índices de evasão escolar são, em geral, bem mais baixos do que no Brasil, e o atraso escolar não é, em geral, um problema sério; no entanto, os estudantes precisam realmente se empenhar para passarem de ano, pois não há mecanismos para evitar a reprovação por insuficiência de desempenho.


10. Foco

No Brasil: A escola é vista como meio de inclusão social, entidade assistencialista (a merenda se torna um fator de escolha para os pais dos alunos) e divulgador de ideias equivocadas, baseadas no marxismo e no "politicamente correto", sem a necessária ênfase na preparação intelectual do aluno; atualmente, discute-se a "Escola Sem Partido", o ensino à distância e o homeschooling, ou seja, os pais se comprometem a ensinar os filhos dentro de suas casas. 

No exterior: O foco das escolas, nos países desenvolvidos, é o ensino, além de valorizar a convivência social e a valorização da cultura local; em países europeus, pode haver maior influência do "politicamente correto", mas ele não pode atrapalhar as metas de desempenho; o homeschooling, por outro lado, é permitido nos Estados Unidos e alguns países europeus; como Portugal e França; em países como Japão, Coréia do Sul e Cingapura, vistos como exemplos de eficiência educacional, temas muito discutidos no Brasil como a "ideologia de gênero" passam longe das salas de aula.

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