segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Revisão dos artigos sobre os famosos MBTI brasileiros

O blog havia escrito sobre famosos de acordo com as personalidades segundo a metodologia MBTI (Myers-Briggs Type Indicator), com base nas descrições das funções cognitivas propostas pela psicologia jungiana. 

Algumas personalidades serão reclassificadas: 

- João Dória Jr. revelou ser uma pessoa intuitiva e estratégica, então ele não seria um ESTJ, e sim um ENTJ; 

- Tony Ramos seria ESFJ, e não ISFJ, sendo mais extrovertido do que introvertido; 

- Raul Seixas poderia ser um ENFP, e não um INFP, por sua forte intuição extrovertida; 

- Paulo Guedes revela ser um ISTJ, e não um INTJ, por seu conservadorismo e rigidez de ideias. 

De acordo com as informações sobre Deltan Dallagnol, ele talvez não seja um ENFP. Seu aparente idealismo, característico dos NF, pode ser, na verdade, uma ação calculada, tal como as personalidades do tipo racional (NT) fazem.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Remédio para Alzheimer é pesquisado para tratar doença de Chagas

Nesta semana, chamou a atenção um estudo do Instituto de Biociências da USP (ICB), publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases e depois divulgado no Jornal da USP (ler a matéria completa AQUI), sobre os efeitos da memantina sobre o protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, mal que atinge milhares de pessoas no mundo. 

O protozoário é transmitido pela picada do inseto Triatoma infestans, conhecido como "barbeiro". 

Revelou-se que a memantina, usada no tratamento de doenças neurológicas como o mal de Alzheimer e o mal de Parkinson, também pode ser usada no combate a um parasita responsável pela morte e invalidez de brasileiros, principalmente os habitantes de casas de pau a pique, sem infra-estrutura e com esconderijos para o "barbeiro". A memantina possui taxa de seletividade bastante satisfatória, isto é, afeta muito mais os parasitas do que as células infectadas. 

A ação da memantina conseguiu eliminar a maior parte dos parasitas causadores da doença de Chagas, em análise com células de ratos (Ariel M. Silber)

Este estudo foi uma colaboração entre as equipes do Prof. Dr. Ariel Silber e do Prof. Cláudio Martinho, dos Laboratórios de Bioquímica de Trips e de Imunoparasitologia Experimental, respectivamente, ambos do ICB. 

Espera-se que este trabalho possa resultar no tratamento de uma doença considerada incurável e, todavia, sem a necessária atenção da indústria farmacêutica, por atingir pessoas de baixo poder aquisitivo e que vivem em países tropicais. 

O Instituto de Ciências Biomédicas da USP, local das pesquisas sobre a memantina. 


N. do A.: Os parasitas lembram os dilapidadores da nação, que se regozijam por cada ato falho da Lava Jato, visto como um remédio cujo efeito revelou ser demorado e pouco eficaz no combate à corrupção, além de ter sua base legal questionada. Um dos atos falhos mais constrangedores para o Brasil foi a entrevista do ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, um dos mais atuantes defensores do trabalho feito na Polícia Federal, confessando ter entrado com uma arma no prédio do STF. Janot quase deu vazão à sua ira quando viu Gilmar Mendes, e por pouco, segundo a própria história contada por ele ao jornal O Estado de S. Paulo e à revista Veja, não atirou nele. Ele teve vontade de matar Mendes e depois se suicidar. Os investigados pela Lava Jato não tardaram a considerar Janot como um psicopata. Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro sanciona uma lei que regulamenta as verbas eleitorais, cheia de brechas para torrar o NOSSO DINHEIRO. Boa parte delas, como o artigo que permite o aumento do fundo partidário e o outro que autoriza o pagamento desse fundo para multas (VOCÊ pagaria a multa que ELES devem à Justiça Eleitoral), foram vetadas. Infelizmente, outras, como o uso da verba para pagar advogados, inclusive de terceiros, são uma porta escancarada para o chamado "caixa dois", um deleite para quem quer fazer o papel de Trypanosoma cruzi, parasitando as células, aliás, o erário público.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Da série 'Mondo Cane', parte 60

Mais uma vez um artigo para a série 'Mondo Cane'. Esse mundo está perdido...

Desta vez, é uma notícia vinda da Argentina, na cidade de Córdoba, centro do país. Em novembro de 2017, uma mulher, para se vingar do amante que divulgou vídeos íntimos dela, atraiu-o para uma armadilha. Após vendar a vítima e convencê-la a fazer relações sexuais, ela arrancou seus órgãos genitais, pênis e testículos, com uma tesoura de jardinagem. A mutilação resultou em forte hemorragia na vítima. O homem foi internado em um hospital, onde chegou a ficar em coma, recuperando-se mais tarde. 

A história pode ser lida AQUI na íntegra. 

Após julgamento, realizado hoje, a mulher foi condenada a 13 anos de cadeia, e a pagar US$ 493 mil à sua vítima.


N. do A.: Para os defensores mais radicais da Lava Jato, como os movimentos Vem Pra Rua e MBL, a história acima é menos intragável do que o resultado do julgamento do STF sobre as condenações onde não houve as apresentações finais por parte dos réus após as delações. Essa decisão pode fazer o Supremo rever, a posteriori, todas as decisões da Lava Jato que se enquadram nesses casos, totalizando 32 processos. Teme-se a soltura de vários réus por corrupção e lavagem de dinheiro, inclusive o ex-presidente Lula. Muitos poderiam comparar os 6 votos favoráveis aos réus (Celso de Mello, Carmen Lúcia, Gilmar Mendes, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes) como uma emasculação da Lava Jato, tal como aconteceu em Córdoba.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Da série '(Des)industrialização no Brasil atual', parte 4 - Indústria têxtil e de confecções

Este blog abordará dois setores industriais interligados, também dependentes do agronegócio, como os precedentes imediatos, abordados nas partes 2 e 3. O setor têxtil está mais ligado aos bens de produção, pois fornece insumos para o setor de confecção, que lida com bens de consumo. Na verdade, o setor têxtil também pode ser considerado como fabricante de bens de consumo, quando fabrica toalhas, tapetes, cortinas e outros produtos. 

