terça-feira, 29 de junho de 2021

Da série "Filósofos estudam o Brasil", parte 8

Thomas Hobbes viveu entre 1588 e 1679, sendo contemporâneo de grandes gênios de sua época, como Shakespeare, Galileu e Descartes. Sua filosofia política sofreu influências de Aristóteles, Tomás de Aquino e Maquiavel, continuando o desenvolvimento dos estudos sobre o Direito Natural (Jus naturale) e o Direito Legal. Para Hobbes, o ser humano é intrinsicamente mau, e para frear seus instintos é necessário estabelecer um contrato social, a fim de garantir uma sociedade harmoniosa e ordeira. Em Leviatã, sua obra-prima, ele defende o absolutismo monárquico para a manutenção da ordem, utilizando a figura do monstro marinho bíblico, protetor dos mais fracos. Hobbes considerava o estado de natureza como um desastre, pois a natureza perversa dos homens e a escassez de recursos conduziria a um estado de Bellum omnium contra omnes (Guerra de todos contra todos). 

Hobbes viveu numa época de grandes transformações políticas na Inglaterra, com a crise da monarquia, a ditadura de Oliver Cromwell e a restauração da coroa, que cederia poderes ao Parlamento dez anos após sua morte, em 1679


Imaginemos o velho filósofo analisando a situação do Brasil: 

Este país é um caso onde o Estado da Natureza ainda não foi superado totalmente. Há muitos casos de violência, assaltos, sequestros, mortes. E temos também a espetacularização deste estado de coisas, como se pode constatar neste escandaloso caso do bandido Lázaro. 

Tudo poderia ser melhor no Brasil se não houvesse essa valorização de comportamentos pérfidos. Querer levar vantagem, a qualquer custo. Mostra apenas que eu estava certo a respeito da natureza humana, pois "Lupus homini lupus" (O homem é o lobo do homem). 

O próprio governo parece defender a prevalência do mais forte, com suas atitudes a respeito desta peste que assola o país. Ele defende a tal "imunidade de rebanho", termo estranho pois estamos tratando de homens, e não de gado. Em um país com dimensões de um continente, isso levaria anos para se concretizar, à custa de muitas mortes, como infelizmente está a ocorrer. E, ao contrário de sua propaganda, não é assim tão intolerante com a corrupção, como mostra esse contrato suspeito para a vacina indiana. Felizmente, o instinto de preservação, mais do que a decência, os obrigou a suspender esse contrato. 

Penso que a monarquia seria uma forma de governo adequada para este país, como defendem alguns, inclusive os filhos do presidente. Ela poderia estabelecer um novo meio de vida para toda essa gente. Mas a monarquia deve se fazer presente, para a moralização dos costumes, que estão muito dissolutos. Ela se mostrou viável no tempo de D. Pedro II, e creio que um hipótetico futuro imperador deva se inspirar nele. E não deve temer o uso do Poder Moderador, para afirmar a autoridade da Coroa. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário