sábado, 30 de julho de 2022

Da série "Oitentolatria", parte 32, e "Noventolatria", parte 28

Sim, caros oitentólatras e noventólatras. A Mesbla voltou e o Mappin sobrevive!



Desde o início de maio, voltaram de forma puramente virtual as atividades da Mesbla, antiga gigante de departamentos, nascida em 1912 e "assassinada" em 1999 devido à desastrosa administração de Ricardo Mansur, que também "matou" o Mappin, após ambas estarem enfraquecidas por más gestões e crises decorrentes da hiperinflação nos anos 1980 e 1990. Mansur comprou as duas empresas em 1996 visando usar as duas veteranas combalidas para uma arriscada expansão das lojas, por meio de empréstimos contraídos pelo Bradesco, mas a aventura fracassou. As duas empresas faliram, e Mansur chegou a ser preso, acusado de atividades fraudulentas. 

A Mappin, fundada em 1913 e conhecida antigamente por suas lojas em São Paulo, principalmente a da Praça Ramos de Azevedo, no centro, chegou a virar uma loja virtual em 2019, e a Marabraz detém os direitos da marca, mas não está repercutindo. Há produtos comercializados no site da empresa (ver AQUI). 

No caso da Mesbla, o empresário Marcel Jerônimo e o advogado Ricardo Viana controlam as atividades. O site da empresa pode ser visto AQUI, e há até um termo: "mesbler". Resta saber se isso terá futuro, mas aparentemente a situação está melhor do que no caso do Mappin. 

Como lojas virtuais, porém, as duas empresas ainda são uma pálida lembrança do que foram um dia. 


quinta-feira, 28 de julho de 2022

Plantas alimentícias não convencionais - PANCs

Em tempos de alimentos caros, muita gente está procurando alternativas, e algumas plantas consideradas antigamente como apenas "mato" foram pesquisadas e revelaram ter valor nutricional bastante expressivo. 

No Brasil existem milhares de espécies comestíveis, mas a maioria é pouco conhecida. Entre os vegetais citados, existem aqueles que crescem espontaneamente e são consideradas resistentes às pragas, dispensando o uso de defensivos agrícolas, sendo potencialmente viáveis para as famílias de baixa renda. 


Ora pro nobis (Pereskea aculeata)

Às vezes a televisão mostra esta planta como medicinal, mas ela é consumida normalmente em partes de Minas Gerais e São Paulo. Possui alta concentração de proteínas, a ponto de ser considerada "carne verde" em alguns locais. Possui muitas vitaminas, fibras e minerais como magnésio e cálcio. 


Peixinho da horta (Stachys bizantina)

Cresce espontaneamente no Brasil, apesar de não ser nativa (veio da Ásia Menor) e suas folhas "peludas" e verde-escuras são ocasionalmente consumidas fritas e empanadas, tendo um curioso gosto de peixe, embora a maioria das pessoas não ache esse vegetal atraente. É apreciada por algumas pessoas, principalmente no interior de São Paulo e no Paraná. 


Bredo (Amaranthus, principalmente o A. viridis)

Cresce em vários locais do Brasil e é considerada erva daninha por crescer e espalhar-se muito depressa, invadindo outras plantações, mas no Nordeste é apreciada como alimento, inclusive como ingrediente do chamado "bredo da semana santa", cozido com leite de coco. É também conhecido como caruru. 


Azedinha (Rumex acetosa)

Planta às vezes apreciada por seu sabor ligeiramente ácido, devido à concentração de ácido oxálico, também é conhecida como erva-vinagreira; é preparada em refogados ou em forma de chás. Deve ser consumida com certa moderação, pois o ácido oxálico dificulta a absorção do cálcio no organismo. 


Espinafre amazônico (Alternanthera sessilis)

Planta também considerada, por vezes, uma erva daninha, é também conhecida como orelha-de-macaco. Os indígenas apreciam as folhas, com sabor parecido com o do espinafre, mas não é parente próximo deste famoso vegetal; é pesquisado por seu alto teor de proteínas. 


Serralha (Sonchus oleraceus)

Encontrada nas regiões tropicais do mundo, é parente da alface e da escarola, tendo um sabor entre esta última e o espinafre. Suas folhas espinhosas são usadas para problemas gástricos, ou comidas em saladas, sopas e bolinhos. Possui alto teor de vitamina A, segundo estudos da Universidade Federal de Viçosa. 


Beldroega (Portulaca olereacea)

Planta invasora vinda da Ásia, aclimatou-se muito bem no Brasil, a ponto de ser também considerada erva daninha, e é usada para fins medicinais, além de apreciada em sopas, fritadas, saladas e refogados. 


Taioba (Xanthosoma sagittifolium)

Este vegetal da família Araceae já foi mais consumido antigamente, no interior da Região Sudeste, como refogado para suprir as necessidades de fibras e vitaminas, principalmente as do complexo B, A, C e K. As grandes folhas são aproveitadas, mas o rizoma, que lembra o inhame, é considerado tóxico. 



Baru (Dipterix alata)

Ao contrário das plantas precedentes, consideradas como "verduras" por quem as aprecia, a parte comestível do baruzeiro é sua fruta em forma de castanha, o baru. Frutifica no Cerrado brasileiro, e é consumido cru ou torrado, empregado como substituto do amendoim. O baruzeiro é uma árvore imensa, com até 25 m de altura.


Além disso, existem também flores comestíveis, como a begônia (Begonia cinnabarina), o dente de leão (Taraxacum offinale) e a abóbora (sim, a conhecida Cucurbita spp, cujas partes aproveitáveis são geralmente os frutos). 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Manifesto une artistas e banqueiros

A chamada Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito. manifesto escrito por acadêmicos da Faculdade de Direito da USP foi divulgado ontem, dia 26, ganhou rápida repercussão na imprensa e em boa parte dos formadores de opinião no Brasil. 

Em menos de 24 horas, o documento contava com 100 mil assinaturas de juristas, intelectuais, artistas, analistas políticos, empresários, banqueiros e pessoas comuns. A íntegra pode ser lida AQUI

No entanto, o presidente Jair Bolsonaro desdenhou, não mostrando preocupação com a "cartinha". O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, insinuou que os banqueiros estavam insatisfeitos com a rápida expansão do Pix. Segundo o ministro, os altos executivos do Itaú, Bradesco e outros bancos estão insatisfeitos com os "30, 40 bilhões" que deixam de ser arrecadados em tarifas. Além disso, lembrou de quando eles permaneciam calados com "medo dos congelamentos de câmbio passados". 

Juristas e artistas não são tão surpreendentes em se opor ao atual modus operandi do Planalto. Enquanto os últimos são, em sua maioria, simpatizantes das causas progressistas detestadas pelo atual governo, e também citadas no documento, os juristas posam de defensores da democracia, embora sejam frequentemente acusados de complacência com a criminalidade, a violência, os privilégios (notadamente os de juízes e advogados) e a rapinagem política em nome das garantias legais. 

Todavia, o apoio maciço à Carta às Brasileiras e aos Brasileiros serve de aviso para o governo não ultrapassar os limites estabelecidos pela nossa democracia sui generis. Apesar de ser carregada de imperfeições e extravagâncias próprias de uma Ilha de Vera Cruz, ainda é melhor do que um regime onde não vale a força do direito, e sim o direito da força. . 

terça-feira, 26 de julho de 2022

Moedas comemorativas do Bicentenário

Foram lançadas as moedas comemorativas para o Bicentenário da Independência, cujo valor nominal é de R$ 2 na versão de liga de níquel e cobre (cuproníquel), e R$ 5 para a moeda feita totalmente em prata. Os valores de aquisição saltam para R$ 34 e R$ 420, respectivamente, para serem adquiridos por colecionadores via site do Clube da Medalha da Casa da Moeda do Brasil. 

Num dos lados, nos anversos, há a reprodução de quadros históricos aludindo ao tema da Independência. A moeda de R$ 5 apresenta a "Sessão do Conselho de Estado", de Georgina de Albuquerque, pintado em 1922, durante o Centenário. Na moeda de R$ 2, temos o famosíssimo e romântico quadro de Pedro Américo, "Independência ou Morte". 

A bandeira do Brasil aparece no reverso, onde o valor de cinco reais é grafado, em cima da primeira estrofe do Hino da Independência. O mesmo trecho também é reproduzido na moeda de menor valor, mas há um detalhe interessante, que pode fazer esta moeda tornar-se disputada com o tempo: a faixa imperial é reproduzida em cores. O verde e amarelo foram pintados, fazendo desta moeda a primeira com detalhes coloridos na História do Brasil. 

As duas moedas comemorativas já podem ser adquiridas pelos aficcionados (Divulgação/Agência Brasil)


segunda-feira, 25 de julho de 2022

O Gol vai sair de linha

Um dia, qualquer automóvel precisa sair de linha, seja por não atender mais o público alvo ou porque existem projetos melhores dentro da própria linha de montagem da montadora. 

O Gol será descontinuado depois de 42 anos de produção. É uma história das mais longas entre os carros fabricados no Brasil. 

Neste período, teve basicamente três carrocerias, a "quadrada" (1980 a 1994), consagrando as versões esportivas, como o Gol GTi, primeiro carro com injeção eletrônica no Brasil, lançado em 1988, a "bolinha" (1994 a 2008), tendo três "gerações" (basicamente, reestilizações aproveitando o mesmo monobloco, como também foram feitos com o Gol "quadrado") e a geração com motor transversal (2008 a 2022), onde predomina a versão de quatro portas, inexistente no "quadrado". 

O Gol chegou a ser o carro mais vendido desde 1987 até 2014, quando foi suplantado por projetos mais modernos. Seu nome evoca o futebol, tendo versões "Copa" , das quais a mais famosa foi a de 1994, com a versão ainda quadrada. Curiosamente, o Gol perdeu terreno justamente no ano da Copa no Brasil, aquela do 8/7. 

Sua história foi muito mais relevante do que a do lendário Fusca, e só não foi mais extensa do que a da Kombi, produzida por quase 60 anos. E o Gol, como no caso da "Velha Senhora", vai ter uma versão Last Edition. Segundo informações vazadas, será uma versão com motor 1.0 bicombustível com 84 cv (abastecido com álcool) e será caríssimo, mais de R$ 100 mil. O velho Gol merecia um tratamento melhor pela Volkswagen, e seus clientes, também!

O Gol foi o carro mais vendido no Brasil em todos os tempos (Divulgação)


sexta-feira, 22 de julho de 2022

A moda do 'cashback'

Em voga no mundo todo e sucesso no Brasil, o cashback é uma arma dos aplicativos financeiros para fidelizar o cliente, mas como tudo envolvendo dinheiro, é preciso tomar certos cuidados. 

Devido à propaganda intensiva, a maior parte dos usuários de tecnologias digitais sabe o que é cashback, equivalente a certa porcentagem do dinheiro gasto numa compra, devolvido para o usuário. Essa quantia geralmente tem um prazo de validade, no mínimo 30 dias, e não pode ser gasto em certas ocasiões. 

Isso certamente não dispensa a prática de sempre pesquisar antes de comprar, porque uma loja pode oferecer preços menores de um produto, mesmo em comparação a outra que costuma atrair os clientes com o cashback. Muitos acabam, por impulso, comprando, por exemplo, algo por preço X para receber 10% desse valor, enquanto há concorrentes oferecendo o mesmo ítem por um preço, digamos, 15% abaixo. 

Aplicativos ligados às fintechs, ou instituições financeiras de alta tecnologia, costumam também oferecer dinheiro de volta em transações a prazo ou financiamentos. Embora isso funcione a favor dessas instituições para faturarem mais, nem sempre o cliente sai ganhando, pois os juros embutidos nessas transações em geral não compensam o valor devolvido. 

Por enquanto, o cashback é ainda considerado um modismo, mas a tendência é ele ser incorporado à cultura do comércio brasileiro.  


N. do A.: Este blog não ignora certos acontecimentos, e nem pode se dar ao luxo disso. O influenciador do Youtube Ivan Rejane "Papo Reto", famoso por ameaçar Lula e os ministros do STF, foi preso pela Polícia Federal, acusado de incitar a violência ao defender que Alexandre de Moraes e outras figuras da Suprema Corte sejam pendurados "de cabeça para baixo". Nos Estados Unidos, a Justiça condenou o ativista e ex-colaborador de Donald Trump, Steve Bannon, por desacatar o Congresso ao desobedecer a uma intimação para depor sobre o ataque ao Capitólio, ocorrido em janeiro de 2021. A pena ainda não foi anunciada. 

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Estranha semelhança

O filme Elvis é considerado um sucesso de público e crítica, embora a biografia do "rei do rock'n roll" contada a partir do ponto de vista de seu empresário, Tom Parker, o famigerado "Coronel" interpretado por Tom Hanks, seja considerada muito focada na lenda e pouco na pessoa chamada Elvis Presley, encarnado por um espantoso, digno de um Oscar, Austin Butler. 

Essa lenda foi construída a partir de uma das histórias para explicar o visual extravagante do ídolo, com suas botas, roupas esquisitas, adereços com raios e as iniciais TCB (Take Care of Business) e o imortalizado topete. Ele teria se inspirado num personagem de histórias em quadrinhos durante a Era de Ouro, o Capitão Marvel Jr. 

Em postagem recente, o companheiro de aventuras e discípulo do Capitão Marvel, agora chamado de Shazam, foi citado. Ele era da Fawcett Comics, e atualmente pertence à DC Comics, agora com o nome de Shazam Jr., muito diferente em relação ao original. A versão da Era de Ouro era um jornaleiro adolescente forçado a amadurecer por conta da deficiência física (contraída após um ataque de seu pior inimigo, o Capitão Nazista), da miséria e da II Guerra Mundial. Agora o jovem herói tem comportamento de "aborrecente" e cabelos loiros (embora a versão do filme Shazam!, interpretada pelos atores Adam Brody e Jack Dylan Grazer, seja morena como antigamente). Uma das poucas características mantidas é ser paraplégico, quando não está na forma heroica. 

