Desta vez, este blog vai dividir a postagem em quatro: eleições para presidente, governador, senadores e deputados federais, e deputados estaduais.
Primeiro, a eleição presidencial.
Bolsonaro e Haddad vão para o segundo turno em eleição radicalizada (Fábio Wilson Dias/Ag. Brasil e Cláudio Kbene, pelo blog Poder 360) |
Jair Bolsonaro (PSL) não conseguiu seu objetivo de ser eleito já no primeiro turno, mas ficou muito próximo disso: 46,0%, ou mais de 49 milhões de votantes. É um resultado digno de nota, se considerarmos a repercussão nas redes sociais (muita) e o tempo oferecido a ele na televisão (pouquíssimo). Bolsonaro conseguiu quebrar a antiga polaridade PSDB-PT e, desde 1989, é o primeiro candidato considerado de "direita", rótulo dado aos defensores do liberalismo, do conservadorismo, do anarco-capitalismo, do autoritarismo (considerado de "extrema direita") e do nacionalismo (inclusive o neo-fascismo e o neo-nazismo, movimentos também de "extrema direita").
Fernando Haddad (PT) ainda conseguiu reunir forças apoiadoras do ex-presidente Lula, preso em Curitiba cumprindo pena por corrupção no caso do triplex em Guarujá, única das várias acusações convertida em sentença. O professor da USP e ex-prefeito de São Paulo é o representante petista, mais um desde a redemocratização, e deve ser apoiado por boa parte da chamada "esquerda", rótulo dado aos defensores do socialismo, do ambientalismo, do anarquismo conhecido como "socialismo libertário" (ou anarco-comunismo) e do totalitarismo comunista (estes dois últimos ditos de "extrema esquerda"). Haddad conseguiu 29,3% dos votos válidos, um montante a ser respeitado.
Bolsonaro ganhou em quase todo o país, menos nos estados do Nordeste, onde Haddad foi o preferido.
Para Bolsonaro ser derrotado, Haddad precisará consolidar seu favoritismo no Nordeste e se fortalecer nas outras regiões. Será mais fácil no Norte, onde Lula é muito popular, e muito difícil nas outras regiões, mais desenvolvidas.
Ciro Gomes (PDT) só conseguiu 12,5%, ficando bem longe de Haddad. O ex-governador do Ceará não conquistou a confiança dos adeptos de Lula e seu temperamento bem próximo do de Bolsonaro o atrapalhou.
Geraldo Alckmin (PSDB) amargou o quarto lugar, com mirrados 4,8%. Teve o maior tempo no horário político, graças às alianças com partidos do chamado "Centrão", quase todos da base de sustentação do atual governo. Foi muito mal visto tanto pelos defensores de Bolsonaro e da Lava Jato quanto pelos acólitos de Lula, e com seu fiasco o PSDB está ameaçado como força política.
João Amoedo (Novo) até que não se saiu mal para um partido mal conhecido e com escasso tempo na televisão: 2,5%. Representou a chamada "direita liberal", que vê Bolsonaro como próximo demais do autoritarismo.
Cabo Daciolo (Patriotas) se tornou uma figura folclórica da política, principalmente nos debates, e ganhou 1,3% dos votos, mais de 1 milhão. Ficou algo parecido com o falecido Dr. Enéas, mas sem nada do racionalismo pouco religioso e do intelectualismo raivoso daquele.
Marina Silva (Rede) foi quase aniquilada e, com 1,0%, teve menos votos do que o economista Henrique Meirelles (MDB). Isso é extremamente significativo, pois Meirelles é visceralmente ligado a Temer, o presidente mais impopular desde o fim da ditadura militar. Mesmo assim, ganhou mais votos do que a ambientalista: 1,2%.
Álvaro Dias (Podemos) não convenceu ninguém com sua defesa da Lava Jato e de seu discurso em favor de Sérgio Moro. O eleitorado o viu como um oportunista e um político da velha guarda, e só lhe deu 0,8%.
Os outros candidatos foram também castigados: Guilherme Boulos (PSOL), conhecido pelo termo "50 tons de Temer", ficou com apenas 0,6%, ou pouco mais de 600.000 votos. Vera (PSTU) só ganhou 55.000 votos em todo o país. O lendário Eymael (DC) e o filho do João Goulart mal enchem um estádio de futebol com seus eleitores.
Ao contrário dos prognósticos feitos poucos meses atrás, o número de votos brancos e nulos não foi tão decisivo para o resultado: foram apenas 8,8% do total.
Esses eleitores que não quiseram votar em ninguém, mais os eleitores de outros candidatos, podem ser importantes para o resultado no segundo turno, e contribuir para dar legitimidade ao vencedor dessa eleição. É preciso tomar uma posição, considerando o perfil extremista dos dois candidatos.
Qualquer um deles, se vencer, continuará a ser execrado pela parte derrotada e mesmo por setores menos radicais, e precisará contar com o apoio do Congresso se quiser terminar o mandato. E nenhum deles poderá contar com apoio incondicional nem de seus seguidores, pois vai precisar tomar medidas impopulares para ajustar uma economia que ainda cresce muito pouco, e contrariar interesses para fazer as reformas e, também, melhorar a infraestrutura e as condições de vida do povo.
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