Este mês de abril foi realmente desafiador para o mundo inteiro devido à pandemia. Enquanto os países europeus como a Itália, a Espanha e a França estão prestes a saírem da pior fase da doença, no Brasil ela só está começando.
Tudo poderia ser mais tranquilo se as disputas políticas fossem mais civilizadas por aqui. O presidente Jair Bolsonaro não está colaborando como deveria, sendo ainda visto por seus seguidores como um salvador contra a corrupção, a "velha política" (apesar das alianças políticas com o "Centrão" para aumentar a base parlamentar) e o comunismo, pintados como monstros a serem derrotados. Mesmo assim, nem ele pode estar acima do bem e do mal.
Isso lembra o livro Além do Bem e do Mal, do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Em sua passagem número 146, lê-se:
"Quem deve enfrentar monstros deve permanecer atento para não se tornar também um monstro."
E seu desdém com a pandemia e as mortes provocadas por ela, alegando que a responsabilidade pelo enfrentamento da doença é dos estados e municípios, repercutiu internacionalmente, fazendo piorar a sua imagem. E daí?, perguntou Bolsonaro. Daí que ele se comporta mais como um chefe de bando do que um chefe de governo, querendo colher os frutos de um eventual sucesso mas negando responsabilidades em caso de algum desastre. Sua aparente omissão virou assunto de crítica em todo o mundo. É bom relembrar: ele não pode ser considerado "vergonha nacional" por ser a mais alta autoridade do Brasil, sendo, portanto, hors concours neste quesito. E também não pode ser um "orgulho nacional" pelo mesmo motivo.
Uma equipe médica em especial merece o selo de "Orgulho Nacional": a do hospital Norte d'Or, no Rio, que salvou a vida de uma mulher de 101 anos. Mesmo com COVID-19 e com um marcapasso implantado, a idosa conseguiu sobreviver, graças ao trabalho dedicado desses profissionais.
Graças aos profissionais de saúde, como os do hospital Norte d'Or, a taxa de recuperação dos infectados pelo coronavírus é bastante expressiva |
Já a "Vergonha" ficou para o apresentador Marcão do Povo, mais um que citou soluções simples mas erradas para resolver problemas complexos, como a pandemia. A "solução" dele: isolar os doentes em lugares específicos onde possam receber cuidados, enquanto o resto da população vive normalmente. Isso não é motivo para selá-lo, se ele não chamasse esses lugares de "campos de concentração", termo profundamente infeliz que novamente nos relembra o nazismo e o stalinismo, dois regimes totalitários nefastos.
Ronaldinho Gaúcho escapou de ser apontado como "Vergonha Nacional" por causa do Carlos Bolsonaro, e escapou novamente em abril graças ao Marcão do Povo (foto com o selo). O ex-jogador é um "dibrador" |
Os presidentes da Câmara Rodrigo Maia e do Senado David Alcolumbre, que querem se reeleger para os seus cargos, violando as regras do Congresso, não podem receber o selo por serem altas autoridades do país. Eventuais pessoas acusadas de desviarem verbas para o combate à COVID-19 ainda não são divulgadas pela imprensa e nem pelas redes sociais. E o ex-candidato a chefe da Polícia Federal Alexandre Ramagem, criticado por suas ligações com os filhos do presidente, não pode ser selado apenas por causa disso.