sexta-feira, 27 de abril de 2018

Da série 'Noventolatria', parte 14 - Carros nacionais da década de 1990 (parte 2)

Continuando a abordar os carros nacionais da década de 1990, este blog vai mostrar quais deles se destacaram. A primeira parte só mostrou veículos de duas marcas: Fiat e Chevrolet. Chegou a vez das demais. 


10. FORD ESCORT (fabricado entre 1983 e 2003)

Este é o XR3 no início da década de 1990; depois da reestilização, esta icônica versão não foi mais oferecida
O que dizem os fãs: 
- Carro bonito, que dá status nas versões de luxo (Ghia) e esportiva (XR3);
- O XR3 é um esportivo de verdade, principalmente o 1.8 a álcool e, depois, o 2.0 que equipava o Gol GTi; 
- A versão conversível é inigualável em charme;
- Com o tempo, se tornou ainda melhor, acompanhando as exigências de modernidade; 
- Deu origem a carros de sucesso: o Verona da Ford e os Volkswagen Apollo, Logus e Pointer; este último foi o carro mais bonito do mercado;
Pointer, a versão do Escort mais badalada dos anos 90 - mas era um Volkswagen
Logus, outro derivado do Escort montado na Volkswagen
- Em 1997 ficou mais luxuoso e ganhou o motor mais moderno da época, o Zetec 1.8 16V, potente e econômico.

O que eles não dizem: 
- Os motores VW 1.8 usados no Escort eram só uma das várias maluquices criadas pela Autolatina, que só arruinou os modelos; na versão a gasolina, eram quase tão fracos quanto o antigo CHT;
- As derivações podiam ser badaladas, mas eram um fracasso de vendas, tanto que Logus e Pointer só foram fabricados por 3 anos, entre 1993 e 1996;
- O Kadett GSi tinha uma versão conversível, e com motor mais potente;
- A versão Ghia ficava devendo muito em equipamentos e era cara como um Santana, um carro bem maior e luxuoso;
- Os motores 1.8 16V eram lerdos em baixas rotações.

Considerações: 
O Escort não chamava tanto a atenção quanto nos anos 1980, mas foi o responsável por vários modelos saudosos, como o Logus e seu porta-malas enorme, e o arrojado Pointer, além do luxuoso Verona, este um Escort 3 volumes bem mais feio que os outros. Inaugurou o conceito de carro popular na montadora americana, com o Escort Hobby, embora fosse de uma categoria superior à de Uno e Gol. Fez bastante sucesso também na década de 1980, e o fim da Autolatina, em 1996, fez o carro embarcar de vez na modernidade, embora tivesse perdido o XR3 e sua versão conversível. Ou seja, ganhou e perdeu muito. Naquela época, o Focus já estava no mercado europeu, e seria o responsável pela aposentadoria deste Ford, aos 20 anos de idade - mas nunca teria o mesmo sucesso.


11. FORD KA (fabricado desde 1997)

Este é um Ka 1997, fotografado recentemente; seu estilo ainda pode ser considerado "modernoso"
O que dizem os fãs: 
- Verdadeiro divisor de águas para a Ford devido à sua modernidade, tanto no estilo quanto no interior;
- Tinha o melhor motor 1.0 da época, o RoCam de 65 cv, garantindo desempenho com economia;
- O acabamento era típico da Ford daquela época;
- Não existia carro popular mais simpático, com o seu formato de joaninha.

O que eles não dizem: 
- O espaço interno do carro era mínimo, assim como o porta-malas quase inútil;
- Tinha um painel bonito, mas faltava muitos instrumentos;
- A aparência era frágil e o carro não se impunha no trânsito;
- Os motores do Ka (1.0 e 1.3) eram fracos antes da chegada do Rocam. 

Considerações: 
Um dos carros mais modernos do segmento popular, foi o protagonista de um dos mais marcantes comerciais de automóveis na década de 1990, ao lado daquele dos peixinhos contracenando com a Fiat Palio Weekend. Quem comprava um Ka convivia com um estilo bem diferente dos outros, mas cobrava seu preço: aperto para os passageiros e porta-malas minúsculo. Com o tempo, o Ka perdeu seu apelo "modernoso" e se tornou mais um carro pequeno no mercado. Agora é um carro bem maior, chamado de Ka+, um sedã.


12. FORD FIESTA (fabricado desde 1995)

Pouco depois do lançamento, o Fiesta ganhou este facelift, cujo resultado estético dividiu opiniões
O que dizem os fãs: 
- Primeiro carro realmente pequeno da marca norte-americana;
- Tinha a melhor relação entre estabilidade e conforto, sendo um carro mais seguro do que os concorrentes;
- O acabamento na década de 1990 era bastante caprichado;
- Em 1999, foi equipado com os melhores motores de baixa cilindrada, os RoCam 1.0 e 1.6; este último tinha 95 cv;
- Antes, tinha o excelente motor 1.4 de 88 cv.

O que eles não dizem: 
- Os Fiesta comuns tinham motores anêmicos 1.0 e 1.3;
- O motor 1.4 era de 16 válvulas, e só era bom na estrada; 
- O espaço interno e de porta-malas não eram favoráveis a se fazer uma viagem;
- Era até simpático quando foi lançado, mas no ano seguinte fizeram um facelift desastroso, que o tornou feio;
- Demorou muito para ter uma reestilização decente, e só aí recebeu os motores RoCam; 
- A marcha-lenta era irritante, deixava o carro em alta rotação gerando barulho e atrapalhando a condução.

Considerações: 
Primeiro carro popular da Ford, o Fiesta se destacava pela qualidade de construção, agilidade no trânsito e comportamento nas curvas, além de dar pouca dor de cabeça na manutenção, garantia de seu sucesso até hoje. Melhorou bastante com os motores RoCam em 1999, mas continuava a fazer os passageiros padecerem com falta de espaço - esse defeito nunca foi completamente solucionado. Era o primeiro produto realmente novo quando a Ford e a Volkswagen ainda estavam reunidos na Autolatina.


13. VOLKSWAGEN GOL (fabricado desde 1980)

Era o auge do sucesso do Gol, que ganhou até uma versão 2.0 de 16 V, que ultrapassava os 200 km/h
O que dizem os fãs: 
- Ainda como Gol "quadrado", tinha o primeiro esportivo com injeção eletrônica, o Gol GTi;
- Sempre contava com o excelente câmbio e o motor AP; não é a toa que só havia um campeão de vendas nos anos 90;
- Em 1994, se tornou o Gol "bolinha", ficando ainda melhor e mantendo a qualidade mecânica;
- Tinha uma versão incrível, o Gol GTI 16V, com seu motor de 137 cv, deixando os outros esportivos "comendo poeira";
- Ficou ainda melhor na "terceira geração", e antes disso foi equipado com quatro portas.

O que eles não dizem: 
- O Gol "quadrado" era um martírio para os passageiros do banco traseiro, e o porta-malas era ridículo;
- Em 1990, mais uma invencionice da Autolatina: equipar os Gol mais baratos com aquele motor CHT do Escort, uma peça de museu que o tornou lerdo na estrada;
- O Gol GTi perdeu desempenho demais quando instalaram o catalisador, obrigatório a partir de 1992; 
- Tinha uma versão "popular", o Gol 1000, carro de desempenho pífio e ausência de equipamentos básicos, como um simples retrovisor direito;
- Aquela "bolha" no Gol GTI 16V era anti-estética;
- As versões menos caras tinham acabamento muito pobre.

Considerações: 
Continuava a ser um veículo campeão de vendas, passando a década inteira no topo. No início da década, o Gol quadrado tinha as qualidades mecânicas e a versão GTi, um dos mais marcantes esportivos daquele tempo; com a reestilização, manteve suas qualidades e amenizou seus defeitos, como o espaço interno atrás e o porta-malas; o saudoso GTI 16V tinha aquela "bolha" no capô pois o motor 2.0 de dezesseis válvulas era muito grande para o pequeno espaço disponível na frente. Em meados da década, havia versões do Gol para todos os gostos e bolsos, e isso ainda ficou mais diversificado quando passou a receber quatro portas e motor 1.0 de 16 válvulas, mas as versões começaram a diminuir em quantidade com a reestilização de 1999, a "terceira geração" ou Gol III, na verdade o mesmo Gol "bolinha" com alterações na frente e na traseira. A perua Parati e a picape Saveiro acompanhavam a evolução do Gol, e também eram um sucesso, principalmente depois da reestilização; em 1997, para aproveitar o melhor espaço interno e satisfazer os consumidores, a Parati ganhou portas traseiras.


14. VOLKSWAGEN GOLF (fabricado desde 1998, com intervalos)

Por aqui, o Golf se tornou um objeto de consumo
O que dizem os fãs: 
- Era um sucesso de vendas quando importado para o Brasil, graças ao preço relativamente acessível e à qualidade Volkswagen;
- Com a reestilização, ficou imponente e ganhou uma versão 1.8 turbo de 150 cv;
- O Golf nacional é tão bom quanto o alemão na qualidade de construção;
- Carro muito seguro e robusto, dava status

O que eles não dizem: 
- O seguro do Golf era absurdamente caro, pois ele era muito visava pelos ladrões;
- Porta-malas pequeno demais para o tamanho do carro, e o espaço no banco traseiro não era muito maior do que o do Gol;
- O acabamento do Golf 1.6 era simples demais, e piorou quando foi nacionalizado;
- O motor 1.6 de 101 cv era chocho demais para o Golf; apenas o 1.8 turbo era atraente, mas equipava uma versão cara demais; 
- Com o tempo, o Golf perdeu a sincronia com o resto do mundo, ficando rapidamente ultrapassado, e só voltou a ser uma referência de modernidade recentemente.

Considerações: 
Em sua história, o Golf foi o best-seller da Volkswagen mundial, vendendo mais do que o imortal Fusca. Veio para o Brasil ainda importado, em 1994, conquistando os consumidores por ser uma opção de custo relativamente baixo e ter mais tecnologia do que os Volkswagen fabricados aqui; quando foi nacionalizado o Golf chamou a atenção, principalmente a versão GTI com motor turbo, um dos carros mais velozes e cobiçados, embora não tivesse a versão de duas portas disponível no exterior; com o tempo, ficou espaçoso atrás e ganhou mais tecnologia, mas o segmento de hatches médios perdeu força, devido ao preço muito alto.


15. VOLKSWAGEN SANTANA (fabricado entre 1984 e 2006)

Em 1991, o Santana passou por uma reestilização para enfrentar os importados, mas não demoraria para voltar a ser considerado obsoleto
O que dizem os fãs: 
- Primeiro carro de luxo da Volkswagen, a versão GLS era o carro mais luxuoso do início da década de 1990 e ainda ganhou uma versão com injeção eletrônica;
- Em 1991, sua reestilização o deixou apto para enfrentar os concorrentes importados;
- Foi sempre mais robusto e confiável do que seus concorrentes nacionais, Tempra, Ômega e Vectra;
- Primeiro carro nacional a vir com ABS;
- Sua versão perua, a Quantum, era campeã de vendas mesmo com a concorrência acirrada.

O que eles não dizem: 
- Mesmo com a reestilização, mal feita por sinal por manter a estrutura da cabine e suas antiquadas portas, o Santana era uma carroça ultrapassada e antiquada;
- A versão GL perdeu esportividade com a reestilização, e ficou parecida demais com a versão básica, CL;
- Os motores AP não tinham a tecnologia dos concorrentes, principalmente se comparados aos 2.0 16V do Vectra e do Tempra;
- Com o tempo, só os taxistas se interessariam pelo Santana; 
- A Autolatina criou uma versão Ford para o Santana, o Versailles, um carro fracassado, sem o requinte do antigo Del Rey; lançaram ainda uma cópia mal feita da Quantum, a Royale, com apenas duas portas.
Versailles, a versão Ford do Santana para substituir o Del Rey
Considerações: 
O Santana tentou se adaptar à "invasão" dos importados e dos concorrentes mais avançados, como o Tempra, o Ômega e o Vectra, e sobreviveu apenas devido à sua robustez mecânica, ao câmbio de engates precisos e à fidelidade de seu público. Em 1991, após a sua reestilização, a Ford lançou o Versailles, que só durou de 1991 a 1996, e não tinha personalidade própria, além de ser muito diferente do recém-aposentado Del Rey, uma versão do Corcel cujo forte era o acabamento primoroso, melhor até do que o do Santana mais caro. Em 1999, o Santana ganhou mais requinte e perdeu os antiquados quebra-ventos. A perua Quantum resistiu bem à concorrência pelos mesmos motivos do sedã, mas se tornou bastante datada e foi tirada de linha em 2002. O Santana viria a ter o mesmo destino só em 2006, graças à popularidade entre os taxistas, por ser um carro espaçoso e de mecânica simples.


 16. TOYOTA COROLLA (fabricado desde 1998)

Campeão de vendas no mundo, o Corolla começou a ser vendido como importado e demorou a se nacionalizar
O que dizem os fãs: 
- Verdadeiro representante dos carros japoneses, conciliando tecnologia, desempenho, economia e manutenção barata;
- Foi o primeiro Toyota nacional;
- Antes, fazia sucesso como importado, sendo um dos mais vendidos; 
- Se alguém prezasse o bolso, precisava considerar o Corolla, pois "não gostava" dos frentistas e dos mecânicos;
- Vinha com air-bag de série, e principalmente nas versões mais caras tinha muitos equipamentos, como ar-condicionado automático e CD Player.

O que eles não dizem: 
- A versão mais barata do Corolla, o XLi, era tão "pelada" que isso poderia ser considerado um atentado ao pudor: não vinha nem com conta-giros, e nem ar-condicionado;
- Mesmo a versão SE-G, a mais cara, não tinha requinte no acabamento, com muito plástico, embora seja de boa qualidade;
- Os air-bags eram "assassinos", motivando um recall;
- Nas raras vezes que dava defeito, era um desafio para os mecânicos;
- Não era o primeiro Toyota nacional: o jipe Bandeirante, uma máquina grotesca e barulhenta, era fabricado aqui.

Considerações: 
O Toyota Corolla continua sendo um sucesso, e em sua história vendeu mais do que o Fusca. Importado a partir de 1991, chamou a atenção pela qualidade de construção, motores potentes e econômicos, e baixa manutenção. Essas qualidades foram mantidas quando o Corolla passou a ser fabricado, ainda quando o jipe Bandeirantes, equivale à (muito mais requintada e moderna) Land Cruiser, era fabricado aqui. Desde então, passou a dominar o mercado de sedãs médios, juntamente com o seu arquirrival, o Honda Civic.


17. HONDA CIVIC (fabricado desde 1997)

O Civic foi o pioneiro entre os carros de passeio de origem nipônica no Brasil
O que dizem os fãs: 
- Primeiro japonês a ser fabricado aqui, em 1997, antes do Corolla;
- Honrava a qualidade japonesa, oferecendo mecânica confiável e barata e motores avançados, potentes e econômicos;
- Já vinha bem equipado desde a versão mais simples, com sistema de som e direção hidráulica;
- Confortável ao rodar e tinha mais espaço interno do que o concorrente da Toyota;
- Tinha uma versão arrojada, o VTi, com motor de 160 cv e comando de válvulas variável, fazendo-o ser um dos melhores esportivos para quem não tinha dinheiro para comprar uma macchina de elite, como Ferraris, Porsches, Lamborghinis e o NSX, este também um Honda; 
- Foi sempre um duro concorrente para qualquer nacional, mesmo o Vectra.

