Existe um curioso comportamento humano estudado por Justin Kruger e David Dunning, psicólogos da Cornell University. Segundo eles, há uma tendência a superestimar o próprio conhecimento, o que pode levar a resultados desastrosos.
A dupla realizou testes com alunos, de gramática e matemática. No primeiro teste, muitos superestimavam o próprio conhecimento, e foram mal. Depois de um período de treinamento, durante o qual eles adquiriram maior conhecimento, houve um efeito contrário: as pessoas acharam que sabiam menos. Com mais experiência, porém, eles passaram a ter mais confiança, embora não chegassem a ter a mesma presunção de antes.
Esse efeito pode ser descrito na imagem abaixo:
Gráfico do conhecimento em função da confiança, segundo o estudo Dunning-Kruger, explicado de maneira humorística (Reddit - r/Brasil) |
Dessa forma, eles conseguiram colocar mais fundamentação à tendência de se achar mais habilidoso e capaz do que os outros, questionando inclusive quem realmente tem mais conhecimento. Acabam utilizando argumentos questionáveis, e muitas vezes rebatem os interlocutores de forma inadequada.
Por outro lado, quem tem um pouco mais de conhecimento de determinado assunto tende a ser mais cauteloso, muitas vezes desanimando quando a temática estudada é mais complexa do que lhe parece. Vencida esta etapa, quem se dedica a estudar e praticar acaba acumulando ao mesmo tempo experiência e confiança.
Nem todos possuem interesse em se aprofundarem, contentando-se com o pouco que sabem. É o que acontece em vários aspectos do cotidiano, inclusive na atual epidemia. Pessoas não especializadas em infectologia utilizam seu escasso conhecimento para questionarem as autoridades sanitárias ou sustentarem opiniões equivocadas, a favor ou contra o isolamento social e o tratamento da doença enquanto não há a vacina.
Por isso surgem comportamentos lamentáveis, como o do desembargador que humilhou um guarda civil em Santos, para não usar máscara, chegando até a falar em francês ("Vouz parlez français, monsieur?"), parecendo encarnar o personagem Jourdain da peça Le Bourgeois Gentilhomme (O Burguês Fidalgo), de Molière, o consagrado dramaturgo do século XVII, exibindo toda a sua pretensa "superioridade".
O efeito Dunning-Kruger também ajuda a compreender por que o Brasil está com 80 mil óbitos, enquanto muita gente, ignorando os riscos, sai em máscara e se aglomera, correndo o risco de contrair o coronavírus. Por outro lado, outros se apressam em lançar teorias sobre o futuro da humanidade após a pandemia, falando em tiranias, ou na "Nova Ordem Mundial", ou em uma espécie de paraíso terrestre, usando menos o que sabem sobre a dinâmica da pandemia e mais em conhecimentos, mais ou menos digeridos, sobre ideologias e políticas.
O efeito Dunning-Kruger também ajuda a compreender por que o Brasil está com 80 mil óbitos, enquanto muita gente, ignorando os riscos, sai em máscara e se aglomera, correndo o risco de contrair o coronavírus. Por outro lado, outros se apressam em lançar teorias sobre o futuro da humanidade após a pandemia, falando em tiranias, ou na "Nova Ordem Mundial", ou em uma espécie de paraíso terrestre, usando menos o que sabem sobre a dinâmica da pandemia e mais em conhecimentos, mais ou menos digeridos, sobre ideologias e políticas.
N. do A.: A maior candidata à vacina, produzida em Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca, obteve resultados promissores, segundo os testes, de acordo com a revista The Lancet. A aplicação da vacina conseguiu induzir os pacientes a desenvolverem certa imunidade, produzindo anticorpos e maior quantidade de linfócitos T, responsáveis pelo combate aos parasitas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário