quarta-feira, 20 de abril de 2022

Daniel Silveira e "Mamãe Falei"

 Dois maus exemplos para a política brasileira foram destaque hoje. 

Arthur do Val, o "Mamãe Falei", renunciou ao mandato de deputado estadual (União Brasil) por São Paulo, para tentar escapar de um processo para cassar seu mandato. Ele pagou o preço por suas manifestações sexistas infelizes a respeito das ucranianas, quando o país eslavo está sob ataque da Rússia. Deputados ligados ao PT, ao PSOL e outros partidos alinhados entre si acusaram o ex-integrante do MBL de fazer uma manobra política, e defendem a continuidade do processo. Ou seja, uma declaração irresponsável por parte de "Mamãe Falei" ainda pode lhe custar a perda dos direitos políticos. 

Esses dois estão testando a sanidade institucional do Brasil (Divulgação/Gazeta Brasil)

Daniel Silveira, deputado federal pelo PTB carioca, teve destino pior. Visto como uma vítima do arbítrio do STF pelos aliados, e como uma ameaça à democracia pela oposição e por grande parte da imprensa, ele foi condenado pelo plenário do STF por 10 a 1. Até mesmo André Mendonça, o mais novo indicado pelo presidente como ministro, votou contra ele. Kassio Marques foi voto vencido, e disse não ver as ofensas, ameaças e postura beligerante contra a mais alta instância do Judiciário como crime. Para Marques, o deputado expressou sua liberdade de opinião, algo protegido pelo exercício da imunidade parlamentar, mas para os demais houve ameaça à harmonia dos Poderes, incitando o impedimento ao livre exercício de um deles. O deputado ainda pode recorrer da pena (inflada em 8 anos e 9 meses pelo relator Alexandre de Moraes - visto como inimigo pelos bolsonaristas - para assegurar sua prisão), e o STF diz que a tarefa de cassar seu mandato é da Câmara, de acordo com as atribuições dos Poderes, atendendo a um apelo de Arthur Lira. 

Para boa parte da opinião pública, a reputação dos dois está arruinada. São dois casos onde houve abuso da liberdade de opinião para estimular comportamentos incompatíveis com um país democrático. Para o bem do país, estes dois casos, e vários outros, precisam ser lembrados. O Brasil precisa acostumar-se a desafiar a fama de ser um país "sem memória" e "mentalmente atrasado". 


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