terça-feira, 30 de junho de 2015

Negociações da Grécia fracassam

Como era esperado, o governo grego não cumpriu suas promessas de pagar 1,6 bilhão de euros para os credores, por intermédio do FMI. 

Parte da imprensa chegou a dizer que é o primeiro país desenvolvido a aplicar o "calote" neste século. Equivocam-se: a Grécia nunca foi um país desenvolvido. Está mais para o "terceiro mundo", a periferia da Europa, cuja economia sempre foi bastante frágil, sustentada pela agricultura e pelo turismo. Pelo menos no pós-guerra a miséria não era um problema sério, mas o poder aquisitivo da população é bastante baixo, se comparado ao de grandes países do continente, como Alemanha, França e Reino Unido.

Piorando este cenário, os gastos públicos eram excessivos, e pioraram quando o salário do funcionalismo não foi adaptado à realidade quando a dívida pública explodiu. Recentemente, em 2009, segundo a BBC, existe um déficit público de 13,6%, ou seja, gasta-se bem mais do que se arrecada, isso quando a situação do país ainda podia ser considerada administrável.

Muitos analistas consideraram desastrosa a eleição de Alexis Tsipras, um socialista radical (para os padrões europeus) com discursos anti-austeridade que fizeram o país ser tratado como pária internacional, pelo menos na economia. As agências de risco castigam a velha nação com severidade espartana: a Standard & Poor's dá nota CCC-, quarta menor nota da escala, aos títulos soberanos. Hoje, outra agência, a Fitch, rebaixou a nota para CC, terceira menor nota de sua escala,

Para os gregos, porém, a situação estava além do suportável. Tiveram de enfrentar um dilema: seguir as instruções do FMI e dos parceiros europeus e enfrentar escassez e penúria, ou apoiar Tsipras para tentar romper essa tutela - e seguir caminho incerto. A segunda opção venceu.

Os europeus temem pelo futuro do Euro, a sua moeda. Caso Atenas determine a volta da dracma, a antiquíssima moeda local, haverá a possibilidade das economias mais fracas (Portugal, Irlanda) tentarem fazer o mesmo, acabando com o sonho de uma Europa com uma divisa comum. De certa forma, porém, esse medo não chegou a afetar severamente o movimento das bolsas. Na Europa, as baixas foram relativamente moderadas - apenas Paris e Frankfurt tiveram baixas iguais ou superiores a 1,5% - enquanto alguns índices na Ásia e a Bovespa chegaram a ter alta, embora bem modesta - no caso da Bolsa de São Paulo, foi de 0,13%.

Por enquanto, a nação onde a mais famosa das mitologias floresceu parece que irá para uma espécie de Hades econômico, e sofrer anos de tormentos.

O destino econômico da "mãe da civilização ocidental" parece cada vez mais com Caronte, o barqueiro que leva os mortos para o Hades

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Dilma vai aos Estados Unidos

Nossa presidente foi aos Estados Unidos para, oficialmente, tentar ampliar os investimentos da grande potência ocidental no Brasil, e negociar acordos comerciais que compensem os atos protecionistas dos dois países. 

Segundo o Estadão, ela, Joaquim Levy, Nelson Barbosa (ministro do Planejamento) e Jacques Wagner (ministro da Defesa), irão participar de acordos envolvendo meio ambiente, ensino profissionalizante e abertura do mercado americano à carne bovina. No ano passado, míseros US$ 95 mil foram para os cofres dos pecuaristas devido às vendas para os americanos. 

Aparentemente o episódio da NSA e Edward Snowden, que abalou as relações bilaterais em 2013, parece superado. Ela vai se encontrar com o seu colega, Barack Obama, amanhã, durante um jantar. Hoje, chegou a ter um rápido encontro com nada menos que Henry Kissinger, o ex-secretário de Estado, atualmente com 91 anos, e o magnata Robert Murdoch, dono da Fox. Esses dois nomes são considerados "direitistas" demais para o gosto dos petistas (e mesmo de muitos "progressistas" brasileiros que não flertam com as ideias de Marx). 

Parece um surto de liberalismo, mas ela mostrou seu lado ex-guerrilheiro ao falar sobre Ricardo Pessoa, da UTC, e sua delação feita há alguns anos, denunciando Lula e Dilma por receberem caixa-dois da empreiteira. Chegou a comparar o executivo com Joaquim Silvério dos Reis. "Eu não respeito delator", teria dito a presidente. Nem Pessoa é Silvério, e nem Dilma pode ser comparada a Tiradentes. O "mártir da Inconfidência" protestou contra os impostos excessivos na capitania de Minas Gerais, no fim do século XVIII, gastos por uma corte corrupta e perdulária em Lisboa. No começo do século XXI, Dilma é responsável justamente por impor tributos que fariam a Coroa portuguesa parecer uma "santa mãe" para o Brasil colonial. E os corruptos nobres portugueses do passado, ávidos por influência e luxo, seriam monges diante da "corte" petista.

Espera-se que a visita aos Estados Unidos não seja lembrada apenas por este pronunciamento, e sim pelos acordos comerciais que significariam investimentos e quebra da resistência americana aos produtos brasileiros, além de relações econômicas mais maduras e mais justas. 

sábado, 27 de junho de 2015

Seleção repete 2011 e futebol brasileiro confirma fama de decadente

Esta Copa América acaba com todas as ilusões acerca da Seleção bancada pela CBF, considerada uma das mais deficientes de todos os tempos.

Ela é vista como um grupelho de jogadores supervalorizados, mimados, ávidos mais por dinheiro do que por gols e vitórias, sem identificação com a torcida por jogarem em clubes europeus (na maioria dos casos), deslumbrados por redes sociais e os confortos da tecnologia e do luxo, financiados por empresários influentes e comandados por um técnico sem qualidades. 