Possuem uma história longa e tumultuada no Brasil. Antes do período colonial, os índios fabricavam tecidos e roupas rudimentares com técnicas como o entrelaçamento de fibras vegetais como a juta e o algodão. Entre os séculos XVI e XVIII, havia o crescimento e a diversificação das fábricas de tecidos locais, destinados ao consumo interno, mas interrompido pelo alvará de 1785, quando a rainha D. Maria I, dita "a louca", proibiu toda a atividade, em benefício das manufaturas da metrópole. Quando a atividade voltou a ser permitida, outro obstáculo foi a concorrência com os tecidos fabricados na Inglaterra, por força dos acordos comerciais feitos no periodo joanino (1808 a 1821). Naquela época, os ingleses conquistaram grande progresso com a Revolução Industrial, aumentando enormemente a produção. No século XIX, as classes mais abastadas usavam roupas de linho e seda, adaptadas ao gosto europeu, não muito de acordo com o clima tropical, enquanto os pobres e os escravos se conformavam com os tecidos mais grosseiros.

O setor voltou a ter grande expansão no século XX, com o surgimento de grandes fabricantes como a Hering, a Matarazzo, a Artex, a Tabacow, a Ferreira Guimarães, a Vicunha e outros bem conhecidos na população. Houve grande interesse no design de roupas, ao gosto do consumidor brasileiro. Isso se acentuou no período entre os anos JK e os anos 1980. Com a abertura às importações, sobretudo aos produtos vindos da China, e a desorganização econômica provocada pelo Plano Collor, nossas indústrias sofreram um choque. Empresas fecharam ou precisaram investir de forma mais intensa para se adaptarem. 

A tendência no século XXI é a permanência da pressão dos importados, nem sempre com melhor qualidade e vendidos em lojas e comércio de rua, enquanto a distribuição dos fabricantes locais, entre pequenos e grandes, segue relativamente equilibrada, com muitas pequenas fábricas enquanto as relativamente poucas empresas de grande porte concentram a maior parte do faturamento. No geral, continuam a empregar muita mão de obra, só perdendo para a área alimentícia, mas são particularmente vulneráveis às incertezas na economia e aos problemas de gestão e logística, além do encarecimento do maquinário exigido para a fabricação dos tecidos e das roupas, a sazonalidade (mais acentuada em São Paulo e no sul do Brasil, onde as estações são mais bem definidas) e a forte dinâmica imposta pela moda e pelos modismos ao longo do tempo. 

Estes fatores explicam a alta "mortalidade" das empresas têxteis e de confecções no Brasil. Segundo o Sinditextil-SP e o Sindivestiario, só em São Paulo, entre 2012 e 2016, 17% desses empreendimentos deixaram de existir. Uma triste realidade.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Presidente discursa na ONU



O presidente Jair Bolsonaro fez um discurso contundente e de grande repercussão no Brasil e no resto do mundo, na Assembléia da ONU, em Nova York. Não cedeu a quem queria algo mais conciliador, e falou algumas "verdades". 

Algumas eram realmente dignas deste termo, como os impactos da ditadura venezuelana sobre o Brasil, com quatro milhões de refugiados fugindo da tirania de Nicolas Maduro, o empenho pelas reformas na economia, a tolerância religiosa no Brasil e a denúncia de interesses estrangeiros na Amazônia, valendo-se da influência sobre as lideranças locais (chamadas, sem meias palavras, de "peças de manobra"). 

Outras ainda podem ser consideradas verdades, sem aspas, mas com dados incorretos ou imprecisos, como o tamanho da reserva ianomami, 95 mil quilômetros quadrados para poucas dezenas de milhares de habitantes indígenas (apenas 25 mil, e não 15 mil como disse o presidente), além de afirmar que apenas 8% da área brasileira é aproveitada para a produção de alimentos (desconsiderou os 20% destinados à pecuária). O presidente denunciou a roubalheira no governo petista, mas as centenas de bilhões de reais tiradas do NOSSO DINHEIRO não são números oficiais, e ninguém realmente sabe o tamanho da rapina. 

Havia também outros fatos e versões, expostos de acordo com o pensamento ideológico do presidente, atacando o "politicamente correto" e o globalismo, acusados de embotar discussões, infantilizar mentes e transformar tudo em "palavras de ordem", assim como a chamada "ideologia de gênero", termo em voga para denunciar as tentativas de militantes LGBT para definir a sexualidade além da biologia e da religião, que definem dois sexos, o feminino e o masculino, e impor este pensamento inclusive nas escolas. Ele diz ser contra as ideologias, utilizando as suas próprias. 

Por fim, as "verdades" que devem ser consideradas, usando uma neologia ainda em voga, "pós-verdades", um eufemismo usado para as "mentiras cabeludas". Disse que o Brasil está se esforçando para preservar a Amazônia, vítima de queimadas espontâneas (no Cerrado e em locais de pasto isso é verdade, mas dificilmente uma floresta tropical pega fogo sem haver algum fator externo), e ele chamou o Foro de São Paulo de "organização criminosa" (não é, apesar das acusações pesadas contra esta organização criada por Fidel Castro, Lula e outros políticos). 



N. do A.: Enquanto Bolsonaro esteve em Nova York, o Senado aproveitou para derrubar os vetos à Lei de Abuso de Autoridade, como retaliação contra a Polícia Federal, que se atreveu a fazer buscas e apreensões no gabinete de Fernando Bezerra Coelho, líder licenciado do governo no Senado. De forma corporativista, Davi Alcolumbre e seus colegas tomaram as dores de Bezerra e tentam fazer a difamada Lei de Abuso voltar a ser, parcialmente, o que era, apesar dos vetos do presidente terem podado a maior parte dos absurdos do texto (algumas coisas sensatas da lei e vetadas pelo presidente foram analisadas: o veto ao uso de algemas foi mantido, mas o artigo que falava em indução de um investigado a produzir prova contra si próprio foi restabelecido). 

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

PAREM DE MATAR NOSSAS CRIANÇAS!!!

Agatha Felix é mais uma vítima inocente da violência no Brasil

O caso Agatha Felix, criança de apenas oito anos, morta por um tiro de fuzil quando estava dentro de uma Kombi no complexo do Alemão, levantou questões sobre a violência policial no Brasil e foi pretexto para se condenar o governador do Rio, Wilson Witzel, e sua linha dura contra a criminalidade, estimulando ações policiais desastrosas como essa, onde, segundo consta, não havia reação dos bandidos (no caso, traficantes de drogas, mas poderiam ser milicianos também) que mandam e desmandam nas favelas cariocas. 

