Não mesmo!
Ainda há muito para ser investigado na Lava Jato, e parecem existir entre os militantes políticos duas facções atuantes: os que responsabilizam o movimento pela crise econômica e os defensores de uma Lava Jato onipresente e onipotente. Ambos os grupos tratam as investigações como luta política, e isso é nefasto: um lado, defensor do ex-presidente Lula, quer atribuir à Lava Jato um prejuízo causado por anos de rapinagem e atos vis cometidos para dilapidar NOSSO DINHEIRO, e o outro parece conhecer mais a vingança do que a justiça, e a Lava Jato não existe para ser uma entidade vingadora, e sim como um movimento para punir os culpados, cumprir e fazer cumprir a lei. Se dependesse dessas formas de pensamento, a frágil flor da democracia estaria morta, aniquilada pelo autoritarismo e intolerância à liberdade de todos, até mesmo de quem tem o pensamento contrário ao de um desses movimentos.
Enquanto isso, o governo Temer é um apanhado de pessoas de todos os tipos: uns têm plena consciência de seus deveres e pelo menos procuram cumprir com as responsabilidades exigidas pelos seus cargos, outros parecem não ter muita ideia do que fazem, e outros têm a temerária determinação de querer apagar incêndios com álcool.
No primeiro caso, é o ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que está utilizando sua experiência para controlar a inflação e fazer a retomada do crescimento e, de certo modo, o presidente, usando sua capacidade de negociação para fazer aprovar as reformas necessárias; é sofrer agora para não sofrer muito mais depois com as mudanças na Previdência, no sistema tributário, nas leis trabalhistas; só não podem é utilizar-se da velha máxima atribuída a Maquiavel de usar meios ilícitos, imorais ou corporativistas para alcançar esses fins. Temer, em particular, não pode querer ser muito "maquiavélico", ainda mais porque não faltam detratores, suas falas sobre mulheres e a transposição do rio São Francisco foram muito visadas e criticadas, e ele é citado pela Odebrecht.
O segundo caso parece ser o de alguns ministros indicados por políticos sem terem credenciais suficientes para estarem nos cargos que ocupam, como é o caso do ministro da Saúde Ricardo Barros - que julga diminuir as imensas filas no SUS sugerindo às empresas de saúde fazerem "planos de saúde populares", uma ideia aparentemente boa mas na verdade desastrosa até para os usuários de planos mais caros se não houver fiscalização e regras claras para serem obedecidas pelos convênios.
Existe o terceiro caso, e isso é preocupante, como os novos ministros das Relações Exteriores e da Justiça. Aloísio Nunes Ferreira, político enérgico e tarimbado, mas de temperamento muito explosivo, dizendo verdades inconvenientes em um tom fora do recomendado para a diplomacia, principalmente em relação aos governos americano e venezuelano, merecedores de pesadas críticas mas que precisam ser tratados com respeito e cautela por quem representa o país no exterior. O titular da Justiça, Osmar Serraglio, escolhido entre muitos nomes, em entrevista à Folha defendeu Temer das acusações (o que é normal) e declarou que a corrupção é praticada por todos os partidos e pela sociedade, pois faz parte de uma "moral nacional", afirmando algo que não pode ser dito por uma autoridade sem um justo direito de resposta. Para piorar, Serraglio ainda comprou briga com os indígenas, dizendo uma frase desprovida de sentido para criticar as demarcações defendidas por eles: "terra não enche barriga de ninguém", quando os produtores rurais, aliados do ministro, mostram o contrário, e acusa ONGs ligados aos índios de desviarem dinheiro e tratar os nativos "como animais" - e isso é para ser apurado e não pré-julgado.
Mesmo desconsiderando o governo, não dá para engolir a lentidão da Justiça em apurar todos os crimes atribuídos a gente poderosa como o próprio Lula, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney, Aécio Neves e outros políticos, e nem o fato de pessoas como o goleiro Bruno (o Boa Esporte, clube da série B, o contratou?!) estarem soltas enquanto sentenças não forem devidamente confirmadas.
Isso tudo sem citar os problemas crônicos de analfabetismo, violência contra mulheres, homens e animais, tráfico de drogas, desmatamentos e outras chagas onde não é possível vislumbrar soluções fáceis e imediatas.
Mesmo desconsiderando o governo, não dá para engolir a lentidão da Justiça em apurar todos os crimes atribuídos a gente poderosa como o próprio Lula, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney, Aécio Neves e outros políticos, e nem o fato de pessoas como o goleiro Bruno (o Boa Esporte, clube da série B, o contratou?!) estarem soltas enquanto sentenças não forem devidamente confirmadas.
Isso tudo sem citar os problemas crônicos de analfabetismo, violência contra mulheres, homens e animais, tráfico de drogas, desmatamentos e outras chagas onde não é possível vislumbrar soluções fáceis e imediatas.
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