Dunga, o técnico, não deu a devida importância ao torneio, priorizando as Eliminatórias. Mas não convenceu a torcida a respeito, ainda mais devido a declarações que o tornam alvo de gozações, como "sofrer" como um "afro-descendente" (como se os negros fossem masoquistas) e, após o resultado de hoje, culpar uma suposta virose responsável pelo mau desempenho dos jogadores.

Esse resultado foi a eliminação do seu time para o Paraguai pela segunda vez seguida na Copa América (a primeira foi em 2011, como registrei em uma postagem), e mais uma vez na disputa de pênaltis, após Robinho marcar e Gonzales empatar graças a outro pênalti inaceitável cometido por Thiago Silva, o mesmo cometido na Champions League contra o Chelsea, jogando pelo Paris Saint-Germain. 

Desta vez o zagueiro não conseguiu consertar a sandice e nem foi escolhido para bater os pênaltis, lembrando o dramalhão das oitavas-de-final na Copa do Mundo. Fernandinho, o capitão interino Miranda e Philippe Coutinho foram lá e, ao menos, fizeram (ao contrário dos cobradores de 2011, entre eles o próprio Thiago). Everton Ribeiro, que substituiu Robinho no final, desperdiçou, assim como Douglas Costa, em alta por ter conseguido a proeza de ser contratado pelo gigante Bayern de Munique, devido à influência de seu empresário, cujo nome é inexplicavelmente omitido nas notícias sobre o jogador. Pela forma com que cobrou o penal na disputa de hoje, Costa poderá dar muita dor de cabeça a Pepe Guardiola, talvez mais do que Dante. 

Douglas Costa perdeu um dos dois pênaltis que custou a desclassificação da Seleção amarelona (Marcelo Machado de Melo/Lancenet)

Com isso, a Seleção voltou a ser alvo de piadas e sátiras, tal como naquele 8/7. Dependente demais de Neymar, um grande jogador mas sem maturidade suficiente, eles mostraram ser mais um amontoado de jogadores supervalorizados do que um time. Já conseguiram ficar fora da Copa das Confederações. A probabilidade de também ficarem fora da próxima Copa do Mundo já não era pequena, e agora cresceu bastante. Para piorar, vão passar dois jogos das eliminatórias sem seu melhor jogador. 

É triste constatar, mas o Paraguai poderia até ter vencido no tempo normal, devido à falta de empenho do time amarelo, não fosse a boa atuação do goleiro Jefferson. Se o Brasil vencesse esse jogo, talvez fosse humilhado pela Argentina de Messi, Di Maria, Agüero e Mascherano. 

Tudo tem seu começo, seu auge e sua decadência. O futebol brasileiro não foge disso. Nosso povo terá de se acostumar com esse novo status, e empregar sua atenção a causas mais importantes, como a ética na política, a melhoria nas nossas deficiências crônicas como nação, e a falta de ambiente propício para o adequado desenvolvimento do esporte em geral. 

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Nem só a violência marcou o dia

Porém, outros assuntos tiveram tanta importância quanto as carnificinas promovidas por pretensos seguidores de Alá dispostos a colocar a existência da humanidade em xeque para garantir o lugar de alguns ao paraíso das 72 virgens. 

Uma decisão da Suprema Corte americana está longe de representar uma ameaça para o mundo, ao contrário do que pensam os fundamentalistas, tanto os cristãos quanto os muçulmanos: agora, em todo o território norte-americano, não é mais proibido celebrar uniões civis entre pessoas do mesmo sexo. A militância LGBT em todo o mundo, e não só nos Estados Unidos, comemorou. 

No Vaticano, o papa está preocupado com o tema, mas teve de lidar com outra questão: foi assinar um acordo para garantir os direitos da Igreja Católica nas terras palestinas. Sua Santidade tratou a Cisjordânia como parte de um país soberano, preocupando Israel, que tem relações dúbias com a Santa Sé, principalmente após o reconhecimento da soberania palestina em 2013. 

Aqui no Brasil os advogados da Odebrecht, da Andrade Gutierrez e outras grandes empreiteiras estão se empenhando para denunciar os supostos abusos do juiz Sérgio Moro, que mandou prender os presidentes dessas construtoras. É certo que as ações da Polícia Federal precisam, sim, seguir a lei e garantir amplo direito de defesa para os presos, cujas acusações nem foram formalizadas. Por outro lado, a opinião pública já está farta de tanta roubalheiras e ações promíscuas entre o poder político de Brasília (e outras grandes cidades) e o poder econômico das empreiteiras. Isso explica, mas não pode justificar, o respaldo a eventuais abusos cometidos por uma PF que quer mostrar serviço diante da população. 

Estas questões disputam a atenção da imprensa e da opinião pública com outras menos relevantes, como tratar o enterro do sertanejo Cristiano Araújo como um espetáculo doentio das redes televisivas para ganhar audiência, ou se preocupar com a Argentina, que a muito custo, por meio dos pênaltis, conseguiu despachar a Colômbia na Copa América. Dunga ainda tem que acertar o seu time contra o Paraguai antes de pensar nos "hermanos", e tomar mais cuidado com as falas durante as entrevistas, pois afirmar que "apanha" feito um "afro-descendente" põe a Seleção Brasileira ainda mais em descrédito diante dos torcedores. 

26/6/2015 - Um dia terrível para o mundo

O Estado Islâmico e seus seguidores mostraram que são uma ameaça real para o mundo inteiro. Desta vez atacaram, praticamente ao mesmo tempo, cinco lugares. 

Na região de Lyon, leste da França, explodiram uma usina de gás, ferindo duas pessoas e matando uma, mas não devido à explosão, mas por decapitação. François Hollande colocou o país sob alerta máximo. Ainda não há certeza se o Estado Islâmico esteve diretamente ligado a esse crime, mas os quatro atentados seguintes foram de sua autoria. 

Dois deles foram na Síria. Primeiro, o atentado mais violento, em Kobane, cidade curda visada pelos extremistas. 120 civis foram massacrados por criminosos do Estado Islâmico. Em al-Hasakeh, 20 soldados que servem à tirania de Bashar al-Assad foram trucidados por bombas. 

Não muito longe, no Kuweit, uma mesquita xiita sofreu uma explosão causada por um homem-bomba, matando mais de 20 pessoas. O local ficou parcialmente destruído. 

Um dos alvos da brutalidade desmedida do E.I., no Kuweit (AP)

Bem mais próximo da Europa, em Susa, norte da Tunísia (África), um balneário frequentado por europeus foi atacado por um atirador, que matou cerca de 30 turistas, a maior parte deles alemães e britânicos. O governo tunisiano chegou a falar em "estado de guerra". 

Todos esses atos desumanos mostram o potencial destruidor de uma entidade com a qual não se pode nem pensar em dialogar, como sugeriu certa vez a maior autoridade de um país (ainda) não visado por esse gente que julga seguir os ensinamentos de Maomé. 

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Sumiu da TV ?!

De 2014 para cá, a Globo exibia o seu novo logotipo branco, que parece plastificado e não mais metálico. 

Muitos tem notado, porém, que o "Plantão da Globo" com este logotipo é raríssimo. O autor deste blog, por exemplo, nunca viu. 

No intervalo de um ano, houve muitas notícias horríveis e algumas outras ótimas, que justificam a interrupção de um programa para a exibição da amaldiçoada vinheta. Os critérios dependem da emissora. Segundo ela, a última notícia digna de ser mostrada por esse método poderia ser a morte de Cristiano Araújo, um dos representantes da nova geração da música (?) sertaneja (lembrando que hoje é dia de São João, lembrado pelas festas caipiras). 

Nem o acidente com o Land Rover, que virou um monte de ferro retorcido e em decorrência do qual o cantor e sua namorada pereceram, motivou a transmissão da vinheta com o indefectível (e alucinado) toque musical. Assim, mais uma vez a Globo deixou passar a oportunidade de mostrar seu logotipo embaixo da palavra PLANTÃO, talvez porque o fato aconteceu bem no horário do Bom Dia Brasil, por volta das 8h30 da manhã. 

Quando irei presenciar, de fato, essa nefasta criação da Globo?


P.S.: No canal Youtube do Mundo MTV, existe um vídeo bem curto que mostraria uma pequena parte da interrupção na novela atual das nove, Babilônia, para noticiar a morte do filho do governador Geraldo Alckmin, no começo de abril. Não assisti à televisão neste horário. Para ver, clique AQUI

terça-feira, 23 de junho de 2015

Métodos de execução do Estado Islâmico chocam o mundo

Já são notórias as decapitações promovidas pelo Estado Islâmico, um dos grupos terroristas mais perigosos e poderosos do mundo, abastecidos pelo petróleo na Síria e no Iraque e dotados de uma estranha capacidade de seduzir muitos ocidentais com problemas psíquicos, comportamentais, ou, simplesmente, desprovidos de senso crítico. 

Para impor o terror a todos aqueles que ousam discordar de sua visão distorcida sobre o Islã, eles não se limitam aos cortes de cabeça. Fuzilamentos sumários, enforcamentos, apedrejamentos, são corriqueiros em países islâmicos onde a pena de morte é aplicada, não só nesse território não reconhecido oficialmente por nenhum país (nem mesmo por ditaduras desumanas como as do Sudão, Coréia do Norte e Birmânia).

Os islâmicos extremistas, contudo, não se contentam com isso. Recentemente, dois menores de idade foram crucificados apenas por não jejuarem durante o Ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos. Essa prática milenar é feita de propósito, como recado aos cristãos "infieis". Outros métodos considerados indignos de serem aplicados em outras partes do mundo também são usados. Afogamentos, imolações pelo fogo (prisioneiros sendo queimados vivos, como no tempo da Inquisição) e até o uso de explosivos.

Por questões de bom senso e bom gosto, não postarei nenhuma foto ou vídeo com estas execuções. Existem muito disso disponível na Internet, para quem estiver disposto a ver. 

Obviamente, estes procedimentos são para provocar choque no Ocidente e fazer uma pretensa demonstração de força. O pior de tudo é gente que se deixa seduzir por estas práticas. 

Enquanto isso, os líderes dos países demoram a agir, e não conseguem planejar nada de mais ousado e definitivo para erradicar esta ameaça à humanidade. Realmente, não é fácil combater um grupo organizado, numeroso e financiado pelo petróleo. Porém, aumenta a pressão para uma ação mais enérgica contra os que desvirtuam o islamismo para cometerem atrocidades inimagináveis.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Quatro assuntos - e um se destaca

Volto a abordar o que aconteceu nos últimos dias. Desta vez exponho quatro assuntos muito comentados. Um deles é de maior relevância. 

1. A briga entre Silas Malafaia e Ricardo Boechat, marcado por frases agressivas. Revoltado com uma injustificada agressão contra praticantes de candomblé, ferindo com pedradas uma criança de 11 anos, o jornalista, na sexta, acusou os evangélicos de incitarem o ódio. O pastor, no Twitter, escreveu que Boechat estava falando "asneira" ao dizer que os pastores promovem intolerância religiosa. Em resposta, ouviu um "vá procurar uma r***", além de ter sua inteligência questionada e ser chamado de "figura execrável" e "charlatão". Escandalizado, Malafaia disse num vídeo que irá processar o apresentador da Band e que irá "engoli-lo", no sentido de não responder ofensivamente contra os insultos dele. Mesmo assim, questionou o caráter de Boechat lembrando o passado nele no jornal O Globo, onde ele foi demitido sumariamente em 2001. Usuários de redes sociais passaram o sábado a ironizar os contendores e sua falta de compostura. 

2. Como era esperado, a Seleção da CBF se classificou para as quartas-de-final na Copa América, mas com um placar bem pouco chamativo - 2 a 1 - e próprio de um time que, na teoria, estaria quase no mesmo nível do adversário, apenas ligeiramente superior. Não é bem o caso. O time de Dunga foi muito superior ao da Venezuela, mesmo sem Neymar, mas o time não tinha um matador nato como o astro chiliquento, e nem um setor de meio de campo que pudesse ligar com velocidade a defesa ao ataque. Um dos gols, o segundo, foi do preferido de Dunga, Roberto Firmino, mas o outro foi de um zagueiro, o famigerado Thiago Silva, ex-capitão da Seleção que não herdou a braçadeira do ex-santista - ela foi parar nos braços de Miranda, considerado mais equilibrado emocionalmente. Para piorar, o técnico inventou a bizarrice de colocar QUATRO defensores centrais - David Luiz e Marquinhos - para se juntar aos outros dois. Apesar do cabeludo fazer o papel de volante e o ex-corintiano de lateral-direito, os torcedores não engoliram essa experiência. E os venezuelanos, ao invés de se intimidarem, avançaram e fizeram um gol, com Fedor, mostrando que a invencionice foi um fiasco. A Seleção amarela vai jogar sem credibilidade contra o Paraguai nas quartas, um adversário bem mais perigoso e conhecido. Pode avançar se não houver outras criatividades do técnico. Ou não...

3. Enquanto isso, em São Paulo, houve a Virada Cultural, e ela foi considerada um sucesso. Mais convencional, melhor organizada e com mais segurança, apesar de haver uma ligeira redução no público. Com menos gente e mais polícia, os frequentadores puderam curtir melhor as atrações, como Nando Reis (dos Titãs), Caetano Veloso, Lenine, Edgard Scandurra, Dona Ivone Lara, Daniela Mercury (que teve problemas no playback, recurso usado com mais frequência atualmente mesmo entre os cantores profissionais) e Erasmo Carlos. Houve artistas de rua, crianças (a Viradinha), orquestras, mostras de filmes, e homenagem a Inezita Barroso. E também os velhos problemas dos banheiros químicos, sempre insuficientes e em condições deploráveis. Houve incidentes isolados, como a venda de drogas e algumas prisões, e não houve crimes violentos dentro da área. 

4. Mais importante do que todos os anteriores, saiu o resultado do Datafolha sobre a popularidade da presidente Dilma Rousseff. Para o desalento dela, os números refletem bem o descontentamento da população. Somente Fernando Collor foi tão impopular. 

Ver a reportagem AQUI

Até mesmo o Nordeste, tão querido daqueles que se apossaram do governo, reprovou Dilma com "louvor". 58% consideram a gestão presidencial ruim ou péssima e somente 14% consideraram a presidente boa ou ótima. No Sudeste, a reprovação é de 69%, e no Centro-Oeste, chegou até a ser um pouco pior: 70%, mas com maior índice de ótimo ou bom (9% contra 7% no Sudeste). Na faixa etária entre 15 e 24 anos, está a menor reprovação (58%, contra 70% da faixa seguinte, de adultos jovens até 34 anos, os mais críticos do governo), mas apenas 8% da moçada ainda dá confiança à presidente. Houve pouca variação entre as faixas de escolaridade, sendo os índices de reprovação bastante significativos mesmo entre os menos instruídos. 

Média da popularidade de Dilma desde 2012 (Datafolha)

Desemprego, inflação alta, recessão, violência e juros assustadores formam um cenário propício para tamanha resposta ao governo petista de Dilma. Ela e seus companheiros já mostraram ter um repertório limitado para responder aos anseios da população, como as manifestações demonstraram. A prisão de Marcelo Odebrecht, que pode resolver contar alguns fatos comprometedores contra a presidente e o mentor desta, Lula, pode fazer o clima ficar ainda mais quente neste inverno. 


P.S.: Existem notícias igualmente interessantes, porém não tão comentadas, como a derrota, no sábado, da seleção sub-20 para a Sérvia por 2 a 1 e a desclassificação da Seleção feminina para a Austrália na Copa do Mundo do Canadá, mesmo com participação de Marta. As australianas fizeram um gol e as brasileiras nem deixaram suas marcas.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

O que é mais inacreditável

Prender dois presidentes das maiores construtoras do Brasil - a Andrade Gutierrez e a Odebrecht - acusadas de acumular contratos de quase R$ 30 bilhões com a Petrobras entre 2004 e 2014?

ou

Neymar pegar quatro jogos de suspensão na Copa América, muito provavelmente estendido para a temporada 2016 nos Estados Unidos, porque a Seleção está péssima com ele e terrível sem ele, com possibilidade até de perder da Venezuela. O atacante mostrou um descontrole emocional espantoso, mesmo sabendo que ele é muito visado pelos adversários e mal visto pelos árbitros.

ou

Dilma ficar irritada com os aliados venezuelanos, devido a outra atitude insólita: a dos oito parlamentares de oposição que se aventuraram no país vizinho para, segundo eles, prestar solidariedade aos presos políticos da ditadura madurista, e foram agredidos.

ou

A tirania norte-coreana ter posse da cura para a AIDS, o Ebola e a MERS (Middle Eastern Respiratory Syndrome), doença respiratória parecida com uma gripe que já matou 23 pessoas no país vizinho e inimigo, a Coréia do Sul.

ou

Achar que o Brasil vai manter a nota do "rating" soberano dada pela Moody's, atualmente em Baa2, diante de um cenário hostil ao progresso, com inflação alta e recessão. É mais fácil a agência de risco diminuir a nota em dois degraus, rebaixando o país à categoria de "nível especulativo".

quinta-feira, 18 de junho de 2015

As más notícias da semana

Mais notícias amargas nesta semana deixam o mundo em geral e o Brasil em particular mais angustiados. 

Não dá para especular como ficaremos no final deste ano, mas ele já acumula tantas más notícias que tudo poderá acontecer. Não se pode descartar nada. 