Já existem aos montes jornalistas e blogueiros que abordam a tragédia como mais uma amostra da violência contra os pobres no Brasil, principalmente por forças policiais. Este blog fará algo diferente: mostrará como no Brasil se matam crianças, de todas as etnias e classes sociais, não só as negras e pobres, sem dúvida as maiores sujeitas à violência. 

Recentemente, uma outra menina, de 9 anos, também pobre, foi esfaqueada e morta pelo próprio padrasto na favela do Morro da Coroa, também no Rio de Janeiro. Não houve repercussão porque não envolveu a polícia, o Exército ou outra corporação estatal. 

No mês passado, em Divinópolis, uma outra menina, de 6 anos, foi estrangulada e jogada do alto de um imóvel, pela janela do segundo andar. 

Um menino de 9 anos foi assassinado pelo pai suicida, quando o carro onde estavam colidiu propositalmente contra uma carreta em uma estrada próxima a Curitiba. O criminoso queria se vingar da ex-mulher por causa do fim de um relacionamento abusivo. 

Em Manaus, uma mulher é acusada de torturar e matar a própria filha, de 3 anos, por ter defecado na roupa. 

Outra menina, ainda mais nova, foi espancada até a morte pelo pai e pela madrasta, em Aquiremes, Rondônia. 

Em Registro, um menino de 8 anos foi amarrado e jogado no rio Ribeira do Iguape. 

E outros casos abomináveis, engrossando as estatísticas. Os frios números mostram que o Brasil é o quinto país onde mais se matam crianças e adolescentes, superando países em guerra como Síria e Afeganistão. Segundo a Unicef, em 2015 foram mortos 10.480 meninos entre 10 e 19 anos, muito mais do que na Síria, onde mataram 7.607. 

Estamos ameaçando o nosso próprio futuro, ao acabar com a vida de quem deveria ser cuidado e educado para se tornar um cidadão produtivo e útil à sua pátria. A violência e a impunidade contra meninos e meninas é algo intolerável para as pessoas normais, e precisa ser punida com o rigor necessário previsto pela lei. Garantir o bem estar e a segurança das crianças é um pré-requisito para uma sociedade ser considerada civilizada. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Cinco pautas que a mídia esqueceu

01. O estado em que se encontra a barragem de Barão de Cocais. Muito se falou do risco de desabamento desta construção feita pela Vale, mas o assunto parece ter caído no esquecimento.

O que está acontecendo agora: Recentemente, a Vale divulgou um plano de desativação desta e de outras barragens classificadas como de alto risco, mas a imprensa não fez alarde. A empresa, aliás, acumula mais um processo na Justiça, junto com a empresa de consultoria Tüv Süd. Ambas são rés por falsidade ideológica e uso de documentos falsos para alegar "segurança" em Brumadinho, uma tragédia de grandes proporções mas também negligenciada pela opinião pública, a qual, perigosamente, está deixando o caso cair no esquecimento. 


02. Muito se falou nas manifestações em Hong Kong contra a lei de imigração chinesa. Os protestos continuam, mas há poucas informações sobre os protestos.

O que está acontecendo agora: Continuam tanto as manifestações quanto a repressão da polícia. A Anistia Internacional condenou o uso excessivo da força contra aqueles que ousam erguer a voz contra a ditadura chinesa. Alguns chegaram a pedir proteção ao Reino Unido, antigo colonizador da ilha até 1997.


03. Desde o grande incêndio do dia 15 de abril, não se fala mais na Catedral de Notre Dame.

O que está acontecendo agora: Há um processo de reconstrução em curso, e a polícia já impediu um atentado no local recentemente.


04. O Flamengo está em alta no Campeonato Brasileiro e na Libertadores, mas como ficou o caso do incêndio no Ninho do Urubu, ocorrido em fevereiro?

O que está acontecendo agora: A mídia só falou da contratação de Kayque Soares, um dos sobreviventes da tragédia, para jogar no clube. Porém, os familiares das vítimas reclamam das demoras nas indenizações. As vítimas temem que seja mais um caso para ser esquecido, como o Museu Nacional. Badim está indo perigosamente no mesmo caminho.


05. E o Queiroz?

O que está acontecendo agora: Flávio Bolsonaro está querendo recorrer ao STF para barrar as investigações sobre o caso Fabrício Queiroz. O ex-motorista do filho do presidente reapareceu há poucos dias, ostentando sua boa condição financeira. A mídia não pode se esquecer desse caso, e nem o do Adélio Bispo, responsável pelo atentado contra o presidente e, no momento, considerado "inimputável", apesar dos fortes indícios em contrário. Outros assuntos também não podem ser esquecidos, como as tentativas de se fazer uma CPI da Lava Toga para investigar os juízes, as manobras dos parlamentares para torrar o NOSSO DINHEIRO com a flexibilização das regras eleitorais, a investigação sobre as "fake news", as suspeitas no uso do BNDES para financiar o Quadrilhão e obras bilionárias no exterior, etc., etc.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Orgulho e vergonha do futebol brasileiro

Não adianta mesmo negar: o futebol brasileiro, apesar de já não ser, há tempos, o melhor do mundo, ainda desperta paixões no Brasil. 

À maneira de algumas postagens em cada início do mês, este blog destaca o orgulho e a vergonha entre os clubes brasileiros, aproveitando a grande fase do Athletico, enfim postulante a ser um time grande por estas plagas tupiniquins. 

Enfrentou o Internacional na final da Copa do Brasil e venceu, apesar de ter um elenco muito menos badalado. Já havia vencido o Colorado na Arena por 1 a 0, com gol de Bruno Guimarães. No segundo jogo, Léo Cittadini e Roni, aproveitando grande jogada de Marcelo Cirino, fizeram os gols do time paranaense em pleno Beira-Rio. O anfitrião, que não quis facilitar para os visitantes, marcou com Nico López. 

Foi a consagração de um time comandado pelo jovem técnico Tiago Nunes, que já havia vencido a Copa Sul-Americana no ano passado, contrariando os prognósticos.

