Volto a abordar o que aconteceu nos últimos dias. Desta vez exponho quatro assuntos muito comentados. Um deles é de maior relevância.
1. A briga entre Silas Malafaia e Ricardo Boechat, marcado por frases agressivas. Revoltado com uma injustificada agressão contra praticantes de candomblé, ferindo com pedradas uma criança de 11 anos, o jornalista, na sexta, acusou os evangélicos de incitarem o ódio. O pastor, no Twitter, escreveu que Boechat estava falando "asneira" ao dizer que os pastores promovem intolerância religiosa. Em resposta, ouviu um "vá procurar uma r***", além de ter sua inteligência questionada e ser chamado de "figura execrável" e "charlatão". Escandalizado, Malafaia disse num vídeo que irá processar o apresentador da Band e que irá "engoli-lo", no sentido de não responder ofensivamente contra os insultos dele. Mesmo assim, questionou o caráter de Boechat lembrando o passado nele no jornal O Globo, onde ele foi demitido sumariamente em 2001. Usuários de redes sociais passaram o sábado a ironizar os contendores e sua falta de compostura.
2. Como era esperado, a Seleção da CBF se classificou para as quartas-de-final na Copa América, mas com um placar bem pouco chamativo - 2 a 1 - e próprio de um time que, na teoria, estaria quase no mesmo nível do adversário, apenas ligeiramente superior. Não é bem o caso. O time de Dunga foi muito superior ao da Venezuela, mesmo sem Neymar, mas o time não tinha um matador nato como o astro chiliquento, e nem um setor de meio de campo que pudesse ligar com velocidade a defesa ao ataque. Um dos gols, o segundo, foi do preferido de Dunga, Roberto Firmino, mas o outro foi de um zagueiro, o famigerado Thiago Silva, ex-capitão da Seleção que não herdou a braçadeira do ex-santista - ela foi parar nos braços de Miranda, considerado mais equilibrado emocionalmente. Para piorar, o técnico inventou a bizarrice de colocar QUATRO defensores centrais - David Luiz e Marquinhos - para se juntar aos outros dois. Apesar do cabeludo fazer o papel de volante e o ex-corintiano de lateral-direito, os torcedores não engoliram essa experiência. E os venezuelanos, ao invés de se intimidarem, avançaram e fizeram um gol, com Fedor, mostrando que a invencionice foi um fiasco. A Seleção amarela vai jogar sem credibilidade contra o Paraguai nas quartas, um adversário bem mais perigoso e conhecido. Pode avançar se não houver outras criatividades do técnico. Ou não...
3. Enquanto isso, em São Paulo, houve a Virada Cultural, e ela foi considerada um sucesso. Mais convencional, melhor organizada e com mais segurança, apesar de haver uma ligeira redução no público. Com menos gente e mais polícia, os frequentadores puderam curtir melhor as atrações, como Nando Reis (dos Titãs), Caetano Veloso, Lenine, Edgard Scandurra, Dona Ivone Lara, Daniela Mercury (que teve problemas no playback, recurso usado com mais frequência atualmente mesmo entre os cantores profissionais) e Erasmo Carlos. Houve artistas de rua, crianças (a Viradinha), orquestras, mostras de filmes, e homenagem a Inezita Barroso. E também os velhos problemas dos banheiros químicos, sempre insuficientes e em condições deploráveis. Houve incidentes isolados, como a venda de drogas e algumas prisões, e não houve crimes violentos dentro da área.
4. Mais importante do que todos os anteriores, saiu o resultado do Datafolha sobre a popularidade da presidente Dilma Rousseff. Para o desalento dela, os números refletem bem o descontentamento da população. Somente Fernando Collor foi tão impopular.
Ver a reportagem AQUI.
Até mesmo o Nordeste, tão querido daqueles que se apossaram do governo, reprovou Dilma com "louvor". 58% consideram a gestão presidencial ruim ou péssima e somente 14% consideraram a presidente boa ou ótima. No Sudeste, a reprovação é de 69%, e no Centro-Oeste, chegou até a ser um pouco pior: 70%, mas com maior índice de ótimo ou bom (9% contra 7% no Sudeste). Na faixa etária entre 15 e 24 anos, está a menor reprovação (58%, contra 70% da faixa seguinte, de adultos jovens até 34 anos, os mais críticos do governo), mas apenas 8% da moçada ainda dá confiança à presidente. Houve pouca variação entre as faixas de escolaridade, sendo os índices de reprovação bastante significativos mesmo entre os menos instruídos.
Média da popularidade de Dilma desde 2012 (Datafolha)
Desemprego, inflação alta, recessão, violência e juros assustadores formam um cenário propício para tamanha resposta ao governo petista de Dilma. Ela e seus companheiros já mostraram ter um repertório limitado para responder aos anseios da população, como as manifestações demonstraram. A prisão de Marcelo Odebrecht, que pode resolver contar alguns fatos comprometedores contra a presidente e o mentor desta, Lula, pode fazer o clima ficar ainda mais quente neste inverno.
P.S.: Existem notícias igualmente interessantes, porém não tão comentadas, como a derrota, no sábado, da seleção sub-20 para a Sérvia por 2 a 1 e a desclassificação da Seleção feminina para a Austrália na Copa do Mundo do Canadá, mesmo com participação de Marta. As australianas fizeram um gol e as brasileiras nem deixaram suas marcas.
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