terça-feira, 30 de abril de 2019

Mais notas breves neste ano maldito

1. O imperador do Japão Akihito abdicou, deixando o trono para o filho mais velho, Naruhito. Renúncias de imperadores no país asiático eram frequentes até o século XIX (a última renúncia foi em 1819, há exatos duzentos anos). Akihito foi o primeiro monarca a não ser considerado um deus, e seu reinado foi marcado por tragédias como o terremoto de Kobe (1995) e a catástrofe de Fukushima (2011), além de um período longo de estagnação econômica, fazendo o país perder a condição de segunda economia mundial (perdeu-a para a China). O agora ex-imperador não teve culpa alguma pela atual situação do Japão, pois seu poder é meramente simbólico. Quem governa é o primeiro-ministro, como qualquer monarquia avançada. 

O ex-imperador Akihito reinou no Japão por 30 anos, após a morte do pai, Hiroito (Getty Images)

2. Na Venezuela, uma nova tentativa de depor o tirano Nicolas Maduro, acusado pelos oposicionistas de se eleger mediante eleições fraudadas, transformou-se num fiasco, quando Leopoldo López, fugido da prisão domiciliar, foi se encontrar com Juan Guaidó, líder do Legislativo e autoproclamado presidente com base na Constituição de 1999, praticamente imposta por Hugo Chávez e que a Assembléia Constituinte, dominada pelos maduristas, está querendo revogar. Após breves conflitos, os insurgentes foram dominados e os líderes da oposição se refugiaram: López foi para a embaixada do Chile e Guaidó, para a da França. O governo Bolsonaro, desta vez, tomou uma atitude bastante contida, respeitando a tradição de não interferência em assuntos de outros países e limitando-se a oferecer ajuda aos militares venezuelanos refugiados no Brasil. 

3. Por falar no governo, suas decisões estão causando alvoroço em toda a parte. O Ministério da Educação cortou 30% da verba destinada à UFF, à UnB e à UFBA alegando insuficiência acadêmica  e serem palco de "balbúrdia" (na verdade, de festas em locais inadequados, manifestações políticas de cunho socialista e atos contra o "fascismo" do governo então eleito); o ministro Abraham Weintraub falou em "sem terra" e "gente pelada" nas universidades. Por sua vez, o presidente Jair Bolsonaro, pessoalmente, defendeu outra decisão polêmica, a de não punir os proprietários rurais que atirarem contra invasores de suas terras, aparentemente ignorando que a lei atual já prevê a inimputabilidade em casos de legítima defesa, quando os invasores cometem atos de violência.

4. Neymar foi novamente alvo das mais pesadas críticas ao retornar aos gramados na final da Copa da França entre seu time, o PSG, e o Rennes; o poderoso time bancado pelos petrodólares acabou derrotado nos pênaltis no Stade de France após empatar em 2 a 2 no tempo normal e na prorrogação (Daniel Alves e Neymar marcaram). Depois, o astro se portou muito mal, agredindo um torcedor do time rival com um soco e ainda criticando os companheiros mais jovens. Por outro lado, encarnando um espírito esportivo autêntico, muito longe do comportamento lamentável do futebolista brasileiro, a inglesa Hayley Carruthers foi flagrada se arrastando para conseguir cruzar a linha de chegada na Maratona de Londres. Ela ficou em décimo oitavo lugar, e falou-se mais dela do que da vencedora da prova, a queniana Brigid Kosgei.

5. A Justiça concedeu regime semi-aberto a Alexandre Nardoni, pai e algoz de sua filha Isabella, barbaramente assassinada em 2008. Já Suzane von Richthofen está para receber indulto pelo dia das mães, embora ela esteja cumprindo pena justamente por matar a própria mãe (e o pai), em 2002. Embora essas decisões sejam aparentemente uma aberração jurídica, elas estão de acordo com a legislação vigente. Caberá ao Congresso aprovar leis mais duras, não se limitando a analisar o pacote de Sérgio Moro, que não cobre todos os crimes cometidos no Brasil apesar da propaganda: aborda o caso de Nardoni, mas não o de Suzane.

6. Mortes de famosos brasileiros repercutem, como o trágico afogamento da modelo Carol Bittencourt, vítima de um acidente de barco próximo a Ilhabela, e o falecimento (por infecção generalizada) da cantora e sambista Beth Carvalho, a "rainha do samba". Não falta gente lamentando essas perdas e citando nomes como José Sarney, Paulo Maluf, Lula, Michel Temer e outras personalidades mais idosas do que a Beth Carvalho (Dilma Rousseff também foi falada, mas ela é mais jovem do que a cantora...). Carol Bittencourt perdeu a vida com apenas 37 anos.

7. Por fim, algo mais leve: o filme Vingadores: Ultimato está conseguindo recordes de bilheteria e audiência, graças ao desfecho da história envolvendo os heróis da Marvel contra o terrível arquivilão Thanos. Passada uma semana após a estreia nos primeiros países a exibirem o blockbuster, houve uma arrecadação de mais de US$ 1,2 bilhão, e as cifras vão aumentando num ritmo acelerado. 

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