sexta-feira, 7 de março de 2025

Gurdjieff além do eneagrama

George Gurdjieff (1872?-1949) foi um místico e estudioso armênio de origem grega, mais conhecido pelo seu método de avaliação de personalidade chamado "eneagrama", o qual foi exposto AQUI. O eneagrama é uma figura em forma de estrela de nove pontas, cada uma representando um tipo de personalidade, inscrita em uma circunferência indicando as ligações entre uma ponta e a vizinha. A figura é dividida em três regiões, onde predominam a emoção (pontas 2, 3 e 4), a mente (5, 6 e 7) e o instinto ou ação motora (8, 9 e 1).

George Gurjieff era conhecido também por "Mestre G" por seus seguidores

Gurdjieff considera estas três regiões como os "cérebros", interligados entre si, e cujo equilíbrio entre eles é necessário para o desenvolvimento da consciência e o autoconhecimento. Essas ideias foram desenvolvidas a partir de filosofias orientais, que também influenciaram mentes como Schopenhauer (1788-1860), Nietzsche (1844-1900) e Schrödinger (1887-1961). 

A finalidade dos ensinamentos de Gurdjieff, transmitidos por Piotr D. Ouspensky (1878-1947) na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, é a libertação do homem e seu despertar, pois a maioria dos seres humanos está adormecida, condicionada a movimentos e ações automatizadas, como se estivessem agindo como máquinas. Isso os torna escravos, sem a necessidade de grilhões, suscetíveis à manipulação e à opressão. Ele viveu numa época onde a humanidade estava abolindo a escravidão (o Brasil foi o último país a fazê-lo) e desenvolvendo sistemas de governo regidas pela economia (capitalismo e comunismo) e pela política (democracia, totalitarismo fascista/nazista/bolchevista). As regras formuladas por esses sistemas tendem a ser mais restritivas, afastando as pessoas delas próprias em nome do coletivo. 

Para a libertação e o despertar da consciência, deve-se equilibrar razão, emoção e instinto, e trilhar o chamado "quarto caminho", por onde será possível curar-se de traumas sofridos no passado, melhorar o condicionamento físico, ter mais clareza de raciocínio e conectar-se com o Universo. Este é o título do principal livro de Ouspensky, que chamava seu mestre simplesmente de "G". 

quinta-feira, 6 de março de 2025

Quem liga para Dorival?

Dorival Jr. fez mais uma daquelas convocações para quem irá jogar pela Seleção da CBF, incluindo Neymar, ausente nas últimas chamadas por estar lesionado quase todo o ano passado. 

Muitos nem devem saber que Dorival Jr. é o técnico da Seleção (Divulgação)

O time vai enfrentar os colombianos e os argentinos nas Eliminatórias, caso não houver um conflito mundial.

Com todos os acontecimentos dos últimos tempos, a lista do técnico da Seleção canarinha chamou bem pouco a atenção, não só devido ao mau momento do time nas Eliminatórias, mas porque existem acontecimentos muito mais relevantes: decisões do Lula e do Trump, o discurso assustador de Emmanuel Macron sobre a defesa contra um provável ataque russo, e as intermináveis notícias sobre violência. Tudo isso também ofuscou o Carnaval, que ainda não acabou no Nordeste - e mesmo lá eles estão mais preocupados em sobreviver do que em fazer folia. 


quarta-feira, 5 de março de 2025

Mídia se divide no noticiário

Nesta quarta-feira de Cinzas os portais de notícias, majoritariamente anti-Trump, preferiram destacar o título da Beija-Flor de Nilópolis e a aposentadoria do Neguinho, o carismático intérprete que entoou pela última vez o grito de guerra (Olha a Beija-Flor aí, gente!) na Sapucaí. E não podia ter se despedido da melhor forma, pois a escola foi a única a levar os 300 pontos no enredo "Laíla de Todos os Santos", homenagem ao diretor morto em 2021. 

