segunda-feira, 2 de abril de 2018

O orgulho e a vergonha de março

Falei sobre a iniciativa da Unibes Cultural em facilitar o acesso dos deficientes visuais à leitura, por meio dos óculos OrCam MyEye (leiam AQUI). Em meio a tantos procedimentos deploráveis explorados na mídia, isso merece ser apoiado. 

Instituições podem ser apontadas como bons exemplos, nunca como maus, por isso o selo sempre é o de "Orgulho Nacional", e não de "Vergonha Nacional", que se aplica a pessoas. 

O Unibes Cultural merece o selo de "Orgulho Nacional" de março. 

O prédio da Unibes Cultural, em São Paulo

Quanto aos outros procedimentos aludidos, fica mais difícil saber quem merece o outro selo, o da "Vergonha Nacional". Quem mais merece o selo são os assassinos da vereadora Marielle Franco, mas existe um complicador: eles não foram identificados ainda, e este blog não pode selar desconhecidos. A polícia precisa apurar quem fez esse crime, explorado por oportunistas de todas as matizes políticas, a começar pelos membros do próprio partido dela, o PSOL, passando pelos apoiadores de Jair Bolsonaro, defensores das minorias raciais e sexuais (Marielle era negra e homossexual) e, ao mesmo tempo, os críticos da intervenção federal (como Marielle) e os defensores da medida.  

Também houve a contraversa decisão que deixou o ex-presidente Lula livre da prisão, mas o STF, responsável por isso, é uma instituição, e como tal não pode ser selada, apesar de ser aclamada como "vergonha nacional" por muitos manifestantes anti-Lula, que sempre enxergam-no como o grande chefão da quadrilha que tratou o Brasil como um predador trata sua presa.

Se o Supremo poderia ser taxado assim por deixar o ex-presidente solto, não menos merecedor de vergonha são os autores dos disparos contra a caravana de Lula. Isso nos remete às práticas de pistolagem durante a República Velha, antes de 1930. 

Houve uma manobra da CBF para o presidente da entidade Marco Polo del Nero continuar a exercer a sua influência mesmo após o fim de seu mandato. Ele é apontado como um dos chefes da corrupção que corroi a Fifa, a poderosa federação internacional de futebol, e teme sair do país para não ser preso pelo FBI. Rodrigo Caetano vai ser o candidato único na eleição da CBF. O estatuto permite isso, mas revela bem o sistema oligárquico de poder, dominado por dirigentes mais versados em politicagem do que em futebol.

Os "amigos de Temer", como foram apelidados o empresário José Yunes, o dono da Rodrimar Antônio Celso Grecco, o coronel Lima e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, foram presos provisoriamente sob suspeita de corrupção no caso das licitações de portos, como o de Santos. As acusações são graves, mas de cara não se pode selá-los, porque a concorrência, como se nota nos parágrafos anteriores, é forte, e existem apenas indícios, e não provas, contra eles. E, na visão dos acusadores, quem mereceria o selo é o beneficiário do esquema, o presidente Michel Temer, posto de fora da avaliação por ser hors concours

Assim, quem ficou com o selo foi Marco Polo del Nero. 

Marco Polo não viaja por medo de ir para a cadeia. Mas, e os assassinos de Marielle?


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