O Athletico ganha mais uma vez o direito de disputar a Copa Libertadores, e desembolsará R$ 53 milhões. Wellington Martins, ex-Inter, levanta a taça (Athletico.com.br)

Por falar nisso, na Sul-Americana o Corinthians conseguiu a proeza de perder por 2 a 0 em plena Arena Itaquera, para o time equatoriano do Independiente Del Valle, rendendo muitas gozações dos rivais. É a consagração de uma equipe arruinada por dívidas bilionárias, contraídas na construção do estádio e nas gestões problemáticas dos últimos anos. Problemático, talvez, seja um termo muito brando para uma administração capaz de penhorar a taça do Mundial de Clubes de 2012, conquistada arduamente na grandiosa campanha do clube naquele ano, por não conseguir pagar as dívidas. A agremiação está na lista negra do Serasa, a dos maus pagadores. Andrés Sanchez está ameaçado de impeachment, por ser considerado um dos responsáveis pela condução das negociações com a Odebrecht, a construtora responsável pela Arena e alvo principal da Operação Lava Jato.

Para diminuir o vexame, pelo menos na parte esportiva, o time paulista vai precisar reverter a desvantagem na altitude de Quito. É possível fazer isso? Teoricamente sim, mas o histórico do Corinthians não anima. 

Isso faz do "Timão" uma espécie de "vergonha nacional", pelo menos neste mês. 


O Corinthians foi vítima de memes após a vergonhosa derrota para o "modesto" time do Independiente Del Valle


N. do A.: Este dia foi marcado por mais uma operação da Polícia Federal, investigando o chefe do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, obrigado a se licenciar enquanto tenta se defender das acusações de receber propina de R$ 5,5 milhões quando era ministro da extinta pasta da Integração Nacional sob o governo Dilma. Isto coloca novamente o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça Sérgio Moro em lados opostos. Este último, aliás, está passando por maus bocados, pois o seu projeto de lei para combater o crime está sendo maltratado pelo Congresso, com vários artigos impiedosamente podados. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Da série '(Des)industrialização no Brasil atual', parte 3 - O setor de calçados e couro

Outro setor ligado ao agronegócio ao lado da indústria alimentícia é o setor de calçados, bolsas e outros objetos de couro. 

Embora também não haja propriamente uma crise, os fabricantes enfrentam uma concorrência acirrada vinda do exterior, principalmente dos produtos asiáticos. Não só a China, mas também a Malásia e o Vietnã apresentam produtos competitivos em preço. Muitos fazem alusão à qualidade inferior, mas o baixo poder aquisitivo acaba por induzir ao consumo desses produtos. Outro problema é o contrabando, principalmente se o produto desse crime for comercializado nas barracas e lojas populares das grandes cidades. 

Este é um setor onde existem muitas pequenas empresas, as mais vulneráveis à concorrência desleal exercida pelo contrabando. Boa parte delas ainda conseguem sobreviver e estão situadas em locais específicos. Por exemplo, no Estado de São Paulo, em Franca predominam os calçados masculinos (sapatos), enquanto em Jaú a especialidade são os femininos (sapatos, sandálias, sapatilhas) e em Birigui temos fabricantes de tênis e sandálias infantis. 

Os fabricantes de grande porte, como a Vulcabrás-Azaléia, a Grendene (apontada como próxima de comprar a precedente), a Alpargatas (pertencente ao grupo Itaúsa, que reúne também o Banco Itaú, a Duratex e a Deca) e a BR Sports (dona das marcas Rainha e Topper), possuem força considerável no mercado, mas sofreram retração no faturamento, devido à queda nas exportações para outros países, principalmente os da América Latina. A Grendene, por exemplo, teve queda de 11,8% no lucro líquido no ano passado, para R$ 585 milhões. 

Já o mercado de bolsas é bem mais restrito. com fabricantes de porte relativamente modesto como a Arzon e a Danka, enquanto as marcas mais prestigiadas são sempre as estrangeiras, como a Louis Vutton, a Gucci, a Prada e a Chanel. 

Este setor inteiro é abastecido pela pecuária e pela indústria de plásticos, vistos com muitas ressalvas pelos ambientalistas. Ainda irá demorar para haver alternativas viáveis às peles animais (principalmente a do gado bovino) e aos plásticos derivados de petróleo, mas algumas técnicas minimizam o impacto ambiental, como o couro ecológico, onde o processamento envolve menos produtos químicos nocivos, e os materiais reciclados para a fabricação dos chamados "sapatos ecológicos". 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Veranico!

Estamos registrando temperaturas de verão em pleno mês de setembro, oficialmente no inverno. 

Em São Paulo, chegou a superar 35 graus Celsius, temperatura típica do fim de ano. 

Cuiabá, cidade notória por fazer calor todo ano, registrou incríveis 42 graus Celsius!


Este blog não vai se atrever a especular sobre o verão, com um inverno desses!

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Será o começo de uma nova crise do petróleo? Ou algo pior?

Anteontem, drones atacaram e destruíram uma refinaria no leste da Arábia Saudita, paralisando a maior parte da extração do petróleo do país, o maior exportador desse produto tão essencial para o mundo. 

Embora os houthis, guerrilheiros insurgentes no Iêmen apoiados pelo Irã e combatidos sem piedade por forças sauditas, tivessem reivindicado os ataques, nem Riad, e nem Washington, acreditaram. Para ambos, os terroristas não são os houthis, mas os seus aliados persas. 

Foi o bastante para Donald Trump, no seu estilo belicoso, lançar mais ameaças ao país dos aiatolás, mas os analistas não creem numa guerra aberta, porque o inimigo é suficientemente poderoso e ainda conta com a aliança da Rússia. Caso ele realmente tiver posse de armas nucleares, poderá usá-las não contra os sauditas ou as forças americanas, mas contra Israel, aliado-mor da Casa Branca - que não hesitaria em responder na mesma moeda, se o ataque não for o bastante para destruí-lo. Seria um caminho sem volta, cujo pior desfecho será o extermínio da humanidade. 

Muito mais provável é uma crise no petróleo, como parece estar a ocorrer agora: o preço do barril disparou, e fatalmente isso refletirá no resto do mundo. Não será apenas ver a gasolina e o diesel mais caros - e isto poderá significar nova manifestação dos caminhoneiros - mas todos os derivados de petróleo encarecendo, afetando a atividade industrial no planeta. 

