sexta-feira, 13 de março de 2020

Da série 'Oitentolatria', parte 29 - Dengue e AIDS, as pragas dos anos 80

O COVID-19 (nome em caixa alta, de acordo com o padrão usado internacionalmente) está gerando pânico, mas o passado recente do Brasil mostrava que ele nunca foi um santuário livre de doenças fatais. 

Na década de 1980, aquela famigerada época muito abordada por aqui, começou a epidemia de dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegyptii. Esta doença mortífera continua a fazer vítimas, e nunca foi alvo de tanta histeria, pois o meio de transmissão não é tão imediato. Continuam a manter criadouros dentro das casas e acumular lixo, criando o meio ambiente ideal para o mosquito. O descaso e a falta de seriedade com o tema continuam até hoje, e na época a doença e seu vetor inspiraram a equipe do programa "Xou da Xuxa" a criar um personagem chamado "Dengue", um mosquito amarelo gigante, assistente da apresentadora, então estrela da Globo. 

Esta notícia foi divulgada pelo Jornal do Brasil, em maio de 1986! (JB, 9/5/1986, Pag. 7)

Enquanto isso, outra epidemia chamava muito mais a atenção da imprensa: a AIDS. De início, era chamada de "peste gay", e pouca gente se preocupava, pois inicialmente vitimava apenas homens homossexuais. Porém, logo essa lenda foi por terra, porque o vírus HIV, que é um retrovírus como o agente causador do COVID-19, não demorou também para atingir também usuários de drogas injetáveis e outros que se contaminavam por meio de agulhas contaminadas. No final da década, poucos ainda chamavam a AIDS de "peste gay", mas a negligência continuava. O uso da camisinha nas relações sexuais ainda era pouco usado, embora tivessem maior cuidado para esterilizar as agulhas e proibir a comercialização de sangue humano. 

Na década de 1980, a AIDS matava, mas muitos continuavam a não se cuidar, pensando que era a "peste gay" (Diário do Pará)

Tanto a dengue como a AIDS continuam a levar muita gente para o cemitério, sem falar em outras doenças infecciosas graves, como o sarampo (outro flagelo muito atual), o mal de Chagas e a malária. Doenças terríveis também matavam muito na "década perdida" e até hoje requerem profilaxia e/ou vacinação: esquistossomose, difteria, tuberculose, poliomielite, entre outros males.

Atualmente, o COVID-19 pode ir pelo mesmo caminho, embora até agora não tenha matado ninguém no Brasil. 

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