O presidente Jair Bolsonaro mostrou mais uma vez que não gosta de ser contrariado e age com rapidez quando isso acontece. Isso é bom quando há afronta e quebra de hierarquia por parte de algum ministro ou funcionário do Executivo. Quando, no entanto, o subordinado em questão argumenta com fatos e dados concretos, a coisa é muito diferente.
A demissão de Ricardo Galvão, até então presidente do Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, parecia ser uma solução na ótica dos bolsonaristas. Para os demais, criou-se mais de um problema. Quem possui capacidade para substituí-lo? E qual metodologia será adotada para a avaliação dos desmatamentos, se o presidente considera equivocada a atual abordagem? Ela deve, necessariamente, se basear nos dados coletados via satélite, da Amazônia e outras regiões.
Não havia nada de tecnicamente equivocado na atuação de Galvão, a não ser o uso de termos assertivos para defender seu trabalho, que poderiam soar ofensivos aos ouvidos do presidente. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Academia Brasileira de Ciências já o defenderam. E se o envolvimento com alguma ONG é considerado um desvio de função, o ônus da prova cabe ao acusador, por meio de apurações e resultados de inquéritos, em países com fundamentos jurídicos sólidos.
Lidar com as consequências das mudanças no Inpe é uma tarefa a ser feita por Bolsonaro e pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
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