A versão antiga que encantou o imortalizado roqueiro nascido no Mississipi tinha feições muito parecidas com o cantor, sobretudo quando desenhada pelo cartunista Bud Thompson (1905-1980), um inglês que modificou os traços do jovem Marvel Jr., em relação aos desenhos do criador do personagem, Mac Raboy (1914-1967), em 1941, deixando-o mais cartunesco para histórias mais leves feitas no pós-guerra. O adolescente era um precursor do Superboy, da National Publications, atual DC, criado em 1949. A editora do Superman tinha uma longa rixa com a Fawcett após acusar o Capitão Marvel (o sênior, com roupa vermelha) de ser uma imitação de seu principal super-herói. 

Não havia como dizer que o personagem fictício era o Elvis Presley, na época das publicações. Em 1953, último ano da revista "Captain Marvel Jr.", Elvis tinha apenas 18 anos e estava no início da carreira. 


O Capitão Marvel Jr. parecia um jovem Elvis com os poderes concedidos por Shazam (DC Comics/Divulgação)

Com a falência da Fawcett, as aventuras da Família Marvel, da qual pertence o jovem Marvel Jr., deixaram de ser publicadas, mas voltaram vinte anos depois com a licença adquirida pela velha inimiga da Fawcett, a DC, mas esta ficou impedida de usar "Capitão Marvel" na capa, devido ao registro desse nome pela Marvel a partir de 1967, durante o tempo do sumiço dos personagens "empoderados" pelo mago Shazam. O pobre e desafortunado personagem, que em sua forma mortal e vulnerável se chama Freddy Freeman, recebeu mudanças significativas, deixando de gritar "Capitão Marvel" e passar a evocar "Shazam" como faz o amigo Billy Batson. No entanto, ele nunca mais teve histórias relevantes, mas, de antigo ídolo de Elvis, tornou-se fã dele em algumas histórias. 

O imortal "rei do rock", por outro lado, passaria a ser mostrado nos quadrinhos de várias editoras, inclusive a Marvel, que fez uma história curiosíssima sobre ele na série What if...? (este blog vai abordar esse assunto em breve). Participou de inúmeros filmes, como Viva Las Vegas, e após o fim de sua curta vida sua biografia teve várias versões para o cinema, mas só a atual (da Warner, dona da DC) deixou explícita a história do ídolo da juventude no século XX como um fã de um personagem fictício. 


N. do A.: Enquanto isso, a mídia faz destaque à violência no Rio de Janeiro, com mais uma carnificina no Morro do Alemão. 17 moradores, alguns deles envolvidos com o tráfico de drogas, foram mortos durante tiroteio com a polícia. Um PM também perdeu a vida. Acabar com esta sina não requer o trabalho de super-heróis, mas de uma política realista baseada em inteligência, estratégia e fatos, não em ficção. 

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Brasileiro leva ouro no Mundial de Atletismo

Durante o Mundial de Atletismo em Eugene, no estado norte-americano do Oregon, o brasileiro Alison dos Santos, o "Piu", conseguiu superar os 400 metros com barreiras e deixou para trás o representante local, Rai Benjamim, e o norueguês Karsten Warholm. Fez a prova em 46s29, 60 centésimos de segundo à frente do americano. 

Com isso, ele faturou o recorde mundial da prova, e ganhou o ouro. Alison já havia faturado o bronze na Olimpíada de Tóquio, ano passado. 

Alison "Piu" dos Santos fez história no Mundial de Atletismo (Andy Lyons/AFP)

É uma ótima notícia para a torcida brasileira, que terá uma compensação diante de acontecimentos como a morte suspeita de um diretor da Caixa responsável pelas investigações de assédio e corrupção na entidade, e novo caso de corrupção envolvendo uma estatal, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco). 

terça-feira, 19 de julho de 2022

Um assunto que até os oitentólatras acham antiquado

Uma das atrações mais comentadas até o final dos anos 1970 era o concurso de Miss Brasil, atualmente chamado Miss Universo Brasil, onde beldades vestidas em trajes de banho tinham o sonho de serem coroadas e poderem representar o país na cerimônia de Miss Universo. 