O que eles não dizem: 
- Como já foi exposto, já havia no mercado aquele monstro já citado, o Toyota Bandeirante, verdadeiro kaiju sobre rodas; e Honda era sinônimo de moto, e não de carro;
- O motor 1.6 do Civic nacional estava longe de entusiasmar, com seus parcos 106 cv;
- O acabamento não tinha luxo algum, embora fosse de boa qualidade, e tinha muito plástico; para a versão mais cara, o EX, isso era imperdoável;
- A versão VTi nunca foi produzida aqui e não era assim tão valente: em baixos giros, seu motor era um "bicho-preguiça" ou um daqueles Pokemons apáticos do tipo Slowpoke ou Psyduck, só acordando quando se pisava com vontade no acelerador;
- Os hatches e os cupês sempre tinham mais apelo, enquanto por aqui só fabricam os sedãs, considerados sem graça até a reestilização de 2006.

Considerações: 
Agradou em cheio quando foi apresentado ao público, durante a liberação das importações com o governo Collor (1990 a 1992), e a Honda, montadora famosa pelas suas motocicletas, já estava se preparando para fabricar automóveis. Somente em 1997, o Civic nacional deixou de ser uma promessa, conciliando preço razoável e qualidade de construção; infelizmente, com motor 1.6 sem apelo esportivo, apenas mais potente na versão EX, como equipamento opcional; mesmo na modesta versão sedã, o Civic se tornou um páreo duro para a concorrência; em 2006, como modelo 2007, ficou bem mais moderno e impressionante, se tornando líder de vendas na categoria, mas sempre em dura disputa com o eterno rival, o Corolla.


18. AUDI A3 (fabricado entre 1999 e 2006)

O Audi A3 foi concebido para ser um carro de três portas, mas o mercado exigiria uma versão com cinco
O que dizem os fãs: 
- Primeiro (e único) modelo da Audi a ser montado aqui;
- A qualidade de construção era a mesma do modelo alemão, e seu estilo transmitia esportividade;
- É verdade que compartilhava a plataforma do Golf, mas não podia ser comparado a ele: era mais bonito e arrojado, tinha mais equipamentos, como ar-condicionado com regulagem independente, e suspensão mais moderna;
- Para um Audi, até que não era caro: cerca de R$ 40.000.

O que eles não dizem: 
- Este Audi era apertado para os passageiros, principalmente no banco de trás;
- Por ser menor do que os Audi A4, A6 e A8, este sim dignos da marca, não dava tanto status;
- O motor 1.8 não tinha potência (125 cv), e o Audi perdia feio da concorrência, como o 318i, da BMW, não fabricado aqui;
- Não conseguia esconder a sua origem Volkswagen;
- Perdeu apelo esportivo ao ganhar portas traseiras, no ano 2000.

Considerações: 
Em 1999, as montadoras alemãs de carros de luxo fabricaram aqui os modelos mais simples. A Audi, em São José dos Pinhais (PR), montou o A3 e a Mercedes, em Juiz de Fora (MG), fez o mesmo com o minúsculo Classe A, que parecia uma microvan. Enquanto o A3 fez relativo sucesso, o Classe A não agradou e foi tirado de linha após amargar baixas vendas, em 2005. O Audi A3 já chamava a atenção quando foi lançado, mas só em 2000 passou a ter o mesmo motor 1.8 Turbo do Golf GTI, que lhe dava o desempenho negado pela versão aspirada; mais tarde, para atrair mais públco, também passou a ser equipado com o fraco motor 1.6 de 101 cv.

Bolsa Família aumentará 6%

Para agradar os aliados e os beneficiados pelo Bolsa Família, o presidente Michel Temer resolveu aumentar o Bolsa Família em 6%, aproveitando o feriado do Dia do Trabalho; ele chegou a anunciar no início do ano que o benefício não teria aumento. 

Aliados de Temer disseram que seria bom se o governo tivesse um legado social. 

Opositores da medida criticam bastante a decisão do presidente, por aparentar ser uma medida eleitoreira, e mesmo com aumento o Bolsa Família tem um valor irrisório, insuficiente para salvar alguém da miséria, desestimulador de empregos e fundamentalmente populista por ser uma criação do PT, além de comprometer os gastos públicos. Para os críticos, Temer deixaria um legado muito maior na área social se tomasse medidas para estimular a geração de empregos, além das reformas trabalhista e tributária, destinadas a diminuir os custos para as empresas poderem contratar. 

Temer aproveitou para atacar as investigações envolvendo o suposto financiamento, pela Rodrimar, das reformas no apartamento pertencente à filha dele, Maristela. Segundo o presidente as insinuações sobre lavagem de dinheiro feitas pela família são "criminosas".

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Reunião histórica

Está para começar a reunião entre os líderes coreanos na zona desmilitarizada, em sua parte sul-coreana. 

O ditador norte-coreano Kim Jong-un cumpriu sua parte no acordo, firmado em janeiro, e se reuniu com o presidente sul-coreano Moon Jae-in. O evento está em transmissão pelas emissoras de tevê sul-coreanas. 


Coreanos mostram entusiasmo pela reunião entre os dois governantes, mas a unificação ainda parece uma utopia (Getty Images)

Desde a assinatura do tratado, o regime norte-coreano suspendeu seu programa nuclear com a finalidade de diminuir as sanções econômicas das potências capitalistas, embora não acenasse com maior liberdade para seu povo, um item não incluido no acordo. 

É a primeira vez que um dirigente norte-coreano pisa em território ao sul da fronteira desde o armistício de 1953. Oficialmente, os dois países estão em guerra e não há uma previsão de quando irão se reunificar. O acordo impõe o reconhecimento mútuo dos dois governo, o que dificulta a unificação a curto prazo, principalmente por meio de um conflito armado. Também não garante nem mesmo a união de famílias separadas pela fronteira, embora encontros esporádicos tendam a ser mais frequentes. 

Os líderes dos outros países estão cientes de que Kim Jong-un poderá a qualquer momento reativar seu programa nuclear, e adotam um discurso cauteloso, porém favorável aos esforços de apaziguamento. Donald Trump foi o mais destacado deles ao fazer elogios ao ditador quando ele anunciou a suspensão das atividades relacionadas à construção de mísseis atômicos. 

Os esforços das duas partes da península podem adiar ou mesmo impedir um grande conflito armado no leste da Ásia, mas só o tempo vai mostrar quando as enormes diferenças tecnológicas, econômicas, sociais e políticas começarão a diminuir um pouco. 


quarta-feira, 25 de abril de 2018

Cenário presidencial indefinido

Nesta corrida presidencial influenciada pelas investigações contra a corrupção, existem muitas incertezas ainda, faltando pouco mais de 5 meses para as eleições. 

Joaquim Barbosa, do PSB, ainda não se decidiu se vai concorrer, apesar de estar identificado com a Lava Jato e a moralidade. Por não ser político de formação, ainda não se sabe o que pretende fazer, mas suas ideias mostraram ser contraditórias. Puniu os mensaleiros com rigor, mas durante o impeachment de Dilma simplesmente criticou esse mecanismo legítimo e respaldado na Constituição para punir os maus governantes. 

Geraldo Alckmin não é candidato oficializado pelo PSDB e ainda precisa vencer resistências internas, além de ter a incômoda fama de ser apagado demais, o tal "picolé de chuchu", mas admirado pelos simpatizantes justamente por não ter um perfil de populista. É investigado pela Lava Jato, mas não é o de pior situação na legenda. 

