quinta-feira, 12 de março de 2020

A quem interessa o pânico

Não podemos nos deixar abater por mais uma entre as várias epidemias que atormentaram a humanidade e haverá de acabar como as outras. O pânico é inútil e contraproducente. 

Vamos tomar as medidas preventivas, de acordo com medidas comprovadas pelos médicos. Uma delas é lavar as mãos frequentemente, com água e sabão, pelo tempo necessário (o suficiente para contar até 20, ou mais, de forma pausada). Se precisar sair e enfrentar aglomerações, sempre cubra o nariz e a boca quando espirrar. O uso de máscara é para quem já está com a doença e precisa evitar a contaminação por outras pessoas, em casos leves, quando as dores e os problemas respiratórios não impedem a pessoa de exercer alguma atividade - embora o recomendável seja evitar sair de casa e cumprir as ordens médicas. 

Redes sociais não são fontes de informação confiáveis, pois muitos usam-nas de forma errada, para a divulgação de fake news ou para disseminação de procedimentos sem base científica, como o uso de chás e tratamentos alternativos de eficácia não comprovada. Devemos ser criteriosos com o que se divulga tanto nesses recursos quanto na imprensa, onde a ênfase nas mortes e na velocidade - espantosa, de fato - de propagação do coronavírus em detrimento das medidas profiláticas é estarrecedora. 

O burburinho em torno do Covid-19 alimenta muitas teorias de conspiração, que só aumentam o medo e lançam pessimismo quanto ao futuro da humanidade. Servem como justificativa para determinadas pessoas sustentarem seus medos e inseguranças, como se a doença fosse uma sentença de morte. 

Embora afete muitas pessoas, e tenha causado mortes, a taxa de letalidade do Covid-19, até o momento, é inferior a 3,5%, inflada por outras doenças pré-existentes. 

Como se pode explicar tamanho alvoroço nos mercados, principalmente o brasileiro, vítima de quatro circuit-breakers, dois deles apenas nesta quinta-feira e os demais na segunda e na quarta? Loucura coletiva ou maquinação de grandes investidores para deprimir determinados mercados? Obviamente, há explicações lógicas sobre esses acontecimentos nefastos. Regiões como boa parte da China, os Estados Unidos, a Coréia do Sul, o Japão e muitos países europeus são zonas industriais responsáveis por grande parte de tudo o que é consumido pelo mundo inteiro, dependentes de mão-de-obra humana (a despeito da crescente mecanização), além de concentrarem boa parte das atividades comerciais, culturais e outros serviços, como lazer e esportes. 

Um fator que não pode ser desprezado é o psicológico: o medo da incerteza, do desconforto e da dor provocada por uma moléstia ainda relativamente mal conhecida, e, principalmente, a insegurança diante de eventos que afetem as atividades econômicas e são potencialmente desafiadores para os sistemas de saúde, pouco ou nada passíveis de controle pelos indivíduos comuns. 

Mas tudo isso não explica completamente o problema, sem considerar os governos, que devem olhar para o Covid-19 com realismo, sem subestimar o perigo do coronavírus para a população e a atividade econômica de cada país, e nem tomar medidas alarmistas, demagógicas ou xenófobas, capazes de provocarem danos para as pessoas e as instituições, além de, muitas vezes, serem pouco eficazes na contenção da pandemia.

A quem, afinal, interessa tamanho pânico a respeito desse mal? Será que existiriam grupos interessados em lucrar com a desgraça alheia? Não podemos simplesmente acusar sem provas ou razões fundamentadas, embora haja, obviamente, oportunistas que se aproveitam do medo e da epidemia para enganarem incautos com falsos produtos e supostas "curas", ou, no caso de governos, para ocultarem sua incapacidade em administrar, principalmente em momentos difíceis como este.

O que ajuda a humanidade é a informação adequada e tomar os cuidados necessários, pois esta é mais um perigo que, um dia, estará sob controle. Sobrevivemos a várias outras pandemias, como espécie, e iremos superar mais esta. 

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