segunda-feira, 29 de outubro de 2018

O desfecho da eleição que consagrou Bolsonaro - Parte 2 - Números do segundo turno

A estratégia do 'Bolsodória' deu certo no interior, permitindo a vitória do ex-prefeito, mas não na capital, onde ele perdeu por não cumprir seu mandato (Divulgação)

Presidente

Jair Bolsonaro (PSL): 55,13% dos votos válidos. 

Fernando Haddad (PT): 44,87% dos votos válidos. 

Votos brancos: 2,14% do total de votos. 

Votos nulos: 7,43% do total de votos. 

Abstenções: 21,30% do total de eleitores. 

Comentários: Jair Bolsonaro teve motivos para fazer um discurso conciliatório já na primeira hora depois da confirmação do resultado. Houve um número assustadoramente grande de abstenções, eleitores que simplesmente não foram votar por diferentes motivos, entre os quais a desilusão com a política e o péssimo nível da campanha eleitoral. Outros compareceram para expressar seu dever cívico de votar, mas também sua fúria contra os representantes do PSL e do PT, votando nulo ou em branco. E, dentre os votos válidos, não foram poucos os destinados ao petista Fernando Haddad, principalmente no Nordeste, onde ele ganhou. 


Governador de SP

João Dória Jr. (PSDB): 51,75% dos votos válidos. 

Márcio França (PSB): 48,25% dos votos válidos. 

Votos brancos: 4,08% do total de votos. 

Votos nulos: 13,71% do total de votos. 

Abstenções: 21,78% do total de eleitores. 

Comentários: João Dória teve uma eleição apertadíssima, e falou para a imprensa também sobre governar para “todos os brasileiros de São Paulo”, deixando explícita sua intenção de querer se candidatar à Presidência em 2022. Márcio França se saiu bem, utilizando-se da máquina pública, inaugurando as obras deixadas pelo antigo governante, Geraldo Alckmin, principalmente as estações do metrô paulistano. Dória tentou se vincular a Bolsonaro, adotando um discurso agressivo e marcado pelos ataques contra o atual governador “esquerdista”, deixando as propostas em segundo plano. A estratégia deu certo em termos, mas Dória ganhou por uma margem muito pequena, e o alto índice de abstenções e votos nulos foi assustador. Além disso, as aludidas inaugurações no metrô feitas por França fizeram o ex-prefeito, visto como traidor e oportunista por muitos eleitores dele, perder na capital. No interior, não houve tantas obras pendentes, o que limitou a ação da máquina pública, e Dória acenou para as cidades menores prometendo uma gestão descentralizada, além da vinculação com Bolsonaro ter sido mais exitosa.


Governadores

Amapá: Waldez (PDT), com 52,35% dos votos válidos, contra João Capiberibe (PSB); 

Amazonas: Wilson Lima (PSC), com 58,50% dos votos válidos, contra Amazonino Mendes (PDT);

Distrito Federal: Ibaneis (MDB), com 69,79% dos votos válidos, contra Rodrigo Rollemberg (PDT); 

Mato Grosso do Sul: Reinaldo Azambuja (PSDB), com 52,35%, contra Juiz Odilon (PDT); 

Minas Gerais: Romeu Zema (Novo), com 71,80% dos votos válidos, contra Antônio Anastasia (PSDB); 

Pará: Helder Barbalho (MDB), com 55,43% dos votos válidos, contra Marcio Miranda (DEM); 

Rio de Janeiro: Wilson Witsel (PSC), com 59,87% dos votos válidos, contra Eduardo Paes (MDB);

Rio Grande do Norte: Fátima Bezerra (PT), com 57,60% dos votos válidos, contra Carlos Eduardo (PDT); 

Rio Grande do Sul: Eduardo Leite (PSDB), com 53,62% dos votos válidos, contra Ivo Sartori (MDB); 

Rondônia: Coronel Marcos Rocha (PSL), com 66,34% dos votos válidos, contra Expedito Júnior (PSDB); 

Roraima: Antonio Denarium (PSL), com 53,34% dos votos válidos, contra Anchieta (PSDB); 

Santa Catarina: Comandante Moisés (PSL), com 71,09% dos votos válidos, contra Gelson Merísio (PSD); 

Sergipe: Belivaldo (PSD), com 64,72% dos votos válidos, contra Valadares Filho (PSB). 

Comentários: No segundo turno, quem apoiou Bolsonaro ou é ideologicamente próximo a ele se deu bem, fora do Nordeste. Nesta região, se deu a eleição da única petista, Fátima Bezerra. Mesmo assim, um conservador foi eleito na região, Belivaldo Chagas, em SE. A região Sudeste foi tomada por membros da “direita assumida”, com Wilson Witsel no RJ e Romeu Zema, representante do partido NOVO e muito bem votado em MG, além de João Dória, que embora tucano adotou uma linha bem “peselista”. O tucanato, com nomes mais moderados e menos ambiciosos que o ex-prefeito paulistano, conseguiu certo êxito no RS, com o jovem Eduardo Leite, e Reinaldo Azambuja no MS. Mas o PSL, no segundo turno, elegeu mais governadores, em RO, RR e SC. O enfraquecido MDB teve forças no DF e no PA, onde a família Barbalho exerce poderosa influência.

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