Ainda há indefinição entre Michel Temer e Henrique Meireles no MDB. Temer quer concorrer a um novo mandato, mas sua situação é muito preocupante: caso se tornar candidato, não terá votos suficientes pois a grande massa eleitoral dificilmente votará nele, e se o MDB escolher Meireles, o presidente não escapará dos ataques, que prometem ser pesados e agressivos. 

Fala-se muito de uma coalizão entre os candidatos ditos "socialistas" ou "progressistas", caso o PT não tenha um nome forte. Ciro Gomes (PDT) quer Marina Silva (Rede) como vice, mas a imprensa a vincula com Joaquim Barbosa. 

Também se fala numa aliança dos "centristas" do PSDB e MDB, com os liberais do DEM, todos favoráveis às reformas trabalhista e previdenciária, rejeitadas pelos "progressistas", mas nada há de concreto. 

Todas as forças acima estão muito preocupadas com a candidatura de Jair Bolsonaro. Ele também não é candidato oficial pelo PSL, embora seja tratado como tal. 

Mais certo do que tudo isso é a impossibilidade de Lula ser candidato, pois está agora na cadeia e condenado em segunda instância, portanto enquadrado, também, na Lei da Ficha Limpa.

terça-feira, 24 de abril de 2018

Da série 'Noventolatria', parte 13 - Carros nacionais da década de 1990 (parte 1)

Novamente, um breve apanhado de carros, desta vez aqueles consagrados na década de 1990. Na década anterior, só destaquei dez modelos, mas na chamada "década do Real" houve uma grande diversificação, graças à abertura aos carros importados e ao maior nível de exigência dos consumidores. Por isso, precisei colocar nada menos que dezoito modelos. Como este artigo ficaria muito comprido, dividi em duas partes.


1. FIAT TEMPRA (fabricado entre 1991 e 1998)

O Tempra na versão 96, com mudanças na grade em relação à primeira versão, lançada em 1991

O que dizem os fãs:  
- Primeiro Fiat a ser considerado um carrão; 
- Motores potentes, como o 16V de 127 cv (na verdade, deve ser mais, para pagar menos imposto) e o Turbo de 165 cv; 
- Carro com perfil esportivo, bem equipado e espaçoso.

O que eles não dizem: 
- Um dos carros preferidos dos "manos", especializados em estragar carros, rebaixando a suspensão e colocando um sistema de som estridente no porta-malas; 
- Motor gasta gasolina (ou álcool) demais, mesmo nas fracas versões básicas com motor 2.0 8V;  
- Os motores 16V do Tempra eram conhecidos pela falta de fôlego em baixas rotações; 
- Fama de ser algo frágil, principalmente quanto não se faz a manutenção periódica; aliás, as peças são caras. 

Considerações: 
O Tempra foi o primeiro carro da Fiat a ser considerado "grande", embora esteja bem longe disso. Tem ótimo espaço interno para o seu tamanho, bom desempenho nos motores 16V e turbo e performance lamentável nas versões mais fracas. Realmente gasta muito combustível e requer manutenção cuidadosa, mas seu estilo arrojado e carisma deixou saudade em muita gente. Ficou apenas sete anos em produção. A sua versão hatch é o Fiat Tipo, muito prezado pelo espaço interno, mas cuja fama foi arruinada pela fama de pegar fogo facilmente, principalmente em modelos que não passam por manutenção cuidadosa. 



2. FIAT UNO MILLE (versão do Fiat Uno entre 1990 e 2013)

O primeiro Uno Mille, lançado em 1990
 
O que dizem os fãs: 
- Primeiro carro popular, mas nem por isso considerado tão pelado, pois já vinha com tampa do porta-malas e ventilador (por incrível que pareça, um carro podia ser mais "depenado" do que isso naquela época); 
- Seu motor 1.0 ("mil") até que era esperto no trânsito; 
- Carro mais barato com maior espaço interno da categoria. 

O que eles não dizem: 
- O câmbio do Uno Mille era deplorável, de tão duro e frágil; 
- Era, sim, um carro "depenado", pois não vinha nem com câmbio de cinco marchas de série, e o ar-condicionado só viria em 1993 (neste caso, o fraco motor "mil" sofria ainda mais); 
- Com o tempo, tornou-se um dinossauro sobre rodas, enquanto havia concorrentes muito mais modernos, mas já a partir de 1994 parecia velho diante do Chevrolet Corsa. 

Considerações: 
Foi mesmo um pioneiro entre os carros populares, custando menos de US$ 7.000. Atualmente, não existe carro novo com esse preço, mas por outro lado ninguém iria querer um carro tão simplório, sem rádio nem como opcional (os outros Uno, pasmem, também não podiam vir com som). O espaço interno, marca registrada dos Fiat naquela época, era bem razoável, cabendo quatro pessoas adultas com folga, mas dava dor de cabeça nas mudanças de marchas - e só com o tempo isso melhorou, mas não chegou à excelência dos câmbios dos Volkswagen. Foi o primeiro carro popular a ganhar quatro portas, em 1993, sepultando o preconceito contra veículos pequenos nessa configuração. O fraco motor "mil" foi ganhando cavalos com o tempo, graças à injeção eletrônica multiponto e novas tecnologias, culminando com o motor Fire de 66 cv. Isso explica, em parte, o sucesso desse carrinho, que só saiu de linha em dezembro de 2013. 



3. FIAT PALIO (fabricado entre 1996 e 2017)

O pequeno Palio foi lançado com algumas cores berrantes, como este verde-limão


O que dizem os fãs: 
- Bem mais moderno que o Uno, do qual derivava; 
- Com motor 1.6, era um "foguetinho", principalmente na estrada; 
- Vinha com ABS, air-bags e outros equipamentos de segurança que os concorrentes não tinham; 
- Herdava a robustez do Fiat Uno.

O que eles não dizem: 
- Os motores 1.0 e 1.5 eram fracos e a versão 1.6 era chocha em baixas rotações, e ainda cobravam seu preço em combustível; 
- Era mais apertado do que o Fiat Uno, e seu porta-malas era muito pequeno; 
- Suspensão meio mole o deixava inseguro, ofuscando o fato de investir em segurança passiva; 
- Não era assim tão robusto, e sua manutenção podia ser bastante cara; 
- Difusores de ar eram baixos, e era um martírio usar o ar-condicionado porque gelava os pés e mantinha o ar quente na altura da cabeça.

Considerações:  
Foi projetado para suceder o Uno, mas revelou não ter a mesma competitividade deste. Realmente tinha alguns problemas sérios, como a capacidade do porta-malas, até aceitável para um veículo com apenas 3,73 m de comprimento. Vinha com equipamentos opcionais negados ao Fiat Uno naquela época, como air-bag e rádio com CD Player. Para suprir a falta de um bom espaço para as bagagens foram lançados o Palio Weekend e o Siena, que conquistaram o público e ficaram também por um bom tempo no mercado - só foram tirados de linha em 2017. Para resolver defeitos como o pouco espaço traseiro e os difusores de ar, foi produzido um novo Palio, mas somente em 2010.



4. FIAT MAREA (fabricado entre 1998 e 2008)

O Marea durou mais tempo no mercado do que o Tempra, mas nunca teve o mesmo prestígio dele

O que dizem os fãs: 
- O Tempra teve um legítimo sucessor, com o Marea, herdando a classe e a competitividade; 
- Seus motores esbanjavam tecnologia e o carro vinha recheado de equipamentos de série; 
- O espaço interno era bom, principalmente em sua versão station-wagon, a Marea Weekend.

O que eles não dizem: 
- Manutenção caríssima e motores só eram fáceis de lidar por pessoas com alta capacitação; 
- Perdia em espaço interno, principalmente no porta-malas, que era pequeno na versão sedã; 
- O motor 20V era preguiçoso em baixas rotações, e nas versões mais básicas foi substituído pelo "anêmico" 1.6 16V; 
- Verdadeira bomba, difícil de revender e de manter.