Neguinho da Beija Flor se despede do Carnaval, mas... (Luiz Gomes/Fotoarena/Estadão)


... boa parte do Brasil não queria saber de Carnaval e foi acompanhar um acontecimento mais sério no Capitólio (Reprodução/X)

Páginas de revistas mais conservadoras como a Oeste ignoraram o Carnaval e se concentraram na análise sobre o discurso da última terça no Capitólio do presidente americano Donald Trump, que voltou a falar em comprar a Groenlândia e retomar o Canal do Panamá, e punir os países que taxam os produtos americanos, como o Brasil e, principalmente, a China, mostrando não temer uma guerra comercial global entre os gigantes econômicos. Ele também voltou a defender a pacifiação, ao seu modo, das duas regiões mais destacadas pela mídia (Ucrânia e Gaza) e citou a carta do presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky em favor de um acordo. Também falou sobre energia, recursos minerais, controle sobre a imigração ilegal e o encerramento oficial da agenda woke que conduziu empresas e instituições a tomarem caminhos estranhos em nome do respeito às comunidades negras, indígenas e LGBTQIA+, e às mulheres. 

Para muitos, o Brasil está amadurecendo ao não dar tanto destaque ao Carnaval, mesmo com um assunto que seria destaque em outras épocas como a despedida de um dos maiores carnavalescos do país. Mas quem iria deixar as palavras de Trump no Congresso americano em segundo plano?



terça-feira, 4 de março de 2025

segunda-feira, 3 de março de 2025

Dia histórico

O autor do blog conseguiu finalmente testemunhar um filme brasileiro ganhando o Oscar: Ainda Estou Aqui, do consagrado Walter Salles Jr., era visto como favorito por muita gente, principalmente por quem tentou encarar o filme como uma luta contra a ditadura militar, que muitos simpatizantes de Lula (ou da chamada "extrema esquerda" do espectro político) associam (de forma deturpada) aos defensores dos valores liberais ou conservadores (a "direita" do mesmo espectro). Rubens Paiva (1929-1971), torturado e morto, e sua mulher Eunice (1929-2018), vivida por Fernanda Torres, são tratados menos como pessoas reais e mais como símbolos. 

Salles foi o mesmo diretor de Central do Brasil, esnobado por Hollywood em 1999 em favor de A Vida é Bela. Sem desmerecer o filme italiano, Central do Brasil merecia o prêmio e era considerado superior ao atual trabalho do cineasta. Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, também concorria ao prêmio de melhor atriz, e a premiação de Gwyneth Paltrow, estrela de Shakespeare Apaixonado, foi execrada pelos brasileiros. Foi realmente uma grande injustiça, mas isso pode ser encarado como normal pela Academia, acusada de desprezar muitos grandes artistas e estar vinculada com grandes grupos de influência. A empresa de produção e distribuição Miramax, de Harvey Weinstein, fazia parte disso, e financiou tanto Shakespeare Apaixonado quanto A Vida é Bela naquele fatídico ano (ela também distribuiu o brasileiro Cidade de Deus anos depois, por sinal). 

Ainda Estou Aqui enfrentou a concorrência do franco-mexicano Emilia Perez, considerado também panfletário, mas dos valores woke e LGBTQIA+, e o teuto-iraniano A Semente do Fruto Sagrado, um retrato da repressão feita pela ditadura xiita do Irã. 

Walter Salles recebe a estatueta de seu filme; o Brasil enfim ganhou um Oscar! (@theacademy/Instagram)


Já Fernanda Torres contava com a torcida de seus fãs e de boa parte da mídia. Demi Moore, de A Substância, era vista como a grande rival, mas esqueceram-se da jovem Mikey Madison, a protagonista de Anora, filme consagrado por reunir o maior número de premiações: melhor filme, atriz, roteiro original, edição e diretor (Sean Baker). Quando Madison venceu, houve protestos nas redes sociais. Pelo menos, ela tem mais talento que Gwyneth Paltrow. "Fernandinha" herdou o estigma de injustiçada da mãe, a "Fernandona". 

Muitos veículos de imprensa embarcaram no clima de Copa do Mundo, mas a comemoração da inédita estatueta para Ainda Estou Aqui foi dissipada com certa facilidade pela derrota da Fernanda Torres.