quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Perdas e ganhos no primeiro turno

Esta é a última postagem sobre as eleições antes do segundo turno, salvo se houver alguma eventualidade digna de registro. 

Primeiro, vale registrar as perdas. A chamada "terceira via" foi derrotada de forma impiedosa diante de dois candidatos em espectro político oposto, porém com muito mais apelo na maioria da população. Candidatos moderados atacaram pontos específicos, como a falta de representatividade política e o preconceito contra mulheres (Simone Tebet e Soraya Thornicke), ou então utilizaram conceitos muito abstratos, pouco compreensíveis para a população, como o liberal Felipe d'Avila. Candidatos nanicos também foram castigados com pouquíssimos votos, e um deles, o Padre Kelmon, serviu apenas para dar votos para o atual presidente. 

Também perderam os institutos de pesquisa, cujos números não bateram com a realidade dos votos no dia 2 de outubro.

Partidos outrora tradicionais também foram punidos pelos eleitores, como o PSDB e o PTB. "Caciques" como Fernando Collor, José Serra, Eduardo Cunha e Romero Jucá também sairam perdendo, mostrando menor influência política. 

José Serra não se elegeu deputado e vai sair do Senado no início de 2023. Ele foi um dos que vão apoiar Lula no segundo turno (Alex Silva/Estadão)

Certos candidatos beneficiados com apoio a Bolsonaro em 2018 não repetiram a dose em 2022, como Joice Hasselmann e Janaína Paschoal. O ex-ator Alexandre Frota passou para a oposição por discordar das pautas bolsonaristas, embora tenha aderido a elas apenas para combater o petismo, e como resultado não teve votos nem na situação, e nem entre os oposicionistas. Radicais vistos mais como um empecilho do que como ajuda para o bolsonarismo não tiveram votos, como Sérgio Camargo e Daniel Silveira. E a maior parte das celebridades e subcelebridades, tradicionais puxadores de votos, teve apenas mais uma experiência pouco relevante para as suas carreiras, como a influenciadora digital Antônia Fontenelle, o ator Felipe Folgosi, a modelo Renata Banhara e o cantor Netinho. O palhaço Tiririca, agora no partido do presidente, viu minguar sua quantidade de votos, de 1,3 milhão em 2010 para irrisórios 71 mil em 2022, mas não perdeu a vaga. 

Por outro lado, houve ganhos entre os bolsonaristas mais moderados ou com maior capacidade de articulação, como os agora senadores Marcos Pontes, Teresa Cristina e Damares Alves e as deputadas Carla Zambelli e Bia Kicis. Algumas celebridades, como o senador Romário, a carnavalesca e deputada estadual eleita por São Paulo Leci Brandão e o ator Thiago Gagliasso, agora deputado estadual pelo Rio de Janeiro, vão ter a chance de ajudarem (ou atrapalharem) o Brasil. Os chamados "moralizadores da política" também não podem ser considerados derrotados, pois seus maiores expoentes, o ex-juiz e senador Sérgio Moro e o deputado federal Deltan Dallagnol, vão atuar no Congresso. 

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