As dificuldades da nossa equipe econômica para tentar fazer o Brasil se mover aumentarão bastante, refletindo na popularidade já decrescente do atual ocupante do Planalto, Jair Bolsonaro. Ele pode aumentar as suas tendências populistas ao ordenar uma intervenção nos preços do petróleo, a fim de acalmar os caminhoneiros, muitos dos quais votaram nele, às custas da Petrobras. Enquanto isso, a insatisfação dos outros brasileiros só tende a aumentar. 

E o resto do mundo, ameaçado por uma recessão global, pode mergulhar de vez no empobrecimento, pelo menos a curto prazo. 


N. do A.: Não vai adiantar ficar reclamando e se queixando das injustiças no mundo, como o personagem Calímero, um pintinho preto e chorão conhecido dos europeus. Neymar, um dos jogadores de futebol mais odiados do mundo, foi chamado por este nome no jogo do PSG contra o Strasbourg pela torcida, que ainda sugeriu ao "cai-cai" para vender o seu filho para a Vila Mimosa (ponto de prostituição no Rio de Janeiro), para se ter uma ideia da fúria, beirando a selvageria, de alguns torcedores radicais, os "ultras". Neymar fez um gol para acalmar as feras, mas vai precisar de muito mais para reconstruir o seu prestígio em ruínas após forçar da pior maneira a negociação com o Barcelona, cuja torcida também o detesta. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Não foi azar

O que aconteceu às vésperas do que a superstição popular chama de "dia de azar" no Badim, hospital do Rio de Janeiro, não foi azar, atribuído a acontecimentos ruins e incomuns.

Isto tem uma definição melhor: NEGLIGÊNCIA. 

Instalações elétricas em hospitais precisam ter cuidados especiais, para evitarem problemas comuns como curtos-circuitos. Precisam ter aterramento, fiações e quadros de distribuição em ordem, geradores para garantirem o fornecimento da energia elétrica em caso de problemas no fornecimento. Foi justamente um curto circuito no gerador a causa do incêndio no Badim.

Isto não costuma ocorrer em hospitais públicos, o que é lamentável, mas compreensível. Mas este é um hospital particular. 

Outros problemas também foram notados, como falta de sistemas de combate a incêndios, saídas de emergência para quem pode fugir, rotas de fuga e outras determinações das normas técnicas (ABNT). 

Parece pedir demais a observância dessas normas, assim como a fiscalização e a correta manutenção, no Brasil. No entanto, em lugares mais dignos de serem chamados de países, isso diferencia os hospitais de algum valhacouto qualquer. 

Mulher é retirada de maca para escapar do incêndio que atingiu o hospital Badim (Agência Brasil)

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Da série '(Des)industrialização no Brasil atual', parte 2 - O setor de alimentos e bebidas

Ao contrário da indústria eletrônica abordada anteriormente, os setores alimentício e de bebidas, também pertencentes à cadeia de bens de consumo, estão relativamente bem.

É um dos poucos setores da indústria onde não há uma crise séria, pela presença de empresas sólidas do ramo. Além das multinacionais citadas, temos outras, como a J. Macedo (farinhas e massas), Camil (cereais e produtos de pescado), Batavo (laticínios e carnes), entre outras. A ABIA, Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, estimou o crescimento das vendas em 2 a 3%. No primeiro semestre, já cresceu 1,3%.

Por aqui há a presença de grandes multinacionais de origem brasileira, total ou parcialmente, como a BRF (que reúne Sadia e Perdigão), a InBev e a famigerada JBS.

Por outro lado, o problema deste setor é a crescente desnacionalização. O Brasil sempre esteve aberto às grandes transnacionais do ramo de alimentos, e as aquisições sempre existiram, mas a tendência a perder marcas acentuou-se nos últimos anos. Empresas famosas no passado foram incorporadas a multinacionais, como a Arisco, a Yoki, a Vigor e a Garoto, além da Schin. 

Além disso, muitas indústrias foram se extinguindo, como as famosas marcas do passado Cica, Balas Juquinha, Dulcora, Frigorífico Chapecó. Problemas de gestão somadas às crises econômicas nas últimas décadas foram responsáveis por este fenômeno.

Neste setor, a tendência é a concentração de mercado entre as grandes indústrias, mas sempre é possível vislumbrar o surgimento de novos empreendimentos locais. Existem frutas nativas cujo potencial ainda não foi devidamente explorado. É possível explorar nichos do agronegócio, como o cultivo em áreas antes não exploradas, como no sertão nordestino (apesar das falhas graves no projeto de transposição do rio São Francisco) e a criação de peixes em cativeiro.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Campanhas mensais contra as doenças

Tudo começou em 1991, quando ativistas da luta contra a AIDS resolveram simbolizar o combate contra a doença utilizando um laço de fita vermelha, chamado de laço de consciência, lembrando o sofrimento dos portadores de um mal sem cura e cujos tratamentos, na época, eram ineficazes. 

Aos poucos, outras pessoas adotaram os laços de consciência para simbolizar outras doenças. Atualmente, cada uma delas possui um mês específico e uma cor de laço para homenagear as vítimas e também as pessoas responsáveis pelas pesquisas e tratamentos. 

Estamos no mês de setembro, existindo muitas campanhas para a prevenção dos suicídios, uma das maiores causas de morte entre jovens, usando o laço de consciência amarelo. É importante combater as causas do suicídio, como isolamento, depressão, falta de estrutura educacional e apoio familiar, sentimentos negativos e ausência de crenças positivas.

Outras cores para o mês são o vermelho (doenças cardíacas) e o verde (para a doação de órgãos). 

No próximo mês haverá a campanha do outubro rosa, dedicado à prevenção do câncer de mama. 

Em novembro, a cor predominante é o azul, para o câncer de próstata. 

Dezembro será dedicado à AIDS (laço vermelho). 

Janeiro é dedicado à saúde mental (branco) e à prevenção do câncer de colo de útero (turquesa). 

Fevereiro possui várias pautas, como a preocupação com a fibromialgia, o lúpus e o mal de Alzheimer, e estas três doenças tão diferentes são representadas por um laço roxo. Também a leucemia é lembrada (laço laranja).

Em março, será a vez de lembrar do câncer colorretal (azul marinho). 