Considerações:  
Realmente o Fiat Marea tinha um nível de tecnologia bastante avançado para a sua categoria, mas também exigia donos zelosos e cuidadosos. Sem ser tão espaçoso quanto o antecessor Tempra, tinha bem mais equipamentos de série, mesmo nas versões básicas. A falta de carisma deste Fiat de porte médio prejudicou o Marea, que não podia ser comparado ao antecessor neste ítem (mal comparando, parecia a Dilma em relação ao Lula). Tinha também um derivado que agradava bastante, o notchback (carro com um porta-malas pouco saliente) Brava, mas que sofreu com motores menos potentes para ficar mais barato. 


5. CHEVROLET ÔMEGA (fabricado entre 1992 e 1998)

Com sorte é possível encontrar um Ômega em bom estado, como este em Belo Horizonte


O que dizem os fãs: 
- Melhor carro já fabricado, um digno sucessor do Diplomata (tirado de linha em 1992); 
- Espaço interno excelente, grande conforto, muitos equipamentos e acabamento caprichado; 
- O motor 3.0 alemão era um dos melhores do Brasil; 
- Modelo com muito status pelo seu grande porte; 
- Vinha com tração traseira, para garantir estabilidade (e os BMW vinham com tração traseira...). 

O que eles não dizem: 
- O Ômega não podia ser comparável ao Diplomata; era um pouco menor (4,73 m contra 4,84 m) e muito mais caro, além de ter uma manutenção custosa, principalmente depois de alguns anos de uso; 
- Carro muito visado pelos "manos" para ter a suspensão rebaixada; 
- Os motores 2.0 e 2.2 herdados do Monza eram fracos demais para ele; 
- No final da produção acabou virando carro para taxistas;
- A tração traseira não significava que ele gostasse de estradas ruins, e havia a crença bastante difundida que os carros com tração traseira eram superiores nesse quesito. 

Considerações:  
Foi realmente uma pena o Ômega não ter ficado em produção por mais tempo, pois tinha vários atributos positivos, como acabamento, status, equipamentos dignos de um carrão de luxo, com direito até a porta-luvas climatizado, suspensão bem calibrada, grande porte e espaço interno idem. Um carro com tanta qualidade cobrava seu preço, e ele podia custar quase US$ 50.000, um dinheirão principalmente para a época. Somente o motor 3.0 de seis cilindros se destacava no desempenho, mas ao contrário do que diziam, ele não era tão fraco com motor 2.0 - apenas não tinha a esportividade de um Santana com a mesma cilindrada. Foi produzido aqui em um tempo muito curto, e em 1998 passou a ser importado da Austrália, sem ter o mesmo impacto no mercado.



6. CHEVROLET VECTRA (fabricado entre 1993 e 2011)

Quando foi lançado, o Vectra já impressionava pela versão GSi; três anos depois, em 1996, voltou ainda melhor

 O que dizem os fãs: 
- Carro de alta tecnologia, com motor insuperável de 16V, potente (150 cv) e que não gastava muito; 
- Acabamento luxuoso e bons equipamentos, não devia nada ao Ômega neste sentido, podendo ter até o porta-luvas climatizado nas versões mais caras; 
- Sua aerodinâmica era a melhor dos carros nacionais, com coeficiente de 0,28 (o do Santana era de 0,37, e o do Gol antigo era 0,41); 
- Era um dos carros mais bonitos da época; 
- Pioneiro ao vir com air-bag como opcional.

O que eles não dizem: 
- As versões mais baratas do modelo eram depenadas, sem ao menos um simples conta-giros; 
- Era bem mais caro que o antecessor Monza; 
- Passava longe do status do Ômega, por ser um carro médio e não grande, e também era menos espaçoso, principalmente na primeira versão (até 1996); 
- Em vendas, sempre apanhava do Santana, que não era nem de longe tão moderno; 
- O Fiat Tipo foi lançado com air-bag um mês antes do Vectra passar a ser equipado com este acessório de segurança.  

Considerações:  
O Vectra foi produzido para suceder o Monza, mas ambos foram produzidos entre 1993 e 1996. Era notória a diferença de estilo e modernidade entre os dois modelos, e o Vectra logo se tornou um sucesso, assim como o antigo médio da General Motors. Realmente tinha uma concepção arrojada, e agradava pelas linhas e pelo conforto, mas havia uma gritante diferença de equipamentos entre as versões, tanto que a mais simples (GL, sucessora das versões mais em conta do Monza) era uma tristeza em requinte e equipamentos. Logicamente não podia concorrer com o Ômega em classe e espaço interno, mas nunca fez feio nesses quesitos.



7. CHEVROLET CORSA (fabricado entre 1994 e 2012)

O pequeno Corsa fez um bom sucesso quando foi lançado, chegando a ter uma extensa fila de espera

O que dizem os fãs: 
- Popular mais moderno de sua época: custando menos de US$ 7.000, humilhava o Uno Mille com acabamento, estilo e conforto superiores
- Motores econômicos, como convém a um carro pequeno; 
- Os Corsa não-populares tinham requinte, com estofamento primoroso, painel completo, bons equipamentos de conforto; 
- O estilo "em forma de ovo" era um chamariz.

O que eles não dizem: 
- O Corsa nunca chegou a ser uma ameaça ao líder Gol, pois tinha uma aparência frágil, ainda mais diante das estradas e ruins em má situação; 
- Os motores em geral eram muito fracos, sem potência; 
- Os equipamentos não chamavam tanta a atenção, e o espaço interno era menor do que o do Uno; 
- Tinha uma versão station-wagon muito pequena, com porta-malas reduzido, e o sedã também não era um primor de espaço.  

Considerações:  
Quando o Corsa foi lançado agradou em cheio os consumidores, pois realmente tinha bom acabamento e não tinha a sensação de "carro depenado" dos outros "populares". O que atrapalhava, e muito, era o motor de apenas 50 cv, lembrando que o Uno Mille, ao ser lançado, vinha com motor ainda pior, de 48 cv. Seu problema de espaço foi minimizado na carroceria de quatro portas, mais espaçosa para a cabeça dos ocupantes do banco traseiro, mas só foi devidamente resolvido com uma reestilização, vinda em 2002. Havia a opção de equipar os Corsa com motores mais potentes, mas só nas versões mais caras, que não deixavam a desejar na estrada. A aparência frágil também não ajudava muito diante do seu maior concorrente, o Gol, mas o Corsa não deixou de ser um sucesso, tanto que foi tirado em linha só recentemente.



8. CHEVROLET MONZA (fabricado entre 1982 e 1996)

O Monza, na década de 1990, enfrentou uma concorrência fortíssima no segmento de carros médios

O que dizem os fãs: 
- Um clássico que fazia sucesso na década de 1990, assim como na década anterior; 
- Primeiro carro não-esportivo a ter injeção eletrônica, e foi prestigiado por Emerson Fittipaldi; 
- Primeiro carro a vir com injeção eletrônica monoponto (um só bico injetor para os quatro cilindros); 
- A reestilização de 1991 o deixou ainda mais arrojado; 
- Confortável e bem acabado como todo Chevrolet que se prezava.

O que eles não dizem: 
- A injeção monoponto parece ter resolvido o problema dos motores Monza, que tinham problemas seríssimos de durabilidade, de acordo com dois testes de longa duração feitos pela revista Quatro Rodas (1987 e 1990); mesmo assim, era uma gambiarra e não substituía uma injeção multiponto (um bico para cada cilindro);
- Suspensão e direção moles, não estimulava uma condução mais esportiva; 
- A reestilização de 1991 deixou o carro desarmônico; 
- Com o lançamento de carros mais modernos, como o Tempra e o Vectra, logo ficou defasado, e tinha espaço interno menor, atentando contra a sua fama de carro dito "de luxo".