Na Grécia, o risco do país ficar com a economia parecida com as ruínas de sua capital, com a possível saída da zona do Euro. Na mesma Europa, navios de guerra foram deslocados para o Báltico, e a Rússia ameaça com mísseis nucleares. 

Um atirador matou nove pessoas em uma igreja gospel em Charleston, Carolina do Norte. Embora a questão fosse tratada como crime de ódio racial, pois todas as vítimas eram negras, é mais um caso de massacre provocado por uma pessoa sem a mínima condição de estar em liberdade, devido à sua deteriorada condição psicológica. Provavelmente irá enfrentar o corredor da morte. 

No Brasil, Dilma é convocada para explicar as manobras para gastar NOSSO DINHEIRO como ela achava que devia, apesar das restrições impostas pelos Orçamentos. São as chamadas "pedaladas fiscais", um golpe contra a nossa economia e nosso povo. Por isso, ela está mais próxima de sofrer um processo de impeachment, embora as chances disso acontecer permaneçam reduzidas. 

Enquanto isso, senadores de oposição que visitaram a vizinha Venezuela, entre eles Aécio Neves, foram agredidos por simpatizantes de Nicolas Maduro. Cercados e recebidos a pedradas, algo mais próximo de uma torcida organizada tratando os inimigos do que um tratamento adequado a autoridades de outro país, eles tiveram de voltar. Estavam lá em solidariedade aos políticos presos a mando do regime madurista-bolivariano. Até mesmo Dilma chamou o chanceler em Caracas para esclarecimento, não por vontade própria, mas porque os chefes do Legislativo a obrigaram.

Nada disso, porém, causou mais comentários, pelo menos por aqui, do que a derrota da Seleção Brasileira, a primeira da nova era Dunga, para a Colômbia na Copa América. Isso até era esperado, devido à qualidade dos nossos jogadores. Até mesmo Neymar jogou mal, e ainda perdeu a cabeça com os colombianos. Parte desse destempero emocional foi provocado pelas denúncias contra ele e seu pai envolvendo a sua venda ao Barcelona, lesando o Santos e um dos grupos que empresariaram o atacante, a DIS. Por agredir Armero, e se envolver em briga com Bacca, o topetudo foi expulso e poderá desfalcar o time pelo resto do campeonato, caso o time de Dunga consiga algo cada vez menos certo: chegar às finais da Copa América.



P.S.: as meninas do futebol amenizaram a sensação de decadência do esporte no país, ao vencerem a Costa Rica e se classificarem para as oitavas-de-final na Copa do Mundo feminina, no Canadá; o placar foi modesto: 1 a 0, gol de Raquel, mas era compreensível: as principais estrelas do time, Marta e Formiga, estavam no banco. 

terça-feira, 16 de junho de 2015

Apresentadora de telejornal cumpre uma promessa

Vou dar um tempo nos assuntos mais sérios e abordar uma apresentadora venezuelana que virou motivo de comentários ao falar sobre a Copa América. 

Yuvi Pallares, apresentadora do telejornal com o sugestivo nome de "Desnudando la notícia", prometeu tirar a roupa se a Venezuela ganhasse da Colômbia. Este resultado, muito pouco provável, pois o time venezuelano é muito limitado e o colombiano possui estrelas como James Rodriguez, Falcão García,Téo Gutierrez, Cuadrado, o famigerado Zuñiga da joelhada e o folclórico Armero. 

Pois bem, a zebra aconteceu: a Venezuela venceu por 1 a 0, gol do atacante Rondón. Os astros colombianos passaram em branco. 

Devido a esse resultado, ela teve de cumprir a promessa. 

O vídeo está "censurado", mas dá para imaginar a cena. Para assistir, clique em: 


 Yuvi Pallares, a estrela da TV venezuelana (Divulgação/Youtube)

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Faz dois meses que o povo foi à rua

No dia 15 de março de 2015, milhares de pessoas protestaram contra a corrupção e os desmandos do governo. Eram cidadãos exercendo seu direito de se manifestar, por mais ética na política. 

Aconteceu há dois meses. Logicamente, é um tempo muito curto para se mudar algo. 

Não houve quebra da normalidade institucional, como alguns queriam: nada de intervenção militar ou prisão para Dilma. Por outro lado, as reformas políticas exigidas pelo povo na rua parecem não atender aos anseios de muita gente: o voto permanece obrigatório e o sistema de eleições continua a ser proporcional. 

Há fortes indícios de retrocesso, como a volta da CPMF, que não cumpriu sua função de ajudar a custear a saúde pública. Pessoas morrem nos corredores dos hospitais não por causa do fim do tal "imposto do cheque", mesmo porque durante a vigência do tributo as condições não eram nada melhores, mas devido à crônica incapacidade de destinar as verbas da saúde ao atendimento da população. O governo ainda será objeto de escândalo e a ser alvo da justa ira popular enquanto não tratar do assunto com mais seriedade. 

Uma das causas do descontentamento, o mau desempenho da economia, está longe de ser resolvida, embora o governo tenha lançado um ambicioso pacote para modernizar os portos, as rodovias e as ferrovias. Tudo isso tem potencial, mas só merecerá elogios quando as intenções se transformarem em realizações. Uma dessas obras tem mais valor político para os ideais do PT e seus aliados bolivarianos do que benefício para a nação: a ferrovia que liga o Atlântico e o Pacífico, com capital chinês. 

Pelo menos houve maior resistência às vontades do governo, por parte do Legislativo, mas não vem da oposição (PSDB, DEM), mas de parte do PMDB, liderada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Eles aproveitaram o descrédito do governo para se imporem, bloqueando boa parte dos projetos petistas. Estão criando mais dificuldade agora do que os tucanos e os "democratas" durante toda a gestão da estrela vermelha. 

Por enquanto, nem o governo, nem a oposição, e muito menos o PMDB, estão agradando a quem saiu às ruas naquele dia 15 de março. Novos protestos ainda virão, e eles terão de continuar até o país retomar o caminho do desenvolvimento social e econômico, e um controle bem mais eficaz do que se faz com o NOSSO DINHEIRO, arrecadado por meio de impostos gastos de forma atroz, desde o tempo das caravelas. 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

STF diz sim às biografias "não autorizadas"

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal liberou a publicação de biografias não autorizadas. 

