terça-feira, 8 de julho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 27' - Brasil fez história MESMO!

Nunca um campeão do mundo foi derrotado por outro por um placar assim: 7 a 1. 

A seleção do Brasil não mostrou que depende de Neymar. Mostrou, sim, ser um time limitado, confirmando a suspeita da maioria. Desta vez não há como apontar um culpado, geralmente Fred e suas simulações de faltas (a Copa 2014 ficará conhecida não como 'era Neymar', mas como 'era Fred'), pois não foi só ele a atuar mal: todos contribuíram para fazer o 8 de julho de 2014 ser lembrado, talvez para sempre.

Alguns, como Marcelo, autor do primeiro gol (contra) da Copa, se juntaram a Fred na arte de fingir faltas. Outros simplesmente sumiram. O capitão David Luiz nada pôde fazer diante do desastre e ainda se deixou levar pelo nervosismo.

Felipão também desfigurou o elenco, facilitando o serviço do seu rival, o técnico Joachim Low. Não adiantaram as tentativas de esconder a escalação, para compensar a falta do ídolo-mor. O comandante, durante a partida, viu o resultado de sua escalação e ficou com cara de "Napoleão III perdeu a guerra" (Napoleão III era o imperador da França quando a Alemanha lhe impôs uma derrota humilhante na Guerra Franco-Prussiana). Teve a dignidade de assumir a culpa por isso. 

O sonho do hexacampeonato virou pesadelo expressionista (como aquelas pinturas perturbadoras feitas por artistas alemães no começo do século passado - digitem "German Expressionism" no Google Images e vejam os resultados) nos pés de Müller, Kroos, Khedira, Schürlle e até de Krose, o artilheiro isolado de todas as Copas, autor do segundo gol do Deutscher Fussball-Bund. Em menos de 30 minutos, os comandados de Low deram uma lição de futebol ofensivo. Ninguém esperava algo assim: 

-10 minutos: gol de Müller
- 22 minutos: gol de Klose
- 24 minutos: gol de Kroos
- 25 minutos: gol de Kroos
- 29 minutos: gol de Khedira

Ainda houve mais gols, para completar a destruição. Oscar descontou para o Brasil no finalzinho.

- 23 minutos, segundo tempo: gol de Schurlle
- 33 minutos, segundo tempo: gol de Schurlle
- 46 minutos, segundo tempo: gol de honra (ou será de desonra?) de Oscar.

Klose teve o gosto de fazer um dos gols alemães (BBC)

Mick Jagger torcendo para o Brasil. Este foi o menor dos motivos para o placar monstruoso a favor dos visitantes (Jean Catuffe/Getty Images)

Com o time aniquilado, a torcida se conformou e reconheceu a superioridade dos alemães, que fizeram história nas Copas. Não é qualquer um que consegue fazer tantos gols no "único pentacampeão do mundo". Só não repetiram o 8 a 0 feito na Arábia Saudita na fase de grupos da Copa de 2002 - a mesma onde os dois times em questão se encontraram pela primeira vez, na grande final, com resultado completamente diferente. 

Mas o Brasil não acabou. Nem a Seleção. Ela vai disputar o terceiro lugar em Brasília, com motivos de verdade para chorar, deixando a Alemanha ir para o Maracanã. 

O hexa fica mesmo para a gelada Rússia, em 2018. Isso se o time brasileiro cumprir todo o processo para chegar lá e continuar a tradição de sempre participar de Copas. Porém, o trauma decorrente dessa derrota levará muito mais tempo para ser esquecido. Mais até que os 64 anos que nos separam do primeiro grande trauma sofrido pelos canarinhos, no Maracanã. 

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