Mia Mamede representou o Espírito Santo no concurso deste ano (Reprodução/Youtube)

O gênero começou a perder o interesse com o avanço das conquistas femininas (e do feminismo) a partir da década de 1970, e também com a perda do protagonismo do Brasil no concurso de Miss Universo para outros países, como a Venezuela. As tevês deixaram de ver os programas de Miss como lucrativos. A TV Tupi, antes de fechar as portas em 1980, vendeu os direitos para Sílvio Santos, e o SBT passou a transmitir os concursos, mas sem muito destaque. Neste tempo, Deise Nunes, em 1986, quebrou a hegemonia das modelos brancas ao ser coroada Miss Brasil, como representante afrodescendente do Rio Grande do Sul. Mas o gênero estava decadente. 

Neste ano, Mia Mamede representou o Espírito Santo, e ganhou a coroa, premiando uma capixaba pela primeira vez. Também é o primeiro concurso realizado plenamente após a pandemia de COVID-19. Não despertará a mesma empolgação de outros tempos, como fizeram Martha Rocha (1954), Vera Fischer (1969) e as duas coroadas Miss Universo, Ieda Maria Vargas (1963) e Martha Vasconcelos (1968). Porém, vai tentar disputar a coroa "universal" em outubro deste ano (e não em dezembro, devido às transmissões da Copa do Catar). 

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Presidente opina sobre as urnas

Depois dos ministros do TSE e do STF Edson Fachin e Luís Roberto Barroso defenderem no exterior a lisura das urnas eletrônicas e os trabalhos das instituições para assegurarem a normalidade das eleições neste ano, com direito a críticas ao Executivo, o presidente Bolsonaro disse a alguns embaixadores o seu parecer afirmando o contrário. 

O presidente brasileiro faz tática semelhante a Donald Trump para contestar a segurança dos votos nas eleições presidenciais (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Muitos seguidores dele continuam a não confiar nas urnas brasileiras e ameaçam contestar os resultados em caso de vitória de Lula. Bolsonaro respaldou essas opiniões e disse que hackers poderiam interferir, trocando os nomes dos candidatos remotamente, embora não haja provas conclusivas a respeito. 

Uma das autoridades é o embaixador suíço, mas os demais ouvintes do presidente não tiveram seus nomes e origens reveladas pela grande mídia, e fala-se em apenas sete representantes na Ásia, na Europa e na América Latina. Eles foram orientados a não respaldar as falas de Bolsonaro, consideradas conceitualmente erradas ou mentirosas pela opinião pública internacional. 

Tanto os ministros do Judiciário quanto o eleito para governar o Brasil desde 2019 expressaram suas versões pessoais, sujeitas a contestação por parte dos técnicos e especialistas das urnas e do software que as controla. Ainda não há elementos para condenar o sistema de votação, e a dúvida favorece o "réu", segundo o direito moderno. 

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Respostas (não tão) cretinas para perguntas (não tão) imbecis

Voltando a parafrasear o famoso artigo da revista MAD, que ainda circula nos Estados Unidos mas infelizmente não mais por aqui, eis uma série de respostas para uma pergunta: 


Alguém está com medo das eleições deste ano?

a) Sim!

b) É claro!

c) Avemariacheiadegraças... Brrr!

d) Se não der guerra civil, dá para encarar!

e) Há motivo para ter medo? (O sujeito responde pergunta com outra pergunta... e ainda está em Miami, para onde se mudou...)

quarta-feira, 13 de julho de 2022

A conta vai ser salgada

Aprovada a chamada "PEC das Bondades", que aumentou o valor do Auxílio Brasil de R$ 400,00 para R$ 600,00 e institui vouchers para ajudar na compra de botijões de gás e também para auxílio a caminhoneiros e taxistas, haverá um certo alívio no bolso de muitos brasileiros, mas a conta irá chegar para todos pagarem. 

Depois de uma sessão tumultuada e com suspeitas de sabotagem para tentar impedir as votações na Câmara, a PEC foi aprovada pela maioria do governo e também por boa parte da oposição. Apenas 14 deputados, a maioria do partido Novo, de orientação liberal-conservadora e avessa ao populismo, votaram contra.

O PT e outros partidos não se deram ao trabalho de proporem alternativas, apontando a PEC como eleitoreira. Tiveram que engolir a vitória do governo. Uma vitória de Pirro para a economia brasileira. 

Calcula-se em R$ 41 bilhões os gastos extras para custear os benefícios, e mesmo assim eles não são suficientes para aliviarem a situação de muitas famílias, afetadas sem piedade pela inflação e pelos efeitos da pandemia. Todos pagaremos, sob forma de impostos, como é praxe. 