Apesar da pressão exercida por Antônio Carlos "Kakay", advogado de Roberto Carlos, um dos interessados em manter a proibição, os ministros rejeitaram o argumento, por entenderem, com sabedoria, que pedir autorização do biografado para publicar é uma censura prévia. 

Carmen Lúcia fez questão de reforçar os termos da Constituição sobre liberdade de expressão e veto a qualquer tipo de censura. Segundo ela, se alguém se sentir ofendido com alguma obra literária, poderá acionar a Justiça. 

Marco Aurélio Mello, por sua vez, comparou as biografias ditas autorizadas com "publicidade". 

Assim, o Judiciário deu uma lição a todos aqueles que, sob pretexto de defender os direitos dos biografados, violam as liberdades públicas garantidas pela Carta Magna. Mostrou estar sincronizado com as ideias modernas, ao contrário do Legislativo, mais exatamente a Câmara, cujo trabalho pela reforma política está mais para um retrocesso político, ao manter o voto obrigatório (uma aberração que não existe nos países verdadeiramente democráticos), diminuir a idade mínima de um senador para 29 anos (possibilitando a filhos de caciques políticos serem eleitos mais facilmente para a "casa alta" do Congresso) e estabelecer as seguintes regras para a vigência do mandato de 5 anos para todos os cargos eletivos sem direito à reeleição: 

- em 2018 os mandatos de deputados, governadores e o presidente da República serão de quatro anos; só em 2022 passarão a ser de cinco anos; 

- para senadores, os eleitos em 2018 terão NOVE e não oito anos de mandato (o eleitor deve ter MUITO CUIDADO ao votar em um senador nesse ano);

- já os prefeitos e vereadores podem ter ou não cinco anos de mandato em 2016, dependendo da vigência da lei, que deve ser neste ano; caso isso acontecer, algo pouco provável, teríamos quatro anos sem eleições e dois anos seguintes de eleição, pois elegeríamos um presidente em 2022 e um prefeito em 2021. Em 2023, 2024 e 2025 não haveria pleito, o que, em termos de democracia, é algo terrível; mesmo se a regra não valer para 2016, elegeríamos um prefeito em 2020, e a partir daí dois anos não serão de eleições (2023 e 2024). 

O Judiciário cumpriu seu papel de defender as liberdades dos cidadãos, ao permitir as biografias não autorizadas. A Câmara, com esta "reforma política" cheia de erros, está ameaçando as mesmas liberdades. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Tumulto atrapalhou a votação sobre maioridade penal

Durante a votação dos deputados sobre a maioridade penal, manifestantes contrários à mudança protestaram e gritaram palavras de ordem, e foram expulsos do plenário da Câmara inclusive com o uso de gás de pimenta. 

A maioria dos manifestantes é pertencente ao movimento estudantil, que representa uma parte do pensamento dos jovens, os mais alinhados com as ideias do PT e dos partidos ditos "de esquerda", que veem na redução da maioridade penal para 16 anos como um ato anti-democrático, de acordo com a visão deles sobre a democracia. 

Foram, de certa forma, estimulados a agir por alguns parlamentares. Muitos defensores da mudança, entre os quais o relator da proposta, deputado Laerte Bessa (PR-DF), perderam a paciência e chamaram a polícia. 

Bessa defende a punição para todos os crimes cometidos por maiores de 16 anos, e não só os mais graves, como assassinato, latrocínio e sequestro. Muitos querem a punição apenas para estes casos, por temerem que, sem reformas no sistema carcerário, os menores infratores acabem tendo ainda mais oportunidades para aprender com os mais velhos nos presídios. 

Trata-se de um assunto delicado que acaba despertando reações emocionais tanto dos contrários à mudança quanto os favoráveis a ela. Por isso, a presença de manifestantes no plenário, e não do lado de fora do Congresso, foi uma temeridade. O uso de gás de pimenta pelos policiais também foi um excesso condenável, ainda mais porque esse tipo de arma tem o potencial de prejudicar a todos dentro do recinto, e não só os responsáveis pelo tumulto de hoje. Isso acabou por atrapalhar a sessão, que teve de ser interrompida. A votação irá continuar apenas na próxima quarta, dia 17. 

terça-feira, 9 de junho de 2015

Da série 'Mondo Cane', parte 39

Aos apreciadores de "tofu", a massa feita a partir do leite de soja também conhecida como "queijo de soja", um alerta: se comerem demais este alimento e não se hidratarem, verão o que irá acontecer!

Aconteceu na China. O homem que teve de arcar com as consequências do excesso de "tofu" acabou indo para o hospital extrair QUATROCENTAS E VINTE PEDRAS. 

 ECAAAAAA!!!! 8-P (Reprodução/Youtube)

Para chegar a isso o cidadão teria de se empanturrar do alimento em cada refeição.

Segundo consta, o "tofu" tem substâncias insolúveis que geram pedras nos rins, principalmente sulfato de cálcio. Se consumido sem exageros, o produto de soja é saudável por conter proteínas e outros nutrientes essenciais.

Para ler mais, clique AQUI

Pior do que ler essas notícias bizarras, só mesmo aquelas envolvendo o ex-dirigente da Fifa no Caribe, Jack Warner, que teria desviado a ajuda da Fifa em dinheiro para as vítimas do terremoto do Haiti, ou então as vítimas de estupro coletivo no Piauí. É ainda mais repugnante do que assistir a uma cirurgia para retirar aquelas pedrinhas no rim do chinês.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Breve comentário sobre as frases envolvendo Judas, Cristo e Levy

Dilma aludiu à prática dos críticos do governo, tanto os movimentos sociais quanto os empresários e a oposição, de fazer críticas severas (algumas justificadas, outras puramente oportunistas), tratarem o ministro da Fazenda Joaquim Levy como "judas". 

