Como foi escrito no blog, em forma de piada, o Manchester City ganhar a Champions League seria mais um sinal do fim dos tempos.
O time parecia ter tudo para ganhar o torneio pela primeira vez, com uma atuação consistente e a visão estratégica de jogo do técnico espanhol Pep Guardiola. Eles demonstraram isso principalmente nas fases finais da Champions, contra o Borussia Dortmund e, depois, o PSG, outro eterno postulante ao título. Mas contra o velho rival Chelsea, jogando as finais no Estádio do Dragão, cidade do Porto (Portugal), Guardiola arriscou ao não reforçar o meio de campo e privilegiar o ataque. Sua filosofia de valorizar a posse de bola (o tiki-taka), tão elogiada e imitada, foi aplicada, mas nem tudo deu certo. Thomas Tuchel, técnico do Chelsea há apenas alguns meses, desde que foi dispensado pelo PSG, montou um esquema defensivo capaz de parar De Bruyne, Sterling, Mahrez e cia.
Mesmo com a lesão e a saída de Thiago Silva, outro praticamente "escorraçado" pelo PSG no ano passado, os defensores e mais o volante N'Golo Kanté, impediram os avanços dos citizens. Por sua vez, o alemão Timo Werner perdia gols e coube a outro alemão, o jovem Karl Havertz, fazer o gol, ainda no primeiro tempo, aproveitando a pior falha dos rivais e um vacilo de Ederson, o goleiro da Seleção Brasileira. Durante a etapa final, o Manchester City tentou, mas não conseguiu, nem mesmo com os brasileiros, o volante Fernandinho no lugar de Bernardo Silva, e o atacante Gabriel Jesus, para substituir De Bruyne, seriamente machucado no rosto após uma dividida com Rudiger. Nem mesmo Aguero, em seu jogo de despedida, conseguiu. E o sonho de ganhar a Champions League pela primeira vez se foi novamente.
Sem ter a badalação de um City, ou de um Bayern de Munique, o Chelsea chegou ao seu segundo título do torneio mais prestigiado do mundo. Foi a consagração de N'Golo Kanté, da Seleção Francesa (integrou o time vencedor da Copa de 2018) e filho de imigrantes malineses pobres, considerado o melhor jogador da partida, do técnico alemão Tuchel e do experiente mas difamado zagueiro Thiago Silva, que só agora conseguiu ganhar a "orelhuda", após ser acusado por muito tempo de ser instável emocionalmente e contribuir para os fracassos das equipes onde jogou (particularmente, o PSG, entre 2012 e 2020, e a Seleção Brasileira), mas ao mesmo tempo ser considerado um dos melhores beques da atualidade.
O sinal do fim dos tempos não aconteceu no Estádio do Dragão, mas parece que vai ser aqui mesmo, no Brasil, com a Copa América sendo transferida após o local original, a Colômbia, estar às voltas com violentos protestos contra a reforma tributária, e depois a Argentina, que foi forçada a desistir do torneio continental de seleções com a piora na epidemia de coronavírus. Sem seguir a lógica, e atendendo aos anseios da CBF e do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, mesmo com a pandemia também matando milhares de brasileiros por dia, a Conmebol aceitou os jogos em nossas plagas.
Chelsea ganha a UEFA Champions League pela segunda vez, mesmo sem contar com superastros (Pierre-Philippe Marcou/Getty Images) |
Após quase 13 anos na Europa, o veterano zagueiro Thiago Silva finalmente foi um dos brasileiros a ter o privilégio de colocar a mão na taça mais cobiçada da Europa (Divulgação/Instagram) |
Por aqui, o jogo das finais foi ofuscado pelos protestos, no mesmo dia 29, contra o governo por suas falhas durante a crise causada pelo coronavírus. Milhares de pessoas foram às ruas nas grandes cidades, principalmente em São Paulo, exigindo vacinas e pedindo a renúncia ou o impeachment do presidente. A Avenida Paulista foi fechada e chegou a ter sete quarteirões ocupados pelos manifestantes, mesmo com o perigo representado pelo coronavírus. Isso mostra a crescente insatisfação com Bolsonaro, mas ao tempo tempo agrava a pandemia, pois houve aglomerações e nem todos usaram máscaras.
Os protestos foram pacíficos, com exceção dos registrados em Recife, onde houve violência entre manifestantes e a polícia, que teria usado força desproporcional, ferindo duas pessoas com balas de borracha nos olhos. O comandante da PM de Pernambuco foi exonerado por ordem do governador Paulo Câmara (PSB).
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