N. do A,: A inflação alta está corroendo a economia de vários países, não só no Brasil. Nos Estados Unidos, chegou a 9,1% nos últimos doze meses. Enquanto isso, a Europa sofre com os efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia e pelos aumentos sistemáticos nos preços dos combustíveis, e o Euro nunca ficou tão desvalorizado em relação ao dólar como agora: 1 € = US$ 1,00 (e chegou a ficar em US$ 0,99). . 


terça-feira, 12 de julho de 2022

Da série "Qual é a dos super-heróis", parte 9 - A Era Moderna, parte III (2017-)

Enfim, chegamos aos tempos modernos dos quadrinhos, a "nona arte", sempre vista como coisa de criança, nerd ou colecionador, e agora como algo próximo da decadência. 

Críticos do "politicamente correto" enxergam os trabalhos atuais como "lacração" pura, destinados a agradar determinados nichos, como feministas ou homossexuais. E isso está acelerando o processo de decadência. Eles não aceitam o Jon-El (o novo Superman) namorando outro homem, assim como o Robin (Tim Drake) confirmando as piadas sobre o companheiro do Batman, cujo alvo, no entanto, era o Dick Grayson, agora o "pegador" Asa Noturna. Acham uma indecência a abordagem da vida do filho da Feiticeira Escarlate, o Wiccano, que namora o imperador dos Skrulls, Hulkling, ambos alvos da fúria tradicionalista quando foram mostrados se beijando em 2019. Também não gostaram de uma versão homossexual do Capitão América, ou do "excessivo" destaque para a Capitã Marvel (Carol Danvers), considerada uma feminista, assim como a Mulher Maravilha, agora convertida numa semideusa. 

A Marvel, atualmente, tenta emplacar certas ideias, como um Capitão América gay e defensor das minorias, bem longe da figura "tradicionalista" de Steve Rogers (Marvel Comics)

Próximos desses críticos, os leitores tradicionais de quadrinhos também estão detestando os rumos das histórias. Heróis tradicionais são simplesmente deixados de lado ou sofrem mudanças bruscas. Não há consenso sobre, por exemplo, os X-Men viverem isolados na ilha de Krakoa, ou as diversas versões dos outros personagens da Marvel, como o Thor ou o Hulk. Ou, como está acontecendo na "Distinta Concorrente", os heróis mais tradicionais foram simplesmente mortos por uma horda de vilões capazes de destruir todos os Universos, comandados pela "Grande Escuridão". 

Atitudes agressivas e viris parecem se transformar em coisa do passado, dando lugar à "conscientização" ou woke. Ninguém sai por aí socando o Trump ou o Putin. Eles são satirizados nas histórias como líderes defensores de valores retrógrados, sem serem importunados por outros valentões que preferem resolver as diferenças na "porrada", como na época da II Guerra Mundial. 

Outro aspecto que não encontra unanimidade é a abordagem quase como de "fim do mundo", onde demônios, zumbis e entidades capazes de recriar realidades no Multiverso (como Kang ou os Illuminati da Marvel) parecem comandar os destinos dos heróis e vilões, sob pena de simplesmente todos se transformassem em monstros ou serem apagados da existência num abismo nietzschiano. 

Para quem acompanha a trajetória dos seus personagens favoritos, fica a impressão de haver versões demais e nenhuma coerência entre elas, sem rumo certo. As gerações mais novas parecem acompanhar os super-heróis por meio do cinema ou da televisão, onde a Marvel, graças ao UCM, ainda está em vantagem frente à DC. Esta última está tentando fazer ajustes, e até consegue, com alguns trabalhos como Batman e Pacificador, mas ainda sofre. E os enredos sofrem dos mesmos problemas dos quadrinhos, descartando o aspecto apocalíptico para não estragar (demais) a essência "family-friendly". 

Qual será o futuro dos super-heróis? É o mesmo do resto de toda a criação humana, ou da própria espécie Homo sapiens. Tudo incerto. 

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Caso isolado?

A princípio, matar alguém cujos princípios políticos sejam opostos aos seus fazem de você um criminoso sectário, movido pela intolerância. 

Por enquanto, trata-se de um caso isolado em Foz do Iguaçu. Um assassinato violento merecedor de rigorosa aplicação da lei. Mas não foi orquestrado por uma terceira pessoa. 

Devemos nos acautelar contra a violência causada pelo radicalismo político, mas não a ponto de pensar em algo como uma "noite de longos punhais" ou uma invasão do palácio presidencial como está a ocorrer no Sri Lanka, a ilha ao sul da Índia convulsionada pela revolta popular contra um governo acusado de incompetência em meio aos aumentos descontrolados no preço dos alimentos e combustíveis. 

Este é um país gigante e não se apequenará diante das mentes sórdidas de alguns de seus habitantes. . 