Michel Temer aproveitou a fala da presidentA e "blasfemou", dizendo que Levy tem de ser tratado como "Cristo", comparando o sacrifício pelo ajuste fiscal com o de Jesus, vítima da crucificação para, segundo boa parte das religiões cristãs, salvar a humanidade. 

Joaquim Levy não deve ser tratado como um nem como outro. Precisa, sim, ser tratado como ele é: um ministro da Fazenda, cujas decisões afetam severamente a economia do nosso país e devem ser motivo de elogio, quando são acertadas, e serem combatidas, quando lesam a sociedade.


P.S.: Jesus já foi profanado no último domingo, quando uma transexual foi vista amarrada numa cruz durante a última "Parada Gay". Os evangélicos, e não só eles, ficaram escandalizados. Marco Feliciano, que adora polemizar com os militantes da causa LGBT, chamou o episódio de "cristofobia". 


sábado, 6 de junho de 2015

Barça confirma o favoritismo, e Neymar se consagra

Mais uma postagem sobre o futebol, esse esporte desacreditado que ainda sofrerá grandes estragos por conta do escândalo envolvendo Joseph Blatter e os altos executivos da Fifa. Desta vez, porém, nada de escândalos. 

Na grande final da Champions League 2014-2015, disputada em Berlim, venceu o Golias catalão, o Barcelona, contra os Davis italianos, a Juventus, grande zebra alvinegra. Isso era previsível. Digna de nota, porém, é a capacidade dos italianos de jogar de igual para igual, contando com Carlitos Tevez, Morata (ex-Real Madrid), Pogba, Pirlo e, principalmente, o goleiro Buffon, que evitou uma vitória mais fácil do temível rival. 

A Juventus começou não como uma zebra, mas como outro animal listrado (um tigre) para cima do Barça. Chegaram a assustar bastante a zaga azul-grená, mas eles reagiram, e Rakitic acabou com a alegria dos italianos, aos 3 minutos de jogo. No resto do primeiro tempo, houve um equilíbrio de forças, com o Barça tendo dificuldades, já que o rival não se entregava e conseguia anular a pressão. No segundo tempo, os efeitos da "Vecchia Signora" foram recompensados, e Morata empatou, aproveitando passe de Tevez. 

Houve ainda um lance polêmico, onde Daniel Alves teria feito pênalti em Pogba. O juiz turco Cüneyt Çakir não marcou, para despertar a ira da torcida italiana no Olympiastadion. A resposta do Barça veio com Messi e Suárez. Este último deixou os italianos ainda mais "mordidos" com seu gol. 

Mesmo assim, nada arrefecia a garra da Juve, que jogava com vontade e, às vezes, com agressividade, caçando Suárez e, às vezes, os seus companheiros de ataque. Tentaram pressionar para o empate, mas quem marcou, nos acréscimos - 1 minuto a mais do que os 5 minutos adicionais - foi justamente quem mais os brasileiros queriam ver brilhar: o único dos craques da Seleção Brasileira, Neymar. Após fazer um gol bem anulado por ser parecido demais com "la mano de Dios", ele marcou outro, desta vez legal, bem no finalzinho. 

Dessa forma, o Barcelona coroou uma excelente temporada, ganhando, além do Campeonato Espanhol e a Copa do Rei, o troféu da Champions League, a maior disputa do planeta. E Neymar conseguiu um feito: passou a ser um dos raros brasileiros a conquistarem tanto a taça da Libertadores (2011, com o Santos) quanto a da Liga (2015, agora pelo Barcelona). 

Messi não fez o seu gol na grande final, mas não deixou de colaborar na grande conquista. Ao fundo, um dos grandes protagonistas da conquista - Neymar (Lluis Gene/AFP)

O ex-menino da Vila sabe que tem um caminho muito longo e árduo pela frente, passando pela conquista da Copa do Mundo, cuja oportunidade foi "jogada no lixo" pelo 8/7. Isso, todavia, não depende só dele e sim de seus companheiros do time canarinho da CBF - que nem de longe possuem a mesma credibilidade e qualidade. Nenhum de seus pares pode ser comparado a Messi. Nem a Suárez, Iniesta e Xavi, que vai deixar o time aos 35 anos após ter a honra de ser o primeiro a erguer a taça "orelhuda" hoje, como capitão. Outro que pode deixar o clube é o brasileiro Daniel Alves, veterano do time e integrante das equipes campeãs de 2009 e 2011, mas cujo desempenho na Seleção foi muito aquém, a ponto de ser lembrado pela torcida brasileira apenas pelos visuais extravagantes.

Esta foi a primeira Champions conquistada não só pelo "topetudo", mas também por quem fez os gols pelo Barça na grande final: Rakitic e o "vampiro" Suárez.  

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Comparação pertinente


Escândalo na Fifa
Escândalo na Petrobras


Denunciado por J. Hawilla, um dos envolvidos
Denunciado por Alberto Youssef, um dos envolvidos


Desvios de mais de US$ 150 milhões
Desvios de mais de US$ 20 bilhões (podem ter chegado a R$ 88 bilhões)


Beneficiavam o presidente, que disse “nada saber”
Beneficiavam a presidente, que disse “nada saber”


Usava consultorias de fachada
Idem


O presidente atual é sucessor de outro acusado de corrupção
A presidente atual é sucessor de outro acusado de corrupção


Opositores tentam se beneficiar politicamente, para tirar Blatter do poder
Opositores tentam se beneficiar politicamente, para tirar Dilma do poder


Alguns membros importantes estão presos (mas não os principais chefões)
Idem


Aconteceu em uma empresa
Aconteceu em uma nação


Lesou patrocinadores, torcedores e o futebol
Lesou um país inteiro


O presidente da Fifa renunciou
A presidente do Brasil (ainda) não renunciou


terça-feira, 2 de junho de 2015

Bastou Pelé falar

Pelé falou de Blatter, e por coincidência o dirigente da Fifa caiu. Mais uma para o folclore sobre o "rei do futebol" (Alexander Hassenstein/Getty Images)

Pelé, o melhor jogador da História, também é especialista em opiniões infelizes e palpites fracassados. Ele disse que o Brasil não seria campeão em 2002, a Argentina e a França iriam sobrar na mesma Copa - foram eliminadas na primeira fase - e apostou em uma seleção africana campeã a partir de 1990. Queria aproveitar o ufanismo mal-ajambrado na Copa de 2014 para dizer que o Brasil seria hexa (até esse blog havia "previsto" isso). 

O que ele disse não foi bem um palpite, mas uma opinião. Infeliz, como sempre, que bem reflete sua falta de visão política, bem mais míope do que a visão futebolística ou empresarial. Para ele, Joseph Blatter era a melhor opção porque era o mais experiente. Comparado a um príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein, dentro do quesito "experiência" o "Rei" está certo. O filho do rei Hussein, presidente da Associação de Futebol da Jordânia, é visto por muitos como títere dos dirigentes da UEFA e de alguns representantes árabes. 

Normalmente, as suas opiniões só contribuíram para desmistificar (e, às vezes, comprometer) sua imagem, mas jamais renderam "urucubaca" como seus palpites sobre os jogos, conforme o folclore. Desta vez, parece ser diferente. 

Joseph Blatter, reeleito há menos de uma semana e pressionado pelos dirigentes do futebol, imprensa, patrocinadores, não aguentou e renunciou. 

A gota d'água, diga-se, não foi o apoio de Pelé, mas o envolvimento de seu braço direito, o francês Jérome Valcke, no escândalo. Ontem, foi divulgado um documento de 2007 onde ele atendeu a um pedido de Jack Warner, então vice-presidente da Fifa, transferindo para as contas dele US$ 10 milhões. Warner usou o dinheiro para fazer pagamentos irregulares às federações nas Antilhas (ele é de Trinidad e Tobago, que fica ao sul da região), sob o pretexto de ajudar no desenvolvimento do futebol na região. Em 2004, os antilhanos haviam votado na África do Sul como sede da Copa de 2010. Warner é um dos investigados que não está preso a mando do FBI.

Durante o anúncio da renúncia, Blatter disse que vai convocar novas eleições, a serem realizadas no final deste ano ou começo de 2016. Até lá, ele continua no cargo. O príncipe da Jordânia será um dos candidatos. Michel Platini, o poderoso presidente da UEFA e ex-algoz do Brasil na Copa de 1986, é um dos principais beneficiados pela saída de Blatter, também poderá concorrer após ter anunciado candidatura em 2013 e não se increver no ano seguinte, ou apoiar outros candidatos.  

É o fim de uma administração marcada por escândalos numa das maiores empresas do mundo, exercendo seu poder até sobre os governos (mesmo sendo uma entidade privada) de forma considerada ameaçadora à soberania dos países. Em seu longo período chefiando a Fifa (desde 1998), Blatter expandiu o futebol à Ásia e à Oceania, dando continuidade à gestão de João Havelange, presidente entre 1974 e 1998 e visto também como beneficiário de corrupção, assim como o genro deste, Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e atualmente sob investigação.

Até ontem Pelé dava apoio a "Sepp" Blatter, mas ele pode mudar de ideia quando novas provas de corrupção aparecerem. Enquanto isso, a Fifa irá (ou não) aproveitar a oportunidade para melhorar sua imagem diante dos apreciadores do futebol.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Ataque de passadismo

Já fiz várias postagens sobre a "oitentolatria", ao fazer alusões a uma época onde o Brasil foi golpeado pela hiperinflação, corrupção, isolamento no mundo e uma abertura política "lenta, gradual e segura" que acabou descambando nos governos Sarney e Collor. 

Agora estou pensando em escrever algo sobre os anos 1990, quando o Brasil experimentou um momento de recuperação, com o fim da loucura nos preços, para depois sofrer fortemente a crise financeira mundial de 1997-1998, como parte integrante da chamada "globalização". Aparentemente o povo começou a aprender a exercer sua cidadania, protestando contra Collor, e votando em pessoas com propostas de governo. Só aparentemente, porque ainda apresenta sequelas de um passado paternalista e autoritário, ainda mais porque elegeu Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho, entre outros caciques políticos. 

Muita gente tem saudades daquele tempo. Foram adolescentes naquela época (como eu). Era o tempo da abertura para os importados e passamos a ter contato maior com tecnologia vinda de fora. A Internet começou a surgir. Surgiram modinhas quase tão duvidosas quanto as da década anterior, como os tais "bichinhos virtuais". O rock nacional, predominante na década de 1980, dividiu espaço com o sertanejo e o axé, sem falar em bandas como o Skank, os Mamonas Assassinas e o Nação Zumbi. 

O problema não é só pensar na "noventolatria", mas em outros aspectos de um passado ainda mais distante, os agridoces anos 1970. Há um punhado de pessoas que são adeptas da "setentolatria" (e não são aqueles lunáticos defensores da ditadura militar, que mandava e desmandava no Brasil naquela época). Tudo era ainda mais tosco do que na década de 1980 (como era esperado) e mais politizado, também, entre os "alienados" e os que queriam a volta da democracia. Havia desde os ideais "hippies" do "paz e amor", herdados da década de 1960, até as discotecas, passando pelo sucesso do Tropicalismo, Novos Baianos e a Jovem Guarda.

Se eu der mole, vou acabar escrevendo mais sobre outras épocas também, mas isso iria virar um blog de História, fugindo definitivamente do foco deste espaço, que procura diversificar os assuntos. Pior ainda: posso acabar falando de gente com saudades da "elegante moda do século XVIII" ou da Idade Média (ecaaa!!). Ou até dos que suspiram pela Pré-História...