segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Roberto Jefferson é um caso 'sui generis' da nossa política

Nossa política abriga muita coisa estranha, mas Roberto Jefferson é algo curioso. Mais espantoso do que a sua conduta ao receber a Polícia Federal, só mesmo quem tenta justificar o injustificável. 

Atirar policiais com granadas e tiros de fuzil, nenhum político teve a ousadia de fazer, nem mesmo . É algo mais próprio de alguém filiado ao crime organizado. Isso se estivesse em seu juízo perfeito. Ao mesmo tempo, não se pode esquecer que Jefferson, embora desde os tempos de advogado no programa Povo na TV (quando o SBT era conhecido como TVS) se comportasse de forma excêntrica, é um político profissional, líder do PTB, e como tal precisa ter ideias claras e objetivos bem definidos, algo muito raramente encontrado em doentes mentais. E ele só seria considerado assim se fosse pobre como a maioria do povo brasileiro. 

Roberto Jefferson vinha defendendo o governo contra os alegados abusos de poder do STF, tantos os reais quanto os imaginados, e chegou a falar em afastar os 11 ministros, entre outras medidas de força (Twitter/conta pessoal do autor)

Jefferson apoia Bolsonaro, e isso é sabido até mesmo pelas estátuas da Praça dos Três Poderes, mas também foi aliado de Lula, como deputado federal, e participou ativamente do Mensalão petista, até se sentir contrariado e denunciar os chefões do PT, a partir do escândalo ocorrido nos Correios, em maio de 2005. Foi condenado como um dos participantes da roubalheira. 

Antes disso, "Bob Jeff", como é conhecido pelos seus adversários, também fez parte dos aliados de Fernando Collor, presidente entre 1990 e 1992, defendendo-o até o fim, enquanto corria o processo de impeachment e a imprensa denunciava os desvios do NOSSO DINHEIRO, que não eram poucos, apesar de não serem tão vultosos quanto no tempo do PT. Foi chefe de campanha de Ciro Gomes em 2002, e no segundo turno usou sua influência para apoiar Lula. 

O PTB, sob sua liderança, foi um daqueles partidos adesistas, apoiando quem estivesse no poder, mesmo no tempo do Mensalão. Com Jefferson afastado após ser condenado em 2005 e ter seus direitos políticos cassados por oito anos por decisão do Congresso, passou para a oposição paulatinamente. 

Não é o antigo PTB de antes do golpe militar, populista, apoiador de Getúlio Vargas, combativo, respeitado e temido pelos governantes. Agora, é mais uma agremiação amorfa. e, de acordo com os votos deste ano, fraca e ameaçada de extinção, correndo o risco de ficar sem o acesso ao Fundo Partidário. Seu candidato, o Padre Kelmon, aliado de Jefferson mesmo agora, neste infame e infamante episódio, só conseguiu pouco mais de 600 mil votos. 

Espera-se que Roberto Jefferson seja devidamente tratado, com o rigor necessário, dentro dos limites determinados pela lei. 

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