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Barbárie no Japão

Este blog começou a semana expondo uma barbárie e termina publicando outra. 

Depois dos atentados em Illinois no Independence Day norte-americano, dia 4 de julho, o mundo ficou aterrorizado com o assassinato do ex-primeiro ministro japonês Shinzo Abe, que dominou a política do país nos últimos 17 anos, desde a sua eleição para ocupar o cargo pela primeira vez, em 2005. 

Os tiros contra o político visto como ultraconservador e nacionalista mostram a degradação da política no mundo inteiro e não só no Brasil. Estaremos vivendo uma nova era de selvageria e ameaça à democracia? Os debates políticos e a rejeição de ideias contrárias com base em argumentos estão cedendo lugar aos tiros, e também às bombas com fezes como ocorreu durante um evento onde o ex-presidente Lula esteve, no Rio de Janeiro. 

O Japão não está acostumado a ver cenas como essa (Associated Press)

Tomemos cuidado para não deixar a democracia e o exercício da política dentro dos limites definidos pelas leis e pela civilidade serem abatidos a tiros. Ou todos nós corremos o risco de sermos assassinados por nos "atrevermos" a defender nossos pontos de vista. 

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Boris Johnson saiu e todos ficaram felizes

Boris Johnson logo deixará de ser primeiro-ministro britânico. Ao anunciar a sua renúncia, devido aos sucessivos desgastes durante seu governo, vai ficar apenas até a escolha de um novo chefe de governo pelo Partido Conservador, para ocupar a sede em Downing Street, n. 10, e isso agradou aos formadores de opinião no mundo todo. 

Boris Johnson não resistiu à reprovação de seu governo e às moções de desconfiança vindas de seu próprio partido, o Conservador (AFP)



Agradou aos próprios conservadores, porque o apoio dado a Chris Pincher, deputado que teria assediado dois homens quando estava embriagado, como vice-lider do governo, foi a gota d'água, após acusações de ter participado de festas durante o lockdown em Downing Street, e conduzir mal o processo do brexit, a saída unilateral da União Europeia. 

Agradou aos chamados "progressistas" e defensores de causas sociais, porque qualquer político conservador apeado do poder é comemorado. 

Agradou aos teóricos da conspiração extremistas, pois ele era um dos mais ativos apoiadores de Volodymyr Zelensky, enquanto o Kremlin é visto como um forte agente contra o "globalismo", que também apoia o dirigente ucraniano e a integração da Ucrânia à União Europeia. 

Agradou aos defensores das medidas sanitárias contra o coronavírus, devido às contradições entre defender as vacinas e outros cuidados e promover aglomerações e festas às escondidas, e agradou aos partidários anti-vacina e pela "imunidade de grupo" (por meio da contaminação e da manutenção das atividades normais durante a pandemia), pelo mesmo motivo. 

Por fim, agradou ao mercado financeiro, após findar o seu governo visto com desconfiança por todos os lados: a bolsa de Londres subiu 1,14%. 

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Chegou o 5G no Brasil

Brasília tornou-se a primeira cidade a experimentar a tecnologia 5G, com a frequência de 3,5 GHz, explorada pelas três grandes empresas do setor: Claro, Vivo e Tim. 

Por se tratar de algo recém-implantado, houve problemas no funcionamento do serviço, com falhas frequentes. Quando atuava, as velocidades realmente chegaram a ser bem superiores às que a grande maioria dos usuários de Internet estava acostumada. Porém, o sinal não era constante, e mesmo os planos 4G foram prejudicados em certos casos. 

Antenas como essa já estão prestes a funcionar em algumas cidades (Jeremy Bezanger/Unsplash)

Serão necessários ajustes para o 5G ser realmente implantado em outras cidades, como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa. Curiosamente, o Rio de Janeiro vai precisar esperar mais. Tudo depende de como a infraestrutura das antenas 5G está consolidada. 

Apenas os donos de celulares prontos para a nova tecnologia usufruirão dos benefícios de uma internet que pode chegar a 1 Gb/s, em teoria. Novos planos serão elaborados e os preços, espera-se, não serão muito maiores em relação aos destinados aos clientes do 4G. 

terça-feira, 5 de julho de 2022

10 anos depois

Após praticamente 10 anos depois do maior triunfo do Corinthians na Libertadores, vencendo o Boca Juniors na grande final, os dois times se enfrentaram, na Bombonera, o terrível estádio onde o time portenho costuma fazer os adversários sofrerem. 

