Um livro marcante na década de 1950 foi o famigerado "Seduction of the Innocent", ou "A Sedução dos Inocentes", em tradução livre, do psiquiatra austríaco Fredric Wertham, cujas opiniões conseguiram levantar parte da sociedade norte-americana contra os quadrinhos e provocou uma grande alteração nos rumos da nona arte.
Este livro alterou a história dos quadrinhos (Divulgação) |
Wertham, em 1948, acusou os quadrinhos de serem perniciosos para a formação dos jovens, apontando-os como estimuladores da delinquência e da homossexualidade. Os super-heróis, na Era de Ouro, cometiam atos de violência para deter os criminosos e os inimigos da América, enquanto havia uma famosa polêmica a respeito dos ajudantes adolescentes de super-heróis. Para Wertham, isso fazia alusão à milenar prática da pederastia.
Cenas como essa eram intoleráveis para os olhos dos conservadores, que apoiaram Fredric Wertham e outros críticos dos quadrinhos |
Outros personagens também foram difamados, como o Superman, apontado como fascista, e a Mulher Maravilha, vista como lésbica.
"Seduction of the Innocent" foi aclamado pelos conservadores da década de 1950, mas deplorado pelas mentes mais liberais, como o então jovem Stan Lee, editor da Atlas Comics (novo nome da Timely Comics, antes de vir a tornar-se a conhecida Marvel). Os editores, atendendo ao clamor, criaram um código de ética rigoroso, o "Comics Code Authority", que bania insinuações sexuais, uso de drogas, impunidade (isso acontecia com certa frequência nos quadrinhos da Era de Ouro) e exploração de deficiências físicas e mentais. Foi criado o selo de aprovação, e qualquer HQ a partir de 1955 precisava ter esse selo para ser comercializado. Algumas editoras, como a EC Comics, da revista Mad, mudaram o formato, adotando páginas maiores como as dos semanários (Magazine).
No Brasil, também houve forte influência do "Comics Code", e um código de ética próprio foi seguido pelas principais editoras nacionais, como a EBAL, o Cruzeiro e a RGE (Rio Gráfica Editora, mais tarde Editora Globo). Havia um atraso relativamente grande entre as publicações americanas e as suas cópias traduzidas, e, além disso, os personagens mais infantis faziam mais sucesso por aqui, estimulando a criação de personagens brasileiros como o Capitão 7, o Pererê, o Judoka e a turma da Mônica.
Wertham foi acusado de estimular a infantilização dos quadrinhos, como se pode notar nos primeiros anos da chamada "Era de Prata". A próxima postagem da série vai abordar este período. E corroborou a ideia segundo a qual as HQs não passam de subliteratura, prejudicial à formação dos jovens. Isto é difundido até hoje.
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