Depois, em abril, o autismo (azul ciano) e os acidentes de trabalho (verde). 

Maio é conhecido como "amarelo" devido à cor do laço representando os acidentes de trânsito. 

Junho possui um laço vermelho vivo, parecido com o da representação para a AIDS, mas é para lembrar da importância de doar sangue; outra cor para o mês é o laranja brilhante, para a anemia. 

Ainda existem o "julho dourado", para o combate ao câncer ósseo e às hepatites, e o "agosto laranja (tom de terracota)" para mostrar a importância do aleitamento materno, e também a gravidade da esclerose múltipla. 

As fitas para cada mês representando a prevenção e a conscientização para diversos fatos relacionados à saúde humana (Divulgação)


N. do A,: Setembro, dia 11, também é o dia para homenagear as vítimas do terrível atentado contra as Torres Gêmeas de Nova York, um acontecimento que marcou o início deste século tão cheio de tormentos para a humanidade. Um desses tormentos, o terrorismo, seja ele islâmico ou não, precisa ser combatido e condenado, para não vitimar tantas pessoas inocentes, alvos da ira sectária e intolerante.

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Decadência dos tablets

Hoje a Apple fez novos lançamentos e, como era esperado, os iPhones 11 foram a atração, com destaque para a câmera tripla para suplantar a concorrência dos Androids. Os iPads, equivalentes aos tablets, não conquistaram tanta atenção, apesar de novidades como um teclado físico. 

Os tablets como um todo estão com mercado menor a cada ano. Fracassaram na tarefa de substituir os computadores portáteis (notebooks) e estão perdendo espaço para os smartphones de maior porte, cujo tamanho já é comparável ao dos menores tablets, vendidos a partir de 7 polegadas. 

Estes aparelhos já não recebem mais as versões mais atualizadas do sistema Android, e muitos ainda são lançados com a versão Kit Kat, de 5 anos atrás. Não contam com avanços na memória (muitos são lançados com 1 Gb ou menos), nem na frequência de processamento. Enquanto seus "primos" menores possuem câmeras duplas e triplas, as dos tablets são praticamente um enfeite, na maioria dos casos (em sã consciência, ninguém iria usar um "trambolho" desses para fotografar, mas as câmeras poderiam ser mais úteis para leitura de QR Codes ou códigos de barras, por exemplo). E o armazenamento? Raramente passa dos 32 Gb (mesma capacidade dos iPads mais baratos). Para os smartphones intermediários, o padrão é 64 Gb. 

Os aparelhos mais caros e os iPads ficam bem longe da sofisticação de seus equivalentes smartphones, mesmo quando competem com eles em preço. Tudo neles, com exceção do tamanho, é inferior.

Ainda assim, mesmo praticamente postos em segundo plano, esses aparelhos ainda teimam em permanecer no mercado.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Isso a 'inteligentsia' brasileira não discute

Enquanto os representantes da nossa elite bem pensante fazem alarde de uma revista em quadrinhos dos Vingadores com dois personagens homens se beijando, na Bienal do Livro do Rio, algo mais grave está em curso. 

Nossa "inteligentsia" aproveitou o farisaísmo arcaico do prefeito carioca Marcelo Crivella, que ordenou o recolhimento das HQs com o conteúdo comprometedor, para fazer uma verdadeira propaganda do material e fazer a defesa da cultura LGBT. Comemoraram a postura republicana do STF, que impediu a Prefeitura do Rio de apreender os quadrinhos. Enquanto isso, boa parte da mídia fazia questão de mostrar a cena da beijação gay entre dois heróis, um deles o filho adolescente da Feiticeira Escarlate.

A Bienal do Livro no Rio de Janeiro, local da confusão envolvendo uma revista dos Vingadores com heróis gays (Leandro Martins / Divulgação)

Fora dos holofotes, a equipe econômica se prepara para a reforma tributária, insistindo em colocar goela abaixo dos brasileiros uma versão ainda pior e mais insidiosa da CPMF, com o intuito explícito de arrecadar mais e usando o pretexto da simplificação tributária. Este novo imposto sobre as transações financeiras, o ITF, iria substituir boa parte da tributação sobre as empresas, além de supostamente visar os sonegadores de impostos. Como um enxame gigantesco de mosquitos, não pouparia nada e tungaria até os dízimos das igrejas como a Universal da qual o prefeito do Rio é seguidor, como quer o secretário da Receita, Marcos Cintra. 

Isso os "descolados" nem pensaram em discutir, apesar do perigo do ITF ser bem maior do que o da homofobia oficial do prefeito Crivella.

Paulo Guedes, o ministro da Economia, pode liberar o "pornográfico" ITF para "estuprar" todo mundo - isso deveria causar mais celeuma do que heróis ficcionais se beijando ou um prefeito homofóbico (Marcos Corrêa)

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Da série '(Des)industrialização no Brasil atual', parte 1 - Indústria eletrônica

Este blog inicia uma série de artigos sobre o atual momento da indústria no Brasil. 

Já tivemos uma época muito melhor, sem querer fazer concessões ao saudosismo, pois esta série não é uma extensão de tópicos já existentes, como a "oitentolatria" e a "noventolatria". 

Primeiramente, é bom fazer um apanhado do processo de industrialização no Brasil, começando por definir os tipos de indústria, por setor: 

- Bens de produção, visando a transformação de produtos agropecuários e minerais em produtos destinados a outros setores industriais, como as indústrias madeireira e siderúrgica; 

- Bens de consumo, destinados ao consumidor final, como as indústrias alimentícia, automobilística e eletrônica, item a ser abordado aqui; 

- Bens de capital, intermediários entre os dois setores acima, produzem os equipamentos necessários para as indústrias de bens de consumo funcionarem, a partir da matéria-prima fornecida pelas indústrias de bens de produção; fazem parte dessa categoria os setores de máquinas e motores. 

O auge da industrialização foi entre as décadas de 1930 e 1970, após um período de modesta expansão das indústrias de bens de consumo, a partir do segundo império. 

