quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Sujeira demais

Estamos numa época onde parece haver uma faxina excessivamente prolongada e mal feita, com alguma coisa de grande volume sendo removida, mas sem notar grande avanço. 

Sérgio Moro, o ministro da Justiça, propôs continuar o seu serviço de "faxineiro-mor", após uma etapa onde ele parece ter feito um serviço bem duro (e, como mostraram ao longo do tempo, bastante heterodoxo). Sua nova tarefa parece feita de maneira bem menos eficiente, preocupado com a preservação da sua imagem, fortemente afetada pelos vazamentos divulgados pelo The Intercept. E nem o modo com que isso foi feito agrada: ele está querendo processar o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, por calúnia, por dizer que o ministro

"(...) usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas!"

Advogados costumam usar termos duros e insultuosos como este para se referir aos acusados de crimes durante o processo destes ou mesmo antes do inquérito ser aberto, e muitas vezes nem se cogita um processo de calúnia, mesmo quando o réu é inocentado. 

Entretanto, cabe à Procuradoria Geral da República acolher a queixa, e se ela não for considerada pertinente, o ministro terá que aceitar. Caso contrário, não será o último insulto que Moro irá ouvir, em meio a outras manifestações bem mais favoráveis a ele.

Eike Batista estava cumprindo pena de 30 anos desde 2017, mas ganhou o benefício da prisão domiciliar (Fernando Frazão / Ag. Brasil)

Por outro lado, a Lava Jato, apesar de todos os questionamentos, ainda continua funcionando, na sua tarefa interminável, e nem sempre zelosa, de investigar e punir quem emporcalhou a nação. Um deles foi colocado na prisão. De novo. Eike Batista foi levado de sua casa pela Operação Segredo de Midas, que visa descobrir esquemas de manipulação de capitais e lavagem de dinheiro. Segundo a Polícia Federal, há indícios de que isso explica parte da fortuna acumulada pelo empresário. Quem mandou executar a ação foi o juiz Marcelo Bretas, celebrizado pela linha dura contra os corruptos, mas visto como mais um justiceiro pelos adversários da Lava Jato, assim como o ministro Moro.

Recentemente, Eike depõs na CPI do BNDES, para a investigação de seus empréstimos conseguidos pelo banco, que ainda está sob suspeita de guardar uma "caixa preta", interpretada como uma lenda urbana por analistas, principalmente os simpatizados com a causa do "Lula Livre", mas vista como algo cheio de segredos por setores do governo e pelos acólitos do presidente Jair Bolsonaro. O BNDES financiou obras com retorno para lá de duvidoso em países como Angola, Moçambique, Cuba, Venezuela e Equador. Descobrirão dentro do banco, como dizem, algo mais, isto é, a maior parte da sujeira feita por anos de rapinagem contra o NOSSO DINHEIRO? Ou é mais uma teoria das conspiração?

Apesar da vontade do governo, ainda não encontraram nem sinal da "caixa preta". E as inúmeras acusações contra quem é apontado como os líderes da tramoia, entre eles o ex-presidente Lula, ainda estão à espera de uma melhor apuração. Na falta disso, o líder do PT ainda pode se livrar da sentença por uma causa menor (o triplex do Guarujá), pelo empenho do The Intercept em devassar a carreira dos responsáveis por este serviço. E os bilhões ainda para serem recuperados? Já secaram o caixa de duas grandes empreiteiras, a Odebrecht e a OAS, mas a maior parte da grana não está sob posse das empreiteiras, mas em certas contas ainda muito bem guardadas dentro e fora do País.

Assim, ainda há muito trabalho a ser feito para tentar limpar a imundície. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário