quarta-feira, 3 de junho de 2020

Da série 'Noventolatria', parte 23 - Xica da Silva

O Brasil ainda é um país injusto socialmente, e um dos problemas mais sérios é mesmo o racismo, uma violência sem respaldo do bom senso e da ciência, que já provou a inexistência de "raças" na espécie humana. 

Por aqui, não há os confrontos enfrentados nos Estados Unidos, onde os negros são minoria, e na África do Sul, onde a maioria negra era oprimida pelo apartheid, o regime de segregação racial imposto pela minoria descendente dos europeus. Mas, como é sabido desde antes dos movimentos abolicionistas que forçaram o país a abolir a escravidão após todas as demais nações, o racismo se fez de forma insidiosa e agregou-se à cultura. 

Por isso, ainda aceitamos como normais a falta de pessoas de pele escura em cargos executivos, nos meios acadêmicos e nos comerciais e anúncios, por exemplo. Na televisão, os protagonistas são, na maior parte das vezes, de pele clara. 

Uma das exceções foi Xica da Silva, novela da Rede Manchete escrita por Walcyr Carrasco (pseudônimo Adamo Angel) em 1996. Taís Araújo não foi a primeira protagonista negra da história da televisão, título dado a Ruth de Souza (1921-2019) na novela da Tupi A Cabana do Pai Tomás, mas foi a primeira a dar título à obra. 

Xica da Silva mostrou de forma bem fantasiosa, "novelesca" mesmo, o problema da escravidão, e como uma jovem escrava se impôs naquele ambiente, conseguindo ser a esposa de um fidalgo, o contratador João Fernandes, e enfrentar seus inimigos, principalmente Violante, a ex-noiva do contratador. 

Como era praxe nas novelas da Manchete, havia muito sexo e sensualidade, e houve problemas com os telespectadores mais tradicionais e a legislação, pois Taís Araújo, naquela época, ainda não havia completado 18 anos, e Walter Avancini, diretor da trama, a utilizou para várias cenas eróticas. 

A novela deu grande fama à atriz carioca, e pouco mais tarde ela foi contratada pela Rede Globo, protagonizando as novelas Da Cor do Pecado (2004) e Viver a Vida (2009), e o seriado Mister Brau com o marido, Lázaro Ramos. 

Abertura da novela Xica da Silva, entre 1996 e 1997 (canal Maggie Schneider, do Youtube)

N. do A.: Esta postagem mais leve lembra dos vários "noventólatras" do país, saudosos dos "anos 90", e da importância de se deplorar o racismo. Afinal, vidas negras importam, como todas as outras. Isso não respalda a violência de certos grupos, os supremacistas e aqueles que usam o pretexto do antirracismo e do antifascismo (é hábito de simpatizantes do marxismo taxar de fascista qualquer conservador que se posicionar de forma mais contundente, mesmo que repudie o militarismo, o nacionalismo e o populismo dos verdadeiros fascistas) para depredar e colocar em perigo a vida e os direitos de terceiros. 

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