La Bombonera foi palco do segundo jogo nas oitavas-de-final entre Boca Juniors e Corinthians. Como ocorreu dentro da NeoQuímica Arena, a partida terminou sem gols no tempo normal (Divulgação)


E o Timão, sem o mesmo favoritismo e contando com vários desfalques, como a ausência de Renato Augusto, Paulinho, Fagner e Willian (este último até viajou, mas ficou no banco), sofreu. Dominado pelo anfitrião, não conseguiu jogar no primeiro tempo e precisou segurar o ataque dos adversários no segundo. Para a sorte do alvinegro, Benedetto, a estrela do time xeneize, desperdiçou um pênalti. 

Na disputa de pênaltis, momento de tensão para torcedores e jogadores, ainda mais no "alçapão", os times foram obrigados a fazer oito sessões de cobranças, pois o goleiro Rossi defendeu as cobranças de Raul Gustavo e Bruno Melo, enquanto Cássio, integrante do histórico time de 2012 mas sem o mesmo desempenho de antes, defendeu a cobrança de Villa e Benedetto perdeu outro pênalti, para desespero da torcida, que não esquece o caso de Martín Palermo, antigo ídolo do Boca, conhecido em sua carreira como desperdiçador de penais. 

Para finalizar, Cássio defendeu a cobrança de Juan Ramirez e Gil, o zagueiro, conseguiu converter. 

O Boca Juniors novamente viu o sonho de ganhar a icônica taça ir para o vinagre, dez anos depois do time brasileiro se impor e fazer sua campanha como último sul-americano a vencer um Mundial de Clubes. Hoje, em plena Bombonera, o Corinthians sobreviveu, e vai pegar Flamengo ou Tolima pelas quartas-de-final da Libertadores. Para o time argentino, de memorável nesta campanha só as acusações de racismo por parte de alguns torcedores, principalmente contra o time responsável por sua eliminação. 

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Novamente, a barbárie faz vítimas nos Estados Unidos

Está se tornando uma tradição macabra um atirador atacar e matar pessoas inocentes nos Estados Unidos.

Em pleno dia da Independência local, o Independence Day, numa cidade próxima a Chicago, chamada Highland Park, um criminoso atirou enquanto havia um desfile cívico e matou 6 pessoas, ferindo também outras dezenas. Ainda não há informações seguras sobre a motivação do crime, mas o autor, Robert E. Crimo III, foi preso. Ele é um cantor de rap conhecido como "Awake" (acordado), mas aparentemente tem problemas de transtorno mental. 

Muitos culpam a facilidade no acesso às armas de fogo como responsável por tantas mortes como essas. Por outro lado, uma pessoa com habilidade para matar pode usar qualquer objeto com potencial ofensivo para conseguir seu intento, até uma garrafa quebrada ou um sapato de salto alto, mas nada é tão fácil como uma pistola ou um fuzil para abater uma vítima sem se aproximar dela. 

Antes de mais uma vez se tentar formular alguma tese sociológica ou pró (ou contra) algum credo religioso para discutir causas de tantas mortes e como evitá-las, é bom registrar que esses atos de barbárie poderão acontecer em algum outro lugar com problemas crônicos de violência, inclusive aqui no Brasil. Estejamos preparados. 

sexta-feira, 1 de julho de 2022

20 anos do penta

Lembro-me quando acompanhei a final da Copa do Mundo pela televisão. Estava com certo receio de presenciar um jogo sofrido, pois era contra o time alemão, contra o qual o Brasil nunca havia jogado na história do torneio. Eles tinham o badalado goleiro Oliver Kahn, considerado o melhor do mundo na época. Mas a apreensão foi se dissipando quando ele tomou os dois gols do Ronaldo, o Fenômeno, então com seu cabelo estilo "Cascão". 

Ronaldo (dir.) foi o craque da Copa em 2002, enquanto Cafu era o capitão da Seleção (Getty/Goal)


O time de Felipão, mal visto pela imprensa por seu comportamento hostil, arrogante e rabugento, se tornou pentacampeão. Levantei o meu sobrinho Roger, então com 2 anos e 9 meses, como o Cafu fez com a taça da Copa, e ele gostou da farra (*). 

Para comemorar o fato, acabei fazendo uma série de quadrinhos, já publicada aqui no blog. Ler AQUI

Felipão passou a receber outro tratamento, mais respeitoso, pois foi o comandante do time vitorioso. Nem imaginaríamos o que iria acontecer depois, em 2014, quando ele voltou a ser o técnico da Seleção Brasileira. 


(*) Agora, o meu sobrinho está com 22 anos e desde então nunca viu o Brasil ser campeão de novo. Ele nem liga tanto assim para futebol. Levou na gozação o vexame na Copa de 2014, durante o 8/7. E provavelmente vai achar normal qualquer resultado no Catar, neste fim de ano.