terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Da série 'Mondo Brasile', parte 16 - Duas mordidas reais e uma figurada

Mordidas são do tipo de ataque próprio dos animais e não dos seres humanos. As bestas possuem mandíbulas e dentes mais fortes para matar as presas ou ferir os predadores ou competidores por fêmeas. Os seres humanos são mal equipados para fazer isso, mas ainda tem gente que tenta. 

Foram dois casos ontem, um em Araçatuba, no Oeste Paulista, e outro em Pitanga, no Oeste Paranaense. Os agressores tinham sinais de embriaguez e apresentavam comportamento violento. 

No caso paulista, um jovem de 23 anos foi atendido após sofrer queimaduras em decorrência de um acidente com churrasqueira. Ele foi supostamente destratado por uma enfermeira e um médico, e quase arrancou a pele do rosto deste último com uma mordida e saiu correndo, quebrando as portas do centro médico, antes de ser levado para um posto da Polícia Militar. O homem vai responder em liberdade por lesão corporal e danos ao patrimônio. 

Não houve uma mordida tão forte no caso paranaense, mas o autor foi um advogado, que tentou escapar de um flagrante por embriaguez ao volante. Ele teve um surto psicótico, passou a xingar a equipe de policiais que o abordaram, mordeu a perna de um agente e saiu correndo, mesmo quando as calças caíram. Essa situação tragicômica terminou com o advogado, de cueca, sendo detido e levado para o Hospital São Vicente de Paulo, no centro da cidade, para fazer exames toxicológicos. O policial mordido precisou tomar vacina, não contra a raiva, mas contra o tétano. 

Agora, quem pareceu um animal furioso foi o presidente Jair Bolsonaro, ao atacar a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha. Ao dizer que a repórter "queria um furo, queria dar o furo (sic) a qualquer preço contra mim", em mais uma atitude destemperada, o presidente acusou sem provas, ofendeu as mulheres e os profissionais de imprensa ao mesmo tempo, feriu o decoro e foi alvo de críticas dos jornalistas e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Os opositores, apesar de seu "telhado de vidro", não perderam tempo e falaram em impeachment. Bolsonaro já possui dificuldades para conversar com os governadores por causa das acusações feitas ao governo da Bahia no caso do "capitão Adriano", e com os congressistas devido às convicções de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, para fortalecer o Legislativo. A agressão à jornalista, uma das atitudes mais nefastas e indignas do cargo desde o quadrilhão do PT, vai piorar tudo.

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