Estamos tão enfurnados em nossas bolhas sociais que nos ofendemos com qualquer ideia discordante da nossa. Temos extremistas de direita, de esquerda e até de centro, ou seja, aqueles que pregam cadeia tanto para "fascistas" quanto para "comunistas". Esse fenômeno está gerando pessoas odiáveis por diversos espectros ideológicos, verdadeiras "Genis", párias políticos, pontos de concordância entre inimigos.
É o caso do jornalista Glenn Greenwald. Ele é odiado por homofóbicos por ser gay, por "direitistas" devido ao relacionamento com um "esquerdista", por "esquerdistas" ao não seguir seus paradigmas e defender o direito de Trump e outros "reacionários" se exprimirem, por bolsonaristas devido à sua agenda progressista (sendo apelidado, por escárnio, por uma "tradução" de seu nome para o português: "Verdevaldo") e, paradoxalmente, por antibolsonaristas ao dizer que Alexandre de Moraes tem poderes ditatoriais e está abusando de sua autoridade no caso dos manifestantes anti-Lula e mesmo dos vândalos de 8/1. Defensores da Operação Lava Jato lembram de seu envolvimento na "Vaza Jato", um escândalo que destruiu a credibilidade da Força Tarefa que investigava o maior esquema de corrupção do país, enquanto os maiores inimigos da antiga operação, os petistas, passaram a vê-lo como um persona non grata ao fazer críticas ao petismo, principalmente após a aliança Lula-Alckmin, e defender Ciro Gomes na campanha de 2022.
Glenn Greenwald foi agredido por Augusto Nunes e agora é atacado por Felipe Neto, mas sempre exerceu o direito de se expressar (Gustavo Bezerra/Divulgação/JC) |
O americano é considerado um "idiota útil" a serviço do bolsonarismo e do trumpismo por uns, e do globalismo e ativismo ambiental por outros. Ou simplesmente como um canalha. Ele é acusado de ter visões míopes sobre o Brasil, e muitas vezes os acusadores demostram cegueira ideológica pior.
Pode-se acusar Greenwald de tudo desde que se tenha provas contra ele, mas não se pode persegui-lo ou destruí-lo por exprimir seus pontos de vista como qualquer pessoa livre. Não estamos mais em épocas onde certas pessoas podem ser agredidas por qualquer pretexto, como os Homo sacer ("Homens sagrados") segundo o direito romano ou os judeus na Europa medieval ou na Alemanha nazista (*). Ou estamos?
(*) N. do A.: O blog ainda vai tratar do "Homo sacer", aquele que podia ser perseguido, agredido ou mesmo morto de acordo com os costumes do antigo Império Romano. Fenômenos semelhantes ocorreram em determinadas civilizações, e podem vir a ocorrer, o que seria atualmente considerado odioso.
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