Em 1822, havia muitas personalidades de destaque, além do príncipe D. Pedro (1798-1834). Ele era casado com Dona Leopoldina (1797-1826), princesa que teve participação ativa no processo de independência, além do patriarca José Bonifácio (1763-1838), considerado um dos principais articuladores, ao lado dos irmãos Antônio Carlos (1773-1848) e Martim Francisco (1776-1844).
Havia uma série de personagens de destaque: o poeta Evaristo da Veiga (1799-1837), o jornalista Hipólito José da Costa (1774-1823), os políticos Joaquim Gonçalves Ledo (1781-1847), Januário da Cunha Barbosa (1780-1846), Cipriano Barata (1762-1838) e José Clemente Pereira (1787-1854), o economista pioneiro do liberalismo José da Silva Lisboa (1756-1835), futuro visconde de Cairu, o revolucionário Frei Caneca (1779-1825), entre outros.
Nossos vizinhos da América Latina estavam em processo de libertação contra o governo espanhol. O principal nome é Simón Bolívar (1783-1830), cujo ideal de unificação da América do Sul seria deturpado mais tarde pelos governos marxistas e chavistas da região quase dois séculos mais tarde. Bernardo O'Higgins (1778-1844) já havia libertado o Chile, José de San Martín (1778-1850) foi o herói da emancipação argentina e José Artigas (1764-1850) estava exilado após tentar a independência da Cisplatina. Seis anos depois, esse território, então pertencente ao Brasil, tornou-se o Uruguai. José Gaspar de Francia (1766-1840) era o ditador do Paraguai.
Na América do Norte, o presidente James Monroe (1758-1831) estava a elaborar uma política externa mais tarde conhecida como "Doutrina Monroe", segundo a qual a América deve garantir a sua independência em relação a qualquer país europeu. Mais tarde, este governo iria reconhecer a soberania do Brasil (1824). No México, que incluía a então província da Califórnia e o Texas, o proclamador da independência local era o imperador Agustin I Itúrbide (1783-1824).
No exterior, predominavam as cabeças coroadas na Europa, como D. João VI (1767-1826), o rei de Portugal que voltou para Lisboa a fim de resolver a insatisfação manifestada pela Revolução Liberal do Porto dois anos antes. Havia o rei da Espanha, Fernando VII (1784-1833), Luís XVIII (1755-1824) na França, czar Alexandre I (1777-1825) na Rússia, sultão Mahmud (1784-1839) no império turco (que ocupava a península Balcânica, inclusive a Grécia em processo de luta pela independência), Frederico Guilherme (1770-1840) na Prússia, então reino independente e principal território alemão fora do Império Austríaco, regido por Francisco I (1768-1835), pai da princesa Leopoldina. O Império Britânico era encabeçado por George IV (1762-1830), pouco estimado pelos súditos, ao contrário da recém-falecida rainha Elizabeth II. O papa da época era Pio VII (1742-1823).
A política europeia era um território manipulado pelas mentes (consideradas maquiavélicas) do alemão Clemens von Metternich (1773-1859), primeiro-ministro do Império Austríaco e do francês Charles de Talleyrand (1754-1838), ex-fortmuladores do Congresso de Viena de 1814, aberto após a derrota de Napoleão (1769-1821), então já falecido.
Fora da Europa, o vice-rei do Egito Mehmet Ali (1769-1849) se destacava em sua política de modernização. Na África do Sul havia o guerreiro e chefe zulu Xhaka (1787-1828). Na Indonésia, havia a insatisfação contra o domínio holandês, tendo como um dos rebeldes o príncipe Diponegoro (1785-1855).
Fora da política, havia grandes gênios na matemática, como Karl Gauss (1777-1855) e Augustin Louis Cauchy (1789-1857). Na física e astronomia, Amadeo Avogadro (1776-1856), Lazare Carnot (1754-1824) e o marquês de Laplace (1749-1827). A química era representada por Berzelius (1779-1848) e John Dalton (1766-1844), que há muitos anos atrás foi o precursor da teoria atômica. Havia naturalistas de renome como Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) e Alexander von Humboldt (1769-1859), Georges Cuvier (1769-1832) e Lamarck (1744-1829), entre outros. Outros eram mais polêmicos, como o pai da homeopatia, Samuel Hahnemann (1755-1843).
As descobertas paleontológicas estavam em alta, e um pesquisador se destacava: Jean-François Champollion, francês que estava decodificando, em 1822, a pedra da Roseta, a mais famosa a conter hieróglifos egípcios.
Havia algumas inovações tecnológicas, como o desenvolvimento das primeiras locomotivas a vapor de George Stephenson (1781-1848) e o pioneiro na técnica da fotografia, com Samuel Niepce (1765-1833). Na educação, ainda trabalhava o pioneiro no ensino moderno, o suíço Pestalozzi (1746-1827).
O Duque de Wellington (1769-1852), considerado herói de Waterloo, ainda era conhecido dessa forma, mas viria a ser mais tarde primeiro-ministro britânico. Lord Cochrane (1775-1860) atuou no processo de Independência do Brasil. O general prussiano Carl von Clausewitz (1780-1831) já era conhecido não pelas campanhas militares que participou e saiu vitorioso, mas pelo livro Vom Kriege (Da Guerra), considerada a obra-prima moderna da estratégia bélica.
Nas artes, o neoclassicismo era substituído pelo romantismo. A velha guarda era representada por Ingres (1780-1867), Jacques-Louis David (1748-1825) e o moribundo escultor Antonio Canova (1757-1822), contra os românticos, como o jovem Delacroix (1798-1863) e o já consagrado Théodore Gericault (1791-1824). O caso de Francisco de Goya (1746-1828) era sui generis, por ser ele um precursor de tendências mais modernas, como o expressionismo do início do século XX em suas pinturas nigras. Aqui nestas terras recentemente emancipadas, um francês, Debret (1768-1848), estava pintando o cotidiano do povo naquele tempo.
Também a música estava em processo de inovação, com Beethoven (1770-1827), tendo os primeiros românticos como Franz Schubert (1797-1828) e Carl Maria von Weber (1786-1826), mas ainda havia músicos da chamada "Era Clássica", como Luigi Cherubini (1760-1842). Um dos mais famosos operistas era Gioachino Rossini (1792-1868). No Brasil, destacava-se o padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830).
A literatura também começava a consolidar o estilo romântico. Goethe (1749-1832) ainda era o maior literato da época, mas já havia outros talentos, como Mary Shelley (1797-1851), Walter Scott (1771-1832), Chateaubriand (1768-1848), Stendhal (1783-1842), entre outros. Os irmãos Grimm eram afamados por seus contos infantis. Na filosofia, havia Hegel (1770-1831), além dos irmãos Schlegel e Schelling (1775-1854).
Também havia jovens que brilhariam mais tarde em suas carreiras, como o Duque de Caxias (1803-1880) e o Almirante Tamandaré (1807-1897) no Brasil, além de Abraham Lincoln (1809-1865), Giuseppe Garibaldi (1807-1882), Charles Darwin (1809-1882), Victor Hugo (1802-1885), só para citar alguns exemplos. Outros ainda eram muito crianças, e se destacariam depois, como o futuro Barão de Mauá (1813-1889), a princesa Maria, filha de D. Pedro e futura rainha de Portugal Maria II (1819-1853), Richard Wagner (1813-1883), Otto von Bismarck (1815-1898), a futura rainha Vitória (1819-1901) e Karl Marx (1818-1883), entre outros.