Considerações:  
O Monza ainda era um carro com vendas vigorosas durante a década de 1990, mas a presença de novos concorrentes o tornou realmente defasado. Sem o mesmo apelo que tinha na década de 1980, saiu de linha com 14 anos, mas sempre muito querido pelos fãs. A sua reestilização, muito comentada, gerou polêmica, pois ele ficou com a frente muito ampla e acabou denunciando ainda mais sua antiguidade, pois a cabine dos passageiros não melhorou nada. Foi um carro que acompanhou o gosto popular: em 1990 a sua versão de duas portas era a mais vendida, e quando saiu de linha só era vendido com quatro portas.



9. CHEVROLET KADETT (fabricado entre 1989 e 1998)

O Kadett foi o último carro lançado na década de 1980, e teve seu auge entre 1990 e 1993

O que dizem os fãs: 
- Primeiro carro realmente novo em anos, desde o Uno e o Santana, cinco anos antes; 
- Carro com bom acabamento, digno dos Chevrolet, e ótima aerodinâmica; 
- Seu porta-malas era bom considerando seu tamanho compacto; 
- O Kadett GSi era uma fera, com injeção eletrônica e motor 2.0, derrotando o Gol GTi, e era um clássico entre os esportivos.

O que eles não dizem: 
- O Kadett foi uma evolução do velho Chevette, e não era muito mais espaçoso para os passageiros - o Chevette era sempre tido como apertado;
- Tinha uma saída de ar enorme atrás dos vidros traseiros laterais, comprometendo muito a visibilidade; 
- O Kadett GSi podia impressionar, mas suas versões comuns, com motor 1.8, ficavam devendo e muito no desempenho, e ainda bebiam demais para um carro de seu porte; 
- Seu preço era bastante alto, mesmo nas versões básicas, e nunca veio com quatro portas. 

Considerações:  
O Kadett tinha o prestígio e a fama de um carro médio, mas no exterior era sempre considerado um carro compacto, mesmo na Europa, onde se fabricavam, e ainda fabricam, muitos microcarros. Pouco mais comprido do que o antigo Chevette hatch (3,99 m contra 3,97 m), o Kadett realmente chamava a atenção quando foi lançado. Sua versão esportiva conquistava quase tantos adeptos quanto o grande rival Gol GTi, mas quando este foi reestilizado e passou a ganhar motor 16V, o Chevrolet tomou o caminho inverso: foi lançado uma versão sem esportividade, a Sport, para tomar o lugar da GSi, por questão de custos. Ganhou uma reestilização em 1995, que não o ajudou frente à concorrência, como o novo Escort e o Fiat Tipo. Teve uma versão perua, a Ipanema, com estilo polêmico, mas ao ganhar mais duas portas a sensação estranha de "traseira quadrada" se desfez um pouco. O hatchback nunca foi lançado com as portas traseiras por aqui, embora existisse no exterior. 



Os nove primeiros carros da década de 1990 foram expostos aqui, e são carros de apenas duas marcas: Fiat e General Motors (Chevrolet). Foi realmente uma grande época para essas montadoras. Enquanto isso, as outras duas grandes da época, a Volkswagen e a Ford, sofriam com uma holding chamada Autolatina, que impunha carros híbridos vindos das duas marcas, com consequências ruins para ambas. A Volks ficou para trás em inovação e a Ford, que já tinha uma participação mais reduzida no mercado desde antes da criação da holding em 1986, ficou em má situação, precipitando a dissolução dessa estranha fusão.

Assim, este blog abordará, na continuação, os Ford Ka, Fiesta e Escort (com menção honrosa para os Volkswagen Pointer e Logus, que eram versões do Escort) e os Volkswagen Gol, Golf e Santana (não esquecendo o Versailles, que era um Santana vendido pela Ford). Para completar a lista dos 18 carros desta década maluca, temos o Audi A3, o Toyota Corolla e seu eterno rival, o Honda Civic.

Posteriormente, poderei escrever sobre os modelos importados daquela década, tão promissora para os apreciadores de automóveis.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Assuntos em pauta nos últimos dias

1. A Kroton Educacional comprou a Somos Educação por R$ 4,566 bilhões. A Somos Educação é uma das maiores redes de ensino básico privado do Brasil, e é dona de editoras educativas tradicionais como a Ática, a Scipione e a Saraiva. A Kroton é considerada a maior aglomeração de ensino do mundo, e poderia ter ficado ainda mais se o Cade não tivesse cedido ao seu pantagruélico apetite por aquisições, no caso das Faculdades Estácio. Naquele episódio, julgou-se que haveria o risco de um monopólio no setor. 

2. Está vencendo o prazo para a MP da reforma trabalhista ser aprovado, e a intenção do governo era "corrigir" alguns pontos aprovados pelo Congresso, como a permissão para grávidas trabalharem em ambientes insalubres de grau "mínimo" e "médio". O Executivo pretendia tornar obrigatório o atestado médico para permitir o trabalho nessas condições, enquanto o Legislativo diz que o atestado é para impedir a gestante de se submeter a isto. Outros pontos diziam respeito aos trabalhos terceirizados, que poderiam ser considerados desvinculados da empresa, no entender da lei original, ou não, segundo a Medida Provisória. Também há divergências nas indenizações por danos sofridos pelos empregados, e desta vez a MP era mais draconiana, impondo um valor até 50 vezes maior do que o teto da aposentadoria (R$ 5.645,80): os congressistas permitiram indenizações até 50 vezes maiores do que o salário do trabalhador prejudicado - em muitos casos, bem maior do que o teto aludido. A não aprovação da medida pode obrigar Temer a lançar um decreto para impor as mudanças, e até lá vale a decisão dos senadores e deputados.

3. Ainda no aspecto político, a juíza Caroline Lebbos, de Curitiba, vetou as visitas não programadas ao ex-presidente Lula, agora preso. Ela proibiu Ciro Gomes, Gleisi Hoffmann, a ex-presidente Dilma Rousseff e vários deputados de visitarem a cela do ex-presidente e desrespeitarem as normas vigentes, que só permitem visitas às quartas-feiras. Familiares podem visitá-lo às quintas. O casuísmo dos políticos citados é custeado pelo NOSSO DINHEIRO.

4. No esporte, mais precisamente no vôlei feminino, o Dentil/Praia Clube de Uberlândia acabou com a hegemonia do SESC Rio, dirigido por Bernardinho, e venceu-o com autoridade: 3 sets a 0, parciais de 25-19, 25-23 e 25-17. É o primeiro título do clube mineiro na Superliga de Vôlei. O time comandado por Fernando Coco conta com Fernanda Garay, recém-afastada da Seleção, enquanto Fabi, do SESC, estava se despedindo das quadras, após uma carreira recheada de títulos, entre os quais as Superligas anteriores e as medalhas de ouro em Pequim e Londres, pela Seleção. No primeiro jogo, o SESC havia vencido por 3 sets a 1, obrigando o Dentil a fazer uma grande partida ontem.

A inédita conquista do Praia Clube de Uberlândia na Superliga de Vôlei Feminino, derrotando o poderoso SESC Rio (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)
5. Outro esporte de destaque é o futebol, com a conquista da Copa do Rei pelo Barcelona, no sábado, com um massacre de 5 a 0 sobre o Sevilla (com dois gols do "vampiro uruguaio" Luis Suárez, um de Messi, um de Phelippe Coutinho e outro de Iniesta, que vai deixar o clube catalão após vários anos e títulos), e os jogos do Campeonato Brasileiro, com a liderança do Corinthians na segunda rodada, ao vencer o Paraná por 1 a 0. A mídia pouco falou de uma conquista importante: a Copa América de futebol feminino, vencida pela Seleção Brasileira comandada pelo técnico Vadão, após a vitória sobre a Colômbia por 3 a 0 ontem.

