Jair Bolsonaro em seu discurso de posse, onde ele assumiu o compromisso de governar todos os brasileiros (Divulgação) |
Em primeiro lugar, é necessário
respeitar o resultado das urnas. Não se pode contestar a vitória de Jair
Bolsonaro (PSL), agora presidente eleito da República. Mesmo assim, cabe fazer
uma análise, mesmo rápida (pois este blog
não é feito por um cientista político), sobre o desfecho desta eleição.
É consenso dizer que Bolsonaro representou a ira de milhões de brasileiros contra os desmandos dos governos anteriores, isto é, Lula e Dilma. Opuseram-se veementemente ao aparelhamento estatal do governo e a um patrimonialismo não visto nem na República Velha. Estavam furiosos contra a incompetência gerencial somada ao apetite voraz pelo NOSSO DINHEIRO. Sobretudo, a corrupção sistêmica, o enriquecimento ilícito, as relações obscenas entre o governo e certas empreiteiras e outras empresas, resultando no Mensalão e no Quadrilhão que quase levou a Petrobras, orgulho nacional, à bancarrota.
É consenso dizer que Bolsonaro representou a ira de milhões de brasileiros contra os desmandos dos governos anteriores, isto é, Lula e Dilma. Opuseram-se veementemente ao aparelhamento estatal do governo e a um patrimonialismo não visto nem na República Velha. Estavam furiosos contra a incompetência gerencial somada ao apetite voraz pelo NOSSO DINHEIRO. Sobretudo, a corrupção sistêmica, o enriquecimento ilícito, as relações obscenas entre o governo e certas empreiteiras e outras empresas, resultando no Mensalão e no Quadrilhão que quase levou a Petrobras, orgulho nacional, à bancarrota.
Para vencer, porém, Bolsonaro
precisou moderar seu discurso. Suas declarações anteriores só agradavam aos
extremistas que viam na democracia um fardo. À medida que as eleições de 2018
se aproximavam, o capitão da reserva precisou se aliar aos liberais e contornar
os seus limitados conhecimentos de economia. Para isso, conseguiu o apoio do
economista Paulo Guedes. Jurou com frequência crescente respeitar a
Constituição (como mais uma vez fez no discurso da vitória, ontem) e as
liberdades públicas. Aderiu quase sem questionamentos à Operação Lava Jato, que
atingiu boa parte dos demais partidos, notadamente o PT e o PMDB, agora MDB.
No entanto, não abriu mão de
certos conceitos, para não desagradar aos seus seguidores mais radicais: a
defesa dos militares, até mesmo do comandante Brilhante Ustra, condenado por
torturas durante a ditadura militar e já falecido, e a oposição feroz ao
petismo, visto como exemplo de regime “esquerdista”, incompetente, perdulário,
corrupto, apoiador de regimes populistas fracassados como os da Venezuela e da
Bolívia, e defensor de “costumes nocivos à sociedade”, para poder “desestabilizá-la”:
desvirtuamento da educação, doutrinação marxista, ideologia de gênero, liberação
das drogas e do aborto, oposição aos valores religiosos, visão dos criminosos
como vítimas da sociedade.
A trajetória de Bolsonaro foi dificultada
não só pelo seu passado extremista, como capitão do Exército que organizou uma
revolta contra o governo em 1987, mas por sua trajetória política, desde que
saiu do Exército, com mais polêmicas do que projetos de lei (ver sua atividade
parlamentar AQUI).
Sua decisão de não se filiar aos
partidos tradicionais como o MDB, o DEM, o PP e o PSDB, que atraem perfis conservadores
ou antipetistas, lhe deu pouquíssimo tempo no horário político, mas garantiu o
apoio dos seguidores. Todos os partidos eram vistos como praticantes de malfeitorias,
principalmente o MDB, o partido do atual presidente Michel Temer, “balaio de
gatos” adesista e oportunista, na visão dos bolsonaristas e defensores da
faxina anticorrupção.
O atentado a faca que o feriu
gravemente deu mais apelo à campanha, a ponto de fazê-lo receber 46% dos votos
válidos no primeiro turno. Outro fator de sucesso foi a militância nas redes
sociais. As inúmeras fake news foram
apontadas como determinantes para o sucesso do capitão reformado, mas deve-se
levar em conta que os eleitores de Bolsonaro não são, em geral, fanáticos cegos
ou zumbis manipuláveis, e eles estavam revoltados com os fatos (as true news) ocorridos em anos de petismo
no poder. e o PT e outros partidos também foram beneficiários dessas mentiras
espalhadas na rede.
Não se pode desprezar a situação
do PT, com seu grande líder. Lula, preso e inelegível, forçando o partido a
lançar Fernando Haddad, um dos membros menos envolvidos em escândalos, apesar
de seu governo considerado medíocre em São Paulo e de ter sido o ministro da
Educação que não soube coibir as fraudes do ENEM e tentou estimular as escolas
a adotarem livros inadequados às crianças (mostrando como falar a linguagem do
povo “nóis pega o peixe” e como abordar a questão da homossexualidade para
alunos da antiga quinta série do ensino fundamental). Haddad foi visto como
mais um subterfúgio para Lula passar a governar indiretamente, assim como
ocorreu com Dilma Rousseff. Isso foi bem visto no Nordeste, mas não no resto do
país. E eles conseguiram ir ao segundo turno com 29% dos votos válidos.
No segundo turno, PT e PSL se
viram como adversários ideais, e ambos passaram a uma campanha selvagem de
desconstrução, esquecendo quase completamente das propostas. Bolsonaro,
recuperando-se do atentado, alegava ordens médicas para não comparecer aos
debates – ele participou de poucos deles, todos antes da facada – e isso
forneceu munição ao PT, que não se preocupou em apagar seu passado governista e
tentou posar de representante do “antifascismo” e da democracia, além de
aproveitar o escândalo das fake news.
Agora, no dia 28 de outubro de
2018, o resultado levou Jair Messias Bolsonaro ao Planalto. E ele prometeu
governar para todos os brasileiros, devido ao resultado apertado nas urnas: 55,13%
contra 44,87%. E ainda com um número impressionante de votos brancos, nulos e
abstenções, como está exposto na segunda parte do blog, que fala sobre os números.
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