Houve períodos de maior expansão industrial entre 1937 e 1979. Na ditadura Vargas, com o estímulo às indústrias de base e a criação de grandes siderúrgicas como a CSN. No governo JK, houve um estímulo à vinda de montadoras de veículos no Brasil, o desenvolvimento da indústria de bens de capital e o crescimento das grandes empreiteiras para a construção de rodovias pavimentadas, após a criação da Petrobras em 1953. No regime militar, houve o "milagre econômico", com grande crescimento do PIB, mais estímulos à indústria em geral, e grandiosos projetos de infraestrutura,  alguns deles verdadeiras ilusões megalomaníacas como a Transamazônica. 

Depois, a crise econômica e a reserva de mercado no fim dos anos 1970 e nos anos 1980 bagunçaram a economia e acentuaram o atraso do Brasil em relação às grandes potências e outros países emergentes, como os chamados "Tigres Asiáticos". O Plano Collor, ou mais especificamente o confisco dos investimentos pelo governo, foi o estopim para a desorganização geral na indústria, que não se preparou para a concorrência dos produtos importados com a abertura econômica. O Plano Real e o controle da inflação seriam uma esperança para a atividade industrial, mas as crises asiática (1997) e russa (1998) arruinaram muitos planos. Os anos FHC significaram mais estímulo ao setor de serviços, em detrimento da indústria. A partir do governo Lula, houve maior estímulo ao agronegócio, e a indústria ficou em segundo plano, apesar das reformulações visando, segundo a gestão da época, diminuir a desigualdade. O atual processo de desindustrialização começava a partir daí. 

Neste quadro, como fica a indústria eletrônica, um dos setores mais importantes na economia dos países avançados?

Em matéria de eletrônica, o Brasil nunca teve destaque. No auge da expansão industrial, o país recebeu muitas indústrias ligadas ao setor, mas a maior parte eram montadoras de produtos finais, como televisores, computadores, rádios e equipamentos para telecomunicações. Foram poucas as empresas de componentes, como transistores, circuitos integrados (chips) e placas-mãe (motherboards). 

Houve pouco estímulo ao desenvolvimento local de componentes, que demanda um amplo e sofisticado processo de produção, envolvendo laboratórios, salas limpas para impedir a contaminação dos dispositivos (algo ainda mais crítico atualmente, com a produção de transistores minúsculos, com tecnologia da ordem de alguns nanômetros; 1 metro possui um bilhão de nanômetros), equipamentos de microscopía, litografia para o desenho dos componentes, instrumentos para testes e caracterizações (medidas de corrente, tensão, capacitância), entre outros detalhes. 

Projetos do setor eletrônico, dependentes das condições expostas acima, acabam sendo desestimulados, e a indústria brasileira, com algumas exceções, importa-os e não os desenvolve por aqui. 

Por isso, há uma subutilização do pessoal especializado, formado pelas universidades, sobretudo as federais e estaduais (como a USP e a Unicamp) e também os estabelecimentos militares (caso do ITA). Boa parte dos formados tem capacitação para integrar equipes de projetos, mas não há ambiente para isso, e eles precisam se preparar para a disputa de empregos fora do país. Outros precisam se dedicar a outras áreas, como administração e pesquisa acadêmica.

Houve um período de "reserva de mercado" para tentar estimular a tecnologia nacional, mas ela acabou nos mantendo à margem dos avanços em outros países. Quando a reserva foi quebrada, no governo Collor, houve um verdadeiro "choque", e a dependência de componentes mais avançados - importados - se tornou crônica. Fábricas montadoras famosas no final do século passado, como a Gradiente, a CCE, a Motoradio, a Elebra, entre outras, enfrentaram crises (as duas últimas citadas não existem mais). Outras foram incorporadas, como a Edisa (comprada pela HP em 1994).

Não se vislumbra uma mudança para melhor neste quesito, e a atual estagnação econômica piora o quadro. Esta é uma situação econômica, na qual as boas intenções e as ideias brilhantes não bastam. É necessário um planejamento sólido, envolvendo empresas, universidades e o governo, e levar em conta a dependência quase total de know-how estrangeiro para este setor. Os resultados só virão em longo prazo.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Dia de trabalho para o presidente

Hoje o presidente Jair Bolsonaro tomou decisões importantes, capazes de definir com mais clareza os rumos do Brasil. 

O presidente Jair Bolsonaro não fugiu das responsabilidades e irá ser alvo de muitos questionamentos (Divulgação)


Foram analisados os pontos da lei de abuso de autoridade a serem vetados, e ele podou justamente os mais polêmicos, não só aqueles apontados pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, mas outros dez artigos. Houve vetos parciais aos artigos 5, 13, 15, 22 e 29, e integrais aos artigos 3, 9, 11, 14, 16, 17, 20, 26, 30, 32, 34, 35, 38 e 43. Os demais foram sancionados. Leia o texto da lei AQUI (íntegra) e AQUI (após os vetos). Em geral, a lei ficou melhor com os vetos do presidente, mas alguns podem gerar ampla discussão, como o uso de algemas contra presos que não oferecem resistência (artigo 17) e a repressão a reuniões pacíficas (artigo 35). Cada veto será discutido de novo no plenário, e o risco de derrubada dos vetos, pela Câmara ou pelo Senado, é considerável.

Também houve a indicação do nome para a PGR, e como já era especulado o nome é Augusto Aras, homem de confiança do presidente, mas fora da lista tríplice enviada pelo Ministério Público, que promete organizar um movimento de protesto. Boa parte dos apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais também manifestou reprovação, por causa dos posicionamentos do indicado, que no passado chamou Dilma de "presidenta". Para os procuradores, Aras é uma "caixa preta" e pode significar o aparelhamento da PGR. 

Após várias especulações sobre uma possível flexibilização do teto de gastos, e o presidente sinalizou claramente neste sentido, houve manifestação da equipe econômica e até do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e Bolsonaro voltou atrás. Muitos lamentavam o contingenciamento em áreas importantes como saúde, educação e gastos militares, mas por outro lado o presidente não quer correr o risco de ser acusado de estimular a irresponsabilidade no trato com o NOSSO DINHEIRO. 

Houve ainda o decreto para transformar 216 escolas federais em unidades cívico-militares, cumprindo promessa de campanha, e o presidente ameaçou impor o modelo, como justificativa para combater a indisciplina e a futura dependência de programas sociais, de acordo com as palavras dele. O processo não será feito de uma hora para outra, mas se estenderá até o fim do mandato do atual governante da Nação. Algo precisava ser feito para melhorar a terrível condição do ensino público, mas não deve se limitar apenas à "militarização" de algumas escolas.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Um sinal mais convincente

Durante pequenas e grandes crises, muita gente fica a procurar os sinais do "fim dos tempos". 