6. Entre as notícias internacionais, um estranho e terrível atentado em um restaurante de Nashville, capital do estado norte-americano do Tennessee, onde um homem desequilibrado e sem roupas matou 4 pessoas a tiros ontem e conseguiu fugir após ser impedido por um jovem, James Shawn Jr., considerado agora um herói (o assassino só foi capturado hoje), e um atropelamento criminoso em Toronto, matando outras 9 pessoas. Infelizmente, pouco se falou de um homem-bomba que matou 48 - muito mais gente - em uma fila de registro de eleitores em Cabul, a capital do arruinado Afeganistão. 

7. Felizmente, se falou muito menos desses crimes horríveis, em relação à abordagem da mídia sobre o nascimento do terceiro filho do príncipe William e de Kate Middleton. O menino é o quinto na linha sucessória de Sua Majestade Britânica, rainha Elizabeth II, que completou 92 anos recentemente. O príncipe Charles continua a ser o primeiro, enquanto o filho deste, William, é o segundo, e seus três filhos o seguem: George, Charlotte e o novo príncipe ainda sem nome - especula-se que ele será chamado de Arthur, de acordo com o desejo de muitos britânicos, em homenagem ao lendário rei medieval.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Sobre o discurso do feriado

O presidente Michel Temer fez um pronunciamento nacional às vésperas do feriado de Tiradentes, 21 de abril. Lembrou mais uma vez o exemplo do "mártir da Independência", enforcado em 1792 por ser um dos mais ativos integrantes da Inconfidência Mineira, e sua contribuição para a formação da nossa pátria. Aludiu ao respeito à Constituição, sempre vilipendiada desde a sua criação há quase 30 anos, e sua importância para a garantia da liberdade e da democracia, e também se referiu à imagem do Brasil no cenário internacional. A partir daí, o discurso foi para outra direção. 

Começou a dizer "É fácil bater no Michel Temer". E passou a, com o perdão de se usar um jogo de palavras tão pobre, criticar os críticos. Listou todas as suas realizações, em tom fortemente defensivo, desde os juros mais baixos até uma área de preservação ambiental supostamente do tamanho do Mato Grosso. A conferir. Também falou sobre a "disputa irracional que busca jogar uns contra os outros", embora o presidente não seja a pessoa com mais força ou condições para apaziguar os ânimos dos contendores, partidários de diversas bandeiras, por Lula, pela Lava Jato, pelos socialistas ou pelos conservadores. No entanto, esse clima de disputa está superestimado, visto e sentido mais nas redes sociais do que no cotidiano do país.

Era esperado que não falasse nada a respeito da corrupção ou do fato de ter sido denunciado por corrupção, mais uma vez lembrando que ele ainda nem foi indiciado e não há nada para justificar um agora inútil processo de impeachment.

No final, voltou a falar da condenação de Tiradentes e de sua luta por um "Brasil livre, forte e independente". Esse trecho ficou meio fora do contexto do discurso, mas os jornalistas interpretaram isso como uma tentativa de se igualar ao ativista mineiro cujo nome verdadeiro é Joaquim José da Silva Xavier. Alguns mais sarcásticos o compararam a outro Joaquim, o Silvério dos Reis, tido como o principal traidor da Inconfidência. De fato, Temer, para muito, foi o traidor da ex-presidente Dilma, que também não podia ser comparada a Tiradentes - outros poderiam aproveitar para compará-la a outra personagem da época, a rainha Maria I de Portugal, conhecida como "a louca".

Em suma, mais um pronunciamento em sua própria defesa, sem muita coerência de ideias, e com forte tom de campanha política. Temer está querendo a reeleição, mesmo com sua impopularidade de 70%, mais pela própria falta de carisma e pelas pessoas que o cercam do que pelos indicadores socio-econômicos, em processo de melhora desde o impeachment de 2016.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Raul Castro não é mais presidente de Cuba

Finalmente, os Castro deixaram de exercer diretamente o poder na ilha caribenha. 

Infelizmente, para quem tinha ilusões de que Cuba iria experimentar um pouco de liberdade, não quer dizer muita coisa. 

Cuba continuará a ser um país obediente às diretrizes antigas, um socialismo adaptado por Fidel Castro, El Comandante, morto em 2016. Fidel implantou um sistema de saúde eficiente e diminuiu drasticamente o analfabetismo, mas isso teve um preço alto demais: execuções de opositores, isolamento e embargo econômico imposto pelos Estados Unidos. Este último serviu de pretexto para os Castro justificarem as dificuldades crescentes vividas pelo país.

Miguel Díaz-Canel, o sucessor de Raúl Castro, não trará a renovação política a Cuba (AFP)

Miguel Díaz-Canel, o novo presidente, é fiel aos Castro até a medula, e terá poderes bem limitados, pois Raúl Castro exercerá o cargo de secretário-geral do Partido Comunista, e o filho deste, Alejandro Castro Espín, é comandante das Forças Armadas. Ou seja, para os oposicionistas, quase todos exilados, e para muitos líderes das potências, Canel é uma marionete do antigo comandante. 

Logo, por enquanto não há perspectivas de uma mudança real para a ilha que nunca conheceu a democracia, nem antes de Fidel: Cuba era governada pelo tirano Fulgêncio Baptista, acusado de parasitar o país através de sua ditadura corrupta, até ser derrubado pela Revolução. 

quarta-feira, 18 de abril de 2018

O pitoresco mercado de carros no Brasil

Para quem tem mais de 40 anos, é fácil lembrar da faixa de preço dos automóveis ditos "populares" no início do Plano Real. Era possível comprar um carro novo por menos de R$ 8.000,00, como o Chevrolet Corsa ou o Uno Mille. Em breve, este blog vai falar dos carros nacionais da época, que eram muitos e variados, como parte da série "Noventolatria".

Agora, é quase impossível comprar algum carro novo por menos de R$ 40.000,00. Existem modelos como o Renault Kwid, cuja versão básica fica por aproximadamente R$ 30.000,00, mas seu desempenho neste ano é modesto: é apenas o nono mais vendido de janeiro a março, com 13.689 unidades (segundo sites como o Autoo.com.br). 

O carro mais vendido é o Chevrolet Onix, um carro quase tão "depenado" quanto o Kwid, porém maior e mais espaçoso, o que não quer dizer muito: tem 3,93 m de comprimento e motor 1.0. Não sai por menos de R$ 43.290, segundo a tabela FIPE. Pode chegar a mais de R$ 67 mil em sua versão "topo de linha", com motor 1.4. Sua versão sedã, o Prisma, é o quinto mais vendido e o líder em sua categoria, mas é ainda mais caro: a versão básica, com motor 1.0, fica em R$ 47 mil, sendo que as versões restantes têm motor 1.4, muito mais adequadas para o seu porte, mas a preços que podem facilmente ultrapassar os R$ 70 mil, na versão LTZ com opcionais. 


O Chevrolet Ônix é o líder, mas custa mais de R$ 43 mil. Outros carros são bem mais caros (Foto: site da Chevrolet)

O Ford Ka e o Hyundai HB20 disputam o segundo lugar, e também sofrem dos defeitos dos carros mais baratos: deficiências de acabamento, presenças de motor 1.0 em suas versões custando menos de R$ 50 mil (sempre com limitações de potência, em geral não superiores a 85 cv), espaço em geral apertado para cinco pessoas, embora adequado para quatro. Esses problemas também existem no Onix. 

