Na série que se encerra hoje, faltaram algumas varejistas que não faliram, mas foram absorvidas por outras.
É o caso da Barateiro, uma das redes de supermercados mais importantes do século passado. Quando foi comprada pelo Pão de Açúcar, em 1998, estava mal financeiramente, como a maioria das lojas do setor, mas tinha 32 lojas e não se cogitava recuperação judicial. O grupo de Abílio Diniz prometeu manter o nome, mas não cumpriu a promessa, e o Barateiro se tornou o Compre Bem, marca extinta neste ano.
A rede Barateiro era uma gigante do varejo, até ser adquirida pelos Diniz |
Outra rede de supermercados comprada pelo Pão de Açúcar foi a Sendas, fundada no Rio de Janeiro por Arthur Sendas em 1960. Era uma rede de hipermercados pujante, espalhada nas principais cidades do Brasil, mas em 2011 foi comprada pelo grupo dos Diniz, e sua marca viria progressivamente a dar lugar ao Assaí. Até recentemente, essa rede tinha a razão social de Sendas Distribuidora. Abaixo, um anúncio de 1992, quando o Sendas parecia inabalável mesmo em tempos de inflação galopante (canal do Égon Bonfim no Youtube):
Outras vítimas da expansão do Pão de Açúcar foi o tradicional Paes Mendonça, uma das mais respeitadas redes de supermercados do Brasil, nascida em Sergipe, por obra de Mamede Paes Mendonça (1915-1985). A rede nasceu em Ribeirópolis em 1936 como um pequeno armazém, mas depois expandiu-se e chegou a Salvador, na Bahia. Em pouco tempo, 156 lojas se espalharam em quatro Estados: Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, sendo que na "Cidade Maravilhosa" ela se tornou muito prestigiada. Adquiriu em 1990 a afamada rede de supermercados Disco, fundada em 1952 e também muito poderosa, com várias lojas em São Paulo e Minas Gerais, mas em grave crise financeira. Ironicamente, a própria Paes Mendonça não aguentou a concorrência e as sucessivas crises econômicas na década de 1990, e se tornou presa do grupo dos Diniz.
A outrora poderosa rede de supermercados Disco foi comprada pela... |
..... Paes Mendonça, que mais tarde fez parte de uma "cadeia alimentar", engolida pelo Pão de Açúcar |
O grupo, aliás, tinha outras marcas muito conhecidas, como a Jumbo, rede de hipermercados. Com a aquisição da Eletroradiobraz em 1976, a marca se tornou Jumbo Eletro, Era famoso o jingle: "É o Jumbo... Eletro e ninguém mais", com uma musiquinha singela adotada mais tarde pelas Lojas Marabraz. A marca Jumbo Eletro deixou de existir em 1993, com o lançamento da rede Extra. Abaixo, um comercial empregando a musiquinha (Canal ADILSONCFC8090):
O grupo Pão de Açúcar tinha outras marcas de grande expressão, como a Sandiz, muito famosa em meados dos anos 1980, como uma respeitável mas efêmera loja de departamentos. A Susa holandesa adquiriu a Sandiz em 1987, e depois a extinguiu.
Uma concorrente do Paes Mendonça no Nordeste foi a Bompreço, fundada por Pedro Paes Mendonça, irmão de Mamede, também em Ribeirópolis. Tomou rumo diferente, concentrando-se em Pernambuco e outros Estados nordestinos, e também no Pará. A Bompreço Supermercados do Nordeste, ou BIG Bompreço, foi adquirida pelo Walmart em 1998, sofrendo dos mesmos efeitos econômicos que vitimaram a Paes Mendonça. Porém, a Walmart preservou a marca, e depois a vendeu para o Carrefour, em 2021.
As Casas Buri, fundadas por Mário Bussab e Paulo Ribeiro em 1947. chegaram a ter 300 lojas espalhadas no sul e sudeste do Brasil, mas quando foram compradas pelo Ponto Frio em 1992, tinham "apenas" 114. O lema era "tudo para você e seu lar". A origem do nome foram as iniciais dos fundadores, não sendo inspirada no nome de uma cidade do interior paulista, no vale do Paranapanema. Abaixo, um comercial quando as Casas Buri ainda tinham força no mercado, nos famigerados anos 1980 (Canal Flashback):
Algumas redes regionais conhecidas, como a Dudony, do Paraná, fundada em 1988 e com mais de 100 lojas concentradas no norte do Estado em seus tempos áureos, foram impiedosamente "comidas" pelas varejistas de maior expressão. A Dudony foi comprada pelo grupo Sílvio Santos. que já tinha as Lojas do Baú, grande rede adquirida mais tarde (2011) pela Magazine Luiza, e a Tamakavy, uma loja de móveis cuja marca era uma empresa agropecuária comprada por Sílvio Santos em 1972; essas lojas ficaram muito famosas em anúncios, e não só no SBT, mas duraram pouco tempo, sendo absorvidas pelo grupo Sílvio Santos por volta de 1989.
Futuramente, haverá novas falências ou aquisições de varejistas, encerrando o legado de marcas que conquistaram o coração dos brasileiros. Para algumas delas, como a Marisa e mesmo as Casas Bahia e as Lojas Americanas (estas últimas motivaram o blog a fazer esta série), parece ser questão de tempo.
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