terça-feira, 17 de agosto de 2021

Da série "Filósofos estudam o Brasil", parte 12

Jean Jacques Rousseau (1712-1778) é um pensador genebrino (nascido em Genebra, na Suíça) muito estudado devido à sua concepção considerada inovadora sobre a educação e a política. Ele defende, em suas obras como Julie ou A Nova Heloísa, O Contrato Social e Émile, temas debatidos até hoje, como a emancipação feminina, a reforma da sociedade e novos métodos educacionais. Suas obras prenunciam o movimento romântico, numa época onde se valorizava a racionalidade aos moldes do pensamento dos antigos gregos (o chamado classicismo). Defendeu os princípios de igualdade, liberdade e fraternidade, sendo o precursor direto da Revolução Francesa, iniciada 11 anos após sua morte. 

Para Rousseau, o homem nasce livre e a sociedade o corrompe. Esta ideia tornou-se um lugar-comum ao longo do tempo, assim como as outras. Para ele, é necessário valorizar e trabalhar os dons naturais, e não cerceá-los com as regras impostas pela sociedade. Nas comunidade mais primitivas, o homem vivia de acordo com a natureza (o "bom selvagem"). mas para desenvolver-se em meio mais sofisticado, ele deve renunciar à sua inocência e pureza, numa espécie de "contrato social" nos moldes de Thomas Hobbes e John Locke. 

Jean-Jacques Rousseau, por Allan Ramsey (1766)


O filósofo também era um crítico musical de destaque, participando da Encyclopédie não por suas teorias políticas, mas por suas críticas à música francesa da época, marcada pela influência de Jean-Philippe Rameau (1683-1764), seu contemporâneo e alvo de censuras, autor de Traite de l'harmonie

Ele transitaria facilmente nos círculos universitários do Brasil, por ser muito estudado e defendido. Se vivesse por aqui, teria defendido os movimentos sociais, alimentados pela desigualdade e pela ignorância. O Brasil seria um grande objeto de estudo por parte dele, onde a liberdade é posta em questão (ainda mais em tempos de pandemia), a igualdade não existe e a fraternidade é vista como utopia em um ambiente tão desprovido de recursos e tomado pela violência e pela corrupção. Também estaria a debater sobre os métodos educacionais, à maneira do que defendeu em Émile, mas também seria amplamente contestado, mesmo pelos meios chamados "progressistas", pela sua concepção romântica sobre a bondade natural. Certamente seria taxado de "comunista" e "anarquista", e perseguido tal como foi em sua época. Karl Marx e os revolucionários do século XIX também basearam seus ideais no rousseaunismo. 

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