Sem repertório para enfrentar a crise do COVID-19, isto é, sem verbas, apoio, planos de ação e equilíbrio emocional, o presidente Jair Bolsonaro está perdendo o controle do país.
Coube aos governadores a iniciativa de estabelecerem quarentenas parciais para evitarem a aglomeração de pessoas e o contato direto. Sem isso, a epidemia seria bem mais grave.
Bolsonaro, atendendo aos interesses de empresários de sua (limitada) base de apoio, mas também ao chamado "núcleo ideológico" e a um de seus líderes, o filho "02" Carlos, fez um pronunciamento tentando fazer o país voltar ao normal, pois, segundo eles, as quarentenas trariam prejuízos econômicos muito maiores do que o coronavírus. Com argumentos primários e sem base alguma na realidade, como dizer que, para o presidente, o vírus agiria nele como se fosse uma "gripezinha".
Fez ainda pior ao transformar o combate ao coronavírus em uma sórdida briga eleitoral, apelando até para o catastrofismo e falando em revoltas como a do Chile (quem mais fala disso agora?). E se deixou levar pela emoção ao brigar com o governador paulista João Dória. Falou de 2022, de palanque, quando o bom senso manda esquecer os mesquinhos interesses eleitorais, até mesmo os desse ano (lembrando que as eleições municipais serão em outubro, quando o surto provavelmente já terá passado).
Bolsonaro não conseguiu nada, só atrair mais críticas dos governadores, parlamentares e outros vistos pelos bolsonaristas como "antro de corrupção" e "conspiradores". As quarentenas impostas pelos governadores continuam. E a Bovespa, que subiu 7,5%, esteve muito mais interessada na decisão de Donald Trump, prestes a liberar US$ 2 trilhões para estimular a economia. Por lá, há argumentos mais fortes para tentar fazer um país voltar ao normal, mesmo com o risco de contaminar pessoas com o vírus. Muito mais dinheiro e leitos nos hospitais, embora tanto lá quanto aqui e no resto do mundo o inimigo invisível seja ainda mal conhecido e seja motivo de muitas afirmações fantasiosas e mentirosas.
Por fim, o número de mortes por esta praga: 57, só no Brasil.
Por fim, o número de mortes por esta praga: 57, só no Brasil.
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