Em seguida, um modelo da Volkswagen, mas não é o Gol, atualmente amargando o sexto lugar. É o Polo, um modelo maior, com bom espaço interno, nivel de segurança e modernidade, mas sempre criticado pela pobreza no revestimento. Quase não existem modelos Polo por menos de R$ 50 mil e a versão mais cara ultrapassa os R$ 70 mil, mesmo sem opcionais: é o Highline 1.6 equipado com câmbio automático. Consegue ficar em quarto lugar. Seu badalado sedã, o novíssimo Virtus, chega facilmente aos R$ 80 mil, uma exorbitância. Mesmo assim, em março emplacou 3.059 unidades, mostrando seu potencial. 

O sétimo carro mais vendido é uma picape, a Fiat Strada, derivada do Palio da primeira geração lançado em 1996; sua última grande reestilização foi em 2012, e o modelo sofre com o projeto antigo: suspensão mole, falta de conforto, motores ultrapassados, deficiência estrutural para a segurança dos ocupantes e, principalmente, estilo já muito datado e preço altíssimo, entre R$ 47 mil e mais de 75 mil. Como uma picape assim consegue ser tão vendida? E logo vai sair de linha. 

Entre a Strada e o Kwid nas vendas, temos um carro considerado de "status" por aqui, mas no Japão é considerado compacto: o Toyota Corolla. Mesmo caríssimo para os padrões brasileiros, custando nunca menos de R$ 89 mil, equivalente a cerca de 95 salários mínimos, o sedã nipo-brasileiro está entre os dez mais vendidos. 

Fechando o "top 10", uma SUV, o Jeep Compass. O preço da versão menos equipada é de R$ 107 mil, e mesmo assim é bastante vendido, principalmente para quem gosta de enfrentar uma estrada de terra de vez em quando. O Compass, até agora, é mais vendido do que o "popular" Fiat Argo: 12.979 contra 12.867, embora neste caso a diferença seja bem pequena. Outras SUVs como o pioneiro Ford Ecosport também vendem relativamente bem.

Enfim, o mercado de automóveis é curioso: os brasileiros aceitam pagar valores altos por carros pequenos e defasados em relação aos vendidos no exterior, ou pequenas "fortunas" por carros maiores e mais modernos. A culpa não é só do governo e seu apetite por impostos, e nem apenas das montadoras e suas margens de lucro somadas à necessidade de importar muitos componentes. Eles dividem a responsabilidade com o consumidor, ainda pouco exigente em termos de qualidade e com a equivocada visão de carro como investimento (carro sempre possui uma depreciação em geral muito forte), com uma curiosa noção de status por ter um carro novo, mesmo sendo ele mal acabado e fraco no desempenho.

Para fazer um pouco de justiça, vale lembrar que R$ 8.000,00, em 1995, equivale a R$ 39.122,40, fazendo a correção pela inflação oficial. De janeiro de 1995 a março de 2018, o índice foi de 389,03%. Por isso, a sensação absolutamente verdadeira de R$ 1,00 não comprar mais nada, mas aí já é outro assunto, a ser abordado em breve, em outro artigo sobre "Noventolatria" (pois é, são duas referências àquela época tão saudada, só neste artigo).

terça-feira, 17 de abril de 2018

Samba do Brasil doido

Aécio Neves, senador do PSDB mineiro, se tornou réu de acordo com a Primeira Turma do STF, por corrupção passiva e obstrução de justiça. Houve unanimidade no caso da corrupção, com base nas delações feitas pela JBS, que acusou o senador de exigir propina, e só Alexandre de Moraes discordou da tese da obstrução. A Primeira Turma foi elogiada pelos partidários da Lava Jato.

Já a Segunda Turma foi na direção oposta ao tornar Demóstenes Torres praticamente elegível, após Dias Toffoli garantir os direitos políticos do ex-senador goiano cassado por corrupção. Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes acompanharam o relator. Celso de Mello e Edson Fachin foram votos vencidos. 

Aumentaram a pena dada ao senador cassado Luiz Estevão, preso por fraude e também por sonegação fiscal, motivo para acrescentar dois anos no tempo de prisão. 

Elegeram um fiel seguidor de Del Nero, Rogério Caboclo, como presidente da CBF. O Atlético-PR não votou, Flamengo se absteve e Corinthians votou em branco. Os demais clubes foram a favor, em uma eleição de candidato único, o que é permitido no estatuto, mas aumenta a já enorme distância entre a entidade e os torcedores. Tudo favorecido pelo maior peso dado aos votos das federações, em detrimento dos clubes.

A Bolsa subiu para 84.086 pontos e o dólar caiu para R$ 3,40, graças ao cenário externo. 

No cenário interno, violência mesmo com a intervenção federal no Rio e chacina em São Bernardo do Campo. 

O BBB finalmente vai acabar!

Antes disso, morreu Dona Ivone Lara, a primeira-dama do samba brasileiro.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Datafolha mostra os números da corrida pelo governo paulista

Estão finalmente abordando a disputa pelos governos estaduais, a menos de seis meses para as eleições. Na verdade, era para já divulgar faz algum tempo, mas as atenções são voltadas para a disputa presidencial, mostrando o quanto o nosso país é "federativo".

Hoje, o Datafolha divulgou as intenções de votos e a rejeição aos candidatos. 

João Dória Jr. praticamente abandonou a Prefeitura para disputar o governo paulista. Ele queria concorrer à Presidência, mas o PSDB escolheu o ex-governador Geraldo Alckmin, mesmo sabendo que ele é investigado na Lava Jato por superfaturamento de obras como o metrô e o inacabado (ainda) trecho norte do Rodoanel. As intenções de voto em Dória são de 29%, e ele lidera a disputa apesar de ser pouco conhecido no interior do Estado. Ai, sua rejeição é de 25%, considerada já alta. Na Capital, onde há um compreensível descontentamento da população, mesmo entre eleitores deles em 2016, a rejeição é de enormes 49%. Ou seja, praticamente um de cada dois eleitores não quer votar no ex-prefeito. 

Paulo Skaf concorre pelo MDB, e está com 20% das intenções de voto. O que desabona o empresário é o partido: íntimo do poder desde a redemocratização, quando se chamava PMDB, antigo comparsa do PT no "Quadrilhão", tem como seus filiados o presidente Temer e vários políticos condenados pela Lava Jato, entre eles Eduardo Cunha. Sua rejeição é de nada desprezíveis 34%. O antigo PMDB era também a sigla de Orestes Quércia e Luís Antônio Fleury Filho, antecessores de Mário Covas, o primeiro nome da "era tucana" no poder (desde 1994). 

Márcio França, do PSB, é o atual governador e, durante todo esse tempo, poucos sabiam que ele existia, mas na corrida pelo governo ele tem potencial para crescer, apesar de seus 8%. Será dele a tarefa de inaugurar obras como estações do metrô e o já citado trecho norte do Rodoanel, tornando-o mais conhecido. Por enquanto ele só é comentado por meio de suas brigas com Dória, que o chamou de "Márcio Cuba" por ser de um partido "socialista" - mas fiel aliado de Alckmin no governo - e de ter suposta simpatia a Lula. Na verdade, França só reagiu às acusações do ex-prefeito, mas em termos relativamente agressivos: "desequilibrado", "parecia possuído". O atual governador tem 22% de rejeição.


Sem força política no Estado, o PT rejeitou o nome de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, e ficou com Luís Marinho, ex-prefeito de São Bernardo do Campo. Será difícil ele brigar pela cadeira dos Bandeirantes: são 7%  nas intenções de voto, e 27% de rejeição. 

Pouco conhecidos, Rogério Chequer (Novo), Lisete Arelaro (Psol) e Alexandre Zeitune (Rede) terão a chance de se apresentarem aos eleitores, principalmente durante o horário eleitoral, assim como outros nomes, que nem 1% têm nas intenções de voto.