segunda-feira, 10 de maio de 2021

Da série 'Filósofos estudam o Brasil', parte 2

Platão viveu entre 427 e 347 antes de Cristo, escrevendo obras filosóficas como A República, onde ele elabora seu pensamento sobre as formas de governar, tendo Sócrates, seu mestre, como personagem principal, dialogando com seu discípulo Glauco e seu irmão Adimanto. Com este livro, o filósofo ateniense, fundador da Academia, defendia um governo onde as pessoas podiam exerciar suas habilidades, mas o poder pertencia aos sábios, que devem ser preparados para isso a fim de atingirem o Bem, isto é, um elevado senso de justiça e moralidade, capaz de enxergar além do chamado "mundo sensível" e compreender o "mundo das ideias", onde há os modelos perfeitos de tudo o que é concreto. A ideia do Bem é exposta no principal livro do autor, A República, e também em outros, como As Leis

Platão, um dos maiores filósofos da História


Com estas impressões, o sábio resolveu escrever um diálogo entre dois observadores brasilianistas, um mais experiente, chamado de Brasilianista 1, e seu aluno, o Brasilianista 2. Eis alguns trechos: 

Brasilianista 1: Vê, meu caro 2, como este país é complexo e cheio de problemas, como nunca foi visto entre os cidadãos da antiga Atenas?

Brasilianista 2: Creio ser um caso perdido. 

Brasilianista 1: Não deves tomar conclusões precipitadas, meu jovem! Não subestimes este país maior do que todo o mundo conhecido pelos nossos compatriotas!

(..)

Brasilianista 2: Tudo parece tão afastado da justiça, da ética, da moralidade! O que tu me dizes, ó mestre?

Brasilianista 1: Continua!

Brasilianista 2: Tanta injustiça, assassinato de pobres criancinhas, violência desenfreada por parte do Estado e dos criminosos que assolam as cidades, como a pitoresca Rio de Janeiro... admira-se como um país tão complicado conseguiu se mantiver com tantos problemas!

Brasilianista 1: Estás a analisar apenas os aspectos negativos! É preciso considerar os aspectos positivos!

Brasilianista 2: Há uma capacidade notável de sobrevivência deste povo. A falta de cultura, de condições materiais e de regras os fazem aprender muita coisa na vida prática. 

Brasilianista 1: Isto é um fato.

Brasilianista 2: Não me parece um ambiente propício para a formação de um governo regido pelo Bem, Creio que será um processo longo, mas um país tão grande com um governo sábio seria realmente poderoso!

Brasilianista 1: Para isso, o que seria necessário? Tu serás capaz de responder a esta pergunta!

Brasilianista 2: Um sistema de educação sólida, baseada em ideias elevadas. Há uma certa confusão entre boas ideias e as ideologias defendidas por quem parece não entender do assunto, visando mais reparar o que eles consideram injustiças históricas, e não em formar cidadãos sábios, independentes e conscientes...

(...)

Brasilianista 1: Muitas pessoas estão presas às próprias convicções, como se estivessem em cavernas. Leste A República, por certo. 

Brasilianista 2: Sim, ó mestre!

Brasilianista 1: Isto certamente os impede de enxergar a luz e ver claramente o mundo concreto, quanto mais o mundo das ideias. 

Brasilianista 2: As pessoas daqui parecem se refugiar em seus próprios mundos...

Brasilianista 1: Não deves generalizar, pois a maioria do povo do Brasil, assim como outros povos, não age por covardia, mas por necessidades concretas. 

Brasilianista 2: Essas tais redes sociais são algo parecido com cavernas dentro de uma caverna maior...

(...)

Brasilianista 2: Mas, mestre! Que coisa horrível, tanta violência e tanta miséria! E o governante maior é tão diferente de um sábio!

Brasilianista 1: Está dentro das regras do sistema de governo chamado de democracia representativa. Uma adaptação da antiga democracia ateniense para nações muitas vezes maiores do que uma cidade soberana. 

Brasilianista 2: Ele parece não ter muitas condições, lembrando o comandante da nau dos loucos da República....

Brasilianista 1: Não é muito diferente de outros governantes desta época atual, mas ele não faz questão de adotar uma postura mais adequada, aproximando-se do comportamento de um eleitor típico dele. Os outros tentam seguir os rituais de governança próprios de seus países. 

Brasilianista 2: Ainda bem que ele tem um prazo para deixar o poder! E pode ser eleito por mais um mandato apenas!

Brasilianista 1: Em muitas nações destes tempos, os governantes se dão ao direito de violar as regras. Nos países mais poderosos e com povos em melhores condições, isso é mais raro de acontecer, como deves notar. 

(...)

Estes são trechos esparsos de algo bem maior, mas escrito originalmente em grego clássico, o koiné, no dialeto jônico, adotado pelo autor. A postagem anterior havia adotado algo mais fantasioso, como se Sócrates tivesse tomado algumas aulas intensivas de português...

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