quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Da série '(Des)industrialização no Brasil atual', parte 3 - O setor de calçados e couro

Outro setor ligado ao agronegócio ao lado da indústria alimentícia é o setor de calçados, bolsas e outros objetos de couro. 

Embora também não haja propriamente uma crise, os fabricantes enfrentam uma concorrência acirrada vinda do exterior, principalmente dos produtos asiáticos. Não só a China, mas também a Malásia e o Vietnã apresentam produtos competitivos em preço. Muitos fazem alusão à qualidade inferior, mas o baixo poder aquisitivo acaba por induzir ao consumo desses produtos. Outro problema é o contrabando, principalmente se o produto desse crime for comercializado nas barracas e lojas populares das grandes cidades. 

Este é um setor onde existem muitas pequenas empresas, as mais vulneráveis à concorrência desleal exercida pelo contrabando. Boa parte delas ainda conseguem sobreviver e estão situadas em locais específicos. Por exemplo, no Estado de São Paulo, em Franca predominam os calçados masculinos (sapatos), enquanto em Jaú a especialidade são os femininos (sapatos, sandálias, sapatilhas) e em Birigui temos fabricantes de tênis e sandálias infantis. 

Os fabricantes de grande porte, como a Vulcabrás-Azaléia, a Grendene (apontada como próxima de comprar a precedente), a Alpargatas (pertencente ao grupo Itaúsa, que reúne também o Banco Itaú, a Duratex e a Deca) e a BR Sports (dona das marcas Rainha e Topper), possuem força considerável no mercado, mas sofreram retração no faturamento, devido à queda nas exportações para outros países, principalmente os da América Latina. A Grendene, por exemplo, teve queda de 11,8% no lucro líquido no ano passado, para R$ 585 milhões. 

Já o mercado de bolsas é bem mais restrito. com fabricantes de porte relativamente modesto como a Arzon e a Danka, enquanto as marcas mais prestigiadas são sempre as estrangeiras, como a Louis Vutton, a Gucci, a Prada e a Chanel. 

Este setor inteiro é abastecido pela pecuária e pela indústria de plásticos, vistos com muitas ressalvas pelos ambientalistas. Ainda irá demorar para haver alternativas viáveis às peles animais (principalmente a do gado bovino) e aos plásticos derivados de petróleo, mas algumas técnicas minimizam o impacto ambiental, como o couro ecológico, onde o processamento envolve menos produtos químicos nocivos, e os materiais reciclados para a fabricação dos chamados "sapatos ecológicos". 

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