A prisão e soltura do casal Garotinho por mais acusações de corrupção, desta vez envolvendo transações suspeitas com a Odebrecht quando a mulher do casal, Rosinha Matheus, era prefeita de Campos dos Goytacazes, entre 2009 e 2016, não é um sinal. Os dois estão acostumados ao "prende-e-solta", pois são vistos como corruptos, mas seus acusadores não conseguem emplacar as provas contra eles. O Rio de Janeiro já está cansado de ver essas cenas.

Também não é um indício forte de "apocalipse" a atual política de confronto contra o mundo adotada pelo presidente Jair Bolsonaro, que ameaça transformar o Brasil num pária internacional. Agora ele brigou com a comissária da ONU para os Direitos Humanos, e ex-presidente do Chile, Michele Bachelet, porque ela apontou diminuição no ambiente democrático no Brasil. Difamou a memória do pai dela, o general Alberto Bachelet, opositor de Augusto Pinochet e morto sob tortura numa prisão em 1974. Bolsonaro o chamou de "comunista", enquanto atacava a filha por supostamente fazer o que fez Emanuel Macron, isto é, "interferir nos assuntos internos do Brasil". Para o presidente, a ONU é uma entidade infestada de "esquerdopatas", como Bachelet e Macron (este último um capitalista convicto, ex-executivo do banco Rothschild).

Tampouco foi um sinal do "armagedom" os fatos descritos na postagem passada, onde um adolescente foi torturado em São Paulo e crianças foram massacradas por um doido na China. 

Algo mais convincente, neste sentido, é a indicação de um ator conhecido por colecionar "Framboesas de Ouro" por sua apregoada canastrice, Adam Sandler, para o Oscar! Sim, para o Oscar, e não para mais uma "Framboesa"!

Ele foi indicado devido à sua participação no filme Uncut Gems, ainda sem previsão de estreia no Brasil. 

Se Adam Sandler ganhar o Oscar por Uncut Gems, preparem-se para o Juízo Final! Arrependam-se de seus pecados! (Divulgação)

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Dois casos revoltantes de violência contra menores

No bairro paulistano de Vila Joaniza, um adolescente com histórico de pequenos roubos e invasões de domicílios foi flagrado roubando chocolates numa loja por seguranças e depois açoitado com fios elétricos. A atitude dos seguranças causou revolta ao ser mostrada nas redes sociais e na mídia, mas muitos aprovaram o espancamento do jovem infrator, para mostrarem intolerância com os crimes. Vale lembrar que tortura TAMBÉM É CRIME segundo o artigo 5 (o das cláusulas pétreas definidas por meio de outro artigo, o 60), inciso III, da Constituição. O adolescente é negro, e isso foi lembrado por algumas pessoas relembrando do passado escravista do Brasil. Não importa a cor do infrator: o uso de meio criminoso para supostamente ensiná-lo a não cometer mais crimes é intolerável.

Outro caso ainda mais revoltante, porém muito menos conhecido dos brasileiros, foi o assassinato covarde de pelo menos oito crianças em uma cidade da China, Chaoyangpo, por um psicopata em regime de liberdade condicional após tentar matar outra pessoa. Ele esfaqueou as crianças na porta de uma escola, antes de ser detido pela polícia. Atos como o desse assassino fazem muita gente pensar em qual rumo a humanidade está tomando.

Não há imagens nesta postagem por respeito a quem não compactua com a violência e a barbárie.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Orgulho e vergonha de agosto

Este blog gostaria de registrar sua mea culpa por não abordar o Parapan de Lima, onde a delegação brasileira se deu muito bem e mostrou garra, dedicação, amor ao esporte. Os atletas paralímpicos conquistaram 124 ouros, 99 pratas e 85 bronzes. Um desempenho notável. Merecem o selo de "Orgulho Nacional" do mês passado.

A delegação do Parapan foi a maior da História dos Jogos Pan-Americanos, e correspondeu às expectativas dos torcedores

Menção honrosa aos atletas do Pan, que também se saíram muito bem e voltaram com o maior número de medalhas de ouro da História dos Jogos Pan-Americanos. Uma delas, a Ana Marcela, já recebeu o selo em julho, por sua campanha na maratona aquática. 

Já no caso do outro selo, o da "Vergonha Nacional", o selo iria para o juiz do Rio de Janeiro responsável por dar o benefício do regime aberto a um dos assassinos do menino João Hélio, arrastado e trucidado enquanto ladrões fugiam com o carro da mãe dele. Carlos Roberto da Silva, apelidado de "Sem Pescoço", foi condenado à menor pena entre os membros da quadrilha: 39 anos. O horrendo crime ocorreu em 2007. Mas infelizmente o blog não conseguiu encontrar o nome do magistrado, e não pode selar instituições com este selo (apenas com o outro).

Por esse mesmo motivo, não será possível selar alguém responsável pelo brutal aumento nas queimadas. Os nomes não são facilmente divulgados.

No final do mês, o Embaixador do Turismo Internacional, Renzo Gracie, do mesmo clã de lutadores de jiu-jitsu, fez declarações vergonhosas e completamente anti-diplomáticas para se referir ao presidente da França Emmanuel Macron e sua esposa, chamada de "dragão". É uma postura incompatível com o cargo. Há profundas e justificadas razões para deplorar as posições do governo francês quanto à questão da Amazônia, mas elas precisam ser expressas dentro dos limites da civilidade, para não prejudicar (ainda mais) a imagem do Brasil no exterior. Por isso, ele receberá o selo.

Não vale rir do selo conquistado por violar as regras da diplomacia, Sr. Embaixador do Turismo Internacional. Ou o senhor fez a mesma coisa quando lutava jiu-jitsu?


N. do A.: Já existem candidatos ao selo da "Vergonha Nacional", assim que forem identificados. O restaurante Al Janiah, frequentado por refugiados sírios e palestinos, foi atacado com garrafas e gás de pimenta. Os autores teriam sido, supostamente, membros de um grupo neonazista. Tão lamentável quanto o ataque foi o oportunismo de alguns políticos para fazer uso da situação.